Frases da roça que exaltam a simplicidade do interior

onde termina o poema onde
um ponto de suspensão apenas
o poema não termina quando
a linha roça a beira do papel
tampouco a língua roça
aquilo que ela alcança
para além da página há
o poema imaginado sempre
uma imagem de poema
desfazendo-se afundando um
navio atracando-se no espaço
um navio a cada vez refeito mas
o corpo do poema não é
imaginário tampouco a
possibilidade de um limite não
há limite apenas limitação a
folha acaba a tinta acaba a
língua é o ponto de desacordo
roçar a página ancorar mas
a cada vez apenas por um instante
este inacabado este
que nunca termina

Inserida por pensador

Haikai. "ROÇA"

Entardecer na roça
Sinfonia dos bichos
Toca fundo no meu ser

Inserida por SandroCosta

O QUE ME DIZ?

Azul e rosa
Cidade e roça
Eu peço um beijo
Durmo com o desejo
Ela nega tudo
Insisto, seguro
Quero abraço forte
Ela diz: 'não terá sorte'
Só me vira as costas
Eu lhe abro as portas
À repreensão
Eu digo: 'desisto não!'.
Faz cara feia
Eu sorrio, ela despenteia
Lhe retiro as forças
Se entrega, moça!
Não há desvio
Quando o caminho
Pertence ao tempo
Que nem cinzento
Se faz escuro
Pra cobrir o muro
Que o amor detona
Quando aquela dona
É a destinada
Para ser amada
Por toda vida
Então, permita
E abrace a hora
Que é agora
Será feliz
O que me diz?

Inserida por lavinialins

Poema da Roça

Da roça pacata
se ouve a cantata
do grilo, do galo,
do gado e das aves.

Na roça antiga
surgiu a cantiga
da parentada crescida
no cabo da enxada.

De uma casa na roça
de barro batida
e buraco de fossa
se via cera de estrume
e lamparina como lume.

Da roça vieram minha origem
muito trabalho, suor e amor
viola caipira e mata virgem
da grande família de meu avô.

Inserida por warleywaf

Poesia - O caboclo do Sertão

Sou matuto, sou da roça, tenho orgulho da mão grosa, sou amante do sertão. Sou caipira, minha nossa senhora, ando de pés no chão.
Sou sacudido no machado, gosto de lidar com gado montado no meu alazão.
Para espantar os mosquitos uso a fumaça do meu pito e clareio a noite com luz do lampião.
La o sol se esconde mais cedo por detrás do arvoredo da noite não tenho medo me adormeço na solidão.

Inserida por jcob2168

Antigamente eu tinha medos dos bois na roça, hoje tenho medo de pessoas chamadas de seres humanos. 💭

Inserida por GadielCarneiro97

A VIDA NA ROÇA.

Uma casinha singela,
Ao lado de uma estradinha de chão,
Onde a vida é simples e bela,
Há paz de Alma no coração.
Uma porteira na entrada,
Um mata-burro ao lado,
Um liberando a estrada,
O outro inibi a passagem do gado.
Construí¬da ao pé do morro,
Roupas limpas no varal,
Com a casinha do cachorro,
E uma farta horta no quintal.
Não há luz elétrica e nem muro,
Mas tem lamparina e lampião,
Lá não se vive no escuro,
Lá não há poluição...
Meu casebre e palhoça,
Onde plantei a felicidade,
Eu não troco a minha roça,
Pelo conforto da cidade.

Inserida por marsouza42

Lá na roça...


Vida que foge pelos poros
Pelas boas e desentendidas ideias
Vezes confusas, outras satisfeitas
Como um trem que erra de linha


Me tocam pensamentos férreos
Duros, que se amaciam e se acalmam
Na presença sentida de sua ausência
Na sombra que esqueceste na sala


Sombra inquieta pela saudade de ti e de nós
Que toca e espera em largo e intenso desejo
A querência de um reencontro sonhado
Fiando em temor poder ser esquecido


Passa chuva, uma hora na noite
Que menos essa hora tem
Mas que tem seu cheiro
Tem seu cartão, já ilegível, apagado


De ti, não guardei fotos, recados, sabor
Guardei na memória somente uma noite
Passada na roça, quase ao pé da serra
Admirando o céu desnudado em seus olhos

Inserida por mucio_bruck

o vento roça de leve
o segredo que há em nós
e as palavras não ditas
uma a uma caem
no abismo do infinito
manchando de blues
os rubros corações...

Inserida por elisangelabankersen

NERO MORDIA ATÉ O VENTO, MAS MUDOU DE COMPORTAMENTO

CRÔNICA
Na cidade nem tanto, mas, na roça o ‘melhor amigo do homem’ era de muita serventia, principalmente para as caçadas. Hoje nem tanto, devido à proibição dessa atividade.
Seu Romualdo, feliz da vida com o cão que ganhara de Zé de Dôra, de Monte Alegre; viu papai e foi logo contando as boas novas:
- Seu Natãn: demorei, mas encontrei o cachorro dos meus sonhos. O bicho é bão demais!...
- Como o senhor soube disso?! Já fez alguma caçada com ele?
- Não, mas vou explicar pro senhor: tudo que ele ver pela frente, parte pra pegar; numa valentia!... Num respeita nada; outro diinha desses, ele fez uma bramura: botou um caminhão pra correr.
- Passou devagarzinho, um bichão desses de carregar boi nas costas (caminhão-gaiola), lá na frente de casa e ele latia com bravura aquilo; vançando nas rodeiras pra pegar mermo. O motorista teve que sair numa velocidade..., mais ele continuava vançando tentando rancar pedaços. E foi botar o bruta montes longe... bem longe. Voltou de tardinha morrendo de canseira. Agora veja o senhor, se ele enfrentou um aranzé daqueles... se pôr esse bicho no mato pra caçar, num vai sobrar nada que ele não pegue...
Mas Nero deu pra morder as pessoas. Crianças, idosos e não havia tamanho de homem, paus, pedras... Nada fazia Nero recuar. E os problemas de relacionamento com a vizinhança foram acumulando-se de tal maneira que dentro de pouco tempo Romualdo já queria ficar livre da fera que botara dentro de casa.
Estava determinado: Iria matar o Nero. Não aguentava mais aquele suplício. Mas Florisbela, a esposa, tinha amor pelo cachorro, e saltou na frente:
- Se você fizer isso, eu te largo na mesma hora! Bela não aceitava uma atrocidade daquelas. E, mais: quando o marido se ausentava da propriedade,não contando com mais companhias, se sentia protegida, tendo Nero por perto.
Mas Romualdo, com raiva, aproveitando que Bela estava pra casa da mãe, deixou o cachorro amarrado sem proteção de uma sombra, o dia inteiro; sem comida e sem água. Queria-lhe dar um castigo.
Ainda bem que apareceu alguém para salvar o bichinho daquele sofrimento! E Filipe fora o outro anjo da guarda de Nero.
Geralmente numa crise surge alguém com alguma ideia ou sugestão interessante para resolução de um problema. Filipe, seu velho conhecido, e proprietário de um terreno pros lados da Venerana; viu que poderia aproveitar o Nero nas caçadas que fazia por lá; juntamente com seus cachorros treinados.
E garantiu que, se ele lhe desse o cão, iria dar um jeito nele, e não morderia mais ninguém. Então Romualdo não pensou duas vezes: deu o Nero de presente ao amigo. E lhe entregou também um cambão para condução do cão pela estrada.
Alguns dias depois pela manhã, choveu. E, geralmente quando isso acontecia, os caititus iam fuçar a beira da lagoa, na mata remanescente, nos terrenos de Felipe; pra comerem os tubérculos dos pés de caités, abundantes por lá.
Então o Nero teve sua primeira oportunidade de dar um passeio e conhecer de perto os habitantes da floresta...ter contato com um outro ambiente. E foram para a caçada costumeira.
Seus colegas eram treinados, e conhecia cada palmo daquele chão e os bichos que moravam nele; mas, para Nero, aquilo era um mundo totalmente estranho. Os outros cães adentraram naquela densa florestal. E Nero não parava de pisar nos calcanhares dos caçadores - o tempo todo.
E por fim, pintou a primeira e única caça no trajeto dos cães farejadores de Felipe! Cãe!...cãe!...cãe!... Nero saiu derrubando tudo pela frente pra ver o que estava acontecendo. Se fosse uma caça pequena, só daria para uma bocada das dele.
Acuaram a caça, e os caçadores correram pra lá. Na cabeça de todos eram os caititus. Mas ao chegar ao local de difícil acesso, tipo uma gruta, ainda na mata fechada, avistaram uma imensa onça pintada que não crescia mais encima de uma rocha, e ouviram os gritos desesperados e doídos de Nero - vindo no sentido contrário do enorme felino que avista.
A dor de barriga de Nero, no momento que viu o bicho, foi tão intensa que era percebível pelo mau cheiro das fezes líquidas que vazavam sem parar, do seu intestino. Nero desapareceu na floresta escura; correndo e gritando até não se ouvir mais. Caim!...Caim!...Caim!...
Infelizmente mataram a onça; e ao regressarem à sede da fazenda, perguntaram por Nero, e contaram o que aconteceu. Ninguém deu notícia dele.
Penduraram o animal no alpendre, nos fundos da casa para tirara couro depois. Não demorou e Nero adentrou-se na casa, morto de cansado, com um palmo de língua de fora, procurando uma água, uma comida, na cozinha. Olhou pro quintal e avistou a onça pendurada... Deu novamente seguido gritos, pulou para trás e desapareceu daquela casa para sempre. Caim!...Caim!...Caim!...
Com uns anos apareceu na casa de Felipe o outro dono de Nero, Seu Manoel dos Reis, que morava a muitos quilômetros de distância, no Pouso Alto, trazendo notícias dele: - Nero apareceu lá em casa e não saiu mais. Está bem!... Todo mundo gosta dele! Ponderou o senhor. E continuou com os relatos a seu Felipe:
- Tá gordo que nem um capado; não ataca as pessoas e não late. É incapaz de ofendes uma mosca. Não vai ao mato por nada desse mundo, e o seu trajeto é da lagoa do caldo pro morro do pirão. Um AMOR DE CACHORRO!
Morder as pessoas inocentes, e o vento, é fácil, quero ver é encarar uma onça nervosa.
Ainda bem que Nero aprendeu com seus erros do passado! (15.02.18)

Inserida por NemilsonVdeMoraes

FRÍVOLO

Manhã da roça
bacia de biscoito
vento solto
relincho de potro
sentimento afoito
tudo torto, tudo oco.

Barcaça das águas
fundo do mar morto
rabanada do boto
rosa do porto
olhos loucos
rebolo, tolo.

Pena de poema
tema treslouco
tudo ainda pouco
topada no toco
nesse ninho choco
... Tinoco, broco.

Inserida por Amontesfnunes

Ainda que não existam lemas civis
Ou uma ética valorizada
Minha roça é parte do país
E parte de uma nova diáspora...

Inserida por Mayconbatestin

RECORDAÇÃ0

Comu é bão lembrá da roça
Tê sodade dus tempu di mininu
Brincava com a carroça
I ficava di castigu

Comia bolu di míu
Rapadura cum farinha di mandioca
Meladu cum banana
Garapa cum tapioca

Adispois eu fui crescenu
Intendendu das prantação
Fazia mata-burro i portêra
Impricava cum as minina matrêra

Levava as minina pro matu
Pra modi catá cavacu
Ingambelava elas tudo
Pra brincá di namoradu

Nas noite di São Juão
Vixe! Cumu era bão!
Ficava todo assanhadu
A discurpa era us quentão

Pulava as fuguêra, seim queimá us fundilhu
Istorava us rojão e sortava inté balão
Brincava cum as istrelinha
Jogava istalinhu pelu chão

Pegava as minina pelas cintura
Pra modi dançá o bailão
Us bati-coxa i méla-cuiéca
As música acabava, mais iêu não

Dispois tinha as quadrilha
Dançava sempre cum a Mariinha
Meu primêro amo di verdadi
Que si transformô im sodade

Mas hoji tudo é lembrança
Quem dera podê revivê
I vortá nu passadu
Vivê comu antigamenti
Na roça qui mi viu crecê

Tudo era tão simplis i singelu
O sol si escondendu tão belu
A noite Iluminada pela lua
Us vagalume parecenu istrela
Uma curuja pianu na portêra

Êta sodade!
Ê sodade!

Inserida por anaferreira

Nasci em Gandu, uma cidade minúscula, quase uma roça. E ainda adentrei mais ainda no interior, pois vivi boa parte da minha infância, na roça. Tomei banho de rio, comi piaba, subia em árvore, comia fruta fresca (sem agrotóxico), comia ovo e galinha do terreiro. Andava de cavalo. Descascava aipim na "casa de farinha". Brincava de roda, dançava ao som de uma radiola vermelha de pilha. Ia a missa do vô Queno (única época que bebíamos refrigerante) e a noite dançava incansavelmente ao som de "Pisa na barata, mata essa barata". Dormíamos as 20:00hs quando o gerador de energia era desligado e acordávamos as 6:00 da manhã junto com o canto dos galos. Tive como referência mãe e tias que tinham as mãos um facão e com ele podavam pé de cacau, cortavam cacho de banana e matavam cobras. E por isso que hoje, tanto eu como minhas primas e irmãs, por vermos os exemplos dessas mulheres tão fortes e guerreiras, e apesar na não andarmos com facão, muito menos matarmos cobras, somos capazes de vencer os leões das dificuldades que aparecem nas nossas vidas. Por conta desses exemplos de mulheres destemidas e fortes não é qualquer vendaval que nós derrubam. O ADULTO QUE SOMOS HOJE É O REFLEXO DO QUE VIVEMOS NA INFÂNCIA. E EU, ALÉM DE TER UMA INFÂNCIA MUITO FELIZ, ME TORNEI O QUE SOU HOJE, UMA MULHER FORTE, DECIDIDA. E MESMO QUE APAREÇAM AS COBRAS PELO CAMINHO, ELAS NÃO ME IMPEDIRÃO DE CONTINUAR.

Inserida por fallage

Da roça, na roça.

De manhã acordo.
A janela passada a taramela.
O sol preguiçoso.
A esbirra na figueira.
Café na tigela.

Bolo de fubá.
Broa quentinha, mamãe felizinha.
Cama de campanha rangendo como uma velha.
Hei pecado ser da roça.
Pecarei sempre por essa terra.

Mansidão, tranquilidade pito na boca.
O canário a tintirilar.
A brisa sopra as folhas secas correm.
A gente acorda cedo para ver o sol raiar.

Pássaros, borboletas e beija-flores.
Uma diversidade de multicores.
Cantares diferenciados, mas uma só harmonia.
Vivo aqui, sou daqui e aqui viverei.

Inserida por DijalmaMoura

Luz elétrica

Lembro dos bons tempos de roça,
Que dançávamos bailes, com a luz do lampião.
Como era bom
Levantava ate poeirão.
Depois inventaram a luz elétrica,
Inventaram também o apagão.
Agora nem luz elétrica,
Nem luz de lampião.

Inserida por altair022

Vou voltar pra minha choça
Quero meu homem da roça
Seu chapéu de aba larga
Seu sorriso que me alaga
Seu cheiro de terra lavrada
Sua piada debochada
Sua voz de sabedoria
Seu assobio que é só alegria
Sua fala sempre mansa
Seu amor que não me cansa...

mel - ((*_*))

Inserida por MelaniaLudwig

Orgulho sertanejo

Nasci na roça, tenho sangue caipira,
Vim pra cidade pra buscar conhecimentos,
Mas não esqueço do Sertão, minha doce maravilha,
que canto em versos e prosas e não esqueço em nenhum momento.

Aqui na cidade grande tenho tudo,
Tenho progresso, diversão e sou feliz.
Mas jamais negarei meu amor profundo.
Tenho orgulho de minha roça, minha terra e raiz.

Inserida por marsouza42

Mulher Roceira

Mulher da roça, mulher
Mulher roceira
Eta, mulher, mulher que gosta de roçar
Tu és tão forte, mulher
Que até me eleva
És delicada como o orvalho sobre a relva
Então mulher, larga essa enxada
Sai da roça e vem me amar
Que eu me roçarei com você, mulher
Até o dia clarear.

Inserida por Jonasterra

Sem as águas do céu
Na terra gretada como os pés que lhe pisam, fazendo-se caminho para uma roça de desalento, lá vai o homem na vã tentativa de plantar seu pão! Mas o canto continuo do acauã em tom de lamentos desesperados, agoura, sem piedade meses de prolongado estio, ressecando a fé do lavrador! A caçula, sem forças nos braços mirrados de sua mãe, balbucia palavras ditadas pela fome. tendo a frente a última cabra que restou do pequeno rebanho, sem forças e sem leite. No coração do agreste, palpita o coração de um ser abandonado pela sorte, que faz do amor pelos seus, o único arrimo para continuar de pé! No meio dos arbustos tostados, o pequeno pássaro da máscara negra sobre os olhos, continua a gritar como as almas daqueles que sucumbiram, nesse canto abandonado do meu país!

Inserida por odairflores