Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada
Enredo…
De roteiros , bipolares...
E medos confiantes,
É a força da maré
Que habita,
Que grita,
Nos faz ser gigantes.
Colina , montanhas e curvas!
Geografia do teu corpo…
Fazem mapas que percorrem
Brevemente…. minha mente…
Antes mesmo do esboço.
O Natal bate à porta!
Abra-a, deixe que entre a alegria nestemágico momento, como se o mundo fosse perfeito e apenas cores lindas o enfeitasse sem nenhuma sombra ou mazelas. Que a paz fosse plena entre todos os povos em geral e a cada pessoa em particular dentro de seu próprio mundo.
Natal!
Data especial da fé cristã comemorando o nascimento de Jesus, porém deveria ser lembradotodos os dias em nosso interior. A verdade é que muitas pessoas lembram-se apenas do consumismo, comes e bebes até emdesperdício. Nos quatro cantos do planeta hámilhõesmal tem o que comer. Quando esta data é comemoradaapenas baseada nos bens materiaisseu verdadeiro sentido é esquecido e então o Natal torna-se triste.
Como ficar completamente feliz se ao nosso lado, sabemos que pode haver uma criança que sofre maus tratos, idosos doentes e abandonados, moradores de rua que se entregaramà bebida e depressão caindo pelas calçadas, famílias destruídas por drogas, guerras e a fome também sucumbindo pessoas? Nada é perfeito, nunca será enquanto em cada ser humano não houver a verdadeira união entre todos e o amor fraternal imperando.
Mesmo assim meus votos são de um Feliz Natal a todos eque este traga a conscientização a quem precise mudar um pouco o modo de ser, olhando de maneiramais cristã o seu semelhante.
A infância de Herberto Helder
No princípio era a ilha
embora se diga
o Espírito de Deus
abraçava as águas
Nesse tempo
estendia-me na terra
para olhar as estrelas
e não pensava
que esses corpos de fogo
pudessem ser perigosos
Nesse tempo
marcava a latitude das estrelas
ordenando berlindes
sobre a erva
Não sabia que todo o poema
é um tumulto
que pode abalar
a ordem do universo agora
acredito
Eu era quase um anjo
e escrevia relatórios
precisos
acerca do silêncio
Nesse tempo
ainda era possível
encontrar Deus
pelos baldios
Isto foi antes
de aprender a álgebra
Inscrição
o brilho é o leve
júbilo
que sustenta os versos
ainda que sejamos obscuros
e nenhum nome
sirva jamais para dizer
o fogo
Revelação
Meu o ofício incerto das palavras
a evocação do tempo
o recurso ao fogo
Meu o provisório olhar
sobre este rio
o fascínio consentido das margens
sitiando a distância
Meus são os dedos que em tumulto
modelam capitéis
de sombra e arestas
Mas oculto na brisa
és Tu quem percorre o poema
despertando as aves
e dando nome aos peixes
Os dias de Job
Às vezes rezo
sou um cego e vejo
as palavras o reunir
das sombras
às vezes nada digo
estendo as mãos como uma concha
puro sinal da alma
a porta
queria que batesses
tomasses um por um os meus refúgios
estes dedos
inquietos na ignorância
do fogo
pois que tempo abrigará
os anjos
e que dia erguerá todo o sol
que há nas dunas
por isso
às vezes chove quando rezo
às vezes quase neva
sobre o pão
Epitáfio para R.M. Rilke
quando as palavras
buscarem amparo
em teu secreto canto
serás ainda
o único pastor
do meu silêncio
A casa onde às vezes regresso
A casa onde às vezes regresso é tão distante
da que deixei pela manhã
no mundo
a água tomou o lugar de tudo
reúno baldes, estes vasos guardados
mas chove sem parar há muitos anos
Durmo no mar, durmo ao lado de meu pai
uma viagem se deu
entre as mãos e o furor
uma viagem se deu: a noite abate-se fechada
sobre o corpo
Tivesse ainda tempo e entregava-te
o coração
Um amor mais além do amor
Por cima do rito do vínculo
Mais além do jogo sinistro
Da solidão e a companhia
Um amor que não necessite regresso
Porém tampouco partida
Um amor não submetido
As chamas de ir e de voltar
De estar despertos ou dormidos
De chamar ou calar
Um amor para estar juntos
Ou para não está-lo
Porém também para todas as posições
Intermedias
Um amor como abrir os olhos
E talvez também como fechá-los.
O centro não é um ponto.
Se fosse, seria fácil acertá-lo.
Não é sequer a redução de um ponto a seu infinito.
O centro é uma ausência,
de ponto, de infinito e ainda de ausência
e somente se o acerta com ausência.
Olha-me depois que tenhas ido,
ainda que eu recém tenha partido.
Agora o centro me ensinou a não estar,
porém mais tarde o centro estará aqui.
Todo salto volta a apoiar-se.
Mas em algum lugar é possível
um salto como um incêndio,
um salto que consuma o espaço
aonde deveria terminar.
Cheguei às minhas inseguranças definitivas.
Aqui começa o território
aonde é possível queimar todos os finais
e criar o próprio abismo,
para adentrar desaparecendo.
palavra do homem não é uma ordem:
a palavra do homem é um abismo
O abismo,
que arde como um bosque:
um bosque que ao arder se regenera.
Penélope
Mais do que um sonho: comoção!
Sinto-me tonto, enternecido,
quando, de noite, as minhas mãos
são o teu único vestido.
E recompões com essa veste,
que eu, sem saber, tinha tecido,
todo o pudor que desfizeste
como uma teia sem sentido;
todo o pudor que desfizeste
a meu pedido.
Mas nesse manto que desfias,
e que depois voltas a pôr,
eu reconheço os melhores dias
do nosso amor.
Este homem que pensou
com uma pedra na mão
transformá-la num pão
transformá-la num beijo
Este homem que parou
no meio da sua vida
e se sentiu mais leve
que a sua própria sombra
POEMA DUM FUNCIONÁRIO CANSADO
A noite trocou-me os sonhos e as mãos
dispersou-me os amigos
tenho o coração confundido e a rua é estreita
estreita em cada passo
as casas engolem-nos
sumimo-nos
estou num quarto só num quarto só
com os sonhos trocados
com toda a vida às avessas a arder num quarto só
Sou um funcionário apagado
um funcionário triste
a minha alma não acompanha a minha mão
Débito e Crédito Débito e Crédito
a minha alma não dança com os números
tento escondê-la envergonhado
o chefe apanhou-me com o olho lírico na gaiola do quintal em frente
e debitou-me na minha conta de empregado
Sou um funcionário cansado dum dia exemplar
Por que não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu dever?
Por que me sinto irremediavelmente perdido no meu cansaço?
Soletro velhas palavras generosas
Flor rapariga amigo menino
irmão beijo namorada
mãe estrela música
São as palavras cruzadas do meu sonho
palavras soterradas na prisão da minha vida
isto todas as noites do mundo numa só noite comprida
num quarto só
Se guardo algum tesouro não o prendo
porque quero oferecer-te a paz de um sonho aberto
que dure e flua nas tuas veias lentas
e seja um perfume ou um beijo um suspiro solar
Ofereço-te esta frágil flor esta pedra de chuva
para que sintas a verde frescura
de um pomar de brancas cortesias
porque é por ti que vivo é por ti que nasço
porque amo o ouro vivo do teu rosto
SOB A CHUVA
Sobre a chuva...
Penso nas coisas e d’onde provém
Nos prós cheios de poréns...
No ritmo louco do quero quero
Penso nos girassóis flavescentes e belos
Nas forquilhas que dão sustento ao jirau
Nas ilhas dos meus oceanos no quintal...
Penso na culpa, na cruz e na cúpula
Sob a luz do abajur azul
Penso na távola redonda
E no peso da espada do rei Arthur...
No possível relâmpago
Na cupidez do coração sob encanto
Na timidez do dia plúmbeo
Olhando para as folhagens no chão
Penso num mundo apinhado
No guardanapo branco rabiscado
E num punhado de alecrim do campo
Na lassidão das águas que vão
Penso um pouco de tudo eu acho
Na influência da lua sobre a gente
Nos narcisos à beira dos riachos...
Penso em mim terra rúbida encarnada
Em tu terra chovida encantada...
Na ópera e na espera
Em Vivaldi e primavera
Penso mesmo é que o tempo nos desafia
E para suster eu e você
Inspira é poesia!
Amo-te nesta ideia nocturna da luz nas mãos
E quero cair em desuso
Fundir-me completamente.
Esperar o clarão da tua vinda, a estrela, o teu anjo
Os focos celestes que a candeia humana não iguala
Que os olhos da pessoa amada não fazem esquecer.
Amo tão grandemente a ideia do teu rosto que penso ver-te
Voltado para mim
Inclinado como a criança que quer voltar ao chão.
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