Soneto da Espera
Lembranças de amizades curiosas
É neste humilde verso que as resgato;
É como a fonte que dá vida às rosas
Adormecidas pelo tempo ingrato.
Situações inocentes, carinhosas,
Da nossa infância no momento exato.
Imagens da lagoa, bichos, prosas...
Na memória, belíssimo retrato.
Relembro cada lance motivado
Pela saudade, no contexto puro
Da emoção e constante aprendizado.
Dez anos passam em segundos, juro.
Nossas cartas escritas no passado,
Nossas vidas, distantes no futuro.
O brilho dos teus olhos negros, tão
Lindo, intenso, invadiu meu coração,
Apaixonado, vivo e sempre atento
À luz que nos coloca em movimento!
E cintilante, chega essa emoção:
Desperta e fortalece o sentimento
Que contraria a força da razão...
Mas cada sintonia há seu momento,
E cada sintonia há o seu amor!
Hoje, no entanto, um pouco mais além;
Talvez amor além do amor, não sei...
Fiz poemas, respostas eu busquei...
Respirei... Há teu cheiro aqui também...
Mas será que isso explica esse esplendor?
Faltam-me as frases fortes com sabor
Do amor, da flor, dos lábios desatentos.
Faltam-me os beijos cegos de calor
Desabusados, loucos, lindos, lentos...
Sinto a paixão, e doem os teus tormentos,
Faz-me vassalo, escravo, devedor...
Faltam-me abraços, sonhos mais alentos,
Frases de um verdadeiro Trovador.
Inatingível Musa Inspiradora,
Tu foste mágoa lira, antigamente
Dos imortais, e minha nunca fôra...
Só tu, meu anjo, sigo eternamente.
Agora és minha, oh virgem predadora,
Presente em versos, alma, corpo e mente!
É Carnaval! Que agito em Salvador...
Na paz e amor, axé, dança e calor!
Passa a "pipoca", e fica o sentimento:
Bahia não me sai do pensamento!
Escrevo até um soneto solto ao vento.
Nem dá pra demonstrar tudo que tento!
Nem liberando essa energia e dor
Do desconforto ao ver o Sol se pôr,
Da minha lágrima a molhar o chão
Do meu Brasil nesse nordeste lindo!
Na tentativa a descrever "paixão",
O som do Pelourinho já vem vindo -
E essa alegria invade o coração:
Só no gingado eu fico assim sorrindo!
O leite derramado agora tem
O gosto amargo. Faz de quem chorou,
Pela tragédia desta perda, bem
Ou mal. Eu sofro por saudade. Sou,
Sinto-me um pobre cachorrinho sem
Cuidado e amor de quem o cativou
Outrora. Fui abandonado além...
Ficaram mágoas e sozinho estou.
Lamento o fim daquilo que não quis
Continuar. Ou nunca talvez possa
Ter existido mas pensei que sim.
O desapego é importante enfim...
Fico sem força, mas sair da fossa
É um bom início para ser feliz...
Tem carro, casa, grana e ainda reclama.
Diz situações repletas de má fama
Faz drama, afinal grife é deslumbrante
Tem corte de cabelo que é ultrajante...
Expresso a frustração, por essa trama,
Do desperdício que nos leva à lama,
Desse egoísmo que nos faz distante
Nessa futilidade massacrante.
Com muito papelão em seu carrinho
O menino caminha na Teodoro
Sampaio aos seus catorze anos de idade.
Então, pense bastante sobre o vinho
Cabernet, tinto e seco (que eu adoro)
Mas que não muda a triste realidade.
Verdes, cor dos seus lindos olhos; belos quanto esmeralda
uma joia de fato, cujo brilho é para poucos usufruir
distinto ao manejo, quem sabe um beijo de vossos lábios
assim anseio remanescer a vista do seu olhar
outrora pode-se lhe dizer, o quão belo é vê-la resplandecer
mas por caso inoportuno, tendo a padecer
a luz do luar , belos versos de amor irei vos prosar
mesmo que seja tênue, a linha cujas almas tendem nos tocar.
alva é a luz, que toca e ilumina tua pele
bela aurora, de tamanha beleza e benevolência
narciso invejas tu, por conseguistes almejar a perfeição
de fato por meio desta venho lhe falar
pois com palavras é conturbado me expressar
o quão esplendoroso são as curvas do seu olhar.
O vazio, o infinito, o piano
O vento, teu sorriso, teu pranto
Teu olhar, teu sonhar, uma noite de luar
As árvores a balançar
Um nó, uma dor, sem dó
A água, a alma, a calma
As folhas, o ar, a solidão
O silêncio, as luzes, aqui dentro
Aqui, assim, sem fim
Esse vazio que preenche-me
Depois de um acordar
Nessa noite de luar
A lua a me chamar
E eu em ti pensar
Deserto
Deserto, tão perto, incerto,
Tuas areias já invadem a minh'alma,
Posso sentir, de tua areia estou coberto,
Mas preciso manter a improvável calma.
O vento sopra forte durante a tempestade,
E o calor escalda fazendo ferver o suor durante o dia,
É quando até o nômade perde a vontade,
Incrédulo e maltratado pela mais ríspida agonia.
Quando percebe-se a magnitude da sua grandeza,
A miragem que vem na mente é de água da natureza,
Momento de puro encanto transformado em tristeza.
Logo a ilusão se desfaz e após loucura desmentida,
Destila-se o pensamento que emana do sopro de vida,
E do imenso deserto ressurge a alma absolvida.
ALGO ERRADO
Tinha tudo pra dar certo,
Mas algo não seguiu o planejado
Eu queria de você chegar bem perto
E expor o que tinhas conquistado.
Decidido estava a lhe dar meu coração,
Dar-lhe do meu tempo, do meu vinho,
Para te fartares, e de amor, viveres paixão.
Para que também percorresses meu caminho...
E ao meu lado vivêssemos um sonho
Que felizes, realizaríamos com carinho.
E curtiríamos, juntinhos, um século risonho(...)
Mas me pregastes uma peça, me deixando sozinho
A replanejar minha vida, que agora a repensar me ponho,
Ao fechares seus lindos olhos devagarinho.
Sobre as Partidas Inesperadas
Estamos em uma época cinza.
não como os filmes de outrora,
que sem palavras arrancavam sorrisos desenfreados ,
mas uma época de partidas inesperadas .
De entes sendo levados precocemente ,
e outros , que se dependessem do amor alheio ,
viveriam para sempre.
Alguns , o tempo cuida de levar
outros optam por caminhos com final supraescrito
pela "roleta macabra" da vida torta ,
é época de pais enterrarem filhos ,
e época em que filhos precisam mais do que nunca de seus pais .
É época de homens vestindo cinza
auto-nomearem-se detentores do direito
de executar a lei conforme lhes forem mais convenientes
Levando precocemente quem estiver na frente .
É época cinza pois a cada dia que se liga o noticiário
mais cores da vida vão embora ,
a cada conversa eventual na porta de casa ,
vem o luto , a má nova .
Estamos partindo.
SOLIDÃO QUIETA
E essa solidão inquieta
na minha quieta cadeira
com esperança que me leva
por toda essa vida ligeira.
Passam por cá sentimentos
de tempos de boas maneiras
eu corri, contra os ventos
e morri com a minha carreira.
Vida... Tempo que me leva
será que eu posso saber...
A onde fico nessa terra?
Ou, o porquê que de nada sei
e tento aprender com vocês
e quando acordo, vida me entrega?
Antonio Montes
"Quando eu te encontrei"
Houve um tempo em que eu vaguei por ai.
O tal destino me parecia infeliz.
Fiz o que fiz para tentar ser feliz.
Fui, fiquei, cheguei, parti, levantei e cai.
Os meus passos por vezes vararam madrugada.
Mas a vida é mesmo engraçada.
Ela muda de repente, sem avisar nada.
Aquela tristeza em minha vida seria página virada.
Por alguns instantes fiquei meio desconcertado.
E por isso eu tive certeza de que era você a parte que me faltava.
E que o que está escrito não pode dar errado.
Teu olhar e o teu sorriso fizeram minha alma gritar de alivio.
Encontrei paz, encontrei o amor, me vi contigo.
Não preciso de mais nada.
Mas os poetas medíocres são encantadores. Quanto piores os versos, tanto mais pitoresco é o poeta. O simplesmente fato de haver publicado um livro de sonetos de segunda ordem torna um homem absolutamente irresistível. Ele vive a poesia que não soube escrever. Os outros escrevem a poesia que não conseguem concretizar.
(O retrato de Dorian Gray)
VENTOS DO MEDO
Ventos que soprava a vida desinibida
ainda hoje, sopra os quatros cantos
mas, a bandeira perdeu o seu encanto
e a brisa agora, congela o luar da vida.
Não se ouve mais gritos, de clamor...
Medo, perambula no estampado fado
a espera, e a flecha certa do horror...
Pendulam tremula, abafando a dor.
Estão fazendo bombas para brincar
por certo, será apenas para brincar
mas p'ra que tantas, para brincar?!
Estão carregando, dinheiro p'ro altar
na alegação de que o céu irá precisar
é uma pena, que Deus não irá gastar.
Antonio Montes
Eu alcancei, me preparei e esperei
Me pareceu que nada seria difícil
Mas na verdade é diferente do que pensei
Os dias passaram na velocidade de um míssil
Foi onde eu nasci, cresci e amadureci
Pessoas que eu amo todas aqui estão
A verdade é que eu nunca quis ter que sair daqui
Mas quando chegou não havia melhor solução
Um dia a gente cresce e pensa que envelheceu
Mas quando olhamos e vemos no que deu
Vimos que na verdade a gente nunca cresceu
Hoje é o dia que de nossa casa vou mudar
Desculpa, mamãe, desculpa, papai, a minha vontade nunca foi ter que lhes deixar
Mas quero que saibam que vou sempre vos amar.
O Pouco qu'eu outrora tivesse
Deleitado em seus braços, chorava
Lembrando o quão importante era
Contente, mas sozinho estava
Querias simplesmente saber o porque
Dos teus lábios secos, sem mais cor
Sem amor, sem sabor
Sem o brilho que ali reinava
Teu suspiro cansado e sofrido
Refletia o arder da pouca alma que lhe restava
Apenas esperando a hora
Em que as estrelas sussurem seu nome pela última vez
Às vezes é por medo de perder,
Que deixamos de encontrar.
E deixamos de viver,
E deixamos de amar.
Às vezes é por medo de saber,
Que deixamos de tentar.
E deixamos esquecer,
E deixamos acabar.
Às vezes não é medo de amar,
É medo de ser amado,
Sem saber como lidar.
Às vezes nem é sobre ser amado.
É sobre estar quebrado,
Sem saber se consertar.
Doce recato
É desafiador seu recato
Para esse pobre rapaz
ingênuo e insensato
Que nunca sabe o que faz
Desafiador, de fato
D'um jeito que tira a paz
Quando sinto pelo olfato
O cheiro bom que tu traz
Me pede, que te acato
De um jeitinho fugaz
Através de um simples ato
Me vendo por bem barato
Assim, me satisfaz
Com o teu doce palato.
POR DO SOL
Essa luz, que brilha e me ilumina
de sedo, meio dia e ao por do sol
me assina essa sina é a mina rima
minha esperança, meu alvo farol.
Pinta as cores de todos meus dias
e as flores do meu verde jardim
espanta a minha sombra e agonia
e acalanta, essa tristeza em mim...
Meu por do sol, oh meu plainar!
Aconchego dos sonhos meus
amanhã, traga-me o meu amar.
Volte meu rei sol, com minha luz
me faça feliz, sorrir e cantar
não deixe, apendicular meu chorar.
Antonio Montes
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