Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada
ALADOS (soneto)
O largo cerrado é um efeito alado
De asa tingida e horizonte intenso
Duma flora varia e chão rebelado
Encarnado em um céu tão imenso
O teu cheiro num diverso intenso
Acoplam o raro em sinal denodado
Feiticeiro, espantoso e tão denso
Em um plural do árido cascalhado
Onde vemos empoar os passos
Entrelaçados entre tortos traços
E prados de dourados alumiados
Aos poucos sucumbimos por ele
Num pouso instável, caindo nele
Suavemente, de encantos alados
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano
Caminho no cerrado entre o perfume das flores e os sonhos...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
Julho, 2017
AFORA DA JANELA
Plumas de nuvens no céu profundo
De Brasília, alvos lençóis esvoaçantes
Se desfazem num piscar do segundo
Ao sopro dos áridos ventos uivantes
Ali, acolá, riscando devaneio facundo
Na imaginação, e sempre inconstantes
Vão e vem tal desocupado vagabundo
Ilustrando o azul do céu por instantes
Em bailados leves e soltos, voejando
Na imensidão do horizonte em bando
Vão em poesia na sua versátil romaria
E num ato divino, faz-se o encanto
Tal como flâmulas por todo o canto
Tremulando no cerrado com euforia
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho
Brasília
CERTOS VERSOS (soneto)
Letras ranzinzas de certos versos
Olham no vazio do papel em branco
Nodoando o imaginar nele dispersos
Do alquebrado fado em um tranco
O amarelado do tempo ali imersos
Adentra a saudade no peito manco
Rindo e chorando em tons diversos
Em um alvoroço dum soluço franco
Onde estariam tais agrados reversos
E assim o versar sair deste barranco
E então deixar de serem perversos
Ah! Rumo sem margem, sem arranco
Que cria na alma nublados universos
Deixando o sonho nu e sem tamanco
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Agosto de 2017
Cerrado goiano
SAUDADES DO RIO
Rio, de longe, uma saudade
Amizade, eterna recordação
Das cidades sua majestade
Tu pulsa no meu coração...
Tuas ruas, varia a felicidade
Vivo bem longe, de ti solidão
No bem querer, divindade...
Se algum dia voltar, será enfim,
Pra nunca te deixar,
E bem junto há ti. Ficar assim!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Agosto de 2017
Cerrado goiano
As pessoas não estão demonstrando mais amor, muito menos valor para as suas vidas; elas ficam em todos os instantes, contando os segundos, o tempo dos relógios, desejando a velocidade dos dias... Reclamam se chove, se faz frio, se acaso nasce um forte sol, e até mesmo, quando nenhum dos fenômenos ocorre.
Eles reclamam da vida, da sua própria vida, e das vidas alheias ao redor; sem se darem conta da ingratidão, e da injustiça que cometem para toda uma geração.
Esquecem e ficam sem tempo até mesmo para seus familiares, Avôs e Avós, Pais e seus Filhos, entre entes queridos num geral, a qual a vida os leva com a mesma intensidade, velocidade, que cada um desejou, e questionou todos os dias.
A verdade, é que quando isto ocorre, amargas lágrimas escorrem sobre rostos cansados; o arrependimento de não terem aproveitado momentos, pessoas tão queridas, começam a surgir, e conforme as fichas caem, são obrigados a lidar com a ideia da perda; das saudades; do tempo totalmente perdido, que tinham sim, e o jogaram fora... Desejando no dia de hoje, o amanhã, chegando o amanhã, e já desejando o "amanhã do amanhã", desta forma, esquecendo a essência dos instantes; dos sorrisos; dos riscos e "perigos" gostosos... Da essência de viver, vidas, e tempo (...).
Até Logo!
Despediu. Assim onde outras coisas
estão,
poisas.
O céu tranquilo, silêncio, imensidão.
Num caminho sonoro,
de toadas e paisagens
vai-se em coro,
outras miragens...
O maestro de batuta na mão
regendo o espírito.
Ovação!
Saudade assim é escrito.
É fração do infinito!
Amanhece triste o cerrado erudito…
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
26 de abril de 2018
despedida ao primo Guilherme Vaz,
compositor, músico, maestro.
Cada azulejo do azul do céu do cerrado
Colorem em poemas de Athus Bulcão
As paredes da Igrejinha, num agrado
Encantando e musicando a emoção...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Escultura de Barro
Nunca sabemos sobre o final; nunca soubemos o que é, de fato, um fim. Sempre sonhamos com o futuro, mesmo não sabendo se este, será um tempo para cada um de nós feliz.
Já viajamos descalços, solas dos pés sobre uma terra acolhedora; barro frio, gostoso, cheio de sentimentos, que hoje não existem mais, devido aos “asfaltos”, ignorância, disseminados com o passar do tempo.
Sentir saudade de tudo aquilo que se foi, não seca as lágrimas que escorrem em nossas faces, por lembranças, momentos tão únicos, marcantes, individuais.... Nossas fases.
Muitas vezes, pode até parecer normal, ver como a vida nasce e se passa, levando sem permissão as nossas histórias, as essências da gente, que sofrem mutações; eis que devemos entender, elas pertenciam àquele tempo, àquela época, e àquele presente.
Nunca sabemos sobre o final; nunca soubemos o que é, de fato, um fim. Sempre sonhamos com o futuro, mesmo não sabendo se este, será um tempo para cada um de nós feliz.
O tempo de vida é o devido, porém, carregamos pouco de tudo o que vivemos; o tempo arrasta, leva embora, apaga, e se não aprendemos a cultivar todos os dias nossas lembranças e histórias, eis esse fim, um final tênue; ambíguo; fabuloso ou deprimente.
CANÇÃO MÍNIMA
No cerrado do planalto
brotam quimeras de cetim
E, no teu traçado, asfalto
canteiros, em um jardim
E, no jardim, o horizonte
ao longo, ilusão sem fim
Assim, Brasília, sem monte
desabrocha na cor carmim...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Setembro, 2017
Cerrado goiano
SOMOS TODOS IGUAIS
Iguais somos todos
Na alegria, no choro
Medos e nos denodos
Pela vida, com ou sem decoro
Nos inícios e nos finais
Na mudez e no coro
Somos todos iguais...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
07 de outubro, 2017
Cerrado goiano
FUNERAL
Quando eu morrer, atenção
É do mar o rumo da cidade
E não o cerrado a direção
Saudade
As mãos enterrem em Madureira
O coração levem para Ipanema
Na Coelho Neto a alma por inteira
Suprema
No aterro joguem a minha admiração
E meu sotaque mineiro anexado
Na Igreja da Glória, minha oração
Largo do Machado
Os ouvidos deixem na São Salvador
Degustando os chorinhos de domingo
Sepultem a cabeça na pedra do Arpoador
Gringo
Na "SAARA" depositem minha ambição
Em Botafogo os olhos na sessão de cinema
Do Redentor as cinzas que restaram
Poema
O juízo abandonem aos seus
Que desvivam como viveram
Assim seja, o espírito em Deus
Adeus
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
09/04/2016, 18'00"
Cerrado goiano
(Parafraseando Mário de Andrade)
ASAS
O que o amor tem de ave
são asas do bem querer
voa intenso ou até suave
deriva do com quem haver
O seu voo agitado ou leve
são com as asas da emoção
podendo ser longo ou breve
depende do pouso no coração
Então, voa alto paixão!
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
Paráfase Abel Silva
VIGÍLIA (soneto)
Não há graçola pelo cerrado tristonho
Distante é o olhar na sequidão erguida
Tanta melancolia, a felicidade suponho
Que contempla a relva tão adormecida
Corta o silêncio o vento na poeira trazida
Papoca secas folhas no sol enfadonho
Espalhadas no chão da irroração perdida
Ali, em craquelados plangeres enfronho
Então, vejo sozinho o deslizar das horas
Numa vigília as monocromáticas floras
Onde o tempo, lento, pousa no cansaço
E nesta vigília de quimeras fabuladoras
Tudo bordado a lantejoulas tataporas
Cravejam o céu de estrelas com lasso
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
INVENTÁRIO (soneto)
Dos detalhes os anos tomaram conta
Já se foram muitos, algumas cicatrizes
Pois, lembranças, são meras meretrizes
Dum ontem, no agora não se faz afronta
O meu olhar no horizonte é sem raizes
Pouco lembro onde está a sua ponta
Tampouco se existe algo que remonta
O remoto perdido, pois sou sem crises
Gastei cada suspiro pelo vário caminho
Brindei coisas, na taça deleitoso vinho
Na emoção, chorei e ri, a tudo assistia
Em cada tropeção, espinho e carinho
Ali aconcheguei o meu lado sozinho
Não amontoei nada, nas mãos, poesia
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Abril de 2017
Cerrado goiano
Não se importe por não darem créditos as suas ideias hoje.
Amanhã os mesmos irão sentir a necessidade de pagar para ouvir você falando.
Antes de falar, aproveite a oportunidade que o silêncio lhe concede para refletir.
Depois de falar, tenha a maturidade para entender a consequência.
Não importa o tamanho do seu projeto na internet. É preciso ter foco e consciência que ninguém gera resultados do dia para a noite.
Entretanto quando buscamos conhecimentos específicos de forma planejada e os colocamos em prática, podemos alcançar bons resultados.
Não tente tirar da fraqueza forças, a vulnerabilidade nada podem oferecer.
Busque forças na capacidade de realizar que Deus te deu. Qual é seu talento?
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