Prever a Morte
Paramos horas a fio com o pensamento naqueles que se foram, em tudo que foi antes e acabou, no balanço do que nos resta de vida. Rápido, bem mais rápido do que supúnhamos, Melhor fora se o tempo que vivemos fosse gasto em amor. Mas, ai de nós, quando essa ideia nos chega já não resta em nós calor que alimente um amor. Deixamo-nos viver, muitas vezes com entusiasmo, para começar algo de novo. Mornos, não soubemos aproveitar a chama da juventude, ou então a desperdiçamos.
Dor substitui amor
Você nem ao menos disse adeus
Apenas deixou uma carta,
Sangue e um frasco de remédios
Eu sei que a vida não fazia sentido
Que a vida não importava
Mas eu estava aqui ao seu lado
Isso não importava?
Agora só tenho lágrimas
Lágrimas neste dia de preto
Soluços e choros e me mantenho quieto
Sempre foi assim
Você trocava nosso amor
Por coisas como lâminas
Drogas e dor, muita dor
A dor que você não sente mais
Mas sou eu que sinto agora
Desde o dia em que você ficou assim
Só dor substitui o amor
Agora estou sozinho
Sem você ao meu lado
Alguém que me completava
Alguém que eu amava
Agora só tenho lembranças
De cada lindo sorriso seu
Que tropeçava ao sair do seu rosto
Quando eu fazia algo bobo
De seus olhos negros
Tão negros quanto o céu
Mas que, ao fundo, existia um brilho...
Irradiante como a lua
Nada disso existe mais
Seus lábios que tinham um sorriso
Agora são gélidos
Como o seu corpo em meus braços
Sorte daqueles cujo amor, pelo tempo ou rotina, morreu por si só. Porque que dor indizível é ter que matá-lo enquanto vivo!
A impotência cresce dentro de mim, acordo com um peso na mente que eu não tinha antes, um desconforto unilateral.
Vejo o mundo de dois ângulos, duas realidades de uma só verdade, eu não pedi isso, simplesmente surgiu e tive que aceitar.
A vertigem causada pelo choque não me derrubou ainda, talvez seja apenas um teste, mas, um teste para que?
Escrevo em frases pois estou fragmentado em pequenos pedaços de duvida e medo, não sei ao certo o que esta havendo, apenas tive que aceitar que é assim, sem muito o que questionar.
Tento focar em algo, mas meu foco afetado pela impotência e medo crescente apenas me da uma imagem estrábica do que vejo.
Talvez devesse deixar que abram minha mente, mas ninguém quer correr esse risco, não se sabe ao certo os resultados.
Enquanto isso devo torcer ao destino ou a um ser onipotente para que a inercia se estabeleça em mim, mas realmente não creio nisso.
O que posso fazer para me ajudar? Realmente não sei.
A teia de uma aranha no orvalho, todos admiram, mas dela tem pavor. Com o sucesso também acontece isso, pois muitos o querem, mas tem medo da escalada.
Iridescência
O que é a vida se não um enigma
Um jogo de esgrima sem vencedor
O que é a vida se a gente não finda
De uma vez por todas o que começou
O que representa esta grande impotência
Da loucura desvairada
Que teu pai te proporcionou
E em qual esquina esteve marcada
Esta promessa que tu nunca concretizou
Nesta eloquência desvairada
Encontrei meu salvador
Entreguei a ti, tudo que de mim sobrou,
Não que fosse muito, sei, sou quase nada
Mas se nada sou, eis-me aqui entregue
Torcendo pra não ser tomada,
Ainda assim, cá estou, abandonada,
Desejando-te da alma à epiderme.
Porque sim, tenho mil amigos
Uma estante repleta de livros e Cd’s
Sim, tenho mil e um escritos,
Mas só um poema é sobre você
E este tem-me sido um companheiro incansável,
Na batalha das decepções que o presente da vida veio a ser
Desde então colmei-me de difíceis escolhas e percebi
Nada mais será bom o bastante sem a dádiva de te ter.
Nada sou perto de tua iridescência admirável.
Conheço uma única pessoa
Capaz de emanar todas as cores mesmo sem permitir
Tens sido excepcional ao ponto de me refletir.
Pois sei, é preciso arriscar pra se libertar,
Prometo estar aqui enquanto decidires ficar.
P.S: Fica!
Thaylla Ferreira Cavalcante
Não seja tolo em confiar a sua vida, seus sonhos, problemas e vitórias a alguém que somente tenha um belo sorriso, muitos bens, ou bom orador, pois esse alguém envelhecera também, e morrerá um dia, e todos os seus pensamentos irão junto, e seus bens serão motivo de conflitos. Portanto confie somente no senhor teu Deus, que tudo fez e fará e Ele te mostrará a verdade é o conduzirá por caminhos certos, Ele te dirá o que deve renunciar, é o que realmente lutar, e se tiver fé e confiança irá conquistar. Lembre-se, Ele te criou, te formou e te renovou... Deus te ama da maneira como você é, quem gosta de modismo são homens, Deus é acima de tudo isso. Tenha fé e confie. Ele faz as coisas de modo sutil e correto, e com tempo certo, tira e repõe peças que edificam. Não existe vitória sem lágrimas e suor, pois tudo que é de graça não tem valor...
"A vida é cheia de enganações ... Na face um sorriso, no peito um abismo. No olhar brilhante, uma flâmula flamejante cheia de temor. No pensamento acelerado, um sentimento apertado com o gosto do fel da morte."
Comecei a ver a mesma pessoa em vários cemitérios durante algumas pautas em enterros e velórios. Num segundo momento, depois que eu me liguei que era a mesma pessoa, achei que estava vendo uma entidade, pois ninguém perde tanta gente, todo mês, e está em todos os enterros. Como observava que essa pessoa nunca estava conversando com ninguém, sempre sozinha, comecei a ficar curioso. Do cemitério do Irajá ao São João Batista, ele estava lá, até que resolvi investigar. Me aproximei e, com um cigarro, perguntei se ele teria um isqueiro para me emprestar. Não tinha. O nome dele é Bernardo e me chamou atenção porque ele tem apenas 25 anos. Isso me fez achar que poderia ser um espírito. Ele é diferente do cara que fica com a camisa do Brasil e os cartazes de protesto perguntando onde está o Amarildo, que todo mundo conversa e conhece. Ele é muito discreto. Como respondeu que não tinha como me ajudar a acender o cigarro, iniciei a conversa dizendo que já havia reparado que ele estava em outras capelas, em outras pautas. De cara, ele me deixou meio espantado ao responder que tem uma catedral que ele sempre vai, mas não sabia o nome e que havia esquecido o bairro naquele momento. Perguntou se eu era repórter. Quando respondi que sim, ele disse que o avô havia trabalhado com "um tal de Mário Alves", que teria sido muito importante para imprensa num determinado momento. Perguntou qual área eu trabalhava e respondi: geral! Ele respondeu: não gosto! Disse que dos jornais só lia as colunas sociais e que despertavam sua curiosidade as notas sobre casamentos, aniversários, formaturas e ENTERROS. O certo é que, através dessa leitura precursora, Bernardo fica a par das missas e enterros, e diz que nunca falta quando são os mais interessantes. Diz que procura sempre ficar longe da imprensa quando é alguém famoso para "não tirar a atenção do personagem principal, que deve ser o morto". Depois corrige a informação dizendo que essa é a postura que adota em todos os enterros, pois todos são iguais. Disse coisas que me chamaram atenção, como: "está vendo como a gente chega hoje nos cemitérios? Uma falta de respeito! Antigamente, contratavam bondes especiais, que conduziam os 'convidados' até os cemitérios." Tudo bem, percebi rápido que a cabeça do Bernardo não bate bem. Mas, ao mesmo tempo, concluí que ele não é bem um louuuucoo, louuuco, louuucooo, mas está fora e dentro ao mesmo tempo do normal, tipo uma questão de lua. Enquanto ele fala, dá umas mastigadas na língua, esmagando-á entre os pré-molares. Ele balançava a cabeça de forma esquisita, as vezes, "chifrando" o vento sempre que a gente sentia bater no rosto. Piscava constantemente o olho esquerdo. Na face, por todo o lado, discretos cortes faciais, quase imperceptíveis, dependendo da luz do sol. Em que pese, porém, essa mistura de sequelas, Bernardo, ainda sim, por estranho que pareça, é um rapaz simpático e muito, muito educado mesmo. Reparei que estava um pouco sujo, embora com um terno bem lavado com uma ombreira que o engolia. Já reparei ele mexendo em algumas coisas nos cemitérios, fazendo sinais como se estivesse limpando os objetos. Perguntei sobre isso e ele respondeu que se todos entrassem nos cemitérios como se fossem donos do local, podendo mexer em tudo, aceitaríamos melhor a morte e também preservaríamos os cemitérios em melhores condições. Bem estranho... Contou que por várias vezes já foi expulso de dentro das capelas em momentos de velório mais reservados. Mas ressaltou também que, brigando ou não, sendo expulso ou não, aquilo era um dos centros de interesse da sua vida. Contou que, assim como os cemitérios, adora as praças. Perguntei se teria alguma especial, e ele responde: todas. Disse que a igreja é sua "obsessão", e que se pudesse limpava os altares e as imagens todos os dias, mas que deixou de entrar nas igrejas faz tempo porque não gosta de padres. "De nenhum deles!". Foi incisivo, mesmo educado, ao dizer que não iria tocar neste assunto e ficou vermelho, muito vermelho, até aparecer os traços de veias pulando em sua testa. Fiquei em silêncio e ele foi se acalmando novamente, tudo numa fração de cinco segundos que, pra mim, observei como um take em câmera lenta. Pra cortar o clima, disse que ia acender um cigarro com um rapaz que estava ao nosso lado fumando e, depois disso, quando virei novamente, ele simplesmente não estava mais ali. Em determinado momento, conversando com ele, encostei rápido a mão em seu ombro, pra ter a certeza de que não era tipo Ghost. Era real. Enfim, cheguei agora em casa e, pensando ainda sobre tudo isso, acendi uma vela e fiz uma oração pedindo muita coisa boa pra esse rapaz. Paz pra ele, paz pro Bernardo.
Eu Quero ser Eu
Eu sei que o tempo corre veloz
sei que ele é meu algoz
Quando vejo já se foi, se escafedeu
Mas eu só quero ser eu...
Os dias passam, as noites passam...
Amores passam, a lua, as estrelas...
A luz, o breu...
E eu... eu só quero ser eu.
Quero ser livre como o vento,
correr livre como as águas da cachoeira,
Ir além do tempo,
ao me transformar em poeira.
Não basta esta vida, e seu desabrochar,
Não basta a morte, e seu findar
Se eu continuar perdido neste mundo meu.
Minha vida não é vida, enquanto eu não for eu.
Eu quero ser eu.
Eu quero ser o que meus olhos vêm ,
o que meu corpo transpira...
Eu quero ser a verdade,
Deste eu de mentira.
E, se ao fim de tudo
eu não puder ser eu
Coloque em minha lapide
Aqui jaz quem nunca viveu.
Não coloquem flores, nem vela
nem cruz eu quero lá
Pra que minha alma
não se apegue nela
e agora livre possa voar
Para um mundo que suponho
um lugar além do sonho.
Onde eu possa ser eu
onde a vida vença a morte
e eu grite bem forte
Eu quero ser eu
E me abrace a luz da lua
e as estrelas ao redor
ao despertar desta vida
para uma vida melhor.
TERESA DEU A ALMA AO CRIADOR
Teresa era a menina mais quieta da turma E, sentava ao meu lado, partilhavamos a mesma carteira e criava um calor imenso para o meu corpo!. Ela era a menina mais encantadora, a feiticeira das mil maravilhas escaldantes e as veses deixava-me boquiaberto sem adjetivos compatíveis para elogiar a sua formosura e a sua pele negra de orgulho. Ela trajava o seu uniforme ajustado azul-verde, com uma mochila Bad Girl e trazia alegria à nossa turma. Uma turma de quase todos os alunos irriquietos, mas ela era a única menina quieta que trocava olhares e sorrisos de um jeito super amistoso.
No tempo de intervalo íamos até a cantina da escola para comprar e manducar doce de coco, bolinhos e pipoca de milho, voltavamos à câmara lenta com passos românticos e outros colegas cobiçavam o nosso jeito de ser, estar e a força da nossa amizade colorida de aventuras escolares. Mas, o tempo sempre voava vertiginosamente como uma carga eléctrica num condutor eléctrico e a escola transformou-se em lugar mais jovial do planeta terra para agente, pois era a entranha da alegria nas nossas vidas de menino-alunos e íamos à casa quando quando o anoitecer pedia licença a luz do dia.
Um dia, inesperadamente ela não veio à escola, toda turma ficou indecisa e na qualidade da minha pessoa fui visitá-la e encontrei-a tremelicando, abraçada com complicações respiratórias, pois padecia de asma, mas o sorriso nunca abandonara o seu rosto com a pele negra de orgulho e mesmo assim sorria para mim!.
Uma semana depois, amargosamente a triste notícia acabou chegando aos meus ouvido, ouvi com os colegas Siquido e Albertina, eles disseram-me que a Teresa deu a alma ao criador vítima de doença respiratória. E quando o fúnebre destino bate a porta não espera alguém para abrir, apenas rompe e entra deixando um eterno vazio, a morte tem inveja.
Teresa, a feiticeira das mil maravilhas escaldantes, pegou no seu passaporte de fúnebre destino e viajou para sempre e para sempre, jamais voltará para estudar e sorrir para mim e alegrar a nossa turma. Denscanse em paz Teresa.
Xadreque Pedro Janasse
Escola Macombe, Gondola 07-08-2009
8ª classe, turma E, curso diurno 2009
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