Poesia Triste

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ENFADO (soneto)

O quarto penumbroso e triste. Meu viver!
Um silêncio na alma que ela parece morta
Eu num olhar vago, uma pujança absorta
Não tenho ânimo, nem uma reação sequer

Rabisco gestos pálidos que a nada importa
O mundo lá fora a passos largos. Ouço dizer
O meu aqui dento de solidão põe a embeber
O vazio lânguido, num isolamento que corta

E neste enfado, no enfado inquieto do ser
Que é que me interessa além desta porta?
Se sempre é o mesmo, o mesmo parecer

Aqui neste útero meu sonho se transporta
Que diga a sorte, e o destino o que quiser
Aqui poeto quimera, que abre comporta... (do meu envelhecer!)

Luciano Spagnol
Novembro, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO TRISTE II

Eu estou assim: da tristura cativo
Intrusivo num túnel dum calvário
Rodeado de sentimento solitário
Mesmo entre olhares como vivo!

Do peito rezam vozes num rosário
Da casa um silêncio tão opressivo
Frio, sem graça e, sem incentivo
Que lá fora fracasso no itinerário

Olho-me num soluço pensativo
E vejo sonhos perdidos no diário
Desfolhado num jardim subjetivo

E me pergunto: por que o cenário?
Quando é meu tempo? Respectivo!
Pois, se o tempo no tempo é vário!

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
05/02/2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Nel mezzo del cerrrado...

Aportei. Aportaste. E morria calado
E aflito, e triste, e amargurado eu ia
Os sonhos da alma era despovoado
E d’alma as quimeras era só fantasia.

E assim, longo o caminho, o cerrado
Eu preso nos desejos ele pouco polia
Da vida: o tom do tom estava errado
Do horizonte, nada, nenhuma poesia.

Hoje a vida sem ti, é sempre partida
Prantos que a tal saudade umedece
Comovem como a dor da despedida

E eu, sentado no caminho, aguardo
Arfante, poético, e que não arrefece (o amor)
“Nel mezzo del cerrado”, que no peito ardo...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Agosto de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

CERRADO ERUDITO

Andei sobre o cerrado
Como os bandeirantes
Tão triste desmatado
Fui as lágrimas soluçantes
Fui por ele calado
Um dia cerrado, gigantes
No seu torto encantado
Só para me recordar
E não pude fascinar

Fiz uma poesia
Como poeta do cerrado
Soltei brados de fantasia
Pra tê-lo do meu lado
Mas a lembrança esvaia
Pelo axioma empoeirado
Neste preço tão alto
Do belo desnudado

E então, como Cora Coralina
Eu cantei versos ao luar
Neste chão, e céu anilina
Pra a sedução fascinar
Aí, me curvei
Chorei... Ante a força do sertão
Até quando este estado?
Surrado. Resiste a civilização

Ainda andei sobre o cerrado (...)

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
01 de abril de 2018
Domingo de Páscoa
Paráfrase Paulo Vanzolini

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO TRISTE

Hoje acordei com meu verso triste
Escorrendo pelo papel só inclinação
Cabisbaixa a inspiração e, pelo chão
Querendo lira na sorte que não existe

Pois, cada cisma, na cisma consiste
E o prazenteiro é em vão, e assim são:
Desferrolha fagulhas infeliz do coração
Petrechando a consternação em riste

As minhas angústias querem expansão
Minha dor, está ali sozinha, é imensidão
Tão calada, não entenderão o que sente

Aí quem me dera, não a ter! Pois então?
A tenho!... E pouco cabe na solidão...
Quando caberia aqui: - verso contente!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro, 2017, 05'55"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Ir-se

Escandalizo a tal sorte
Afetação cruel e triste
Espera, alma e morte
Do gabo nada existe

Mesmice reescrevo
E o passo aí, passa
Na saudade relevo
Nos olhos fumaça

Nasci pra renascer
Das cinzas ressurgir
Morro e tento viver
Afeito. Outro partir!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2017, maio
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

A UM TRISTE (soneto)

O meu destino é talvez a do azar
Jurando as venturas... de maneira
Que com o acaso se possa sonhar.
Vidas de má sorte várias, herdeira!

Outros êxitos talvez já pude gastar
Fui, um aventureiro na tranqueira
Do fado. E infausto agora a chorar
Ou pesado no sortilégio, na beira...

É brado num temor sem tamanho
Num luto da felicidade: permitidos
Mártir na dor, um desígnio estranho

Por isso, lamento aflição e pranto
Sentimentos dos heróis vencidos.
E com a alma cartada no recanto...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro, 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

ÉS O CERRADO COM UM LAMENTO TRISTE (soneto)

És o cerrado com um lamento triste
escorre o entardecer na melancolia
e tua alma bela no encanto insiste
na ilusão tens uma banzar alegria

se o gemido dos sons angustiados
e desafinados, tonteia o teu ouvido
toque com os olhos os feitiços alados
deixes o prazer, então, ser nascido

Vê que o diverso há sedução, também,
e ambos se fazem de encantamento
num ordenamento de bem e paz

que todos, num, são congraçamento
É música sem letra, e afoito audaz
uníssono: do feio e do belo vai bem além

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
fevereiro de 2019
cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Sorriso

Sorriso pinta a tua dor
Da cor que se desejar
É ofertar com uma flor
O triste pra se alegrar

Sorriso abrevia o vazio
Se nada mais restar
Sorria um mirar macio
Aprazendo o alheio olhar

Sorriso traz à vida luz
E aos dias só encanto
Sorria para a sua cruz
Sorria pro seu pranto

E assim sorrindo, amar
Num teatro fulgente
A maioria irá pensar
Que és um ser contente

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Abril, 2016 – cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SINO DOS PASSOS (soneto)

No sertão do cerrado um sino canta
15 horas, um sino num dobre triste
Canta... evocando os Passos aluíste
Do Senhor. Reclinai-vos é hora santa

Um sino canta... A alma no crer levanta
E ao vento soando em um dobre insiste
O canto solitário, que no tempo resiste
Em prece e o testemunho que encanta

Ao longe, num ar sombrio, arde o sino
Chora, e agradece com seus compassos
E o céu se cobre com o repicar em hino

E nesta hora de fé, ao chão os fracassos
Nossos, e o perdão ao nosso Pai Divino
No campanário, soa o sino dos Passos!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23/03/2020, 15’20” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

Estou triste, minh’alma chora...

Hoje vou te dizer o que sinto
Coração magoado, abandonado
Pela mentira que me fez absinto
O dolo que se fez amargurado

Deixo as lágrimas correrem
Lembrando os beijos, a paixão
Que agora fazem-me abaterem
No gosto salgado da desilusão

Sinto no peito a dor a apertar
Na saudade o sonho a lamentar
Na melancolia o adeus desabafar
No desrespeito a traição falar

Doeu... Dói... Está a doer
É o amor que está a morrer
São os planos a ir embora.
Estou triste, min’alma chora.

(Nada é pior para uma alma que tornar triste a outra alma.)

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20 de setembro de 2009, 05’08” – Rio de Janeiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠UM AMOR CERRADO (soneto)

Cala-se o triste olhar. Anina o sentimento
E a deslizar pelo rosto mudo, a dor vencida
No exilio tão áspero dum vazio sentimento
Em uma lágrima de choro e de cor abatida

O horizonte se põe, nublado, suspira o vento
Algente, as sensações estão assim de partida
Pura! Frutificando na paz o ardente sofrimento
E a alma incrédula, ainda, não está convencida

Das gotas do pranto, abrasador as lembranças
E pela saudade a sofrência em estreitas tranças
Amarra o peito, apouca, e pelo clamor escorre

E sob o pesar tão cavado e magro, que tortura
Do sonho e as privações dos planos, - fulgura,
A dor, do derradeiro amor que cerra. E morre.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06/07/2020, 06’45” – Triângulo Mineiro
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

⁠O CONDENADO

O sentimento está triste. Tão calado
O pensamento solitário, num canto
Com agonia, ali, assim, compassado
E os olhos lacrimejando entretanto...

E no sofrimento de um crucificado
Pulsa na dor e chora árduo espanto
Se sentindo, um tal tão desgraçado
No drama e paixão, sem encanto...

Do algoz, cruento, e seco cerrado
O silêncio lasca o peito com tensão
Que suspira em pranto, fulminado

Tal um réu, um desafortunado, então
Largado na ilusão, e se vendo de lado
Soluça saudades o condenado coração!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
15 de agosto de 2020 – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠AO LONGO DA PROSA UMA TRISTE POESIA

Ao longo da prosa uma triste poesia
Já quando o entardecer deslustrava
no silêncio que o dia, assim, estava
e o cerrado baforando melancolia

A solidão pelo horizonte estendia
um rubro vago no céu caminhava
entre os suspiros e choro exalava
saudades que a lembrança dizia

E na rudeza que o sentido fingia
a sofreguidão num só tormento
levai, ligeiro vento, está agonia

Oh se podeis ter dó do lamento
meu, vos imploro, nessa avaria
levai, levai do meu sentimento!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Outubro, 14 de 2020 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠TORMENTO

Em enturvados cruéis, tal a dor
Num ritmo triste, que não alivia
Chamar a inspiração da poesia
Fria: - é qualquer ode de amor

E ver o choro do penar que for
Ali presente, na rima. Se fazia
Em um vagar d’alma cativa, ia
Crendo neste causar pecador

A quem não fará crer a culpa?
De tais os versos no tormento
Bem sei, minha, sem desculpa!

Pois, até lástima na poética tem
E vem o versar meu, sem alento
Com suspiros na prosa também.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
08/11/2020 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠TRISTE MENINA

Chora cá a tua morte pra eternidade
os soluços que assim a memoraram
as lágrimas arrancadas não secaram
nos carecentes campos da saudade

Aflitiva entre as aflitas a tua verdade
molesta por todos faltos que faltaram
as tuas consumições nunca cessaram
na tua meiga e agitada sensibilidade

Então, sonha aí, posta na conciliação
no teu moimento da campa santa
agora pode aquietar o teu coração

Dorme, na graça e na união Divina
dói n’alma o silêncio que agiganta
ide em paz, saudosa, triste menina!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/11/2020, 11’23” – Triângulo Mineiro
Sétimo dia da Páscoa da prima Flávia Magalhães Nogueira

Inserida por LucianoSpagnol

⁠REPICAR

E os sinos dobram com melancolia
Na tarde do cerrado, triste sensação
E outras tristezas, aquela contrição
Hórrido vão que o pôr do sol esfia

O aperto na alma, a sombria poesia
Vazia, sem qualquer uma inspiração
Ao canto do entardecer, fria canção
Brandindo solitária emoção gentia

Dobram, e dobram. Saudade e prece
Funéreo sentir que nem mesmo sei
Donde vem, e pra onde então finda

E eles choram a sofrência que tece
As mágoas que na desilusão eu hei
Dando ao repicar mais tritura ainda!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Maio, 13, 2021, 20’09” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

Se sorrisos fossem lágrimas, e lágrimas fossem sorrisos?
O que você faria...?

Seria triste para sempre, ou feliz por apenas um dia?
O sorriso confronta os momentos que vivi, o sofrimento desafronta quando vejo que não posso mais sorrir.

Quero saber apenas do necessário que sei, se a vida me derrubar, terei a vaga noção de que, no mesmo chão que cai, um dia caminhei.

Somos sem destino nesse mundo sem sentido, do que vale sofrermos, se todos dizem que estão conosco, mais no fundo sofremos sozinhos.

Não que seja certo, sofrer com outra pessoa, mais se ao menos existisse amor, você poderia por poucos segundos compartilhar sua dor.

Teus caminhos morrem, as almas vivem, e as pessoas correm.
Uma corrida contra o tempo, sem chegada, sem início, mais todos sabem que viver a vida louca mente, sempre será mais do que um vício.

Em nossas casas, quando pedimos a Deus todos os dias, dias melhores, erramos novamente, somos falha, e seus meses se tornam piores.

A terra treme com medo, onde terminará este eterno enredo?
Quando você dormir e não acordar de manhã cedo?
Ou no momento que as guerras matam pessoas, e não possamos mais contar a dedo.

Ao certo, vivemos em um mundo que nada se comemora, por isso que enchentes devastam nossas cidades, o planeta apenas chora.

Assim as novas gerações caminham, pessoas não têm nada, mais perdem tudo, mais como podem perder coisas que elas nunca tinham?

Não temos nada, só temos uma sólida matéria em nossas mãos, hoje nada mais é contemplado, pessoas vivem como se fossem morrer, e outras matam como se as mesmas nunca tivessem corações.

Inserida por walacemiguel

⁠ALVORADA TRISTE

A alvorada rompeu melancolicamente
Carrancudo o dia, disperso no outrora
A alma vazia, a apertura o que sente
Pendente, onde a sensação é demora
O cortejo das horas, tão lerdo, agora,
Canta friamente um canto descontente
E na mente vozejos que dá vida chora
Desroscando a tristura à minha frente!

A manhã vem chegando, tudo um nada
A procura do que é vão, nem ninguém
Pois, tudo faz da situação tão delicada
A prostração onde a emoção é atada
Cutuca, cá no cerrado, não sei quem
Ou o que, vem, compassar está toada!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
13 março, 2024, 13’55” – Araguari, MG
À Fernanda Beregeno pelo dia de hoje

Inserida por LucianoSpagnol

⁠ENREDADA DE NADA

Versejo triste, ralo, a poesia vazia
Verso sangrando de muito sonhar
Atrás de uma poética com alegria
Em vão me esforço para alcançar
Rimei paixão, sensação, ousadia
Sem nunca largar, ou desanimar
Em uma fé sedutora que me guia
Sofri, chorei... Noite e dia a idear

Poeto exausto, lerdo, desatento
Um canto de sussurro, lamento
Saem nos versos em enxurrada
E neste poetizar com verso rudo
A minha desilusão é quase tudo
Numa poesia enredada de nada.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
10 abril, 2024, 20’36” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

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