Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada
CHUVA DE PRIMAVERA
Hoje é domingo,
Dia lindo!
Queria o sol
Que abre a primavera,
Que me prepara para o verão.
Mas, hoje acordei com chuva,
Chuva forte no meu jardim.
Vejo a alegria do verde,
Do pássaro que voa
A procura de um abrigo,
Do grilo que se cala
Debaixo da velha folha.
Agora aceito a chuva
Que cai no meu jardim.
Aceito o seu chamado
Molhado, urgente...
E danço, e corro,
E grito sentindo
A natureza em mim.
O VOO DA ARTE
Por que poetizo?
Porque vem da alma,
da vontade.
Voam as palavras
soltas pela inquietação,
pela imaginação...
Sem destino,
sem pouso,
sem porto.
Voam as palavras,
porque voam!
Sem asas,
sem certezas.
Saem de mim,
porque procuram liberdades!
Seis Versos
Eu sou um rio mágico
Rápido lúdico lusco-fusco
Crepúsculo
Eu sou um rio físico límpido
Profundo raso vasto
Translúcido
Um rio que sou tanto
Pra nado pra pranto
Sem pausa versátil
O abrigo do medo
Refúgio do trágico
Claro rio sagrado Profano fantástico
Meu curso meu leito
No meio me rasgo
Bifurco duvido Prossigo
E me acho.
Porque sou infinito
humano riacho...
Depois de várias curvas e cruzamentos
Depois de noites e drinques
Hoje, tu és a dose diária
Hoje, tu és meu controle de sanidade
Tu és meu oásis.
Professor
Professor
É um eterno construtor
Não de prédio, nem de tecnologias...
Mas, de almas que sabem
O valor de um sorriso.
O professor liberta as mentes e corações
Aprisionados pela ignorância.
Professor...
É fonte.
É caminho.
É espelho...
É rio.
Que escava seu caminho pelas pedras...
Que luta pelo saber.
E como barco te conduz ao mar do conhecimento!
Professor...
É seta no horizonte.
É vocação.
Abnegação.
Só sabe o valor
Do professor
Quem passou
Pelo bando de escola...
E encontrou um amigo
Um companheiro...
Viu nele Inspiração.
Diálogo
A escuridão, ainda menina, chama-me às ruas frias
Sou a andarilha proscrita das noites de luas vazias
Não escondo meu rosto destas gentes curiosas...
Que vejam a mulher vil, triste que sou...Lamuriosa.
Mas amiga, nem sempre foste assim, amarga e sombria
Houveram dias de sol e mar à brilhar sobre tua tez macia
Diga-me: Porque te enfadastes das doçuras do amor?
Porque voltaste as costas ao toar das carícias em clamor?
Ah, minha amiga, nada sabes das minhas dores imensas...
Das noites em que doei o mais sublime amor que pensas
Ofertei-me de corpo e alma, desnuda em juras e poesias
Ofereci rosas e mel; em troca ganhei abandono e heresias.
Mas não te entregues às trevas, óh amiga tão triste e bela.
Busca a luz dos sonetos mais puros, alegres em aquarela
Esqueça-te do passado, volta-te para os presentes dias...
Quem sabe, ainda pousam nos teus jardins as andorinhas?
Não perca teu precioso tempo com minh'alma, óh amiga!
Não haverão pássaros à cantar para minha causa perdida.
Sou aquela que vaga em busca da morte que trará paz
Somente o corvo me acompanha, nada e ninguém mais...!
O GRITO
Não, sinto muito, mas não posso mais
O pranto me sufoca a garganta, tusso convulsivamente
Me rouba o sono, me tira a paz, me torna incapaz
Preciso gritar no poema que cala
esbravejar na poesia, essa utopia sem eira nem beira
assim mesmo...
Sem métrica, sem rima, sem metáforas ou alegorias
Qualquer coisa aqui dentro precisa de desvencilhar,
bater asas pelo céu escuro da madrugada,
desencarnar o verbo, livrar o corvo
dessas grades de prata!
Meus olhos estão cansados
Já não comportam mais as torrentes lamaçais
Crispo os dentes em desespero e rancor
Nem sei se vivo ou morro
( E eu tenho escolha?)
O diabo me ronda a alma...
A navalha ao meu alcance,
um lance
Um lance apenas
e jamais...
...Nunca mais debilidade
Basta um pequeno corte na radial
Sangria intermitente
Fim, eminente.
Eternamente...
E na insanidade
Nesta dubiedade colossal vou seguindo
Escrevendo estas linhas dementes
Que talvez ninguém chegue à ler!
Mas não faz diferença
Vou esbravejar aos quatro ventos minha dor
meu lamento cheio de apatia,
" nisso" o que chamo de
poesia.
De que outra forma perdurar a vivência,
já que sou covarde por demais para estanca-la,
e não tenho como, ou para onde fugir...!
Ei-la, Eulália
E quando Eulália sai pelas noites além,ruas frias e vazias
Todo o ar se condensa em torno dela, uma tristeza corpórea
Ela não anda. Plaina leve tal qual um fantasma desgraçado
Uma aparição que surgiu não se sabe de onde, para onde...
Eulália nem mesmo sente mais como uma mulher corpórea
Há muito perdeu a crença em qualquer sentimento alheio à dor
Vaga pela vida, branca como a neve, o seu rosto belo e medonho
Àqueles que a veem, à desejam, mas fogem dela com pavor!
Ela é a expressão de todas as " Eulálias", Marias e Anas da vida
As mulheres que se doam e nada recebem, tornam-se opacas
Não aspiram mais o amor nem carícia alguma que as embale...
Por isso, apartem-se de Eulália_ Deixem-na só com sua agonia!
Que ela perambule pelos bares ébrios e confins desta terra morta
Deixem-na só com seus sonhos mortos, com sua poesia triste...
Um pássaro chamado PAIXÃO!
Acordei nesta manhã impregnada com
O perfume da minha própria loucura... E
Suavemente flutuei nas asas de um pássaro
Chamado Paixão...
São voos nos qual mergulho no despenhadeiro
Do tempo...
Tenho medo... Vejo as ondas que quebram nas pedras...
Com o coração batendo forte... E as lágrimas escorrendo fáceis...
Abraça-me silenciosamente
Esta ansiedade fixada às asas
Deliro sussurros... E num rodopiar de emoções
Escuto melodias... As que cantam os ventos...!
Num eco sonoro de brados matizes... E me encantam...
Sei que não somos
cenas dos nossos
filmes favoritos,
muito menos perfeitos;
sei que o seu amor
é perfeito para meu
coração avesso;
sei que bastou
meus olhos tocarem
os teus e você
tocar minha alma
para começar a
desenhar versos
sobre como é bonito
o teu sorriso;
sei que o seu amor
foi feito para mim;
sei que você foi
feito para mim
e que amo cada um dos
teus defeitos, cada um
dos teus beijos, cada
um dos teus afagos,
seus olhos, seu sorriso,
você...
Prisão
Enclausuro da alma
O tempo se arrasta... tic toc, tic toc, tic toc
No tear da sedução das sombras a escapar do agora
Vórtex de memórias repartidas
-perdido em sonhos
O juri lança sua sentença
Nunca ouviram a orquestra que retumba o peito dos visionários
Ruflam chamas !clamam brasas!
Um zangão não profetiza as cores que não enxergam a colmeia
DIZEM ELES
Se deleitar com a fruta do saber
E pedir retirada de algum paraíso
essa exclusão cria mais ânsia de peneirar o sol
Sou prisioneiro de mim quanto impeço a lágrima de tomar seu curso para o mar
Quando nego que a sombra é a irmã gêmea do iluminar
Quando orgulhosamente tomo parte ou me abstenho da guerra
Verdadeira liberdade é semear se o deves
Furtar o fogo dos deuses e completar na vida sua missão
Maior ilusão é a morte
O que chamamos de vida em relação ao universo é uma fração de miragem
Cada sopro seu meu amigo gira toda engrenagem
Ao enfrentar o dragão quixote desnuda a quimera
O deleite de agora é o suspiro das eras
Cada pensamento que emana uma ilha na expedição
Logro é ter asas e não estar longe do chão
Voe desbrave viva e mata!
A cada novo sonho afia o teor da sua visão
O que realmente te mata é ter a liberdade na mão e permanecer enclausurado! Me vejo como sou e despenco no abismo
Navego nas profundidades da minha existência
Extraio a essência do interminável no agora
O universo é o meu legado
Tua face pálida e teu olhos de anjo noturno me mantém acordado!
E emfim A corda!
Que amarrava o meu pescoço no dia em que me encontrei
Foi a que usei para escalar o fundo do poço.
(Um pirata)
Caçador Sombrio
Como podes privar os olhos dos santos da beleza de uma pomba tão bela?
Como podes se engrandecer em meio a caçadores pela conquista de um ser tão puro?
Aaah, que insanidade vinda de ti!
Se não cuida para que ela continue bela, deixe-a partir!
Mas não a mantenha presa a ti como um troféu, e não corte a única grandeza que a faz livre; suas asas.
Irá mata-la não vê? Deixe-a partir!
E que bem longe de ti, ela finalmente viva em paz.
Pintor de almas!
Será que é um pintor de almas?
Vejo-te todos os dias ao longe enquanto
O aroma de tuas tintas inunda o cair da tarde...
Raios de sol adormecem no azul celeste do horizonte
E em tuas vibrantes pinceladas colocas na tua tela o fim de mais um dia!
Quem és tu?
Um semeador de melancolia?
Ou apenas aquele que nos acorda os sentires...
Pintando o amor de um passado
- que ainda vive em teu peito -
A beleza dos sonhos vai se retratando nos teus pincéis...
E eis que surge uma tela cheia de paixão e nostalgia...!
você é como uma rosa
arrancada pelo caule
um perfurar das palmas contra o desejo
de sentir teu cheiro
sem perceber
esvaneceram suas cores
tragaram sua vida num ato egoista
arrancaram um sorriso através do seu cadaver
enquanto as petalas fossilizaram em um livro
você não representou mais do que algo momentâneo
toda expectativa de ser algo sólido
construi-se sobre estruturas abstratas
agora queremos esquecer
agora queremos dizer que nunca foi
ou teria sido
nada
desejar você
Amo pessoas carinhosas,
com palavras que as deixam cheirosas,
que tuas palavras ...
possa morar no meu peito,
de onde sai minha poesia sem jeito .
SEMÁFORO
Era sol e piscava
Quando o vermelho aflorou
passos contados passava.
Assovio da guarda
aroma do frenar na pista
gaiola, pássaros alpinistas
A rua parou no congestionamento
buraco de ozônio, sol de veneno.
Antonio Montes
CATÁSTROFE
Uh... Que vento!
Desabou, pétalas e roupas
... Abriu cratera no matagal.
Tsunami?! Ai de mim...
passou por aqui assoviando, arame
e fez danuras no Haiti.
Derrubou casas, derribou famílias
semeou tristeza n'aquela ilha.
Antonio Montes
DESEJO
São seu lábios, boca sua...
Que para mim, tanto quero!
Ah se eu pudesse...
sapecaria o beijo de desejo
que há muito anseio e venero.
Seu pudesse...
Mergulharia, n'essa fantasia
e nadaria nas águas desse sonho,
então... Eu sanava essa sede
essa vontade toda verde...
Plainaria nas asas desse sentimento
e desses desejos medonhos.
Antonio Montes
SEM ANCORA
Na beira do cais...
Um olhar sem distancia
um navio sem ancora
... Atracam sob as asas da saudade
e voam sobre o ar,
da infinita esperança.
Antonio Montes
FLECHA DO VENTO
O vento que por aqui passou
... Flechou saudades de ti
no alvo do meu amor.
Antonio montes
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