Pudor

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O que deve caracterizar a juventude é a modéstia, o pudor, o amor, a moderação, a dedicação, a diligência, a justiça, a educação. São estas as virtudes que devem formar o seu caráter.

O pudor é a mais afrodisíaca das virtudes.

A beleza de um corpo nu só a sentem as raças vestidas. O pudor vale sobretudo para a sensibilidade como o obstáculo para a energia.

A embriaguez excita e traz à luz todos os vícios, tirando aquele senso de pudor que constitui um travão aos instintos ruins.

A discrição é para a alma o que o pudor é para o corpo.

Em homens duros a intimidade é questão de pudor - e algo de precioso.

A ironia é o pudor da humanidade.

O pudor inventou a roupa para que se tenha mais prazer com a nudez.

O atrativo do conhecimento seria pequeno se no caminho que a ele conduz não houvesse que vencer tanto pudor.

Canção do Sonho Acabado

Já tive a rosa do amor
- rubra rosa, sem pudor!
Cobicei, cheirei, colhi,
mas ela despetalou
e outra igual, nunca mais vi.
Já vivi mil aventuras,
me embriaguei de alegria;
mas os risos da amargura,
no limiar da loucura,
se tornaram fantasia...
Já sonhei felicidade,
- mãos dadas, fraternidade
ideal e sem fronteiras.
Utopia! Voou ligeira
nas asas da liberdade...
Desejei viver! Demais!
Segurar a juventude;
Prender o Tempo, na mão;
Plantar o lírio da Paz!
Mas nem mesmo isto, eu pude:
Tentei, porém, nada fiz...
... Muito, da vida, eu já quis.
Já quis... mas não quero mais!...

Helenita Scherma
Antologia Delicatta (2006).

Por pudor sou impuro.

Manoel de Barros
BARROS, M. Poesia Completa. São Paulo: Leya, 2011.

Unir a extrema audácia ao extremo pudor é uma questão de estilo.

Uma mulher, quando tira a sua túnica, despe-se também do seu pudor.

O pudor é tão necessário aos prazeres que é preciso conservá-lo mesmo nos momentos destinados a perdê-lo.

A modéstia é uma espécie de pudor do orgulho.

Quando se muda de país, nem sempre o pudor vai atrás.

É muito mais contrário ao pudor ir para a cama com um homem que se viu apenas duas vezes, depois de três palavras em latim na igreja, do que ceder, mesmo contra a própria vontade, a um homem que se adora há dois anos.

Escrevo neste instante com algum prévio pudor por vos estar invadindo com tal narrativa tão exterior e explícita. De onde no entanto até sangue arfante de tão vivo de vida poderá quem sabe escorrer e logo se coagular em cubos de geleia trêmula. Será essa história um dia o meu coágulo? Que sei eu. Se há veracidade nela – e é claro que a história é verdadeira embora inventada – que cada um a reconheça em si mesmo porque todos nós somos um e quem não tem pobreza de dinheiro tem pobreza de espírito ou saudade por lhe faltar coisa mais preciosa que ouro – existe a quem falte o delicado essencial.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

O pudor só é útil se é fingido; o verdadeiro é quase sempre prejudicial.

Cio

Quero dormir com você ou pelo menos
Te dar um beijo na boca
O meu amor não tem pudor, nem acanhamento
Não tem paciência, não agüenta mais
A urgência do desejo
E eu te olho, te olho, te olho
Como se dissesse.

Penso, ele há de perceber, me encosto um pouco
Espero um gesto, um sinal, uma atitude
Que eu possa interpretar como uma resposta,
Uma indicação,
Mas você é um homem sério e continua
Se escondendo atrás dessas teorias
E nem te brilha no olho uma faísca de tentação.

Aí que aflição
Pensar no que eu faria
Se pudesse.

Desejo que não acontece
Fica parado no peito
Aí vira obsessão.