Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada

Cerca de 60026 frases e pensamentos: Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada

SONETO ALEGRE

Permita-me um momento de ilusão
Onde alegre, na alegria possa crer
E cá no soneto felicidade então ter
Sem sofrê, alegrando a imaginação

Só alegre não basta a alegria querer
Tem que haver um além da emoção
Olhos lacrimejados duma satisfação
Da alegria em tal melodia à florescer

Então, alegremente cá nesta canção
Cantar as alegrias e, louvar o prazer
Ressonando alacridades no coração

E neste horizonte de alegria no ser
Deixar a sofrência só como bordão
Onde na alegria, alegre és o viver!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

flerte

olhava o céu
nuvem inerte
alvas como papel
cá do cerrado

calado, meu coração
dispensava qualquer termo
numa espera sem ação
um olhar perdido, ermo
pensando só em você

e neste glacê de emoção
o meu sentimento voa
até ti, buscando razão
desta distância atoa
que ao amor maltrata

é dor chata, que dá solidão
aquelas que não cabem
no peito, de tanta aflição
e só os que sentem sabem
como é contramão sentir...

então, venha logo! Não fique por vir!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2019, 14 de outubro
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

mansidão

as paredes estão caladas
as janelas numa mansidão

as portas foram silenciadas
para não inquietar a solidão

eita casa vazia!
prostração
tagarela só a poesia

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2019, meados de outubro
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

vai um cafezinho?

há no cerrado um gretado
ali ressequido, árido chão

no verão ele é molhado
no inverno devastação

sem a cor do encantado
mas encanta a fascinação

ele tão pálido, incendiado
insiste em renovação

aguerrido nosso cerrado
dedicado o nosso sertão

hoje todo cafeinado…
põe açúcar ou não?

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
quarta 16/10/2019
Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

A UM AMOR PERDIDO (soneto)

Quando a primeira vez se perde o amor
Que do leito acordou, ali gemendo e só
Dentro do peito a tristeza se faz em nó
E desabrocha a flor de lágrima e suor

A vida sente os olhos mareados, forrobodó
Sobe-lhe um amargo, e o primeiro ardor
Do queixume, do pesar, de um pecador
Tal a rosa, de perfume e espinhos, dá dó

Então a alma se traveste de desventura
Numa torpeza de paixão e de mágoa
Onde o sonhador é bravo sem bravura

Assim neste pranto em verso de bágua
Teu cheiro é açoite sem doce candura
E tua lembrança nos arde em frágua...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
25/10/2019, 23’47”
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

De amor

Eu não tinha nada, ao vir para este mundo
Busquei em cada olhar um abrigo, um amigo
E nesta leitura me fiz mais profundo
No meu eu. Me vi rico, me vi mendigo
Cada tempo, cada minuto, cada segundo
Caminhei junto ou separado, calei e pude falar
Assim o corpo se tornou fecundo
E aprendi como é bom amar
Que na alma só ele vai fundo
E ao partir, nada terei, só o amor pra levar...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
fevereiro de 2016 – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Incertezas no cerrado

Primavera, verão, outono, inverno
Qual estação no cerrado é decisão
Ficar ou partir neste desejo interno
Em ebulição no meu mesmo coração
Saudade? Tristeza? Encanto? Dorido?
Aqui debruçado na vida, em suma
Como sabê-lo? Se o incerto está partido
E os trilhos da razão dão em parte alguma.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07/03/2016, 05'55" - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Mulher

Mulheres mistério da criação
Mulheres de sexto sentido
Mães, esposas, amor garantido
Meretriz, coração sofrido
Repartido, nem sempre aceitas
Sedutoras, perfeitas, imperfeitas
Vaidosa, cheirosa, provocante
Ocultas, feiticeiras, alucinantes...

Mulheres que encantam, provocam
Com seu olhar falam, tocam
Parideiras, santas, no cio
Briguentas, humor por um fio
Beatas, rezadeiras, absintas
De almas serenas
Brancas, loiras, morenas
Pé no chão, terrenas...

Mulheres de luz, de juízo
Agitadoras, de guizo
Sedutoras no paraíso
Dominadoras com seu largo sorriso
Mãos calejadas de rendeiras
Preguiçosas, trabalhadeiras
Outras com sua ginga faceira
De pulso forte como aroeira...

Mulheres que o olhar disfarça
Perseverante, perpetua a raça
Envolventes com toda a sua graça
Conselheira de eterna ilusão
Movidas pela feminina emoção
Fascinantes nos perigos do coração
Fera na defesa de sua convicção, dos seus
Mulheres uma bela criação de Deus!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02/03/2009 - Rio de Janeiro, RJ

Inserida por LucianoSpagnol

Poema num sábado de aleluia

No apagar da quaresma
Qual cinza restou
Ou será a mesma
Se fica ou se vou

Os sinos tocam, sábado de Aleluia
Anuncia a reflexão da traição
Retire suas culpas da cuia
Da omissão. Seja oração...

Perdão

Vamos nos aconchegar
Na misericórdia
E ter braços para ofertar
De que vale negar, ter discórdia
Se somos filhos, iguais, no altar
Da criação Divina. Livres na história

Livres para sonhar
Na fé vitória
Sábios para perdoar

Ao nosso "Judas", executória
A solidariedade atar
A paz e bem, gloria!

É vigília pascal
Trajetória
No amor, o amor incondicional

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
26/03/2016, 06'10" – Cerrado goiano
Sábado de Aleluia

Inserida por LucianoSpagnol

Apanhador do cerrado

Uso o meu olhar para apanhar o cerrado
As palavras tortas compõem o mato crivado
De cascas grossas, cascalhos e céu estrelado
O chão na temporada de sequia, é maltratado
Os jatobás fatigados tão firmes como as perobas
Rodeiam os pequizeiros, tão "bãos" como as guarirobas
Cheiro forte sabor da terra, como as doces gabirobas
Entendo bem o sotaque é o povo deste chão
Sou daqui, tenho respeito a toda esta tradição
Povo das sucupiras, flores rasteiras e abelhas arapuá
Tudo aqui tem força, tem suor, é aqui, é acolá
Assim como a magia do canto da seriema e do sabia
Deste cerrado místico, torto, certo e errado, sempre a brotar
Que o tal desencanto encanta o poeta no poetar
Este quintal que é o maior do mundo, que faz sonhar
Me faz ser apanhador do cerrado, no meu versar.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
30/03/2016, 22'22" – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Sorriso

Sorriso pinta a tua dor
Da cor que se desejar
É ofertar com uma flor
O triste pra se alegrar

Sorriso abrevia o vazio
Se nada mais restar
Sorria um mirar macio
Aprazendo o alheio olhar

Sorriso traz à vida luz
E aos dias só encanto
Sorria para a sua cruz
Sorria pro seu pranto

E assim sorrindo, amar
Num teatro fulgente
A maioria irá pensar
Que és um ser contente

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Abril, 2016 – cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Outono no cerrado

Cerrado. Ao horizonte escancarado. Escancaro o olhar
Sob o céu acinzentado, admirado chão de cascalho calçado
O vento rodopiando, a poeira empoeirando a anuviar
O minguado frio sequioso outono dos planos do cerrado

As folhas bailam, rodam, caiem em seu leito ressequido
A chuva se esconde, onde o céu não pode chegar
Os sulcados arranham e ondulam o ar emurchecido
Do desconforto calado entre os cipós e galhos a uivar

Olho o céu purpúreo desenhar o frio chegando ao porto
Os arbustos rodeados de cascalhos num único flanco
Rangendo o outono no amarelado e árido cerrado torto
Num verdadeiro espetáculo de pluralidade saltimbanco

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
28/04/2016, 14'25" – cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Além

Para além do tempo, a quimera
Para além da era, o amor
Para além da dor, a lágrima
Para além das palavras, porfia
Para além da vida, a glória
No epílogo da alma em poesia...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Maio de 2017 – cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Bem me quer, mal me quer

Bem me quer, tenho aqui o meu cantinho
Mal me quer, ao dormir preciso de carinho
Bem me quer, de amizades não tenho fome
Mal me quer, não sei escrever teu nome
Bem me quer, paternidade é com meu cachorro
Mal me quer, na solidão eu peço socorro
Bem me quer, divido a opinião comigo mesmo
Mal me quer, a partilha permanece a esmo
Bem me quer, amo, a tudo e todos, sou feliz
Mal me quer, tudo é tão rápido, por um triz
Bem me quer, como é bom apreciar o amanhecer
Mal me quer, a cada dia veloz é o envelhecer
Bem me quer, sei mastigar a vida de solitário
Mal me quer, não tenho ninguém no itinerário...
Bem me quer...

Luciano Spagnol

Inserida por LucianoSpagnol

singular

no caminho singular
fui plural
tentando me encontrar
entre o bem e o mal

na variante
do acaso
calmaria e vendaval
ao longo prazo
nunca fui total
no lusco fusco
sou igual
o afeto que busco

fui silêncio e barulho
probabilidade
e neste embrulho
deserto e diversidade
de prosa e verso
realidade
de um comum universo

plural ou singular
existiu amizade
e pude saber o que é amar

só o amor nos faz eternidade!

Luciano Spagnol

Inserida por LucianoSpagnol

dorido

a lágrima exibi
o silêncio, é palavra, ato
o revés, bisturi
que corta de fato

teu sentido, teu tato

a emoção contamina
perfura a razão
nos olhos neblina

sofreguidão

na despedida
no gemido
na partida
no laço corrompido
na magoa proferida
no desejo proibido
na luta vencida
o não no pedido

sem amor
é dorido
nunca acolhedor...

do perdão devedor

Luciano Spagnol

Inserida por LucianoSpagnol

Fogão de lenha

Ah! O velho fogão de lenha
O fogo estalando o graveto
Panelas empretejada e prenha
Exalando seu tempero secreto
Só saudade, razão quem o tenha
Na fornada os biscoitos de goma
D. Celina. Quem duvidar, que venha
Provar, do pão de queijo, puro aroma
Velho fogão, assim, faz sua resenha
Envolta os causos e mexericos soma
Ao café no bule, que na alma embrenha
Só tu pode e guarda em seu fogo lento
O poetar que meus versos ordenha
Lembranças de um tempo de contento
És tu velho e bravo fogão de lenha!

Luciano Spagnol

Inserida por LucianoSpagnol

noite

a sinfonia da noite
cai sobre o cerrado
a alma neste açoite
é retiro amordaçado
é silêncio em seresta
a solidão num gorjeado
e a quimera numa fresta
a noite cerrando o cerrado

Luciano Spagnol

Inserida por LucianoSpagnol

a fragilidade da paixão

ela é como bolha de sabão
que não se pode dominar

é o vento a soprar
é o verão no coração

vício na respiração
ar

doce remédio a envenenar
cura e turbilhão

substância pro tédio:
emoção, pré amor, assédio...

Luciano Spagnol

Inserida por LucianoSpagnol

Passa

o tempo por nós passa
passa o ser sem tempo
num delírio e arruaça
o fado sem passatempo

o futuro
longe ou perto
fácil ou duro
sempre incerto

e tudo passa
mágoas passam
a perda a caça
pessoas passam

é ventura é pura graça
a existência é oblação
a vida passa...

Luciano Spagnol

Inserida por LucianoSpagnol

✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.

Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.

Entrar no canal do Whatsapp