Retratos
"" Somos todos retratos
e o vento passando
somos todos tão poucos
loucos por fantasias
sem ironias
somos os pecados querendo acontecer...
"" Pude perceber os medos,
retratos de uma viagem sem volta
pude contar segredos
sem aquela euforia do pode ser
diante da impossibilidade de ver o céu
tomei banho de chuva
a alma purificou-se tal qual o mato após a tempestade
tomei coragem, saltei
como ave rompi horizontes
como o vento varri tristezas
e hoje tudo que quero é paz
e um pouco de amor também...
VOLTAR ATRÁS
Sinais de que foi feliz:
no porta-retratos
a imagem dela...
No sofá da sala:
numa almofadinha...
“Fui eu que fiz.”
Os dizeres dela.
Na gaveta do criado mudo:
O livro nunca começado...
Por ela presenteado...
Na página da dedicatória...
O amor dela pra sempre marcado.
No solar da porta:
Um tapetinho surrado
Mil vezes lavado
Por ela... pra trás deixado...
Tantos sinais...
Que de desfazer o tempo é incapaz.
E o que ele mais queria?
Era poder voltar, voltar no tempo... voltar bem, bem lá pra trás.
Inércia
Solitários...
No porta-retratos.
Sorrisos perenes
eternizando a alegria de um momento
cheios de sonhos.
Na sala corre um risco de vida.
Tão sofrida.
Há tempos não vê alegria
Só... ele só queria reviver o passado...
Poderia ser por um único dia.
Quem seu passado roubou?
Na vida presente amor ausente.
Quem assim determinou?
Não era o prometido...
Foi enganado... iludido.
retratos
passa-se do momento
de colocar tudo
que me lembra você
na caixa de sapatos
e enfiar-te no escuro
do meu móvel.
só por tempo suficiente
para esquecer,
esquecer,
essas memórias.
mais pedras para a
coleção fúnebre,
cemitério doméstico:
rostos pálidos,
mortos,
gravados nas fotos,
vivos, velhos.
esperando apenas
um olhar.
e assim alegrar,
transformar
e lembrar
antes de retornar
pro lugar
escuro.
e relembrar dos tempos,
velhos momentos,
jogados ao vento.
doces lembranças,
na caixa velha,
suja,
podre,
que,
no dia dezenove de março
me trouxe,
de dois mil e vinte e cinco.
e logo depois,
quando eu terminar,
só restará
o breve instante,
perdido no tempo,
voltando ao nada,
ao não sofrimento.
na caixa,
esquecimento.
sem ninguém pra olhar.
e foda-se.
Retratos que sangram
As horas sussurram nomes antigos,
ecos que dançam na bruma da mente,
vestígios de dias já idos,
que o tempo levou… lentamente.
Há risos que ainda se escondem nos cantos,
e passos que o chão já não guarda,
rostos sumindo em retratos cansados,
num tempo que nunca mais tarda.
Tocava teu nome com dedos de sol,
num mundo onde o céu era perto,
agora só vejo o vulto do ontem,
num espelho partido e deserto.
As lembranças vêm como maré,
invadem, consomem, machucam,
e eu, náufrago de mim mesmo,
nas ondas do que já foi, me afundo e sucumbo.
Se pudesse, voltava no tempo,
pra dizer o que o silêncio calou,
mas memórias não têm retorno…
só cicatrizes que o peito guardou.
44% da população brasileira não lê e 30% nunca comprou um livro, aponta pesquisa Retratos da Leitura. Dessa forma, não temos defesa intelectual,por isso ficamos à mercê da demagogia dos políticos corruptos; e hipocrisia dos líderes religiosos com seus livros pseudo-sacros.
Retratos
Os retratos respiram
A cada suspiro dado
Do abstrato saíram
Em lembranças neles ornados
Tem cheiro, textura, inspiram
Nostalgia do saudoso passado
Tão breve e que ontem esvaíram
Hoje somente no peito calado
Em tanto silêncio, que construíram
Uma saudade no amor contemplado
Dos que partiram
E tão lembrados
Frases contém épocas. Frases contém momentos. As frases são retratos da vida do escritor. E assim como nos retratos, aquilo que se expressa em uma época, se expressa diferente no momento atual. Se expressa de tal forma, que pode não mostrar nada que aquele velho retrato mostrava. Mas de tudo isso, o que importa é que tais momentos em determinadas épocas jamais se apagam. Porque os retratos são frases da vida do fotógrafo, ou de quem está nas fotos. E retratos também contém épocas. Retratos também contém momentos.
Somos poemas
poesias e pensamentos
Somos músicas, retratos
o filme de uma vez
Somos a história
do artistaque faz sua arte
Somos inspiração
O que canto em abundância
são retratos de saudade...
És a flor da minha infância
E um cartão de identidade.
I
Nas passagens do rossio
o colorido do ervado,
velhas eiras, algum gado
e cem anos de pousio...
Na riqueza do teu brio
eu vivi sem importância,
sem o vício da ganância,
no carinho do teu leito,
é sincero e por direito
o que canto em abundância.
Ii
Para sempre a minha escola,
o meu teste de memória,
professora dona Vitória
e mil sonhos na sacola...
Sua imagem me consola
num padrão de eternidade,
vi em ti a liberdade,
muita força e muito medo,
e as promessas dum brinquedo
São retratos de saudade.
III
Aquela imensa multidão,
as promessas arrojadas,
com pessoas encantadas
oferecendo a exaustão...
Boa-Nova e devoção
demonstrados na constância,
o teu povo em abundância
vê passar mais um petiz,
mas que hoje ainda diz:
És a flor da minha infância.
IV
És a página mais amena
no meu livro desfolhado,
o sentimento emocionado,
a nostalgia que me acena...
Neste abraço para Terena
há carinho e amizade,
e aquela fraternidade
que eu guardo de criança...
foste tu a minha esperança
e um cartão de identidade.
Nossa casa mudou muito... Tudo fora do lugar... Sem retratos, sem tapetes... Sem seu cheiro a exalar... Nem as flores são verdes como antes... Nem meus sonhos se permitem recordar... A saudade agora fria companheira, permanece onde foi o seu lugar.
Retratos da Pós-Modernidade
Tempos líquidos, sorrisos pálidos, escondem vazios e segredos ambíguos.
Desejos de ser celebridade, publicidade, intimidade e privacidade; sonhos revelados em feeds, reels e stories.
Em cliques frenéticos, busca-se validação, vaidade e narcisismo em poses de perfeição.
Entre filtros e edições, a aparência se idealiza, criando ilusões que a realidade suaviza, enquanto o fantasma da depressão não alivia.
Postagens intermináveis desdobram-se em cenários, instantâneos de sonhos e desenganos, uma vida na tela sempre bela e singela.
Conexões frágeis, conteúdos fugazes, relações superficiais, inveja e insatisfações, onde o vazio impera e o ser desespera-se.
Identidades fragmentadas, a cada dia, uma nova faceta se revela, permanente e incompleta, repleta de incertezas.
Pelo mercado, somos transformados, projetados para sermos notados, tornando-nos produtos prontos para ser comparados, comprados, usados, trocados e descartados...
Alimenta-se a ilusão da completude da alma pelo consumo desenfreado com prazeres fugazes, que nunca satisfazem, apenas distraem, enquanto a incompletude jaz.
Um novo mundo emerge, como self-service repleto de escolhas, consumidores padecem: antes, a falta gerava agruras; agora, o excesso traz amarguras.
As autoridades, comedidas e mais preocupadas em agradar do que em ordenar, patinam sem direção em suas próprias mãos, perdidas e confusas.
Pós-modernidade, vida em revoada, manada iludida na proximidade prometida. Sem cooperação, carente e desencontrada na virtualidade tão nutrida, sente-se deprimida.
Névoa densa, sombria condição, uma nova ordem já não seduz, sem saber quem conduz, consome tudo o que produz e o futuro obscuro traduz angustiante desilusão.
Privacidade retalhada, projetada na arena gigante, à espera de likes constantes. Confessionário público, onde a vida é obra de arte, num instante flagrante.
Modernidade líquida, fluidez a governar, sem estruturas sólidas, a vida a se transformar.
Relações e instituições, volatilidade a reinar, na sociedade contemporânea, um novo caminhar.
Não há nada de especial para ver ao olhar para mim. Sou um pintor que pinta dia após dia, de manhã até a noite – retratando figuras e paisagens, mais raramente retratos.
Herança
Procuro-te por toda parte sem ti não sei
viver.
Sinto que o frio da saudade começa a me
envolver.
Os retratos e recados, já não os quero
ver mais, em nada me aliviam e ainda
aumentam a dor e a aflição da tua ausência,
a cada minuto que passa.
Tenho eu o pressentimento que voltar não
voltas mais.
E deixas-me como herança,o teu rosto em mim
gravado bem embaixo do coração,de forma que
te esquecer eu não possa,
e apagar-te, ai então............
Roldão Aires
Membro Honorário da Academia Cabista de Letras Artes e Ciências
Membro Honorário da Academia de Letras do Brasil
Membro da U.B.E
Infelizmente no universo curatorial, ambiente dos curadores das artes plasticas e visuais no Brasil, dentro dos hemisférios públicos e privados são regidos por equívocos direcionando para um verdadeiro desastre conceitual com diversas criticas infantis e impregnadas de uma falta de conhecimento que distanciam se em muito da tradicional acadêmica apreciação da arte, da distinção clássica da técnica e do reconhecimento atemporal de valor da verdadeira obra de arte.Um exemplo claro disto aparece quando os ditos curadores atuais, assistentes e museólogos referem se ao tema da obra de gênero, da pintura da anatomia, da figura humana ou animal, ditando erradamente que estas obras são simplesmente, retratos.Conotando assim um menor valor e inespecificidade.Um erro gigantesco nacional brasileiro, afinal para todo o universo das artes no mundo inteiro, que não seja manipulado por nocivas opiniões mercadológicas de alguns ditos tubarões, as visões, valores e reconhecimentos são diferentes.
A exemplo disto temos o Retrato do Dr. Gachet, de Van Gogh que foi vendido a alguns anos passados por US$ 82,5 milhões. A Gioconda ou a Mona Lisa como um dos retratos mais emblemáticos da história da pintura, de Leonardo da Vinci e os retratos realistas de Lucian Freud (1922-2011) que chegou ao fim da vida, neste seculo XXI com rótulos: de artista vivo mais caro da história, com uma tela arrematada por mais de U$ 30 milhões em 2008 no mercado de arte internacional mas isto aqui no Brasil não vale nada, são obras sem valor, são simples retratos.
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