Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada

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ESPECTRO DO SONHO

Quem me dera, n'essa hera
um café do velho coador
torrado, coado com saco
na tapera do meu avô.

Sentado no banco de tabua
do machado e transado
um tempo que não apaga
os rastros de Nosso Senhor.

Uma etnia da velha vida
vivida pelos batalhadores
a terra... Sempre querida
com a colheita dos amores.

Vai o totem e vai a guerra
essa fera que nos consome
que o tempo leve as quimeras
e os devaneios da dita fome.

Esse azul na imensidão
feita de ozônio e oxigênio
a cada batida o coração
alcança mais um milênio.
Antonio montes

Inserida por Amontesfnunes

A Mãe da Última Mais Nova

Gotejou em quem estava no colchão
E a flor de sede
Agradecia se afogando…

A mãe da filha
Olhando a última mais nova
Entristecida com o céu a irrigando.

Inserida por dienison_cardoso

Cinco de Setembro

Em nome do que agora é medo
Esconde-se o dissoluto aspecto da solidão
Imediato e matinal desejo
Invólucro ao breu na escuridão.
Delírio silencioso e sem fim
Remete ao espelho um rosto condoído por mim.
O tempo vence...

Inserida por dienison_cardoso

O Desvio

A mim pouco me importa
aberta ou fechada a porta,
vou entrar.

E pouco me importa estar
sendo amada ou não amada:
vou amar

Ou a mim importa tanto
eu mesma e o sentimento,
quanto!

A mim pouco me importa
se a tua amada é doente,
se a tua esperança é morta.
E me importa muito menos
se aceitas solenemente
A nossa vida parca e torta.

Porque a mim me importaria
deixasse de ser eu mesma
e a poesia.

A mim pouco me importa
se a lira quebrou a corda:
vou cantar.
E pouco me importa estar
no picadeiro do circo:
vou rodar.

Que a mim me importa tanto
Eu mesma e o sentimento
Quanto!

A mim pouco me importa
se estamos todos presos
por uma invisível corda.
E me importa muito menos
sermos todos indefesos
ante o destino que corta.

Porque a mim me importaria
Deixasse de ser eu mesma
E a poesia.

Inserida por Ulianarts

Gosto que me enrosco
da poética que me escolheu,
é ela quem me domina
ou quem a domina sou eu?
Só de uma coisa eu sei,
me alimento de poesia,
e ao mundo já doei
tudo o que me extasia !

Inserida por neusamarilda

QUADRA DA VIDA

Para aquele rosto pintado
de nariz grená...
Toda tarde era triste,
toda noite era tempo...
A onde as lagrimas, sem descanso
sob as horas do manso silêncio....
Enaltecia o chorar.
Pelo dia... A sua face se escondia da
alegria, e o seu semblante no espelho
não era imagem nascida para olhar!
Pois quando no espelho olhava, o que via...
Era marcas, marcadas... Que o apagador,
do passado, não podia apagar.
Vivia um sonho, tinha planos de felicidades,
mas os anos todavia, demonstravam o
outro lado da verdade.
Escondia um segredo, onde o qual teimava
em acreditar... Em sua mímica de vida,
construía os seus contos e fingia, manquitolar
pelos trilhos do seu andar, mas não sabia...
Não sabia, que a vida era manca, e carregava
uma bengala, para os sonhos se segurar.
Quantos versos em seus dias!
Quantas prosas... E só na rima que fazia,
mostrava-lhes as cores, verdes e rosas
que se encontravam, com a quadra...
onde a poesia da sua vida enquadrava
o seu amar.
Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

CÃO A ESMO

Dois cães cheiram as suas, entranhas
e se estranham, e assim... Mijam
nas rodas nas sacolas ou, sobre os
pés das arvores, o logo exibem os seus
ranger de dentes, na árdua disputa
pelo pedaço do osso oco.
Desencadeando as suas raivas...
Grunhem pela demarcação territorial,
e por essa disputa desencadeiam o
caos, assim como qualquer outro ser,
na disputa acirrada do poder.
Muitas das vezes...
Esse poder vem da disputa da máfia
dos palcos das massas ou pela chefia
da nação... Pela qual, prometem e
ladram pelos ossos, e como se fossem
cão... Nunca largam a pitada do quinhão.
Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

TUDO É DE LÁ

A cerveja gelada
a cachaça de lá
aqueles goles gostosos
sob gargalhos a gargalhar...
Tudo é tão saboroso!
Sob, o balcão d'aquele bar.

Aquela musica de fundo,
a saudade d'aquele mundo...
Dedilhando a alegria!
A mesa para os cochichos
a turma do deixa disso
na arenga da fantasia.

N'aquele bar...
Tudo é de lá!
O beber para esquecer
com sorriso para espantar
a noite e o amanhecer
o amor e o bem querer!
permeando o chorar.

Tudo lá, esta aqui...
Gargalos da solidão,
ressaca, zunido o ouvir
barra do sol tremor no chão
o choro de um coração
n'um mundo longe daqui.
Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

LETRAS MEDIDAS

Não quero letras medidas
nem frases em matemática
quero sim, poemas da vida
sentimentos em poesias
em qualquer tipo de cascata.

Essa estrofe toda pesada
em pesos pesados das silabas
cada fonema uma cabeçada
uma rima todo enfeitada
em métricas do tudo, nada.

Eu quero poesias soltas
falando de tudo que há
escapadas dos quadrados
livres de todas as cordas
que amarrou o lado de lá.

Poemas sem nem um enfeite
tirados do nossos dia, a dia
palavras que em si se ajeite
que traga um dardo de malicia
com uma pitada de alegria.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

LAVADOR DO TEMPO

Absolto no meu sonho...
Ouvindo os grilos, eu passeava pelos
trilhos da noite, quando me deparei com
o lavador dos astros. N'uma mão, ele
estendia o lençol prata da lua, n'outra
mão, ele segura a barra do sol.
Então ai eu perguntei a ele...
Lavador o que você esta fazendo?
_ Eu estou cobrindo o tempo, com
o lençol prata da lua, amenizando as
sombras e os silêncios da solidão, e
fazendo o reluzir, das estrelas para velas
cintilar, sobre as janelas da sua rua.
_ E essa barra de sol em sua mão...
É pra fazer o que?
_ E para lavar as mazelas da noite passada
... As lagrimas da solidão, a saudade do
coração e o azedume da alvorada.
Com essa barra de sol, eu lavarei...
A fumaça por de trás dos montes,
a poluição do ozônio
a farsa além dos do horizonte
a paixão suja do mundo...
a profunda degradação
e os sonhos dos vagabundos.
Lavarei todas as mentiras,
do principio até aqui,
as promessas sem medidas,
a corda suja da ira...
E essa incoerência sem fim.
O lavador do tempo lavava
todo tempo sem parar
e nisso, lavou o meu sonho
trazendo-me, ao mundo medonho
as horas para o meu acordar.
Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

Coincidências

Eu rio das coincidências da vida
E tombo minhas águas
Numa cachoeira de pensamentos.

Inserida por MarcelaBerteli

Amor de um poeta

Ao pensar nos comparativos da vida
Na cabeça me vem
Um poeta por amor clama
Da mesma forma que um mendigo
Ao pedir um vintém.

Inserida por MarcelaBerteli

Vazio

Sem sal, sem açúcar
Sem pimenta ou coentro
Às vezes me faço acreditar
Que não há em mim
Sentimento por dentro.

Inserida por MarcelaBerteli

DUALIDADE


Mergulhado no universo
Sigo o caminho inverso
Ao que iria por instinto
Ao ver seu olhar perverso

As rosas com seus espinhos
Nos mostram que há caminhos
Em que as vezes grande beleza
Também pode nos ferir

A erva que cura, mata
A água que lava, suja
A vida pode ser grata
Ou se fazer muito injusta

Depende de como vê
Qual é o ponto de vista
Experimentar o viver
Ou passar como uma faísca

Inserida por BrendaCalbaizer

Simplesmente AMOR

"Você me fez acreditar, mexeu comigo,
Quebrou o casulo, transformou meu ser,
Refez meus sonhos, mudou sentidos,
Posso compor o amor, posso o amor viver.

Você é vendaval, é calmaria,
É paz, é agitação que acelera o coração,
É inverno, é verão, é noite, é dia,
É o alivio da minha solidão.

Você é especial, minha doce inspiração,
Me anima, me leva ao caminho da felicidade,
Pulsa, bate e acelera minha emoção,
Você é sonho, que quero ver realidade.

Você está na letra da canção favorita,
Está no lindo sol que vai raiar,
Na brisa que toca a flor tão bonita,
Na manhã, na tarde, noite e seu belo luar.

Você chegou e renovou esperanças em mim,
Me fez poeta, me fez sonhador,
Posso cantar ou apenas compor e dizer enfim,
Tu és simplesmente AMOR."

Inserida por bimquintino

Se Chover, Deixe-me Ser Criança


Deixe que eu sinta o cheiro da terra molhada,
Que eu pise no chão descalço,
Que eu corra nos terrenos baldios,
Que eu espalme a grama do estádio,
Que eu pegue granizo da calçada,
Que eu tome banho nas goteiras do prédio,
Que eu vá as cabeceiras dos rios,
Que eu pule nas águas do riacho,
Que eu brinque com moleques na rua...
Que eu suje as roupas de lama,
Até eu me cansar de tanta alegria!
... Se chover, deixe-me ser criança!

Autor: Vauvei Vivian Do livro: Acordes para sonhar

Inserida por Vauvei_Vivian

Os Olhos Que Me Olham


Os olhos que me olham,
São ternura, mansidão, e, com brandura,
Quando molho a face,
_Diz-me que sou Teu!
Vejo-O na luz da lua, no calor do sol, nas estrelas...
E, com a esperança na Sua chama: Prostra-me!
Reconheço-O! ... Acalenta-me o peito!
Doravante, sigo-O, com a mansidão do seu Ser!
Deixa-me puro! ... Por instantes...
Pois, no impulso da terra, reviro-me, transformo-me,
E, novamente: Suplico Seu olhar!
Os olhos que me olham,
Carregam o peso do mundo, mas,
Todos os dias, diz-me que sou Teu!

Autor: Vauvei Vivian
Do livro: Acordes Para Sonhar

Inserida por Vauvei_Vivian

Crianças no parquinho
Bebendo vinho
Seus brinquedos no cantinho
Querendo carinho

Quem imaginaria
Que um dia se esqueceria
Da diversão que teria
De brincar com o amiguinho

Hoje não é assim
Eles não estão a fim
Vendo o carmesim
Desejando o fim

Meus olhos doerão
E terei razão
De sentir aversão
Com a contradição

Inserida por Chillot

Futuro

Dou ideia de venturo
Pois só encontro muro
Como saio do seguro
Se existe o surro

Sei o que é recinto
Mas estou faminto
O que é preciso
Para ser distinto

Vou ir no bufão
Mas que instigação
Preciso de um pão
Me ofereceu determinação

Fui na frente
Com a minha mente
Preciso de uma lente
Não consigo ver gente

Desejo ficar
Mas queriam me jogar
Vou me elevar
E assim povoar

Inserida por Chillot

Sou como um cão ganindo na escura noite

A dor que não se dissipa do meu conto invisível.

Paro e ouço um gemido mais agudo e íntimo

Aflorando de um seio longamente sofrido;

E a distorcida imagem do meu espelho

Sorri e se evola para um céu desconhecido.

Inserida por raquelreis123