Por Tras da Janela
RONDA SILENCIOSA
Solidão cerrada, aquietada, escura
Afora a janela, o cerrado tão calado
Na imensidade do céu não fulgura
Um só brado, um ermo imaculado
Cá dentro, a mudez flébil murmura
E a melancolia no vento é fustigado
Escoriando a alma, áspera candura
Em um rasgar do silêncio denodado
Ecoa surdamente sôfrega bofetada
De escora frouxa, completamente
Aflando ali a apertura tão abafada
E, a letargia, assim, vorazmente
Faz tácitos claustros de morada
Em ronda silenciosa, lentamente
© Luciano Spagnol- poeta do cerrado
Cerrado goiano, 5 de dezembro, 2019
Olavobilaquiando
Abra a janela do coração.
Jogue fora a tristeza
Abate o semblante
E torna embaçada a sua visão.
Deixa Deus fazer tudo novo
É um novo dia
Experimente descortinar a alma
E entoar ao Senhor uma nova canção.
EM ALGUM LUGAR...
Em cada janela, uma sombra, um vulto, nas noites escuras... Serenatas, que encantam a vida, quando há luar... Cada veneziana guarda um segredo, cada cortina, uma sedução e, em cada janela suada, um choro... Esse lugar, não está em destaque no mapa, e, mesmo que estivesse, ninguém iria se preocupar em saber a respeito de todas as pessoas, que ali vivem...
Nas ruas e nas esquinas, sempre passa alguém e, seus passos, ecoam bem fortes, enquanto o silêncio está profundo... O vento, vez ou outra, traz o aroma do perfume de uma mulher, que por ali passa... Mas, o silêncio é profundo.
Ao amanhecer, tudo fica diferente, o movimento das pessoas, na rua, as crianças a caminho da escola, pessoas apressadas, como se estivessem sempre atrasadas..
Inicia-se o barulho, buzinas, motos, fumaça, uma desordem, um caos...
Esse lugar morre todas as noites e renasce ao amanhecer, transborda vida, esperança... Esse lugar é a cidade, a metrópole... Muitas coisas acontecem tristes ou alegres e tudo vai para os jornais, onde, muitas vezes, as noticias nunca são animadoras.
Ignorar o que se chama de realidade, nem sempre é ser inteligente, mesmo que nossa realidade seja outra, nosso lugar seja também o de outros... Mas, entre tantos acontecimentos, sempre existe uma praça e, nela, crianças chegam para espalhar sorrisos...
Parada no sinal vermelho, ergo os olhos e vejo uma pipa, lá no alto, colorida, dançando com o seu dono, o vento... Na calçada, uma mãe de mãos dadas com sua filhinha, a mulher espera para atravessar a rua e, junto a elas, um cachorrinho de estimação... São essas as realidades de cada um, sua alegria, sua preocupação e, quiça, sua tristeza...
Assim o dia caminha pela cidade, escondido atrás da janela ou caminhando despretensiosamente, caminhando por onde mais gosta de ir, sem se importar com o que irá enfrentar para chegar lá, onde a noite o espera para que ele possa descansar e trazer, com ele, o silêncio, que vai começar.
Marilina Baccarat de Almeida Leão, no livro "Com o Coração Aberto"
Olhando de minha janela vejo pessoas
Todas padronizadas caminhando igualmente
Seres controlados seguindo seus dogmas
Priorizando sempre suas próprias normas
Escondendo suas asas pois são parasitas
Que sempre vivem famintas
Se alimentando de diferenças
Se apropriando de crenças;
Por que tudo isso?
Será que esse foi o resultado da "evolução" ?
De toda maneira ainda vejo o horizonte
Um horizonte de decepção
Um mar sem vida
O remédio que não cura nenhuma ferida.
A morena toda donzela
Logo a vistei na janela
Ela deixou a toalha cair
Para eu passar
E logo seu perfume sentir
Eu olhei para ela
e ela ou para mim
Eu disse através de um sorriso
Quanta beleza existe em ti
Ela com aquele sorriso tímido
E as bochechas avermelhada
Me disse obrigada, toda apaixonada.
Da janela do presente, olhei para o passado onde deixei de sonhar e descobri que sem sonho eu não saberia amar...
#FLOR #AMARELA
A flor amarela...
Que vejo de minha janela...
Me faz muito pensar ...
Como a vida é singela...
Hoje aqui...
Amanhã não mais...
De modo triste venho notando...
Como andamos nos afastando...
Então venha cá,comigo falar...
Lhe espero no portão...
Traga um lindo sorriso...
Em troca do meu coração...
Onde está a fantasia...
De sonhar todos os dias...
Da amizade sincera...
Do bem...
De se dar...
Falar em gesto que oferta...
Pra lembrar que o amor é tanto...
É dando que se recebe...
Recebendo...
Vira encanto...
Uma flor ao cair no chão...
Pelo tempo que passou...
Tudo virou saudade...
De quem foi...
Me deixou...
Não se assuste se não por acaso eu lhe digo...
Do que ainda sinto...
Para mim ...
Não acabou...
Na pureza do espirito perfeito...
Com a dor na alma eu clamo...
Vem a mim...
Vou ao seu encontro...
Fazendo meu coração renascer...
Flor amarela...
Dou a você...
Sandro Paschoal Nogueira
FREYA
Voando no Pégasos entrarei pela janela do seu quarto escuro,
Minha imaginação também voa alto,
Voando no Pégasos sou poderosa,
Voo através dos meus sonhos mais loucos até você,
Pégasos não fará barulho com suas asas,
É o meu cavalo alado que me leva aos lugares mais longes do prazer,
Ele me conduziu hoje até você,
Por entre devaneios cheios de frenesi,
Invadirei teus sonhos,
Serei Freya deusa do sexo,da luxúria, da beleza, do ouro...
Entre beijos e carinhos te possuirei em sonhos,
Nesse mar de devaneios, acordarás,
Me pegarás no colo,
Como criança me embalarás até o raiar do dia,
Depois meu cavalo branco me conduzirá por entre nuvens,
E tu, louco de amor gritarás o meu nome,
Ouvirei o eco por entre vales e montanhas,
Mas só a noite voltarei a te encantar...
Dias cinzas...
Pela janela vejo a chuva,
seus pingos tocam o vidro no ritmo do coração, quase se achegando nele.
Chove aqui dentro também...
Quem é ela que estilhaça minha janela
Que pinta meuvidro como se usasse aquarela
Que tilinta suave e estridente ao mesmo tempo, como se tentasse, sutilmente, desafiarminha inquietude com leve espiadela.
Rajadas frequentes como se estivessem voltando os bravos sentinelas
Só pode ser ela, trazendo renovação e calmaria em meio ao caos, como se a colher de pau surrrasse a desgastada panela.
Oh, chuva! Peço que não caia devagar, que molhe esse povo e os deixe chorar! Mas nãoos deixe largados em qualquer viela.
Suas lágrimas devem confluir com suas gotículas e inundar as mazelas que por aqui se instalaram por pura falta de amor, cravo e canela.
E ela parece brava, do jeito que Yansã gosta.
Senhora do amanhecer, onde sua espada brilha, pra nos proteger.
Enquanto aqui permaneço, jogando mais tinta na tela, tentandoadmirar intra-janela, me dou faltada cor amarela.
Nada é tão mágico se não tiver amarelo.
Um colorido sem amarelo é um pé doente sem sua chinela. Parece completo. Parece.
Olha lá, além da favela, ao leste Ele surge me dando logo uma vívida e escaldante piscadela.
Pronto, agora não falta mais nada
A paleta da natureza está completa
Posso voltar a dormir.
A chuva ainda cai
E eu posso fechar minha janela.
Meu girassol,
Sempre se exibe debaixo do sol
Vive no campo ou na janela de uma garota
Assim ela a observa embaixo do lençol.
Meu girassol,
Vejo seu corpo dourado e radiante
Todos os outros te acham excitante
E desejam arrancar te do vaso da minha janela
Mas eu jamais permitiria,
Jamais te deixaria.
Meu girassol,
Eu só queria viver o suficiente
Para poder admirar mais uma vez
Debaixo do meu lençol
E ver o corpo dourado do meu girassol mais uma vez
Brilhando no sol.
BOM DIA, MANHÃ!
(JANELA)
O astro-rei, ainda triste e fechado,
Esperando abrir a janela,
Nunca vira um diatão triste e fechado
E manhã tão fechada e triste quanto aquela...
Mas quando ela acordou e sorriu,
E saudou o sol, abrindo a janela,
A manhã inteira se abriu
Com o sol que sorria no rosto dela.
Visão do Caos
Olhar pela janela parece o caos
Não quando se quer pular
Olhar para as feridas parece a dor
Não quando se quer sangrar
Eu nunca disse que gostava da dor
Mas era única que me confortava
Eu nunca disse que me mataria
Mas eu não disse que não pensava
É que as palavras nunca saem
Na verdade eu que não sei dizer
Espero no fim poder falar
Desculpa..
Já não deu mais pra me refazer
FIADO (soneto)
Espiando na janela, a sorte vai em bando
E as nuvens levedando o pensamento
E pelo vento a rapidez vai multiplicando
E a poesia urdindo o vário sentimento:
Pranteio, rio, apresso, acalmo.... Ando
Descanso, me cubro, e fico ao relento
Assim, cada tento, tento sem mando
Neste lugar secreto, óbice e fomento
Apressa-te, sonho, amanhã é seguinte
Um novelo em turbilhão e de requinte
Pois, o que mais importa é estar amado
Não te fies da dor nem da arrogância
O destino tem a sua real importância
E a vida, não, e nunca negocia fiado!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10/07/2020, 07’29” – Triângulo Mineiro
A noite transparece a calma e também o alívio das estrelas. O olhar atento da janela é o que me consola do quão pequeno é o mundo diante a imensidão do céu. De quão rapida é uma vida e quão pequeno podemos ser se não olharmos sempre pra cima, qualquer deslize pode nos deixar pequenos.
