Poesia eu sou Asim sim Serei
O silencio da minha alma!
Tenho um grito de pássaro que vem da alma
Sou uma gaivota perdida no espaço
Muitas vezes exalto o amor
Noutras carrego nos meus voos uma grande dor...
Neste momento me visto de poeta só para escrever versos...
São palavras que vem no torpor dos sons...
Um poema delirante
Onde escuto melodias silentes... No final das tardes...
E vou tingindo os céus e o horizonte com pincéis
- de uma cor dourada -
E sorrio ao recordar o teu sorriso num lento entardecer ...
E viajo batendo as asas... Hesitante... Para depois deixar chegar à escuridão...
E guardar este momento dentro do silencio da minha alma!
Acho que sou Flor, quem me beija é Beija-Flor
Tristonho ele vem voando esperando um afeto a ti negado
E além de comida, ele busca um inebriante amor
Que o leve onde nem ele conseguiu ir ainda
A natureza observa sua tentativa de conquista
E seguido do revés desta sua ação
Eu grito: Vem cá ser feliz nos braços meus.
Diálogo
A escuridão, ainda menina, chama-me às ruas frias
Sou a andarilha proscrita das noites de luas vazias
Não escondo meu rosto destas gentes curiosas...
Que vejam a mulher vil, triste que sou...Lamuriosa.
Mas amiga, nem sempre foste assim, amarga e sombria
Houveram dias de sol e mar à brilhar sobre tua tez macia
Diga-me: Porque te enfadastes das doçuras do amor?
Porque voltaste as costas ao toar das carícias em clamor?
Ah, minha amiga, nada sabes das minhas dores imensas...
Das noites em que doei o mais sublime amor que pensas
Ofertei-me de corpo e alma, desnuda em juras e poesias
Ofereci rosas e mel; em troca ganhei abandono e heresias.
Mas não te entregues às trevas, óh amiga tão triste e bela.
Busca a luz dos sonetos mais puros, alegres em aquarela
Esqueça-te do passado, volta-te para os presentes dias...
Quem sabe, ainda pousam nos teus jardins as andorinhas?
Não perca teu precioso tempo com minh'alma, óh amiga!
Não haverão pássaros à cantar para minha causa perdida.
Sou aquela que vaga em busca da morte que trará paz
Somente o corvo me acompanha, nada e ninguém mais...!
É um século cheio de informações, mas todos escrevem histórias que não podem contar. Sou avesso, poeta, minhas palavras são feitas para voar.
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Novo mundo
ABORTO
Sou filho de seus anseios
Que com beijos e afagos
Afegante de respiração
Colocou-me intenso
Bem perto do teu coração.
Tive a chance de uma vida
De ver a luz tão querida
Sem direito e sem sopro
E sem chance de nascer
Transformou-me em aborto.
Sem mãe e sem futuro abrigo
Tive a chance de ser filho
Quem sabe ser professor
Que sem me deixar viver
Tirou-me mesmo sem dor.
Poderia também ser doutor
E viver para salvar
Mas sem direito de vir ao mundo
Com um antídoto qualquer
O que fez, foi me tirar.
Se todas as mães do mundo
Pensassem assim por segundo
O que seria do criador
Hoje não existia vida
E nem Cristo redentor
SOU POEMA
Sou poema, sou amor...
Sou rascunho interno da alma
Expressão integra do sentimental
Lagrimas de puro fervor
Sou deserto comunidade, capital.
Sou poema, sou amor...
Sou a lagrimar no rosto inocente
O pólen da flor o pulsar do coração
O gesto do lábio o tic, tác do momento
O chilrear do vento sobre o tempo
O chorar da solidão... A paixão.
Sou poema, sou amor...
Sou o semear da harmonia
O romper e o entardecer do dia
As ondas ao morrer na praia
O peixe a rabanar no ar
Sou o falar a expressão o gargalhar.
Sou poema, sou amor...
Sou partículas da natureza
Expressão real do momento
Um grito que sai do intimo
Notas brotadas sobre um tempo
Sorriso a plainar sobre o vento
Cifras do som do arpoador.
Sou poema, sou amor...
Eu sou o carreiro com a poeira
O berrante do boiadeiro
O menino, moeda, chuva a lama
O grito a porteira, moça a janela
A tranquilidade um repousar na cama
O segredo guardado na algibeira.
Sou poema, sou amor...
Sou musica que acalenta os anjos
As rugas que demarcam o rosto
Timbre da paz sobre o mundo
Os sentidos de todos os gostos
Eco da expansão da alegria
Esperança de um vagabundo
Sou astral que eleva os dias.
Sou poema, sou amor...
Sou a beleza da natureza
A serenidade de um olhar
A discrição esbouçada da pétala
O farfalhar de um sonho na noite
O açoite da mimica no jardim
A algazarra alada dos pássaros
As dores do principio ao fim.
Sou marginal da vida
Filho de dois loucos que deram certo
Projeto mal feito que ainda vive
Em meio aos torvos desta geração
Sou máquina de escrever sem algumas teclas
Ando curvo com a coluna ereta
Filho de deus
Corrompido pelo pecado
Sou dívida que não se paga com dinheiro
Suspiro frente à nefasta morte
Que ávida me espera
Mas ainda não me alcança
Salto o abismo sem asas
Não voo, mas sei nadar
Se me afogar foi de tristeza
Por não entender o que é amar.
Sou um pedaço de mistério
Uma criatura comum
Me entrego a todos
Mas não sou de nenhum
Tenho sonhos como a maioria
Os meus segredos são da multidão
Nego que exista algo além de dor
Em meu apertado coração
Sou metade homem
Metade menino
Amo a imperfeição
O que é perfeito eu abomino
O sol me esfria
O frio me esquenta
Os inteligentes me detestam
Tolo é quem me aguenta
Sou um pouco de tudo
Mistura de ácido com base
Só falta uma coisa nessa vida:
Encontrar a felicidade!
Caminhos(in)versos
Desnudam-me a arte, o espelho, o tempo e os trilhos.
Mostram-me quem sou, quem não sou,
quem poderia ter sido...
Quem não deveria ser de jeito nenhum!
Ao reverberar em mim, a arte, faz surgir a poesia.
No espelho, meu corpo adquire forma,
enquanto desconforma a vida em sua imensa sabedoria,
conforma-se meu corpo, na silhueta errante refletida no espelho.
O tempo, dá-me, os limites de que preciso.
Na exatidão de teu agir, molda-me a seu bel-prazer
com a precisão cirúrgica de um bisturi.
Os trilhos são os descaminhos, os segredos guardados, os espinhos.
Neles, sigo em apresentação solo, sem platéia ou aplausos
sigo, errante como sempre, e fazendo um monte de merda.
Tudo o que sou é uma corrente,
corre atrás dos ventos e volta,
com amor e paixão ardente.
Às coisas que um dia serei,
nada mais que lembranças,
daquilo que eu nunca fui.
Pássaro forasteiro
Quero te roubar
Mas se acalme senhorita
não quero teu dinheiro
Sou um pássaro forasteiro
Fugi de meu oprimido viveiro
Voei em direção a ti
livre pra cantar meus desejos
Vim humildemente apreciar
Teu cheiro
Furtar lhe seus beijos
Sou para quem sabe sentir
Para quem possui os sentidos aguçados
Para quem consegue ultrapassar meu corpo
Sou por dentro
Em meu corpo não há minha essência
Minha alma está fragmentada aqui
Somente para quem for hábil
Que souber sentir
Violência
–
Sou um misto
Arriscado
Do fogo
Que vai
Alastrar,
Alucinação
Que vais gostar.
Porque você quer?
Porque você me quer?
Já não sabe bem?
Da dor e combustão,
Do abandono,
Da fuga e saia justa,
Destruição e fissura,
Desse tiro no escuro?
Você ainda quer
Brincar comigo?
Ainda quer?
Fuja!
Fuja logo,
Não olha pra trás,
Não olha pra mim
Assim…
Que eu vou te pegar!
Não sou perfeita,
isso você já sabe,
nem espero que seja.
Meus defeitos gritam assim como o meu amor,
que sempre quis gritar.
Minha alma combina com a sua.
É isso que importa e assim será.
Meu sorriso combina com o seu
e aqui na terra você é o meu céu.
MULTIFORMIDADE
Sou pequeno,
pequenino,
grão de areia,
pó de sal…
Sou enorme
sem as normas
normativas
do normal…
Sou menino,
sendo enorme,
sem destino,
desconforme…
Natural!...
Sou disforme…
Multiforme…
Não faz mal!...
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17/05/2018
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📜© Pedro Abreu Simões ✍
facebook.com/pedro.abreu.simoes
NOSSO PRÓPRIO
Não sei p'ra onde vou, nem seu quem sou...
N'essas horas de recordações e silencio
absolto no tempo, perdido entre quatro
paredes... Cavalgo, nas minhas lembranças
e ao remexer na juventude, despenco
dessa sela mágica estatelando
n'um passado, que teima em esta presente,
cosendo, sonhos tão congruentes.
Em remelexo nesse quarto, mexo gaveta
acomodada da cômoda e me deparo
com o registro das prismas 'diafragmas '
do passado, em foco neles, quintal com pé
de limão, pilão sob oitão, corda de pular...
E a peteca para de estapear sobre o ar.
Ali na porteira um cavalo com cabresto
amarrado, do outro lado, um cachorro
magro um frango para ensopado...
Galinhas botadeiras e um pequeno pasto
com alguma cabeça de gados.
Tudo se foi, tudo ficou sobre o papel
fotografado, registrado para olhares
vindouro. Agora, tudo serve para nos
mostrar como estamos indo de
encontro ao nosso próprio matadouro.
Antonio Montes
E toco meu piano loucamente...
Prisioneira que sou dessas melodias...
Que me levam a um voo imaginário...
E sonho... E fantasio... E devaneio...
Enquanto meus dedos deslizam sobre o teclado
E as notas musicais invadem a sala e o meu ser...
E caio numa bruma interior
Nas bordas destes sonhos perco-me em ilusões loucas...
E penso que preciso despertar do silencio das lembranças...
Ficar para sempre cingido aos sentires
Gritar e responder ao chamar de tua alma...
Afogar a solidão na insolência de minhas mãos...
Assim posso escutar teu coração ardente... E sinto que a minha loucura tomou conta da razão...!
A Formiga
-Sou a formiga mais genial de minha geração!
Ela disse a mim.
Ri, como se caísse em penas.
-Sou o Deus que mais os homens amam!
Ri, pois nunca amei ninguém.
Eu quero atenção! Eu quero atenção!
Fabrique um boneco, arrume um cão!
-Não posso parar agora!
-Tenho que entregar á tristeza,
mais seis litros de lágrimas!
-E á solidão, rascunhos com dúvidas.
-Ei, psiu, é a formiga de novo!
-Fale formiga, o que esqueceu aqui!
-Nada, só ia perguntar-lhe como por esses lados!
-Só mudamos de tamanho e número de pernas mas você, tem uma vantagem!
-O mundo é bem maior!
-E as estrelas? Retrucou a formiguinha.
-Não apitam nada!
-Mistério é só mistério, não enche barriga!
Vamos lá no sol que as nuvens estão a passar.
E fomos eu e a formiga universalizar pensamentos no calor da manhã.
ATLETA
Não sou atleta, nem jogo bola!
Mas sou bom de bicicleta...
Com duas rodas;
atiro ao tempo, meu desalento
e vou me lendo, muito atento.
Rodar me roda e me incomoda!
Na descida todo dia
rodas, rola e enrola horas...
Protegendo, minha alegria.
Há quem diga, que fadiga!
Na subida, quem me diga...
Galgando metro em desalentos
sua corrente, é meu tento
e com esses... Ranger de dentes
Vou pelo meio, desse meu tempo.
Voou com asas, dos sentimentos
lá para cima, que nem peteca
pelas correntes, desses meus ventos
se perco o breque, ela não breca.
Antonio Montes
SOU UM POETA
Sou um poeta que ri;
Sou um poeta que chora.
Sou um poeta que cala;
Sou um poeta que ora.
Sou um poeta silente;
Sou um poeta que clama.
Sou um poeta que odeia;
Sou um poeta que ama.
Sou um poeta que sofre;
Sou um poeta que alegra.
Sou um poeta que guarda;
Sou um poeta que entrega.
Sou um poeta que escreve;
Sou um poeta que lê.
Sou um poeta que oculta;
Sou um poeta que vê.
Sou um poeta perdido;
Sou um poeta encontrado.
Sou um poeta esquecido;
Sou um poeta amado.
Sou um poeta das flores;
Sou um poeta do espinho.
Sou um poeta do ar;
Sou um poeta do ninho.
Sou um poeta do beijo;
Sou um poeta do abraço.
Sou um poeta que fala;
Sou um poeta que faço.
Sou um poeta que quer;
Sou um poeta que nega.
Sou um poeta que doa;
Sou um poeta que pega.
Sou um poeta de carne;
Sou um poeta de alma.
Sou um poeta com ira;
Sou um poeta com calma.
Sou um poeta de versos;
Sou um poeta de frases.
Sou um poeta de livros;
Sou um poeta de fases.
