Poesia sobre o Inverno
Bolero de inverno no cerrado
No cerrado, seco, o sol da manhã
Nos tortos galhos, o ipê, a cortesã
De um inverno, em uma festa pagã
Desperta o capricho do deus tupã
Degustando a aurora tal um leviatã
E numa angústia, o orvalho, num afã
Do céu azul, num infinito, de malsã
Craquela o dia no seu tão árido divã
Do duro fado, tão pouco gentleman
E tão árido, tal uma agridoce romã
E vem o alvor, com o frígido de hortelã
Bafejando poeira cheia de balangandã
Tintando a flora em um rubro poncã
Zunindo o vento tal um som de tantã
Num bolero ávido por um outro amanhã...
São gemidos, uivos, sofreguidão
Correndo pelo sulco do cascalhado chão
Emergindo desse pântano, ressequida solidão.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, 27 julho 2018
Brasília, DF
Adeus junho
Junho, despede-se
Agasalhado no inverno
Vai-se tão terno
Brindado com vinho
Bem de mansinho
Um novo recomeçar
Doce é poder estar
Dádiva da vida a girar
Vivificando a cada manhã
Em um novo amanhã
Adeus junho das festas
Das madrugadas em serestas
Na despedida a evidência
De dia vencidos, reverência
Sai junho, mortulho...
Vem julho...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Junho, 2016
Cerrado goiano
SONETO DE INVERNO
Frio, uma taça de vinho, face em rubor
No cerrado ivernado pouco se aquece
Um calor de momento, o vinho oferece
E a alma valesse neste desfrutar maior
Arrepio no corpo, do apego se apetece
Pra esquentar a noite, tornar-se ardor
Acalorando o alento do clima ofensor
Tal é perfeito, também, o afeto tece
E na estação de monocromática cor
De paixões, de misto sabor, aparece
Os mistérios, os desejos, os sentidos
Assim, embolados nas lareiras, o amor
Regado de vontades, no olhar floresce
Pra no solstício de novo serem acolhidos
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Junho de 2016
Cerrado goiano
Quando o inverno passar
Você vai lembrar
Daquela lareira
Nossos corpos entrelaçados
Inebriados de ardor
Fugitivos ávidos
Da gelidez febril
Obstinada a nos consumir
Você vai perceber
Que aquele refúgio
Será sempre o nosso amor.
Dias nublados de inverno...
O coração parece ficar vazio...
As ruas ficam desertas...
Sem alma por elas...
A vida fica singela...
De poucas cores a aquarela...
Parece que tudo está quieto...
Tudo dormindo...
Sol cochilando...
As nuvens cinzentas completam...
O tempo vagaroso...
Passando...
Dias nublados tem a cor da minha saudade...
E navego em minhas lembranças...
No silêncio que se faz...
As canções dos pássaros não se calam...
Poucos trinados que duelam...
Nem todo silêncio é eterno...
Acredito que ainda tudo possa ser belo...
Dia nublado que parece não ter fim...
A nuvem vai passar...
A Noite vai chegar...
Nova aurora a surgir...
Sol resplandecer...
Tudo voltará a brilhar...
A saudade, em meu peito...
Terminará...
Deus continuará a sussurrar...
Nunca deixou de fazer...
Hoje o dia chora...
Amanhã será sorriso...
Sandro Paschoal Nogueira
Te aqueci nas noites de inverno, fomos abrigo um do outro, amparo constante e presente.
Estava ali, seguro em tuas mãos, olhando em teus olhos, sentindo a felicidade existir.
Mas então você disse: 'Tô indo... adeus.
O chão se abriu, e tudo o que restou, foi o adeus.
Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Se suas costas ainda doem... se sente frio ou calor... se já fez o lanche da noite...se o seu dia foi legal... se se aborreceu no trabalho, ou até mesmo se escovou os dentes antes de deitar...
Há... quantas saudades...
Saudades de seus bons hábitos... e dos maus tambem...
Há... quantas saudades...
Saudades de ouvir a sua respiração quando está dormindo...
Saudades de acordar com suas pernas entrelaçadas as minhas...
Saudades de querer ligar o ventilador, voce está sentindo frio...
Saudades do que concordamos e do que discordamos...
Saudades das brigas, porque logo depois vinham os beijos, os abraços e tudo terminava em Amor.
Há... que saudade !!!
Amor é tal qual mãos que dia a dia
Te envolvem quentes, com suavidade.
Vão-se as noites de Inverno. Amor é
Quando a gente se gosta de verdade.
Ocaso
Vem chegando a fria brisa.
Do inverno, árvores desnudas
Paisagens grisalhas
Da caminhada da vida
No recolher, missão cumprida!
Desfrutei cada segundo
Das maravilhas do mundo
Na essência do meu ser
Vivi intensamente cada primavera
Adornada de flores e amores!
Celebração da vida em flor
Deliciei- me nas coisas mundanas
Porque metade de mim é pagã
Na retina fica gravada a imagem
Do meu último sorriso...
Não levo nada na bagagem!
Apenas o amor que dei e recebi.
Os momentos de carinho
Que partilhei com a família e amigos
Esses, levo no coração.
O meu legado são meus escritos.
Páginas amareladas da minha história!
E, num último ocaso da vida
Assistirei à beleza do por do sol!
Que descansa nos braços do mar.
Também eu repousarei…num último olhar.
Abro as minhas asas no silêncio da partida.
Chega a dama da noite com o seu
longo manto escuro, corpo esquálido
Senta-se ao piano, com as suas longas mãos.
Toca brilhantemente a última sinfonia.
Mergulho no silêncio da noite escura.
No vazio do nada, a derradeira cerimónia
Amanhece nublado,
um vento cortante e frio...
O Inverno se impõe para nos lembrar que há tempo para todas as coisas.
Todavia, a Primavera mora em mim e eu aprendi a esperar.
MEU INVERNO
Surge uma estrela no céu.
Um cruel vento frio afronta
as árvores solitárias e nuas.
Em um reino, imerso em névoa,
brumas se entrelaçam nos meus sonhos.
Sem luar… sem mar… sozinha
A voz noturna do meu silêncio,
destrincha meu coração.
( Inverno - e os meus devaneios! …)
Corro todos os riscos no inverno.
Fecho meus olhos, vejo o que quero.
É melhor sonhar do que viver!
A MULHER
(A C…)
A mulher sem amor é como o inverno,
Como a luz das antélias no deserto,
Como espinheiro de isoladas fragas,
Como das ondas o caminho incerto.
A mulher sem amor é mancenilha
Das ermas plagas sobre o chão crescida,
Basta-lhe à sombra repousar um’hora
Que seu veneno nos corrompe a vida.
De eivado seio no profundo abismo
Paixões repousam num sudário eterno…
Não há canto nem flor, não há perfumes,
A mulher sem amor é como o inverno.
Su’alma é um alaúde desmontado
Onde embalde o cantor procura um hino;
Flor sem aromas, sensitiva morta,
Batel nas ondas a vagar sem tino.
Mas, se um raio do sol tremendo deixa
Do céu nublado a condensada treva,
A mulher amorosa é mais que um anjo,
É um sopro de Deus que tudo eleva!
Como o árabe ardente e sequioso
Que a tenda deixa pela noite escura
E vai no seio de orvalhado lírio
Lamber a medo a divinal frescura,
O poeta a venera no silêncio,
Bebe o pranto celeste que ela chora,
Ouve-lhe os cantos, lhe perfuma a vida…
– A mulher amorosa é como a aurora.
S. Paulo – 1861
Lá fora um frio intenso
aqui dentro um inverno imenso
tenso...
No excesso de inverno
penso: meu coração vai ficar resfriado
coitado!
Noite de inverno
o frio não é só lá fora...
Noite de inverno,
escuridão...
também no meu coração.
E dizem por aí
que o momento mais escuro
é exatamente o que antecede o amanhecer...
E eu continuo me esforçando pra crer...
Tomara que estejam certos...
Lá fora o frio anuncia o inverno que vem.
Aqui dentro o frio da falta de meu bem.
Por que você não vem?
Por que me faz esperar?
Estou engando a mim mesma
com essa esperança?
Você sabia que esperar cansa?
Vou deixar o frio chegar, se acomodar, conta de tudo tomar.
Vou deixar o frio congelar meu coração.
Congelado, ele não vai mais bater não.
Assim resolvo a situação...
não sentirei mais falta de meu bem... não.
Não posso mais deixar o mar entre nós ficar.
Não posso mais ficar a esperar
o inverno passar...
Não posso mais ficar cansada de tanto esperar.
Não posso mais ficar sem respirar
até você aqui chegar.
Não posso mais só esperar.
Não posso mais aqui sozinha ficar
e só amar... preciso de você aqui
pra me completar.
The last summer
O melhor da minha vida
Vai durar toda a minha vida.
Nenhum inverno frio
Vai conseguir congelar
Meu amor por você
Vai ser o cobertor a me esquentar.
As águas do rio
Podem sua direção mudar...
O mar pode todas as suas ondas
mandar parar...
As estrelas do céu podem se esquecer de piscar...
Nada vai me abalar
Eu só vou te amar e te amar
Ventos do inverno
O vento do inverno ameaçava congelar seu coração...
Era uma vez... ou não era não...
Porque todas as histórias têm de começar assim...
Por que tudo tem de ter fim?
E o vento continuava sua jornada,
congelando tudo o que encontrava pela frente...
atravessou a noite e
o futuro desintegrou-se sem aviso prévio...
memórias partidas com tantas idas.
Extinto o futuro,
não haveria mais nenhuma despedida...
Com o futuro implodido
foi-se tudo o que poderia ter sido.
Foi-se... sem ter acontecido.
Do que me resta
Da noite … as sombras.
Da chuva… o rio.
Do inverno… o frio.
Do vento… a brisa.
Do céu… um sol sombrio.
Do que me resta…
Do pouco que a vida me empresta…
Na janela uma fresta.
Do que me resta: esperar acabar a festa.
Estações
No tiquetaquear deste frio inverno
dormitam as sementes de uma canção.
Bate tranquilamente meu coração.
Está ele acostumado ao passar das estações.
Logo tudo mudará
A terra deste frio indomável se esquecerá.
De flores a terra se encherá
Melodiosa e perfumada a minha vida de novo será.
Primavera com suas folhas verdes...
Todas quase no mesmo tom...
Ânsias tardias se descongelam
Auroras perfumadas...
... aquecem-se os corações.
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