Poesia Completa e Prosa

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Sabe, eu preciso de alguém especial como você
E não é brincadeira.
Desde o primeiro momento que te conheci, me encantei.
Meus olhos se alegraram e minha alma se encheu de vida.
Seu sorriso passou a me fazer feliz
Sua voz tornou-se doce aos meus ouvidos
Não sei, mas é algo especial.
Toda manhã espero ansioso o momento de te encontrar
Acordo com você no pensamento
E uma vontade louca de te olhar
O que é isso?
Não sei, mas se for um sonho.
Não quero acordar.

DOCE SUBMISSÃO

Quando o coração grita
Todo o resto se cala
em submissão.
Quando o corpo exige
o desejo quase agride
sufocado de paixão...
Te quero meu senhor
submissa aos teus afetos
Não nego
Cedo
Concedo
Ofereço-te minh'alma alma
e meu corpo,
e sem ambivalências
Me entrego...
Te quero sim, meu doce senhor
Bonito e sóbrio
Arfante e pulsante
Me beijando a nuca
Me calando a boca
Me deixando louca
Amando-te com toda a submissão
neste delicioso e quase angustiante amor lúcido
e ao mesmo tempo
isento de qualquer razão!

⁠Por Só Sol

O sol se põe,
mas nunca é só um pôr do sol.
Ele dança na linha do horizonte,
escorrega lento pelo céu,
como quem promete sumir,
mas nunca parte de verdade.

Pisca em tons de ouro,
derrama fogo sobre o mar,
e, num sussurro de luz,
diz que amanhã volta.

Nunca se perde,
nunca se esquece de ser sol.
Brilha onde os olhos não alcançam,
suspira calor em outras terras,
ilumina, mesmo quando não o vemos.

Porque ser sol
é mais que estar à vista—
é existir,
ardendo eterno
em si.

Era uma vez uma voz.
Um fiozinho à-toa. Fiapo de voz.
Voz de mulher. Doce e mansa.
De rezar, ninar criança, muitas histórias contar.
De palavras de carinho e frases de consolar.
Por toda e qualquer andança, voz de sempre concordar.
Voz fraca e pequenina. Voz de quem vive em surdina.
Um fiapo de voz que tinha todo o jeito de não ser ouvido.
Não chegava muito longe. Ficava só ali mesmo, perto de onde ela vivia.
Um pontinho no mapa.

Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!

Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...

Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Para quê pensar? Também sou da paisagem...

Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!

Mario Quintana
Quintana de Bolso. Porto Alegre: L&PM Editores, 1997.

Precisamos lembrar do passado, das escolhas que fizemos que nos tornaram o que somos hoje;

Preciso lembrar do passado, das promessas feitas que ainda não foram cumpridas;

Precisamos lembrar do passado, das lições que a vida insiste em nos ensinar;
Precisamos lembrar do passado, das amizades que perdemos por falta de atenção;

Precisamos lembrar do passado, dos amores que ficaram para trás e não podem voltar;

Precisamos lembrar do passado, das pessoas que nos inspiram a todo momento;
Precisamos lembrar do passado, das canções que formam a trilha sonora da nossa vida;

Precisamos lembrar do passado, dos erros cometidos que deixaram cicatrizes eternas;

Precisamos lembrar do passado, dos livros lidos que nos preencheram de conhecimentos;

Precisamos lembrar do passado, de quem esteve ao nosso lado até aqui;

Precisamos lembrar do passado, dos sonhos criados mas ainda não alcançados;
Precisamos lembrar do passado, lembrar que para lá nunca devemos voltar

⁠LEÃO

veio da savana reluzente como ouro, resiliente como a fênix; é leoa de coração valente. é morrer de amor e ressuscitar no próprio fogo da paixão. é ter alma ampliada revestida na própria imensidão persistindo sem medo no querer. quando nada vai bem, ninguém precisa saber: seu rugido é mais alto que a própria confusão. ela que aflora alegria, respira carisma e ousadia, veste a juba do ego para desfilar. é ter o prazer de experimentar a vida com luminosidade, ser atração principal e liderar com naturalidade. e apesar da vaidade, seu coração é excesso de eletricidade. personificação do amor romântico, se nada for recíproco, basta um sopro para apagar sua chama. sempre animada e entusiástica, sua amizade é suprassumo que inspira otimismo onde toca, marcando sua presença de forma determinada e poderosa. é ser hipérbole e viver à frente do próprio tempo e espaço. é ser sol e ter a expressão de majestade por possuir o coração mais nobre.

Onde está o teu corpo

Ao sentir o teu corpo perto do meu
Senti calor.
Olhei nos teus olhos,
Ganhei confiança
Nessa noite serena me apaixonei…
Ao sentir teu corpo perto do meu
Comecei a te admirar
Observei tua boca,
olhos,
orelhas,
nariz…

De cima a baixo
Começo quase sem fim…
Porque em um certo dia,
Não cheguei a ver nem os teus pés.

Mas onde esta o teu corpo
Que estava perto de mim?

Valter Bitencourt Júnior
Toque de Acalanto: Poesias, 2017.

O tempo me enganou,
Minha pele enrugou.
Chegar aos 40,
Será que minha sorte aguenta?

Quando percebi,
Já não via isso ou aquilo ali.
Não era surdez,
Mas só ouvia da segunda vez.

A barriga cresceu,
O fôlego desobedeceu,
Minha mente não percebeu,
O que virou eu?

Dizem que é meia vida,
Então, que tamanho vai ficar minha barriga?

Dizem que é a melhor idade,
Deve ser porque vamos perdendo a sobriedade!

Dizem para tudo "que o melhor tá pra chegar",
Será que para idade isso vai se aplicar?

Acho que deixei de ser calouro!
Tá! Será que já colhi todos os louros?

40, para alguns uma tormenta,
Para outros uma simples fase depois da placenta!

Beleza rara

A sua beleza é rara,
única e exclusiva.
A sua formosura
está nos seus olhos,
na sua face
e até no seu corpo,
mas também na sua voz,
no teu coração
e na tua alma.

A sua perfeição
está em não precisar
se parecer com ninguém,
nem em seguir
qualquer padrão.

Você é exclusiva
e possui características
que a tornam
incomparável.

Você é a mais especial,
e será sempre reconhecida
pelo seu nome
e seu modo de agir,
e não pelas suas roupas
ou cor dos cabelos.

A mais bela coisa deste mundo
para alguns são soldados a marchar,
para outros uma frota; para mim
é a minha bem-querida.

Fácil é dá-lo a compreender a todos:
Helena, a sem igual em formosura,
achou que o destruidor da honra de Tróia
era o melhor dos homens,

e assim não se deteve a cogitar
em sua filha nem nos pais queridos:
o Amor a seduziu e longe a fez
ceder o coração.

Dobrar mulher não custa, se ela pensa
por alto no que é próximo e querido.
Oh não me esqueças, Anactória, nem
aquela que partiu:

prefiro o doce ruído de seus passos
e o brilho de seu rosto a ver os carros
e os soldados da Lídia combatendo
cobertos de armadura.

Não é que eu seja sádico
Não é que ela seja submissa...
Ela se fez minha pela força do amor
e eu exerci sobre ela o poder
de querê-la minha menina
pela eternidade.
E creio que a eternidade é muito breve
para embalar a paixão que nos invade.
É simples cumplicidade.
É simples assim.
É amor.

Memória da Casa (Fernando de Oliveira e Walmir Palma)

Não está no portão
a memória da casa,
nem está no porão,
onde tudo se guarda.

Se talvez no jardim
mora alguma lembrança,
erram doces ausências:
borboletas, crianças.

A memória da casa
jaz além da estrutura,
das paredes caiadas,
assoalho, nervuras.

Vejo outrora na alcova
afogada em cortinas
o rubor de uma rosa
e uma linda menina.

Onde foi essa alcova,
em que tempo se deu,
como entrou nessa história,
em que vão se perdeu?

Essa casa são muitas,
uma só todas elas;
o morar é a casa
com varandas, janelas.

As memórias são tantas,
tantos são os lugares
onde pousam lembranças
nesse lar, nesses lares...

Sim eu me aproximo
cada vez mais de meu ascendente
enquando faço pazes com meu sol
Reconheço meus heróis
aqueles que vieram antes
e os que virão mais tarde
Recorto suas descobertas
mas pelo sim pelo não
ainda guardo em meu bolso
a nota de cinco dólares
que me ofereceu o nômade
que cantava no deserto.

Sim, Por Ela

Sim, eu gosto de um carinho inocente criança,
De uma canção suave cantada ao ouvido,
De estar sempre juntinho, juntinho,
Daquela que entende um carinho no umbigo,
Daquela que escuta o que escrevo e descrevo,
Daquela que curte meus anseios sonhados e ainda não realizados,
Daquela que ouve meus discos cantados e não maquiados,
Daquela que foleia os meus livros ilustrados,
Daquela que analisa minhas fotografias e as criticam,
Daquela que se alegra com meu som instrumental,
Daquela que navega em meu olhar solitário distante,
Daquela que sabe ser mulher, sempre a encantar,
Daquela que entende minhas noites de insônias sem café,
Daquela que me abraça em meus dias de chuvas sem sol,
Sim, eu amo aquela menina, que sabe ser mulher.

OS AMANTES DE NOVEMBRO

Ruas e ruas dos amantes
Sem um quarto para o amor
Amantes são sempre extravagantes
E ao frio também faz calor

Pobres amantes escorraçados
Dum tempo sem amor nenhum
Coitados tão engalfinhados
Que sendo dois parecem um

De pé imóveis transportados
Como uma estátua erguida num
Jardim votado ao abandono
De amor juncado e de outono.

Texto dia das mães

Mulheres são mesmo incríveis
Quando elas decidiram assumir o papel de gestoras de suas próprias vidas,
Ninguém mais conseguiu pará-las
Houve uma época em que elas eram apenas
Mães e donas do lar
Hoje elas são
Trabalhadoras
Professoras
Empreendedoras
Influenciadoras
Dançarinas
Chefes de cozinha
Consultoras de beleza
Médicas
Advogadas
E o que mais elas quiserem ser
Ninguém mais para essas mulheres
O que seria do mundo sem elas?
Assim como as flores são diferentes umas das outras, cada mulher com sua beleza, sua forma, sua cor, seu aroma...
Diferenças que se igualam em um puro e verdadeiro amor de mãe, na força que supera desafios, na coragem que transforma decisões, na garra que conquista sonhos, na audácia que espanta gerações...
Elas buscam sempre o melhor, buscam encantar, surpreender, apaziguar... até as que não são mães, querem sempre ensinar.
São de sorrir e de chorar.
De acalmar e estressar.
Podem até reclamar.
Mas é impossível não amar.
O que seria de um jardim sem flores?
Assim seria o mundo sem as mulheres!
E sem as mulheres, quem nós chamaríamos de mãe?

Despedida

Se feriu meu coração, eu gostei de ser ferido
Rolam lágrimas inocentes de um coração partido
Que sente antes de ver; seus encantos e perigos

Sorria para o nada, faça-te feliz
Lembre-se de cada noite e
Cada verso que eu fiz

Nosso errado é tão certo, abuso da ironia
Dos meus sonhos mais loucos;
Devaneios, poesia
Tu fez da realidade minha doce fantasia

A CERTEZA DO TEMPO

Quando a noite o silêncio ensurdece e
A solidão é apenas mais uma praga.
O relógio, infame, a negra renda tece
Sudário de ouro, cobrindo a adaga.

E do fundo da cisterna úmida e fria
A dor da existência amofina a cerne
O pêndulo nunca trouxe paz e alegria
Necrose dos ossos!_ Vigia o verme!

Julga incivil meu dialecto de vil poeta...!
Espera, então a insanidade da velhice...
Onde o tempo é morte. Lenta. Mas certa!

Quando já não há sol nem luz no nascente
Tudo é tal e qual quanto fora sempre...
Fastio penoso. Apatia. Fim decadente!

Ilusão

Penetro na sua dor
Como gelo
Nessa noite
Vaporosa.
– É pedra!
Magoar um coração
Que tanto ama?!…
Sinto um tédio,
Num estado esquizofrênico,
Te vejo
Entre lírios neblinosos
Cantando fantasias.
Vida nebulosa!
Tudo me rodeia
Esvaecido,
De overdose,
De amor…
– Fugaz!

Valter Bitencourt Júnior
Toque de Acalanto: Poesias, 2017.