Soneto Amor Impossivel
Tudo passa
Já, soneto alheio, me não fustiga
Saber que usa comigo só ilusão
Que inda nos teus versos abriga
As peripécias do sofrido coração
No tempo, que tudo tem versão
A mutação também terá cantiga
Amor é canto que não se obriga
Verás dissipar a tua enganação
Pois, se sabes que toda ternura
Por força há de mimar os planos
E tu negas o prosar com textura
Vela para tua retórica os enganos
Gozemo-nos já. Quero é aventura
Já que a poética se perde nos anos.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
31 agosto, 2023, 16’19” – Araguari, MG
Soneto caído
Ao sentimento esconde o verso sua ilusão
E a mão da emoção escreve o ávido sentir
Não canta sensação e não murmura sorrir
Não toma a suave poética de uma paixão
Ata os sonhos, em lugar de later o coração
Apática poesia sobre o pálido papel, a ferir
Sangram, choram, botando a alma a despir
Sem rir, sem olhares, e gesto, e admiração
Ao agrado esconde a poesia toda a glória
Deixando o fascínio perdido... esquecido...
E, não lembra do amor em sua memória
Invasivos versos, doído, elemento caído
Colocas meu poema em sua palmatoria
Sempre o mais triste foi para o condoído.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
3 setembro, 2023, 14’04” – Araguari, MG
Soneto destituído
Parece, ou eu me engano, que a solidão
De repente deixou o prazer no passado
O letrando, o cântico, agora desafinado
Se vai o sentimento cheio de sensação
Por que não há vão, que não vá ao chão
Da saudade, da dor do falto, tão pesado
Até de aflição pulsa o versar atordoado
Nem uma voz se ouve vinda do coração
Um usurpar da feição poética, advieste
Deixando a prosa triste, num desvario
E de lágrima tétrica a poesia se reveste
Nesta carência da alma, foi-se o gentio
Sentido, e sem que a emoção lhe reste
Assim, destituído de gesto, terno feitio
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
7 setembro, 2023, 6’57” – Araguari, MG
Singular
Se acaso poetares um verso tocante
Ó soneto! Musicando o fascínio feito
Inspira, piedoso, com sentido e jeito
O novo, ao poeta, amador e amante
Dize como uma sedução importante
A emoção, por fiel, cravando o peito
E, assim, então, fruir o bom proveito
Provocando o afeto a cada instante
Que da prosa sensação, me declara
A mão afetuosa me mima desta sina
E poética aos meus sentidos, tomara!
Lembrando-se duma inspiração divina
Que lega a paixão, que um dia jurara
Trazendo amor que o sonho imagina.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
7 setembro, 2023, 20’09” – Araguari, MG
Súplica (soneto III)
Há uma prosa jacente que mascara
O meu poetar sentimental e sedutor
Revirando aquela saudade tão cara
Sumida nas embirrações dum amor
E nesta dura aflição, molesta e avara
Que deixa na boca o tal gosto traidor
Rola sensação picante que não para
Porque não para a poesia com temor
Ah! Sentimento, por que tanto sente
Por que um coração por afeto mente
Tornando mais dorida a trova inteira
Te suplico! -vem silenciar o momento
Cala meu versar, dispersa-o ao vento
Deixai-me manso da minha maneira!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22 agosto, 2023, 20’37” – Araguari, MG
SONETO PRIVADO
A tarde no cerrado cai, aquosa
Silente, e o pôr do sol rubente
A chuva, em gota lustrosa...
lacrimeja melancolicamente
Nesta languidez, a sensação
Duma aflição, vou suspirando
Enternecido, cheio de ilusão
E, lá fora o pingar em bando
Sinto o coração palpitando
Na solidão, e no devaneio
Assim, o tempo passando
Em um suplicante floreio
Nostálgico sinto arrepio
Demanda o pensamento
E a saudade no seu feitio
Cata poesia pro momento.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22 dezembro, 2024, 17’43” – Araguari, MG
Soneto: O Milagre
O milagre de Natal é vivo, respira e sente
Conhece seu lugar em cada coração
Daquele que o roga em oração e comhunhão
Milagres acontecem de repente, sem aviso
Chega como se estivesse a nos visitar
Em passos sutis, radiante, envolto em luz Santificada
E estando em nós, adorna nossa alma
E decidi ficar por sabedoria e nela faz seu ninho
Pois conhece sua valia e compromisso
E doa o bem e a cura, sem nada exigir
Entrega esperanças, envolto num amor miaor
Se achega, se acomoda, observa e se apresenta
Momento em que o sentimos e vivemos sua benção
E rogamos, seja por nós, para um amigo... um necessitado
O milagre opera magnânimo, gestando nobreza e encantos
Em estado de Graça, com a alegria de uma criança
Puro, iluminado, solenemente bem vindo!
Soneto da Mulher Fácil
Quando estive disponível
era sobre não permanecer,
somente você não entendeu
que mulher fácil não existe.
Aquilo que nem começou
e nem nunca existiu era mais
sobre você do que sobre mim,
continuar não era o plano.
O teu ego te jogou no poço
do engano e quando você
se deu conta não estava mais ali.
Com quem só queria brincar
apenas permaneci orgulhosamente
no tempo da brincadeira terminar.
DISSONETO – SONETO DISSONANTE
Estou ouvindo o som da voz interior,
Eco silencioso quase mudo,
Notas tentando escapar ao exterior,
Luto para esconde-las do mundo.
Desafinadas encontram passagem,
Em altos trovões de gritos surdos,
Buscam em folhas calma paragem,
Entoar os segredos mais profundos.
E despertam da inércia a coragem,
Em sentimentos que não se medem,
No recitar da poesia mais louca,
Os versos dessa rima imperfeita,
Na musicalidade em voz rouca,
Dissonante a métrica perfeita!
Claudio Broliani
DESCANSO NO MAR - (Soneto polissêmico)
És majestoso... oceano Pacífico;
Que se abre ao sopé desse morro;
Nesse mar azul calmo e pacífico,
...em êxtase mergulho e morro!
...sendo, para o fim muito cedo;
Luto, sentindo da vida a chama;
Mas sem forças desisto e cedo,
... à voz, que bela me chama.
- Seu navegar não serás em vão,
ou, sepulcro sem mastro e vela,
Sobre ondas que vem e que vão,
não haverás no fim, choro ou vela;
Nesse infinito largo como um vão,
...eterna Nau, da paz que se vela!
Claudio Broliani
Soneto sobre Resiliência e Angústia
Resiliência não é ser imbatível,
Blindado contra a dor ou a traição;
Não há um coração tão invencível
Que nunca sinta o peso da emoção.
Na angústia mora a chave do caminho,
E aquele que a encara, sem fugir,
Descobre, mesmo em meio ao desalinho,
A força que o ensina a prosseguir.
Não é na fuga que se encontra a paz,
Mas no enfrentar sereno e consciente;
Quem sofre e luta, aos poucos se refaz.
E aprende que o sofrer é inerente,
Pois, como Kierkegaard bem nos traz,
É da angústia que se faz o resiliente.
Edson Luiz ELO
São Paulo, 23 de janeiro de 2025
Musa em Soneto
Por entre os pesos, vejo a sua dança,
Você, que exala força e elegância,
No suor que brilha, pura esperança,
A moldar no treino a sua constância.
O olhar resolve, o corpo se revela,
Você é arte em forma de movimento,
Linda, esculpida em graça que se atrela
À força viva do seu próprio intento.
E cada passo seu tem o encanto
De quem supera e nunca se contém,
Você é musa, em brilho e em levanto.
Rainha forte, a vida em sua mão tem.
Beleza rara, que inspira e acalma,
Você é treino, é força, é corpo e alma.
Edson Luiz ELO
São Paulo, 15 de janeiro de 2025
Soneto a Railene
Renova-se minh’alma em vosso vulto,
Ó luz formosa, olhar de doce alento,
Que, sendo simples, torna-se absoluto
E em mim derrama amor e encantamento.
Vossa morena tez, qual ouro oculto,
É chama que consome o pensamento;
Vosso corpo gentil, tão livre e culto,
É meu desejo e meu contentamento.
Se é vedado o amor que vos dedico,
Não há, porém, poder que o desfaleça,
Pois nele encontro o lume e o perigo.
Railene, vós sois minha fortaleza,
E ainda que me falte o bem mais rico,
Basta-me a vossa voz por natureza.
Soneto da Vida Que Prossegue
De súbito, me vi sem forma ou chão,
Soltei o corpo, e a dor ficou pra trás.
Na paz sem voz, brilhou revelação:
Sou mais que a carne — sou essência e paz.
O tempo se desfez num só instante,
E vi a vida inteira, em luz, pulsar.
Os medos se calaram, tão distantes,
E o que era vão deixou de importar.
Mas voltei. E a vida me chamou.
Com nova fé, caminho o que é terreno,
Pois cada luta mostra o que sou,
E o amor que guia tudo é sempre pleno.
A vida segue — e sigo com firmeza:
Sou chama eterna em veste de beleza.
DIA DE FRIO NO CERRADO (soneto)
A manhã de nevoa branca e fria
num úmido dia, e tão invernado
em maio nas bandas do cerrado
embrulhado pela geada ventania
Ruflante folha, em triste romaria
e a garoa, em um tom enxarcado
num bale, do inverno anunciado:
faz frio, frio que frio no frio viria
Arfa no peito este frio ardente
achega no cobertor cavaleiro
é frio que sente, e mais sente
Vergado, olhar gelado, cordeiro
ó dia de frio no cerrado, gente
escasso ao sertanejo costumeiro!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29 maio, 2025, 169’29” – Araguari, MG
Frente fria
Soneto de Oitenta e Um
Em Tóquio, ergueu-se o sonho em chamas vivas,
Zico guiando o manto à imensidão,
Com passes, gols, jogadas tão altivas,
Fez do Brasil o dono da emoção.
Leandro, Júnior, Adílio — obra-prima,
Andrade, Nunes, raça sem pudor,
Na terra do sol, brilhou nossa rima,
Calou o Liverpool com seu fervor.
Foi mais que um jogo: foi libertação,
A taça do mundo em nossa mão,
A glória eterna em rubro-negro tom.
E desde então, a história eternizou,
O mundo viu o quanto o Mengo é bom,
Oitenta e um: o ano que não passou.
Edson Luiz ELO
Rio de Janeiro, Dezembro de 1981
SONETO JUNINO
Terreiro ornado, junho desponta
Tem bandeira, fogueira e rasta pé
Canjica, - é bão demais da conta!
No pé do ouvido, forró e cafuné
Sanfona, quadrilha, muito quentão
Busca-pé, moça bonita na janela
Caminho da roça cheio de sensação
E o casamento caipira na capela
Costume que canta e encanta
Viva São João! Enraizada fé, como não!
Tem terço que os males espanta
Junho em soneto junino, oração
Santo Antônio, São Pedro, tanta
Celebração e poética, trem bão!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
31 maio, 2025, 19’14” – Araguari, MG
Soneto 03 - Queda Livre
FrAgmEntOS...
Sou uma base completa
Dividida por inúmeras partes.
Cada qual com a sua arte
E de formas repletas.
Já fui a muito tempo
Apenas um único pedaço.
E se destruí igual o aço
Que foi largado ao relento.
Também já me embaralhei,
E juntei tudo erradamente.
Notei que havia partes ausentes,
E de novo me estraçalhei.
Hoje carrego comigo o essencial.
O restante ficou perdido, não é mais fundamental.
Soneto do Fascínio:
Meu xuxu amado, eu te amo muito
Amo-te eternamente, como uma princesa encantada
Suas lembranças vão sempre ser lembradas
E eu vou sempre ficar com nostalgia
Minha linda princesa, eu te amo
Você não imagina o fascínio que eu tenho por você
Amo-te intensamente, o que me traz o belo
É tão intenso, que a minha cabeça explode com dinamites alegres
Minha linda leoa, você é o meu coração
Amo-te verdadeiramente, sempre fui fiel
E vou seguir meu desejo maciço de te amar infinitamente
Sempre te amei humildemente
Nosso amor é algo profundo, repito isso várias vezes e amiúde
Que pode trazer um desejo cítrico de uma grande princesa
Soneto de Amizade:
Depois de tantas tentativas
Nos encontramos em uma linha
Algo que surge como uma raiz
Que cresce e vira amizade
Enfim, os momentos são preciosos
É preciso saber que a preciosidade é importante
Porque uma amizade é a chave de uma vida
Sem ela, o ser vivo não existe
A amizade é tudo em nossas vidas
Sem elas, tudo vira lágrimas e poço
Porque elas definem muita coisa nas nossas vidas
A definição de amigo: alguém que te ajuda, te dá conselhos
Isso que transforma a verdadeira amizade
A conexão pode ser tão grande, que pode ser um o espelho do outro
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