Poesia Ei de te Amar Vinicios de Morais
AROMAS
A língua segue o trilho
Da pimenta até ao beijo
Nos lençóis desalinhados
Como se a canela fosse vento
Deixo a tua boca faminta
Do desejo a noz-moscada
Soletro as velhas palavras
De amor em alecrim perfumado
Palavras generosas no sonho
Flor de rosmainho cruzado
Soterrado na prisão da vida
Noites numa só noite comprida
Num quarto só aromatizado de vinho
Desejo desfeito, refeito de aromas.
MORAS EM MIM
Tu que moras no meu seio
Na carne rasgada do meu corpo
Feitiço do meus lábios à procura da tua boca
Mel que deixas na minha pele, de incontrolável sabor
Da tua sensualidade dos meus sentidos
Mar de ondas invisíveis do nosso próprio silêncio
Onde acaricias a nudez da longa madrugada
Com a cumplicidade tão nossa, meu amor
Os olhos aquecem, semeiam os nossos beijos
Tu teces a minha pele, que rasteja no teu calor perfumado
Da tua alma, da tua carne quente, do teu coração
Semeias as palavras em cada respiração pela boca do desejo
Tira o fôlego com o toque das tuas mãos da carne trémula
Devorando a fome da nossa pura nudez, com o suor em chamas.
TREVAS NOSSAS
A morte encontra um sentido por antecipação
Nas noites em que o abismo é sonolento
As trevas imperam no sangue, que corre nas veias
Onde reina o desespero das almas perdidas
Os sentidos enganam as presas na carne que queima
Nos muros feridos de morte do nosso tempo
Fez-se silêncio nas doces lágrimas salgadas
Nas mágoas de um violino que grita de dor
Já despido com as pautas na tempestade do vento
Choram as almas d’encanto nas trevas escuras
Vasto escuro céu, enigma de muitas almas esquecidas
A podridão gera o sangue que corre nas nossas veias
Mentalmente passamos a viver como sombras
Das saudades que abre os novos caminhos em lágrimas.
PÁGINAS ESCRITAS
Somos um segredo de pequenos traços
Somos os filhos do tempo, do nosso rosto
Somos a marca do momento das eternas rugas
Somos frágeis vimes que se desequilibram
Somos as chuvas de verão das nossas dores
Somos espaços vazios de renúncias e lágrimas
Somos muitos desafios nessa luta constante
Somos tempo sem tempo de amores e dissabores
Somos o equilíbrio da nossa própria vida
Somos o vento que derruba as folhas no chão
Somos páginas a ser escritas bem delineadas
SAUDOSA PEÇA DE TEATRO
Acordo e sinto que não sou eu
Sou talvez uma velha atriz sem palco
Talvez já numa peça que não acaba
Onde o pano não consegue descer
Sou alguém imaginado de mim própria
Para me sentir viva tento adormecer a dor
Exorcizo-me muitas vezes de velhos poemas
Onde desnudo-me em frases completas
Construo o amor de palavras incompletas
Sou uma pessoa igual a tantas outras
Tenho medos, mágoas, tristezas e desalento
Acordo, sinto que não sou eu , sou uma atriz
Sem palco numa peça que nunca quer acabar
Onde o pano não consegue ou não quer descer
De uma saudosa peça de teatro perdida, esquecida.
ÁGUAS PROFUNDAS
Nas profundezas silenciosas do mar
Onde param os oceanos de nada para nada
Sem naus de marujos atracados no cais
Apodreciam aos pedaços todos os mastros
Onde dormiam nas mortas ondas dos abismos
Sepulturas de trevas na escuridão dos mares
Chamas quentes que gritavam, morriam com dor
De um inferno de caos de argila, barro seco, duro
Homens desolados, famintos, agonizavam num altar
De objetos santos, para um uso talvez profano
As trêmulas mãos raspam as débeis cinzas quentes
Para não dizer dejetos de um débil corpo ou corpos
Morriam de fome, eram devorados, por feras famintas
Com gemidos comoventes, de longos gritos desesperados
De inglória morte na terra, sovava-se o mal nas profundas águas.
ALGODÃO DOCE
Sinto no meu regaço
- O afago do teu corpo
Tormenta do meu querer
- Nos silenciosos afetos
Onde acalma na boca
- Os ávidos sentidos doces
É no teu corpo onde
- Me perco na noite rasgada
Na cama onde me deito
- Ao teu lado com o teu olhar
Devorador de faminto lobo
- Mãos despidas de gestos
Pedaço de algodão doce
- Quente de afagos gemidos.
DESPIDA DE MIM
- Por favor
Não me olhes que ainda não acordei
O meu pobre corpo, a minha alma
Apenas conheço um mar de escuridão
Onde guardo as palavras já sem voz
Dentro de uma velha gaveta de madeira
Cômoda de carvalho, posta atrás da porta
No tempo esquecido, memória da história
Onde as palavras mordem-me os lábios
Ferem-me o peito com os abismos distantes
Despida de mim, quando me deixas possuída por ti
Há nevoeiro, sigo as palavras desconhecidas
Que voam nas asas do norte, atalhos movediços
No corrupio das águas de um mar morto de letras
Que me beijam, quando eu já não estou ou estarei aqui.
CORPO PERFUMADO
Prende-me na tua voz para alimentar a tua prece
Fica comigo atrás das grades, torna-te devoto
Recicla as minhas loucuras só para as reinventar
Lanceta o meu corpo para ver o reverso do teu
Conheço a dor de cor, que arranquei do coração
Crema o desejo nas pétalas soltas da tua inexistência
Ama o meu corpo na terra, onde eu respiro contigo
Torna combustão, o que esfumaça dos meus lábios.
Sente o calor da insónia, a perder-se no chão das pedras
Partículas pequenas suspensas na ansiedade crescente
Corpo nu que flutua no vazio das labaredas da tua carne
Onde a eternidade tolda o sentido, recolhendo as cinzas soltas
Apaga a fome, sentirás o encanto do meu corpo perfumado.
Costuro todos os meus sonhos
Bordo todas as lembranças doces
- E desato os nós de toda a minha vida
*:..。♡*゚¨゚゚・*
NOITES
Ando a procura na noite
Dum grão perdido na areia
Noites com a densidade sufocante
Onde a lua permanece no céu
Acompanhado de nuvens cinzentas
Noites em que as pálpebras
Não querem cedem a fadiga
No doce sabor do teu sangue
Que corre pelas minhas veias
Percorrendo meu corpo
- Ao encontro do teu
Alimenta-me com o teu amor
Pois o meu corpo esta febril
- Sedento de fome
Tento encontrar-te meu amor
Neste deserto esquecido
Dentro do meu pensamento.
VIDA VIDA
A vida é um mar enlouquecido
De brutos raios, trovões e gritos
Revolta de uma tempestade de terror
Onde o desespero é um buraco negro
No próprio horizonte de dor já gelada
Da água que nos toca no fundo da alma
Onde a esperança torna-nos catos secos
Como se de flores mortas se tratassem
Castradas de fé, embriagadas de erros mortais
Temos medo do inferno da própria sombra
Entre os gritos que imploram por ajuda
Permanecem no silêncio e no obscuro.
AMO-TE
- Amo-te
Tenho tantas palavras para te dizer
- E procura-as
Nos espaços fechados, abertos
- Onde guardo-te
Na solidão perfeita das palavras
- Amo-te
Nos versos alinhados da poesia.
DENTRO DO PEITO
Dentro do meu peito
Existe um amor aveludado
Cheio de pétalas de várias flores
Dentro do meu corpo
Existe um ninho
Onde descansa uma guerreira
Dentro da minha alma
Existe uma pedra, uma cruz
Feita de momentos de oração
Onde peço perdão, com o terço na mão
E confesso-me com atos e omissões
Dentro do meu coração
Existe um rio que me lava a mente
Que ilumina-me, de tudo aquilo que eu sou.
2015
"ARITMÉTICA NOITE"
É sempre assim, nas noites de chuva
Noites de frio no inverno que dói
Desta solidão imensa
Em que o choro se torna eterno
Lembranças doces, que escorrem
Em forma de lágrimas da minha alma
A tua partida vai doer como dói agora
Como a fina chuva de inverno
Noites frias que congela as minhas lágrimas
Esta vida tem uma estranha aritmética
Desta dor que nos abate e tortura
Que julgamos que muitas vezes não ter cura
Que destino nos impôs e impõe
Esta alegria que nos dá desejos de abraçar o mundo
De chorar, de rir e que nos põe tristes sem querer
Depois, esta estranha sensação da vida
Que parece ciência, parece arte
Afinal quem pode compreender esta dor
Que eu não a entendo, dor que mata na escuridão da solidão.
"BRISA DA ALMA"
Sentimento, perdido, esquecido
As portas dos meus desejos, foram soltas
Quando tu abriste a porta
Que esta fechado do meu coração
O vento que soprou no ar trouxe seu aroma
Na sua essência; esse perfume que enlouquece
E que me fez estremecer
Os meus braços estão prontos para abraçar-te
Oiço os sinos da minha alma
Que não param desde
Que os teus doces lábios tocaram os meus
Sinto as ondas nos meus pés
O afagar da brisa no meu rosto
Sinto todo o meu amor por ti, eu sinto-te
Porque tu és a brisa que acalma a minha alma
O meu pobre coração e o meu corpo
Tu és o meu refugio dos meus medos mais sombrios
É tudo o que eu sempre quis, amo-te.
"SEGREDO"
Não sei onde moro
Não sei onde quero morar
Não sei onde fique
Não sei onde quero ficar
Não sei para onde vou
Só sei que ando perdida
Perdida não quero ficar
Segredo guardado a sete chaves
Não é por medo, é preservado
Sobre a felicidade, sobre a dor
Dos corações sofridos
Feitos em poemas escritos
Guardados no coração perdido
"SENHOR"
Senhor, quero ir contigo
Para onde tu fores e precisares.
Se eu sofrer confiarei sempre em ti
Pois eu sei que aliviaras a minha dor
Quero viver conforme o teu querer
Quero o Teu amor para sempre
Tudo o que eu sou devo-te a ti
Nas tuas mãos descansarei
E vou entregar-te o meu coração
Quero amar-te cada dia mais
O meu mundo está seguro nas tuas mãos
Eu quero e sou tua para sempre.
Porque tu amas-me Senhor
Apesar de eu ser um ser imperfeito.
"ALMA AO VENTO"
Alma perdida, alma de gente
Gemeu, rezou, gritou perdidamente
Talvez, alguém que se findou
Refém das suas escolhas
Distraiu-se com a solidão ou talvez não sei
De sentir saudades, nostalgia que nunca houve
Da indiferença que sentiu, exercito do silêncio.
Vento leva-me para onde puderes
Leve-me para aonde quiseres
Só quero que me faças esquecer
A onde estou, para onde vou
E perceber que estas minhas lágrimas
Só servem para me trazer mais dor
Mas se eu chorar por amor ?
Será que à amor... não sei dizer
Eu só sei que sofrer eu não queria mais.
"PAIXÃO E AMOR"
Paixão ou amor
Que sentimento é este?
Que eu desconheço, que me faz ficar insana
Que faz-me tremer, que me leva à loucura
Reverte aos meus eus, por te amar tanto assim
Perder-me de mim, quando estou contigo
Fazer-me enlouquecer
Meu amor cada dia que passa
Tenho mais certeza de que és tu
O homem que me fascina
O homem que me deixa sem forças
Quando tocas-me, deixas-me quente quando me beijas
Elevas-me ao auge só com um olhar
Tu és o homem que eu irei para sempre amar.
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