Poesia do Nordeste
Caminho de volta.
Aquela vida no engenho
só me traz recordação
a saudade é o empenho
que alimenta o coração
pego o pouco que obtenho
junto a vontade que tenho
e vou embora pro sertão.
Sou nordestino!
Não me venha com ataque
eu me defendo muito bem
posso até sofrer um baque
que isso não lhe convém
eu não quero ser destaque
só não mudo o meu sotaque
pra agradar a seu ninguém.
Retirantes da seca.
Não deve ser nada fácil
O homem chegar pra mulher
E falar arrume as coisas
Tudo que a gente tiver
Pois precisamos partir
Não dá pra ficar aqui
Seja lá o que Deus quiser.
E a pobre mulher chorando
sem saber pra onde vai
Ela não quer ir embora
Mas a chuva que não cai
E o sol tão causticante
Obriga-os a ser retirantes
Com dor no coração sai
É triste pra uma família
Ter que deixar o lugar
Onde está suas raízes
Onde formou o seu lar
Sem ter uma solução
Rasgando seu coração
Sem saber se vai voltar.
EU!
Eu não sou nada formal
mas tenho tal formação
sempre gostei de animal
que não ficasse em prisão
sou nordestino afinal
que nasceu no litoral
mas ascendente ao sertão.
Minha terra.
Eita que verão ingrato
um pingo d'água sequer
nada muda esse retrato
a não ser a minha fé
se tiver algo no prato
e ainda nascer um mato
eu daqui não arredo o pé.
Escassez e fartura.
Temos comida na mesa
mesmo com a escassez
se a chuva faz gentileza
a fartura vem de uma vez
e no nordeste tem beleza
que até mesmo a natureza
é encantada com o que fez.
Chão rachado.
Não tenho armas pra guerra
a seca domina o sertão
a semente que se enterra
não germina neste chão
foi-se o verde lá da serra
e mais rachado que a terra
só mesmo meu coração
As vezes.
É assim a nossa vida
como viver numa balança
um dia a seca é contida
no outro a danada avança
as vezes temos comida
por outras só esperança.
Vida verde!
O importante pra gente
é cultivar a semente
que brota neste chão...
onde o sertanejo fica
numa simplicidade rica
que só existe no sertão.
Sertão dos fortes.
A cegonha na maternidade
pra fazer sua divisão
quem nasceu pra caridade
quem chegou pra ser barão
escolhendo por qualidade
levou vários pra cidade
e trouxe os fortes pro sertão.
A dor da seca.
Sinto a seca do sertão
em cada palmo deste leito
que não brota nesse chão
a semente do respeito
sinto a fome e a solidão
sinto a dor de cada irmão
queimar dentro do meu peito.
Terra forte.
Da terra que me sustenta
da flor da palma a flor de lis
da seca que me arrebenta
da chuva que me faz feliz
da raiz que me alimenta
o meu nordeste representa
a parte forte deste país.
Sigo!!!
Eu sou nordestino
sou cabra valente
sigo o meu destino
de rumo pra frente
sem medo da fome
não mudo meu nome
não troco a patente.
Sede.
É dos olhos que deságua
todo pranto do sertão
que sofre sem sentir mágoa
da dor que maltrata o chão
que enxerga num pingo d'água.
o destino de cada irmão.
Caminho.
Água pouca quase nada
chão rachado vida dura
caminho seco pela estrada
segue o sonho que perdura
de ficar na terra amada
e viver da agricultura.
Alegria.
Que a seca não estrague
o plantio do meu terreiro
que a luz não se apague
nem no último candeeiro
porque não há o que pague
um sorriso verdadeiro.
Deveria ser.
A vida é mesmo assim
feita de amor e união
não quero tudo pra mim
porque divido com o irmão
tenho simplicidade... sim
mas pobreza tenho... não.
Ganância.
Aqui é sofrimento e dor
como tem lá no sudeste
tanta gente de valor
não conheço quem investe
mas vai para o exterior
o que sugam do nordeste.
Sou nordestino.
Posso ter qualquer destino
Rio, São Paulo ou Paraná
posso até virar granfino
ser feliz em outro lugar
mas o sotaque nordestino
eu duvido ele mudar.
Canoa Quebrada - CE
Nas águas a sutileza
de uma obra arquitetada
nos detalhes da beleza
que parece pré moldada
dos pincéis da natureza
nasceu canoa quebrada.
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