Shakespeare sobre o Amor Soneto 7
Quando eu morrer
Por mais que venha me doer
E eu tenha que gemer
Espero que o fim não venha surpreender.
Pois antes quero me arrepender
Subir e a Deus ver
Não descer.
Quando eu morrer
Não quero tristeza nem sofrer
E sim que façam chover
Lagrimas de lembranças pelo meu feliz viver.
Mas que minha morte venha ser
Mais um motivo pra seguir e vencer.
Quando um dia eu for
Que meu objetos energizados de amor
Quero que cuidem com o mesmo valor.
Pois já que não os posso levar
Que boas recordações deem quando desempoeirar.
Quando um dia eu for
Espero não deixar rancor
Espero que saibam perdoar.
Sei que nunca fui um bom cantor
Mas que herdem meu dom de emanar
E os males e dor, cantar até espantar
A flor e o sol
Por céus e terras viajei
Vi o horizonte que inventei
Na esperança de saber
O que de fato, vim fazer
Ninguém sabia me explicar
E a angústia tomou conta do lugar
De repente ouvi o sol dizer
A luz está no silêncio que não faz
O girassol precisa de espaço para brotar
Iluminado é a força para esquivar-se
Céu é o limite para arte de se encontrar
Não adianta procurar um lugar
A felicidade é tão singela
Que pode passar por ela sem enxergar
Soneto: autoria #Andrea_Domingues ©
Todos os direitos autorais reservados 25/08/2020 às 14:00 hrs
Manter créditos de autoria original _Andrea Domingues
DESENCONTRO
"É tão triste
A alma poetisa
encontrar
um coração analfabeto!
A rima treme nos lábios
Engasga poema no peito
Agoniza quadra discreta
Morre e vira soneto.
Num livro. "
(O sepulcro predileto.)
A guerra do corpo
Esquerda e direta vão se atracando
Cada um contrário ao outro.
A cabeça fica no meio,
deixando a boca falar...
O ouvido escuta o bonito e o feio,
pois sua função é escutar!
O nariz sem ter onde se meter
solta seus suspiros...
Já os pés precisam andar,
se corre o bicho pega.
O bicho come se for ficar...
O corpo está todo dividido,
mas se não houver unificação...
O coração fica aturdido!
Maria Lu T S Nishimura
Na serenidade de tuas terras
Habita o ser contente, jubiloso,
Que faz do labor um serviço honroso
Providos pela fé que move serras.
Leito que entretanto, fez-se de guerras,
Pelas postulações do'uro vistoso,
Pretérito opulento e belicoso
No qual o Quinto impera, deveras.
Porém, contentar-me-ei ao proclamar,
Ao mundo, de minha proveniência,
Tal qual não contestaria jamais!
Restarás, ao mundo, lisonjear
A incomensurável luminescência
Que habita as serras de Minas Gerais
Carpe Diem
De repente o tempo no tempo,
Feito ora, que tanto há demora!
De repente no nada, nada mora,
Tão rápido, vai no sopro do vento!
Ah! Aproveite o tempo, Carpe diem...
Se vê-lo, também o logo escorreu,
sem que, de repente se percebeu!
Depois não mais que, tão carente,
Põe-se a buscar o que se perdeu!
De repente também há o consolo,
Porque nada é nosso! É de Deus!
De repente o nada, nem firme solo...
Pra que, convencer-se do ego seu,
De repente não sábio, apena
BOLA CHEIA
Bola cheia, levando tapas e peias
girando, pulando vai bolando
Estapeia, escorregando na areia
aos pés dos chutes pulsando.
Aos olhos da bicuda, saltando
na ponta do dentão, encandeia
sob mãos do torcedor, aplausos
ao pescoço do senhor as veias.
Bola cheia, pingue pongue na lua
peladas, chutes no pedaço da rua
olhos da esperança, vida continua.
No campo no peito e no abraçar
no pé no olé ludibria no enquadrar
na quadra desenquadra a rodar.
Antonio Montes
A CARESTIA
A carestia outrora d’aqueles dias
Era a mesma de hoje no mundão
Assombra a gente, teme a emoção
Até mesmo no centro da eucaristia.
O sacramento... Todavia se safra
Passa tempo, mas não os seus dias
Esperança de pobre se ensaca
Aos olhos do poder... É cortesia.
O século vinte e um, chegou a trote
Voando a motor na popa de bote
Espalhando contraventor e rebeldia.
Já não se vê mais, touros nem garrote
Até fortes e muralhas dão seu pinote
Nessa vida de descarte... Quem diria!
Antonio Montes
A SOMBRA
Uma sombra que sempre assombra
treme no meio de uma noite escura
será um ser, que na ótica assombra
ou, uma frágil sombra da figura?
A sombra assombrou quatro ventos
e assoprou com dever de espantar
assombrando assim os sentimentos
que debandou pra cá, do lado de lá.
Sombra, que vez d’amor, tem medo
encima-me assombrar as sombras
e espantar os meus tenros segredos.
Não me deixe assim sob assombros
tremendo-me as mãos, todas bambas
e levando-me, aos trancos e tombos.
Antonio Montes
SOLIDÃO QUIETA
E essa solidão inquieta
na minha quieta cadeira
com esperança que me leva
por toda essa vida ligeira.
Passam por cá sentimentos
de tempos de boas maneiras
eu corri, contra os ventos
e morri com a minha carreira.
Vida... Tempo que me leva
será que eu posso saber...
A onde fico nessa terra?
Ou, o porquê que de nada sei
e tento aprender com vocês
e quando acordo, vida me entrega?
Antonio Montes
Mas os poetas medíocres são encantadores. Quanto piores os versos, tanto mais pitoresco é o poeta. O simplesmente fato de haver publicado um livro de sonetos de segunda ordem torna um homem absolutamente irresistível. Ele vive a poesia que não soube escrever. Os outros escrevem a poesia que não conseguem concretizar.
(O retrato de Dorian Gray)
L3
Há uma saudade em mim no cerrado
Ancorada nos barrancos ressequidos
São arrancos no peito em ronquidos
Num espectral sentimento entalado
Pelos prados os sonhos emurchecidos
Escorrem num agridoce poetar orvalhado
De recordação a soar anseio retalhado
Deixando na alma desejos desfalecidos
No amanhecer solitário acordo forçado
Em silenciosos suspiros enternecidos
Tal como um violino que não é tocado
Sinto-me com os devaneios perdidos
Sem asas, sem voo é um olhar atado
Há uma saudade em mim em alaridos
Luciano Spagnol
Junho, 2016
Cerrado goiano
L4
Como no cerrado de folhas enrugadas
Também o fado está todo amarfanhado
Os sonhos de sabor árido e olhar calado
Vê-se o coração arriado nas quebradas
Em mim, as lágrimas, saudade, enfado
Das tristuras nas imperfeições grifadas
E o amor com insônias nas madrugadas
Vergando devaneios sem nenhum aliado
Que seja a afeição eloquências poetadas
Pelo arauto do amor em verso apaixonado
Implorando paixão nas rimas enamoradas
Assim, escrevendo um destino desejado
De dimensões afins as almas iluminadas
Pra no ponto final ter desfecho apaixonado
Luciano Spagnol
06 de junho, 2016
Cerrado goiano
O nome é vida
O sol que não me pertence
A lua que nunca foi minha
As estrelas que observo
E a terra na qual eu vivo.
O mundo onde há a minha água
O solo onde eu fertilizo
Os animais que eu cuido
E os caminhos que eu crio.
O fogo que me machuca
A escuridão que me sufoca
A depressão que me enfraquece
Sou frágil e sou suportável
Temo o meu oposto, a morte
Chamo-me vida, prazer em fazer você existir.
Tribunal do outono
Não sou frio, nem quente.
Sou um meio termo, uma sensação.
Não sou exato, não sou gente.
Sou o júri que não escuta a emoção.
Sou justo, mas posso me alterar.
Quem me dera saber dos fatos
Assim poderia julgar sem pensar.
Sou o juiz que ouve os mais calados.
Sou a chama alaranjada
Que toca às árvores com a minha vontade
O servo da justiça com a mente afiada.
A sentença em uma única estação,
O vento que assopra a verdade
Sou o outono de um tribunal sem coração.
PLURAL
Quando o tempo nos é percebido
Distantes estão os anos ditosos
Conosco à frente dias penosos
E vai ficando o devaneio diluído
As horas sem segundos, gulosos
são os desejos, tudo é divertido
Eis que num as, se é envelhecido
E os enganos tornam-se facciosos
Então, tudo nos passa a ter sentido
Até mesmo os lamentos, saudosos
O que era ufano, vira comprometido
E vemos que nos plurais saborosos
Tem também o curso transcorrido
Num rugido de passos vertiginosos
(E lá trás o tempo de rapaz esquecido)
Luciano Spagnol
2016, junho
Cerrado goiano
SAUDADE TRISTE
A saudade que no adeus existe
Só traz solidão tão descontente
E que o tempo seja brevemente
E que faça doce tal fado triste
É sabido que nela a dor existe
Num aperto que a falta consente
Tal abafar-se num tinido fulgente
Dum fulgor vagido que persiste
Mas, se deixar de ser descrente
De um fervor aos Céus, ouviste
Não te irrite a demora aparente
Ah! Clame com amor no que resiste
Que bem cedo terás uma vertente
E a saudade será a paz que pediste
Luciano Spagnol
19 de junho, 2016
Cerrado goiano
ECOS DA SAUDADE
Oh! Ilusões acordadas nas madrugadas
Segregadas no meu poetar tão sagrado
Que goteja as saudades de um passado
Entornando na alma quimeras sonhadas
Oh! Lua pujante no tão árido cerrado
Dá-me tua companhia nas derrocadas
Das demências por mim vergastadas
Que redige insônia num tal desagrado
Longe está a luz que fulge as enseadas
Do mar, tão cotidiano, agora tão calado
E nas lembranças a ferro e fogo grifadas
Ah! Se meu fado não fosse condenado
Em tuas noites voltaria para as baladas
Num cometa de um fulgor apaixonado
Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano
Anos vividos
Da vida, eu fui mais que se está vendo
Da felicidade eu fiz parada e repouso
E nem mais sei se fui tolo ou penoso
Nas trilhas de estar feliz ou sofrendo
Se estou enganado, ou fico glorioso
Não posso medir apenas no sendo
Sou fausto, e da paz eu vou vivendo
Tentando buscar só o bem precioso
Agora que a velhice é um havendo
Nada sei, eu persisto, e pouco ouso
Pois o fado não é claro no referendo
Disso, amei sem ter sido enganoso
Fui além, dum olhar, do só querendo
Na morte, vou do viver ser saudoso
Luciano Spagnol
20/06/2016
Cerrado goiano
SABER
Talvez sonho, que de ti eu soubesse
Que no fado no cerrado aqui estaria
Pois na vida o escrito tem o seu dia
E não adianta querer outro na prece
Contudo, o fato é que se envelhece
Um logro, pois envelhecer não devia
Cria-se ausência, e a casa fica vazia
Quando da parceria mais se apetece
E se perde o entusiasmo da alegria
Sozinho, a saudade não nos aquece
A atitude só quer estar na nostalgia
No certo, paga-se o preço, e agradece
São as prendas de se obter a sabedoria
Saber, dá alforria e harmonia nos oferece
Luciano Spagnol
21 de junho, 2016
Cerrado goiano
