Resistência
Sábia arara-azul
Senti o peso no ombro, quando ela pousou e falou baixinho no meu ouvido:
_Coragem! A extinção nos cerca, mas seguimos resistindo!
Olhai por nós, Senhor, neste mundo onde as trevas têm tamanho poder. Não deixeis que ondas escuras nos engulam. Tende piedade de nós quando nos faltar resistência e coragem. Fortalecei-nos quando a preocupação e o medo nos acuarem. Ó, Espírito Santo, nos protegei de todo o mal e de toda a falsidade do mundo. Sabei que louvamos a vós e iluminai-nos com vosso espírito. Então, até a treva será luz para nós. Quando estás conosco, mal nenhum pode nos atingir, ó Senhor.
Foi inevitável, tudo mudou, para ser sincero a mudança é tudo. Tudo é passageiro, dizem que o amor não é, a certeza é que ele muda, para mais, ou para menos. Impossível entender as mudança quando não gostamos, temos medo dela. Quando desejamos a mudança até nos enganamos, o fato que não podemos impedi-la. Ou nos adaptamos à mudança, ou sofrermos doloroso processo da mudança, alguns chamam de amadurecimento, outros de sonho. Sabe, a verdade é única, quanto mais as coisas mudam mais elas continuam iguais.
Chore, pare um pouco, repense ...
só não desista, insista, e tenha sobretudo fé! A fé te faz mais forte,
e resiliente em todas as circunstâncias, te ajudando a prosseguir, vencendo a cada passo seus medos. Então não desista, prossiga, e vença na fé.
Apenas humanos, sem rostos, sem traço, apenas heróis.
São eles, heróis de lonas e bambus,
Chegam sem aviso, mas com propósito virtuoso.
A noite vira dia em abraços de solidariedade,
Em cozinhas coletivas, ensinam a fraternidade.
Dividindo teto e pão, incansáveis na missão,
Não conhecem descanso, só a dedicação.
Quando a mãe faxineira chega exausta, a chorar,
Gritando contra o roubo do lar pelo governar.
Eles são a resposta, os guardiões da empatia,
Construindo abrigos, desafiando a tirania.
Com coragem, enfrentam o descaso estatal,
Heróis que emergem quando a injustiça é fatal.
No olhar desses anônimos, o brilho da esperança,
Na resistência, a força que nunca cansa.
Quem são eles? São a voz dos desvalidos,
Nas lonas e bambus, surgem como escolhidos.
Grande parte da cultura e religiosidade negra, no Brasil, subsistiu pela mão amiga do indígena brasileiro. Um dia a negritude cultural perceberá disto e entrelaçará suas culturas de resistência.
"As paredes dos obstáculos não podem empatar a visão dos objetivos. Concentre-se no objetivo mesmo com tantas paredes entre você e ele."
Você não pode domar uma força da natureza quefoi feita para incendiar; essa presunção pode lhe queimar.
A vida é...
A vida é uma folha em branco, um convite silencioso à criação, onde cada amanhecer traz consigo a promessa de uma nova narrativa. É um campo vasto e indomável, onde plantamos nossos anseios com mãos trêmulas, incertas dos frutos que virão. Em suas vastas planícies, colhemos as experiências que nos esculpem: algumas amargas, outras doces como o mel, todas imprescindíveis para a nossa formação.
A vida é um eterno ciclo, onde cada fim é prenúncio de um novo começo. Ela se compõe de chegadas que aquecem o coração e de partidas que o fazem doer, mas sempre nos recorda que em cada despedida reside a semente de um reencontro. Nas curvas inesperadas do tempo, descobrimos que as dores, por mais profundas que sejam, têm um propósito, como tempestades que purificam o ar, enquanto as alegrias são dádivas breves e luminosas, que cintilam como estrelas em uma noite escura.
Como o vento, a vida é caprichosa. Ora sopra com força, nos lançando para destinos desconhecidos, ora é uma brisa gentil, que nos embala em momentos de quietude. Ela sussurra segredos antigos, lembrando-nos de que o presente, por mais efêmero, é tudo o que realmente possuímos. E assim, navegamos por essa vastidão, somando tudo o que somos e o que aspiramos ser, numa jornada que nos desafia a crescer, a amar sem reservas, a perdoar com sinceridade. Acima de tudo, a vida nos incita a viver com plenitude, mesmo quando as nuvens encobrem o sol, pois é na superação das sombras que descobrimos a verdadeira essência da luz.
Temos que fazê-los entender que eles são ricos, e são a minoria, nós somos a maioria e não nos permitiremos ser massa de manobra "Eles necessitam de nós, más que nós deles"
Conta se a lenda que em um lugar distante da Ásia, ao final de uma reunião da comunidade local, chamaram o ancião da vila que estava sentado ao final do ambiente para subir ao palco e segurar um bacia desenhada na forma de espiral. O homem ao pegá-la a levantou para o mais alto possível e começou a girar o seu corpo harmonicamente com a bacia, na forma de espiral, se tornando uma só com ela. Esta filosofia de vida indica a habilidade desenvolvida da não resistência, e da integração com o ambiente e o universo. Por mais difíceis que sejam os nossos dias, existe algo para aprender com eles. Por mais duras que sejam as situações, existe uma pedagogia de Deus para o nosso desenvolvimento e crescimento. A sabedoria nos trás paz, felicidade e prosperidade.
TODAS AS FORMAS DA ESCRAVIDÃO
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Desde que somos país, já estava aqui este povo,
contraparte de sua carne, de sua alma e seus valores.
O último deles aqui chegou – proibido, em contrabando.
As correntes – do mar e ferro – trouxeram-no quase ao fim
da forma antiga da escravidão.
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Talvez fosse mulher, talvez homem...
Vou supor seu retrato: porém, jamais revelado;
vou pensar o seu corpo: ferido-acorrentado.
Para nome, darei Maria,
para não dizer que é João.
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Vocês queriam canções: doce-brancas como açúcar...
Mas, do oceano que lambe as praias, eu só quero falar destas gentes:
dos males que lhes fizeram, do pouco que lhes demos, do tanto
que lhes devemos
(vou me ater, no entanto, a Maria – aos seus filhos e pentanetos
Vou lhes seguir cada passo, geração a geração).
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Deste povo, “Todas e Todos”,
todos nós temos um pouco.
Levante a primeira gota quem souber ou achar que não,
e depois disso se cale, ou se vá para a Grande Casa,
se não se sentir como irmão.
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Primeiro nasceu Pedro, já depois da Abolição.
Filho enfim liberto de Maria, quase ficou famoso
por ser primo do já célebre Operário em Construção.
Mas não encontrou trabalho,
e, por isso, roubou um pão.
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Foi linchado em via pública
por gente de bom coração,
e isso na mesma época, em que num país mais ao norte
– entoando canções patriotas – matava-se à contramão.
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Pedro, coitado, nascera
na Era dos Linchamentos.
Já longe, entregue ao rio dos tempos,
ia-se a Era Primeira – a da velha Escravidão.
Ao norte, matava-se à farta – aqui, por um pouco de pão.
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Mas então nasceu Jorge – de uma nova geração.
Chamaram-lhe para uma guerra, para defender o país
dos tais fascistas que nos queriam impor outra escravidão.
Como neto tão direto de Maria, não lhe deram qualquer patente,
mas lhe atribuíram missão: deveria buscar minas (quando fosse a folga
de ser bucha de canhão).
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Em um passo em falso, pisou na morte!
Não teve sequer a sorte – o bravo soldado forte –
de merecer uma Missa Breve, ou de ganhar um monumento
(“É um pracinha desconhecido, de fato, mas não é da cor que queremos;
o mármore que temos é branco, passemos a honra ao próximo:
eis aqui a solução”).
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Iam-se os tempos da Escravidão,
fora-se a Era dos Linchamentos,
acabara (de acabar) a Idade da Desrazão.
Abria-se novo momento: A Era-Segregação!
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Datam de então as Favelas
tão próprias para todos; mas especialmente talhadas
para os bisnetos de Maria.
E ali, no calor de um dia,
nascia o nosso João:
finalmente um João!
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Pouco sabemos dele
por falta de documentos.
Dizem que morreu das meninges
no mais duro chumbo dos anos tristes,
na época em que a doença – proibida nos jornais –
aceitava a segregação.
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Só sabemos que foi pai
do Trineto herdeiro de Maria.
Este, por falta de qualquer emprego,
e por vergonha de pedir esmola,
tornou-se um bom ladrão.
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Roubava dos ricos para dar a pobres,
ainda que nem precisasse tanto:
seu destino já fora traçado,
indiferente à profissão,
nesta Era da Prisão.
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Também ele deixou filho
– o brilhante e sábio Tetraneto de Maria –.
A vida deste bateu na trave: quase recebeu a cota!
Mas então soube que já chegava
a Era da Assombração.
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[BARROS, José D'Assunção. publicado na revista Ensaios, 2024].
Palavras ferem, mas o amor resiste. A tentativa de afastar com mentiras e humilhações não abala a força do sentimento verdadeiro. A distância se impõe, mas a esperança permanece.
Um amor que transcende as provações, um laço resistente e compreensivo, onde a beleza e a força dessa mulher inspiram e cativam. O desejo de protegê-la e ampará-la se mantém vivo, assim como a esperança de que a felicidade a acompanhe em todos os momentos. Que a serenidade encontre seu coração, e que a vida lhe sorria com doçura e leveza.
Em meio aos escombros de uma terra marcada pela dor, o heroico povo palestino se ergue, feito fênix em meio às cinzas de um destino que pareceu ser-lhes traçado por mãos alheias.
Suas vidas, entrelaçadas em uma narrativa de resistência e opressão, refletem um espelho onde a humanidade inteira deve se ver, para confrontar sua própria hipocrisia.
Condenados a viver sob o jugo de um apartheid cruel, os palestinos enfrentam os fantasmas de de possessão e deslocamento diariamente, sem nunca perder o brilho da dignidade em seus olhos.
O tiro de cada bala, o estrondo de cada bomba gritam a paradoxal verdade de um mundo que aplaude a liberdade enquanto ignora o genocídio que se desenrola diante de seus olhos complacentes.
Eles resistem com pedras, palavras e uma esperança invencível, desafiando as sombras que tentam sufocar sua luz.
Cada lágrima derramada no solo palestino é um grito mudo que transcende fronteiras e desnuda a podridão das nações que se dizem civilizadas, mas que preferem o silêncio conveniente ao som da justiça.
Radical é dizer que a sua luta é a luta de todos nós, que o seu suor é o reflexo de nossa covardia coletiva. A cada muro erguido, a cada família desfeita, o mundo é chamado a recordar que a verdadeira heroína é a esperança, que, nos olhos do povo palestino, nunca morre.
