Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada
Girassol
Girassol
Gira sol
Encontra seu rumo
Sempre la
Girando com o sol
Algo profundo se cria
Parece bobo,simples
Mas como o cravo e a rosa
O amor prevaleceu
Sempre ali,sobre a luz do sol
O amarelo, cor da felicidade
Do favo de mel até o amar de verdade
Que se torna em bondade
Passando em geração por meio da arte
Enfim,e a primavera,um toque de amor em cada árvore
Absoluto Tu
Pela ponte, pelo rio,
pelo trem, pela rua.
Pela casa, pelo quarto,
pelo país, pela lua.
Por tudo e em tudo
está a inquietude do mudo
querer-te. Teu sufocante som
vocal a embalar
minha alma fragmentada. Com
graciosidade, meu descanso ponha-te a cantar.
Não bebo água,
não como cenoura.
Não respiro nem guardo mágoa
porque tu é tudo que guardo. Agoura
alma, tu te tornou minha fonte vital.
Venha, vá. Volte para cá.
Fuja! Fique! Faça-me chique:
cubra-me com carinho, caso
queira descansar. Dormir, despertar.
Morrer e voltar.
De ti, nunca me verei livre
visto que tu estás em tudo
e meu coração é teu lar-veludo.
Capa de chuva num dia ensolarado
porque, no altar, forte é a tempestade.
De acordo com o combinado,
os membros todos vestidos de ambiguidade.
Na igreja eles rezam, rudimentam-se e roem
suas próprias vísceras. Comida não há
e a sanidade os destrói.
As portas de madeira, lacradas. Lá
no céu, os portões enferrujaram.
“O altar está em chamas!
Socorro! Não quero morrer
tido como louco!”
“A água benta evaporou!
Deus, me perdõe
mas para o inferno sei que vou!”
E berram até perderem a voz
aqueles que não desmaiaram de pavor.
Morrerão, sim, todos. Nós
assistiremos tal sacro-divertimento sem respingo de dor.
Lampião em Uiraúna:
Uiraúna demonstrou sua força indiferente a sorte, a espingarda rezou na terra dos sacerdotes.
Existe uma paz infinita
na imensidão da alma
abandonada na vastidão
do silencio que me espreme
me derrama
me sangra
me arde
me coagula
me sutura
e me funde poesia.
Eu sei, existem angústias
E tons azuis em minh'alma
Eu sei que existem espinhos e feridas
Que tentam me tirar a calma
Contudo, eu me alegrarei
Podem acontecer infelicidades na estação
Como um lírio na primavera, eu abrirei meu sorriso
Não importa a situação
Com júbilo cantarei, mostrando meu riso
Não escolhi escrever!
As palavras são assim, me tomam.
Quando encontram a melhor forma de sair, entram em combustão, incendeia e queima.
Então escrevo, não porque escolhi, mas minh'alma precisa falar.
O lápis se torna os lábios de onde saem palavras doentes e o papel... o ouvinte a ser curado.
Gosto muito de chuva,
mas ela não gosta de mim,
sai debaixo de uma bem miúda
e agora veio o atchim !
O sol desvairado ao meio dia,
iluminando o céu nebulento,
e a prece que no meu peito irradia,
é adoçar o meu lamento.
O fulgor que pulsa o coração,
enamora com o acaso em terno ardor,
e o que resta dessa ilusão,
é você, meu amor.
As estrelas piscam e brilham,
pequenas luzes distantes,
ilumina os meus instantes,
nos instantes que neblinam.
Essas luzes delirantes,
que no brilho da lua se homizia,
onde está os amores apaixonantes,
que desejei e que amei algum dia?
Perambulando no horizonte,
de leste a oeste,
a procura do acalanto,
onde o sol escurece e traz um novo dia.
hoje ela é grande, uma adulta
não come mais doces, só frutas
os fios de ovos da padaria
estão em silêncio na memória
dela e minha, guardados
devem estar misturados
com outros fios, elétricos,
químicos, líquidos
mas não tem importância
que fiquem assim na lembrança
ainda não sei fazê-los
nem quero; chega lembrá-los.
não sei fazer as coisas útil
faço as coisas difícil
se fizesse as coisas certo
as coisas talvez ficassem lindo
mas tudo bem ficarem errado
as coisas assim triste
é mais as coisas mesmo
É domingo hoje
mas nós não saímos
é o único dia
que não repetimos
e que dura menos
Mas põe o teu rouge
que eu mudo a camisa
não como quem
de ilusão
precisa
Tomaremos chá
leremos um pouco
e iremos à varanda
absortos
Também eu trago a saudade
nos sentidos
se dissesse que não
era mentira
Também eu perdi um cão
casas
rios
Mas hoje
tenho mulher
amigos
e uma saudade mais real
é que me inspira
Não durmo ainda
Só na cama
o tempo
ainda é meu
como a palavra
Discretamente
me agito
no colchão
Não penso em Deus
na morte
Imprimo
Aqueço-me
Escuto
conservo a posição
Depois das 7
as montras são mais íntimas
A vergonha de não comprar
não existe
e a tristeza de não ter
é só nossa
E a luz torna mais belo
e mais útil
cada objecto
Mudamos esta noite
E como tu
eu penso no fogão a lenha
e nos colchões
onde levar as plantas
e como disfarçar os móveis velhos
Mudamos esta noite
e não sabíamos que os mortos ainda aqui viviam
e que os filhos dormem sempre
nos quartos onde nascem
Vai descendo tu
Eu só quero ouvir os meus passos
nas salas vazias
Devo dizer que sempre preferi
os versos feridos pela prosa
da vida, os versos turvos
que tornam mais transparentes
os negros palcos do tempo, a dor
de sermos filhos das estações
e de andarmos por aí, hora após
hora, entre tudo o que declina
e piora. Em suma, os versos
que gritam: Temos as noites
contadas. E também
os que replicam:
Valha-nos isso.
Ao fim da noite, no frio do táxi, pousas
a cabeça no meu ombro – e assim entramos
duma vez e inteiramente na nossa vida.
Lá fora, pelo contrário, tudo perde realidade;
há em toda a parte um sossego abstracto,
as ruas parecem pintadas – betão entre
as árvores – numa tela baça. Vamos por lugares
que não reconheço, a minha geografia é vaga
e omissa como a dos velhos cartógrafos
que desenhavam um mundo cheio de espaços
em branco. É onde estamos agora, num
intervalo do mapa rente à primeira manhã –
que será a nossa e também a última.
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