Solidão
É preciso buscar-se e encontrar-se, apresentar-se para si mesmo, aceitar-se, aprender a gostar da companhia de si mesmo, pois desta não temos como fugir, a não ser negando a nós mesmos.
Quando aprendemos a apreciar a companhia que somos para nós mesmos, não temos mais tanta necessidade de procurar companhias externas, ou pelo menos delas não nos tornamos dependentes, e nem escravos.
É preciso se permitir conhecer para além do que já conhece de si e do mundo, numa busca em revelar a si mesmo tal como se é de fato, não passando a vida sendo somente sombra dos outros.
Muitas vezes, depois de um certo tempo, descobrimos que a melhor parte do nosso relacionamento se deu a partir do momento em que ele terminou.
Naquele dia, o aroma estava diferente dos demais.
O sol podia ser notado por detrás da janela,
os pássaros, o vento e tudo o que era captado pela visão não era mais visto, era apreciado!
Naquele dia as vozes eram claras e doces, a gravidade era nula e seus pés não tocavam o chão, estava elevada.
Naquele dia tudo era graça, manhã, tarde, noite... os momentos não mais passageiros, agora, imortais.
O bálsamo era pura resiliência e, antes de encontrar qualquer âmago... ela havia encontrado a sua essência, no lugar mais secreto do mundo, dentro de si.
Pensar me cansa, as palavras me tomam.
As vezes fico assim... sei lá, desse jeito.
Tão profundo, me afogo!
Tão longe, me perco!
Tão alto, tonteio!
As vezes fico assim... assim, quando estou só em mim mesmo.
Talvez não estejamos mais aqui, por mais que seja pouco, o tempo que te resta é o suficiente, por enquanto agora. Depois não haverá todo esse pouco tempo. Haverá menos!
A rua é um lugar de encontros,
cujo tristeza e felicidade se esbarram,
ninguém nunca sabe o que cada um que caminha por ela leva dentro de si.
Os olhos não podem tocar, mas algumas almas sentem!
A rua é um lugar de mistura,
onde todos se encontram e levam de volta um pedaço de si.
A rua é um lugar de encontro.
Sentencia-se, que o amor seja somente uma coisa, e coisas são esquecidas, congela-se os sentimentos em detrimento de razão...Mas chegará um momento que pesará, que a vida passou, que os filhos seguiram...E você está só, custou o preço que você quis pagar.
A raiva bloqueia nosso raciocínio, nos fazendo agir por impulso em momentos que deveríamos agir com inteligência.
A fúria nos consome de vez em quando, mas o que seria a fúria? Talvez seja o retrato da alma quando guardamos tanto as coisas pra nós mesmos. Quando engolimos as respostas azedas, os xingamentos, a falta de educação. Quando tentamos manter a aparência da doçura e meiguice, quando na verdade só queremos nos proteger da ignorância e taxação dos outros. Eu não tenho culpa de não agradar a todos. Agrado a quem quero: eu mesma! Se os outros não gostarem de mim, que sumam. Ninguém vai viver a minha vida no meu lugar. Os escolhidos viverão ao meu lado. Só que a sociedade se torna tão chata em dados momentos que o que nos resta é viver sozinhos, nas sombras das nossas próprias sombras. Na escuridão do vazio da nossa própria vida. Pq não há mais luz, não há mais salvação.
DE VOLTA
Aqui vai o meu olhar de volta, pro vazio
pois pra mim o céu aquietou, emudeceu
depois que o seu silêncio me escreveu
a distância e, a poesia ficou com fastio
Se tudo tem seu tempo, em mim doeu
ao deixar o seu gosto sem o seu feitio
ao sentir que já me esqueceu, arrepio
e que no seu amor, não tem mais o meu
Olha pra mim, só restou a minha metade
dum coração solitário, onde, eu sou réu
e neste cancioneiro, está triste fatuidade
Se ainda ouve de mim uma canção, eu
ouço o seu suspirar na minha saudade...
Que grita, uiva, na poesia deste plebeu.
© Luciano Spagnol- poeta do cerrado
Cerrado goiano, 5 de dezembro, 2019
Tem horas que sinto um vazio tão grande!
Como se um buraco negro sugasse todo o prazer pela vida. Mas a pior parte é que mesmo estando com esse vazio, eu tenho que sorrir para as pessoas, para evitar que elas não sejam sugadas junto comigo.
Complicado apenas ser o único pra te amar e você apenas me ignora fingindo não me ver.
Complicado ser eu que sofre mais por ver você tentar amar alguém e essa pessoa te fazer sofrer, isto me faz sentir impotente e com raiva, pois vejo você chorar e eu só posso te confortar e as vezes olhar de longe você ficar tão triste e nunca demonstrar para as pessoas, só segue rindo e sorrindo para não verem que voce esta depressiva. Queria poder ser o único pra te amar mais do que amo a mim, quero te levar pra todos os planetas existentes e te fazer a mais feliz do universo. Mas isso nunca vai acontecer, pois posso te cuidar de longe, pois sou só um amigo imaginário para você.
SONETO MALFERIDO
Foste a quimera maior da minha vida
ou talvez a irreal... Evidente e ausente
contigo o amor foi no ter vorazmente
contigo, também, a alma foi repartida
Partiste, e a trova não mais te ouvida:
arde-me a inspiração, lota o presente
no cerrado agoniado fica o sol poete
num amargor da memória malferida
Amor extremo, minha perda e ganho
penitência e regozijo, dor sussurrante
um anacoreta de sentimento estranho
Sinto-me vazio, e na noite te escuto
delirante anseio, sentir sem tamanho
na vastidão do suspiro de um minuto...
© Luciano Spagnol- poeta do cerrado
Cerrado goiano, 08 de dezembro, 2019
Fale que tenho que sorrir,
Digo que tenho que chorar,
Apenas pode fingir,
Para não ter que se machucar,
Esconda seus sentimentos,
Pois podem machuca-los.
Seria ruim pra eles?
E quanto aos meus?
Quer tirar meus sentimentos por causa deles,
Quer fingir ser Deus
Viajo e volto sempre que posso, a aquele lugar só nosso, que sonhamos construir...
O lugar mais que perfeito, onde ao menos do mesmo jeito, ninguém mais ia de partir...
O tempo passou ligeiro,
fez de nós passageiros, da saudade prisioneiros, nesse eterno ir e vir...
Quem sabe paro o ano te vejo, depois do dia primeiro, talvez de março a janeiro, ou lá pro outro fevereiro, se assim Deus permitir...
Naquele lugar chamado encontro, tem um coração sempre pronto, quem quiser pode chegar sem ter hora de partir...
