Poeta Viver Sozinho Solidao
COVID (soneto)
Madrugada. Silêncio. A agonia
A treva no aflito recolhimento
A ânsia dum outro momento
Sacode a quietude da poesia
Deveras outro sentimento
Numa contaminação do dia
E então outro tempo teria
Nova era, novo nascimento
A voz de Deus Pai grita
E a das almas responde
Nesta labareda infinita
No peito o medo esconde
Num ruído saído da escrita
Dispersos, filhos de Eva... pra onde?
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Maio, 2020- Cerrado goiano
E aos meus inimigos!
Pede-lhes perdão por mim
E se não as encontrares para se desculpar.
Fala ao vento que os perdoei.
Eles dispersarão e levará,
Como assim faz a semente do pinhão.
Amo as coisas simples.
Deveras, ignorei as mais complicadas.
Estas serviram-me de contratempo para minha aprendizagem.
O homem trocou Deus por coisa passageira coisa vã
mas a vida passa tão ligeira
o presente é o passado do futuro
hoje é o amanhãde ontem o ontem de amanhã
Sobretudo, no Ocidente;
quando teve o homem a consciência da finitude, ele morreu antes de começar a vida.
Escrever é talvez a arte mais solitária de todas e, por isso, a que habita uma possibilidade incrível de escuta interna e reinvenção de mundos e de si. É escrever com você, contra você, através de você e a partir do outro, sem o outro saber que lhe faz companhia nessa travessia.
