Jules Renard

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A ironia é sobretudo uma brincadeira do espírito. O humor seria antes uma brincadeira do coração, uma brincadeira de sensibilidade.

A liberdade tem limites que a justiça lhes impõe.

O amor mata a inteligência. O cérebro faz de ampulheta com o coração. Um só se enche para esvaziar o outro.

A prudência não passa de uma qualidade: não devemos transformá-la em virtude.

Um pouco de desprezo economiza bastante ódio.

O estilo é o hábito, a segunda natureza do pensamento.

Não é possível chorar e pensar ao mesmo tempo, pois cada pensamento absorve uma lágrima.

O projecto é o rascunho do futuro.

Não há amigos, apenas há momentos de amizade.

Acabamos sempre por desprezar os que são com demasiada facilidade da nossa opinião.

Há lugar ao sol para todos, sobretudo quando todos querem ficar à sombra.

Nunca estar satisfeito: toda a arte está nisso.

As palavras são os trocos do pensamento. Há faladores que nos pagam em moedas de dez tostões. Outros, pelo contrário, dão-nos peças de ouro.

É uma hipocrisia esforçarmo-nos para ser bons; temos de nascer bons ou então não vale a pena metermo-nos nisso.

Descobri finalmente aquilo que distingue o homem dos outros animais: são os problemas de dinheiro.

Toda a pessoa vale mais que as suas maneiras de se exprimir.

Diz-se de um conceito que ele é profundo quando não tem graça nenhuma.

A palavra é a desculpa do pensamento.

Amigo é aquele que adivinha sempre quando precisamos dele.

Dando apenas ouvidos à sua coragem que nada lhe dizia, ele absteve-se de intervir.

Um amigo assemelha-se a um fato. É preciso largá-lo antes que esteja usado, senão é ele que nos larga.

Amizade, casamento de dois seres que não podem dormir juntos.

A literatura é uma profissão em que se torna indispensável dar provas constantes de que se tem talento para convencer pessoas que não têm nenhum.

De nada serve morrer: é preciso morrer na devida altura.

Os ausentes fazem sempre mal em voltar.