Poesia te Perdi
Sentir a sua pele aquela noite foi como tocar um alqueire de velames do campo,
uma plantação inteira de algodão.
SONETO DE CARNAVAL (de outrora)
Distante da folia, o cerrado me afigura
A saudade como um saudoso tormento
Lembrar dela é uma sôfrega tal tristura
Esquece-la é nublar o contentamento
Ausentar de ti é a mais pura amargura
Todo momento é gosto sem fomento
Máscaras sem brilho nem alegre figura
Uma fantasia no samba sem afinamento
E no saudosando os tempos de outrora
Enquanto fugaz vão-se os anos, enfim
O que tenho pra agora, só silêncio afora
De toda a diversão a quietude em mim
É regente, pois já não sou parte da hora
E meu carnaval vela o traje de arlequim
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Carnaval
Cerrado goiano
BOCA DA NOITE
na boca da noite, calar-se
o cerrado se cafua
o sol fustigado
a lua nua
o céu estrelado...
Anoitece, e o dia recua.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
CANTANDO O CERRADO (soneto)
Essa vossa árida serena formosura
Que as exibe, és casta e tão tanta
Tanto mais a cena vossa apura
Quanto mais os olhos prende e encanta
Mostrais vossa diversidade em tal ventura
Com uma graça igualado duma infanta
Que põe alfim alguma desdita e tristura
E o espanto se aumenta ou se aquebranta
De tal beleza entrajais, oh vária flora
O meu enlevo, de guita tal tecendo
E destecendo o desencanto, um engano
Que, se ei perdido o extasiar outrora
Agora és só elogio os faço dizendo
Pra asinha referir-te como tal soberano
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
Paráfrase Abgar Renault
Jeitinho brasileiro
Com alegria no coração
E na mão o pandeiro
Sorrindo mas devendo um dinheiro
Esse é o jeitinho brasileiro
Querer estar bem e desejar o mal alheio
Esse é o jeitinho brasileiro!
No domingo churrasco é certeza
Olha só que beleza!
Odeia manifestação
Mas não entende o porquê de não receber o dinheiro
E se o egoísmo fosse tangível,
Só seria algo visível se fosse em dinheiro
O mesmo já existe,
Ah, o jeitinho brasileiro...
Que reclama de todos os políticos
E mesmo cortando fila por aí se sente um crítico!
É difícil falar de algo que sou
Somos na verdade, brasileiro
O que não nos diferencia do mundo inteiro
Que só corre atrás de dinheiro!
- Oliveira RRC
MULHER
Mulher... essa trilogia!
quem cria, é a biologia
quem analisa, é a psicologia
mas quem explica...
é a poesia.
e retorno a mim,
de dentro para fora.
o contrário,
é diversão.
vaidade,
distopia.
em esfera política,
religiosa,
existencialista.
tampouco me importa qual.
não mais em colisão.
em coliseu.
de dentro para fora,
não mais retorno,
reetorno.
efeito ciranda,
ciranda.
ciranda.
ciranda.
ciranda.
enquanto a vida,
caminha para frente.
embora ciranda,
ciranda.
ciranda.
ciranda.
ciranda.
EXISTO
Estou no meio do caminho,
E não posso voltar atrás,
Tento seguir a estrada,
Mais ela é longa demais,
A dor é grande e bate em meu peito,
Não sei se sou capaz de prosseguir,
Olho e olho, nem tenho mais onde ir.
O tempo passou,
O que antes me assustava,
Hoje já não me assusta mais,
O que ontem eu temia,
Hoje me fortalece mais,
A dor que antes me abatia,
Não passa de uma coisa incomoda e passageira.
Desprezo tudo de lindo que me disse um dia,
Eram palavras frias e vazias,
Aliás o que queria de mim?
Eu já não existo,
E na angustia de não existir,
Acabo fingindo existir,
O que de mim já não sobra,
Senão apenas a pele de minha existência,
Fraca e continua como minha respiração,
E o leve bater do meu coração.
Logo eu não existo mais.
BEIJO DO MAR
Sou poeira de um sonho que tive,
No qual o mar, vinha me beijar.
Poeira de areia,
Fina que lhe escapava entre os dedos.
Em um sonho,
Que sonhei a muito tempo,
No qual você, vinha me amar.
Ao acordar suada,
Pude sentir, ainda em meus lábios,
O doce sabor úmido dos seus beijos.
Mais mesmo ao acordar,
Percebi que o sonho, tinha sido,
Sonho dentro de sonho.
E que talvez você nunca saberá,
Do amor que sinto.
Talvez em sonho seu,
Você descobrirá, o doce sabor,
De me amar.
REMENDO
Foi o devaneio que guilhotinou
os sonhos. Os fez sem aparato
E se estão intactos, aqui estou
invisível no evidente anonimato
Desenhei quimeras com giz
sem tronco, cabeça e braços
Colhi amor que ninguém quis
pra remendar os meus pedaços
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano
" Na calma da minha casa
não ouço canto de pássaros
nem barulho de crianças
talvez esteja morto e não saiba
mas é uma paz surpreendente
um caos que não sei dizer o quê
fico assim no mundo
num mundo que não fica assim em mim
nos arredores da minha casa
os carros passam
as pessoas riem
o mundo gira
só aqui que tudo fica parado...
SONETO DA RAZÃO
Na prepotência do querer ser altivo
Que arde na desavença em chama
E queima no ódio que não se ama
Acinzentando num desafeto cativo
É um tal sentimento insano, adjetivo
Que então contamina a alma na lama
Do egoísmo, que o zelo nunca clama
O acolher nos abraços, e ser passivo
Que devoto tanto, esse, que flama
A injustiça, num arbítrio explosivo
Tiranizando o viver em um drama
Onde há razão no ato opressivo?
Quando o Verbo, oferta proclama:
- Amar com amor para estar vivo!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
A rua acima
da minha rua
é o endereço
da memória
do amor de
muita gente
que migrou
para o infinito.
E todos nós
nos divertindo
com a tragédia
de quem não
nos entende,
e se colocou
num mundo
em guerra por
ignorar que
viver significa
fazer o bem
sem ver a quem.
Da rua acima
da minha rua
não olhamos
só para trás
e para quem
longe se foi,
Em noites
mui escuras
ali sempre
contemplamos
a luz da Lua.
Os que vão
contra o oculto
e o destino
são todos
os que creem
na vida curta,
nem no verdor
e no balanço
das árvores
poemas não leem.
Jamais lembrarei as palavras ditas
saídas como vômito
de algodão-doce
sem filtro
feito flechas
tentando cegar aqueles olhos de capitu
que me petrificavam
e me botavam a falar
como doida
ou criança com sono,
quizás.
Fechou-se o bar.
E aquela rua tão movimentada
de dia!
Parecia viagem
parecia outra cidade.
Sempre gostei do frescor e silêncio
da noite.
As ruas com poças
ainda da chuva.
Sombras coloridas nos olhos
um homem passa
um carro passa
um rato passa
não há ninguém além da noite
já começo de amanhã.
Eu prometo que não dormiria
por mais que meus olhos pesassem
não os fecharia.
eu ali, inerte, dura
resistindo aos apelos de Morfeu
deitada de frente a ti
a contemplar tua insônia
fazendo-lhe mil cafunés
você pedindo imobilidade
eu respirando o cheiro forte da química
do teu cabelo em minhas mãos
quero a intimidade
da liberdade do teu corpo em sono.
ao prometer-lhe a novidade e o prazer
de ser a primeira a dormir
escravizei-me ao sonho teu.
Quero alguém para trançar-lhe os cabelos
Sentar na grama
Sou de terra
Terra.
Terra para os pés, firmeza
Terra para as mãos, carícia
A parte invisível do visível.
De resto conhecer mais o quê?
O Manifesto do Invisível.
Os lobos são a cabeça do anjo que não se vê.
Sangue no Focinho e Cobardia.
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