Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada

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Sou apreciador das histórias tristes,
as que nos trazem a dor do aprender.
Já com as felizes nada se aprende,
a não ser, a dor de nada saber.

Solitário

Não sei se toda a minha falta
faz você sentir a minha falta,
Por entre a distância das ondas do mar,
Que vaga as areias
De nosso coração.
Toda a noite solitário,
Com meus pensamentos em você,
Milhares de constelações a circularem em minha volta
Como se fosse reflexos
De um dia de náuseas.
O mundo me distancia do mundo
Por entre, a vida virtual,
Novas paixões, de fantasias,
Que se tornam em arte,
Que não dar pra tocar.
Todo um livro,
Que não dá para sentir as folhas,
Tatear na melhor forma possível,
Todo o meu delírio, no vezo de degustar
Os meus sentimento
Por entre as lembranças fecundas
De um amor
Não correspondido,
Por entre a nostalgia da vida.
Weforever, queremos viver.
Todo o meu ser no lado de fora, no sereno,
Pensando com minha visão
A quarenta graus de distância,
Por entre as lentes de meu olhar transparente
Em um único foco.

O amor quando se alberga
no peito do rico ou pobre
se torna logo um guerreio
com capacete de cobre
e só obedece a honra
porque a honra é mais nobre.

Se o amor é soberano
a honra é sua coroa,
portanto, um amor sem honra
é como um barco sem proa,
é como um rei destronado
no mundo vagando à toa.

Solidão A Dois

A solidão abraça como uma serpente.
O silêncio é o veneno presente
Na rotina que surgiu imprudente.
Dia e noite surge a indiferença amargando como sal cortante

Ao som de uma lagrima evidente...
A inundação é como uma torrente,
já não existe beijo ardente.
Solidão a dois apagou o amor fulgente.

O carinho se tornou inexistente
o toque se fez ausente.
A dor consome lentamente...
Frio do vazio abraça forte como uma corrente.

Te escrevo um verso de amor
porque tu ésespecial,
agrados, beijos, no coração uma flor,
é Dia dos Namorados, afinal!

À procura

Procuro algo em mim
Entre duas pedras
Dentro de um vulcão voraz.

Procuro meu ser poeta,
Que só o meu destino
Pode encontrar!
Onde não sei…
Vejo tudo em neblinas.

Valter Bitencourt Júnior
Toque de Acalanto: Poesias, 2017.

A chuva cessou,
E o que restou
Foi eu.
Coração quebrado,
Lágrimas quentes rolando no rosto.

Imagino cada pessoa,
Todas com sua chuva.
Cada uma com sua garoa.
Cada uma com sua tempestade.

Será que essa tempestade
Que reina em mim
Cessará?
Será que algum dia
Apenas uma brisa
Libertará minha alma
Desse frio, dessa nevasca,
Que minha alma está?

Amar
.......Cura
Amar
.......Gura
Amar é
........Vital eu sei
Amar, sempre
....... Te amei...

À flor da pele

Onde foram os espelhos
Da comparação
Pra me fazerem
Lembrar o passado lasso,
Ver todas as diferenças
Retratadas
A beleza é uma quimera estética
O que vale é o que reflete
Por dentro.
Manchas rubras se derramaram
Nesta terra
Nossa raça é cerúlea
Por ironia.
Somos de garbo,
Vencemos muitas prendas!

Valter Bitencourt Júnior
Toque de Acalanto: Poesias, 2017.

⁠Minhas mãos fervem a procura do teu corpo...
Elas querem sentir a textura da tua pele, saber se o teu beijo é doce iguais tuas palavras.

Eu te imagino aqui, sob as minhas mãos, me dando a direção de por onde eu devo ir.

Quero sentir meus dedos em tua carne, como quem toca tecla por tecla de um piano, sentindo cada sensação, vibrando junto contigo.

Quero saber como é estar dentro de ti, em que nota soa os teus gemidos, que cheiro tens no cabelo, o gosto da tua boca e a cor real dos teus olhos que às vezes muda de cor.

Farei do teu colo o meu abrigo e dos teus poemas o meu cobertor.
Eu serei o gênio que realizará teus desejos, te farei mar e, dessa vez, eu que mergulharei em ti.

Nos faremos íntimas, nos pertenceremos e apesar de toda profundidade, o céu será o limite.

Você pra mim,
é sonho realizado,
que transformei em VIDA...

É o inesperado,
esperado com ansiedade
vestida de felicidade...

Você pra mim,
É a paz que surgiu
de repente
como vento...

É calmaria,
em meio a tempestade
dos sonhos desfeitos...

Com jeito,
você chegou,
sem dizer nada,
me conquistou...

Agora,
eu te amo
e já não reclamo
do sol,
nem da chuva...
Agora sou feliz!

não tenho medo
dos monstros

escondidos debaixo
da minha cama.

tenho medo
dos garotos

com cabelos castanhos despenteados,
olhos apertados,

& bocas
que só sabem

como dizer
meias verdades.

Eu Lírico

Ó Grande Pensador
O Que me deste
Além de dor
O que eu deveria relevaste?
O que posso considerar Impostor?
Além da vida que me Traste

O que eu posso falar sobre tal lírico
Se nem de verdade sei quem sou
O mundo tão hipnótico
Pois a realidade não lhe aconchegou

Talvez se eu fosse lírico, seria mais real?
Pois o mundo está cheio de pessoas
Que são tão líricas quanto Superficial

O grande pensador
E além de tanta dor
O tanto que pensou
A realidade virou lírica como o Impostor.

Livro Lírico

Peguei nosso livro, e abri,
Bem naquele dia que te conheci,
Feliz, assim me senti,
Foi tão bonito quando escrevi.

Parecia uma criança com esse doce,
Que eu não queria largar,
O sabor no momento fez eu parar,
Meu coração bater, e meu mundo girar.

É fabuloso, eu reconheço,
Qualidades, defeitos,
O jeito que descrevo para mim.

É incrível como o começo,
Se perde nos meios,
E é difícil enxergar um fim.

⁠lua em noite nublada
mulher misteriosa
e secreta ilha
numa mística
distante península


feita para sacudir
as estruturas
e as tempestades
sempre resistir


fuga do mundo
no mesmo lugar
em círculos a te buscar
no fundo por não saber
nem por onde começar


corrente estelar de virgo
de silêncio em silêncio
sem obter resposta
o coração segue endoidecido.

Sempre tem um verso que não se encaixa
Um objeto da mudança que não cabe na caixa
O bicho de estimação perdido na mudança
Uma música improvável que toca e a gente dança
Tem aquele sol que não brilha tanto
O tanto que parece pouco
E o pouco que parece nada
Tem dia parecendo madrugada
Dá saudade, chora, chora, e não tem consolo
Eis o pão de cada de dia
Que infelizmente não foi me dado hoje
Não tive no café poesia
Nem um versinho na hora do almoço
Declarar minha fome ou me acostumar?
Desse tipo de fome eu não devo morrer
Mas se é pra viver do jeito que está
Uma passagem pro inferno
Cansei de viver!

La femme de trente ans

Amarás
o meu nariz
brilhante
as minhas estrias
os meus pontos pretos
os meus textos
os meus achaques
e as minhas manias
e as minhas gatas
de solteirona
ou não me amarás

Chibata

Da lua se vê o brilho pratear,
a sua beleza divulgar,
pele negra brilhando ao luar.
Sob a água que prateada
brilhava, morada de Olucun,
Inaê, Janaína e Yemanja,
Da força de Kisanga, de seu
encanto Kianda, sereia do mar.

Pele negra de prata, que passou
por chibata, de sinhô que
açoitava, a negra escrava.
De cara caçava, nem motivo inventava,
a sonata cantava, o grito em pranto escutava.

O sangue corria, ela era
violada e lágrima caia, com
seu brilho prata!

Pele negra marcada,
mente negra sem cor, esquecendo a dor,
lembrava com fé de Olocun sim, seu sinhô.
Apanhar não matava, morrer não era medo, era fuga era desejo!

A'Kawaza

Pensei
que a liberdade vinha com a idade
depois pensei
que a liberdade vinha com o tempo
depois pensei
que a liberdade vinha com o dinheiro
depois pensei
que a liberdade vinha com o poder
depois percebi
que a liberdade não vem
não é coisa que lhe aconteça
terei sempre de ir eu.

A pior luta é contra o amor.
A maior vitória é contra o desejo.
A a maior insanidade é a paixão.