Poesia Completa e Prosa
O GAROTO DA CICATRIZ
Um garoto tinha uma cicatriz no rosto, Ocupava na escola o posto do mais rejeitado,
Apesar de ser um aluno sempre disposto,
Mas ninguém queria sentar ao seu lado.
A humilhação ao garoto era manifesta,
Tão clara como a luz da candeia,
Seus colegas franziam a testa,
Por conta da cicatriz ser muito feia.
Então a turma programou uma reunião,
Diziam eles: não há lugar para o garoto da cicatriz,
A Diretoria ouviu e chegou a uma conclusão,
Que não poderiam expulsar o infeliz!
Os diretores decidiram o que foi proposto:
O garoto seria o primeiro a entrar no colégio,
E o último a sair, assim ninguém veria o seu rosto
A não ser que olhassem para trás, o que não era nenhum privilégio.
O garoto aceitou a imposição da escola,
Mas submeteu o acordado a uma condição,
Que ele contaria a todos a sua história,
O porquê da cicatriz, da sua deformação.
Todos concordaram e comecaram a ouvir:
"Realmente a minha cicatriz é muito feia,
Mas quero que saibam o que fiz pra adquirir,
E não me arrependo de nada do que me rodeia."
"Minha mãe era de família muito pobre
Ela passava roupa pra prover nosso sustento.
Meu pai vendia ferro e cobre,
Nas horas vagas carregava lixo com seu jumento."
"Nossa casa era pequena e feita de madeira,
Além de mim, havia ainda mais três irmãos,
Tudo lá dentro era o retrato da pobreza,
Mas a alegria de uma família unida não tinha comparação."
"Um certo dia minha mãe esqueceu o ferro ligado,
Ela saiu pra trabalhar e eu fiquei com meus irmãos!
E sem que alguém tivesse notado,
A casa começou a pegar fogo fazendo
um enorme clarão."
"Minha mãe pode ver de longe o incêndio assustador,
E correu em prantos para nos salvar,
Entrou na casa impelida pelo amor,
Tirou a todos, menos o mais novo que não conseguiu encontrar."
"As chamas tomavam conta do barraco,
Quando minha mãe resolveu novamente entrar,
Mas os bombeiros que tinham chegado,
Disseram: é arriscado a sra. voltar lá."
"Minha mãe gritou:" mas meu filho está lá dentro!"
Os bombeiros não deram ouvidos aos seus apelos,
E nem deram atenção aos seus argumentos,
Vi no rosto de minha mãe a imagem do
desespero."
"Foi aí que decidi entrar de fininho,
Havia no local muito fogo e fumaça,
Procurei apressadamente pelo meu irmãozinho,
Tentando evitar uma desgraça."
"Em um dos quartos encontrei o meu irmão,
Estava enrolado numa toalha molhada,
Nesse momento vi algo caindo na minha direção,
Protegi e salvei meu irmão, mas fiquei com a face queimada."
"Vocês podem achar feia a minha cicatriz,
Mas todos da minha casa não pensam assim,
Eles me amam por tudo que eu fiz,
E a cicatriz não é nada perto do que sentem por mim."
Após o relato, a diretoria ficou envergonhada,
Vários alunos choravam, e o garoto sussurrou:
"A beleza fisica agrada, mas não vale nada,
Se não for acompanhada com a riqueza interior."
Rodivaldo Brito em 25.04.2019 adp.
SE UM DIA EU PARTIR
Se um dia eu partir antes de você,
Vou entender por você ter chorado,
E comprender o teu sofrer,
Mas não indagues a Deus por ter me levado.
Se alguém quiser depois falar mal de mim,
Não consintas que digam que eu errei,
Nem permitas que me vejam assim,
Sem poder expressar o quanto te amei!
Quando você lembrar da nossa alegria,
E ouvir a minha voz lhe dizendo: minha linda!
E tiver vontade de chorar. Não devia...
Tudo fará você sofrer mais ainda.
Se a minha morte te fizer chorar,
Então chore o bastante,
Porque cada lágrima que você derramar,
Vai dizer o quanto fui importante!
Rodivaldo Brito em 21.04.2019
NO POÇO SEM FUNDO
Porque continuas a errar,
O fundo do poço ainda é raso?
Não vê que não podes cavar,
Que não dá pra seguir nesse passo?
Não sabes que lá fora há gente amiga,
Jogando uma corda pra te alcançar?
Acorda e volta pra vida,
A tua ferida vai cicatrizar.
Porque te isolas nesse buraco,
Perdendo o contato com o mundo?
A solidão te fará mais fraco,
Te aprisionando nesse poço sem fundo!
Tu dizes que a vida não vale um segundo,
Que o poço é o fim de quem sempre foi réu.
Mas o fim é quando chegamos no fundo,
E não desejamos olhar para o céu!
Rodivaldo Brito em 09.04.2019
Tudo que você pensa você atrai
O mundo é uma ilusão criado dentro da nossa subconsciência capaz de transmitir ao nosso comportamento coisas que não sabemos o significado. Você é o que você pensa ser, mesmo você alcançando o que pensa ser você é incompleto, nascemos sem saber de onde viemos, e morremos sem saber pra onde iremos, não defendo nada como verdade absoluta aquilo que só eu posso desfrutar dos meus pensamentos.
DELAÇÃO PREMIADA
Senhor procurador, venho nessa audiência inicial,
E com hora previamente marcada,
Atendendo ao procedimento investigatório criminal,
Solicitar a aceitação da minha delação premiada.
Eu vou confessar tudo que sei,
Até porque nada do que fiz foi sozinho,
Se não atentei para o que diz a lei,
Foi num momento de carência de carinho!
A minha ex-companheira foi a mandante,
E com requintes de extrema frieza e falsidade,
Me fez acreditar que eu era importante,
E que por mim nutria uma afetividade.
Estou arrependido do delito que cometi,
E me envergonho de ser partícipe desta empreitada,
Mas fui refém das palavras que ouvi,
Sendo induzido pelos beijos da acusada!
Ela é autora principal da prática delitiva,
De forma coercitiva atraiu minha atenção,
Eu tentei, mas não tive outra alternativa,
Na primeira investida, entreguei meu coração!
Como prova, entrego todos os documentos,
Que apontam a conduta imputada à acusada,
Vários videos registrando os bons momentos,
E as cartas escritas com letras douradas!
Feito isso, renuncio ao direito do silêncio,
Mesmo querendo nada mais declarar,
Mas preciso alertar a todos que pensam,
Que um grande amor nunca vai se acabar.
Rodivaldo Brito em 01.05. 2019
Não me arrependo!
Não me arrependo de viver aquele momento
Me arrepender é o ato de viver sem você
Assim como a outrora da vida
Me arrepender é estar sem saída
Me mostre porque me arrependi
Faça-me voltar a viver ali
Nos altos e baixos da vida
Irei me arrepender nos fracassos da linha
Sentimento perdido,amargo e sofrido
Arrepender é voltar atrás e morrer
Castelo de Sonhos
A menina até hoje brinca com a boneca de pano, e com seu sorriso indulgente desabrocha no Jardim da vida pétalas
em flor...
Em seu castelo pueril observa agora atentamente suas mãos enrugadas e as marcas de expressão em seu rosto que ficou...
Mas ela continua sonhando e acha que o tempo não passou...
Ana Salvador
Garota dos olhos azuis
Sorriso celeste
Amor contigo trouxeste
Mostrar alegria conseguis
És como o outono
Suas folhas a trocar
Sua alma é um lar
Adoro o seu pensar
Salvador é seu sobrenome
Por isso você é forte
Mesmo com o seu sofrer
És bela do amanhecer ao anoitecer
Garota você é incrível
Seu sentimento é imprevisível
Alma corroída 1986
Meu amor por você se foi
O vento levou o sentimento
Simultâneo árduo momento
Não há nada mais que pensamento
Coração formado de pedra
Deixei você e despertei a fera
Por mais que eu busque a bela
Saia agora da minha mente
Sua falsa serpente
Esta corroendo minha alma
Está me envenenando com calma
Morrendo estou por dentro
Me matar é um jogo lento
Só que a você é satisfatório
DO PARAPEITO VITAL
Não sou aquilo que vês...
A couraça que percebes
é o excesso de fragilidade,
que move ou tortura.
Dentro da concha cerrada,
a porta em ferrolhos,
permito frestas que me alimentam.
E o alimento caminha filtrado
no suporte do meu parapeito.
Nele contemplo
o complexo do ser
em solidão e unidade.
Contemplo a comunhão
da beleza e ironia,
da grandeza e mediocridade,
dos rumos e destinos vãos,
do irreversível óbvio pó
e o tão divinal inevitável está
em simplesmente ser.
Em entendimento e devolução
converto o que vejo
em palavras que registro.
Em minha suposta apatia,
passam as coisas, os homens,
os fatos, e deixam cargas e marcas
e a sensação, de ser tudo
simples e infinito.
Não há nada que me exclua
ou me distancie da engrenagem.
Sou partícula num todo
de massa, cinza, éter.
Mesmo deste parapeito inescrutável
(dirás?) e vital feito placenta,
habito um universo em que sou parte
e magicamente sou todo.
IDENTIDADE
Sensação de outono.
Em que folhas soltas
ao vento se perdem leves,
em total desapego.
É quando me percebo
mais amiúde, transmutada.
Sempre em profusa doação,
me acompanho: adubo da terra,
úmido limbo, absorvido
pelas pedras, sal e lama.
Entregue às estações,
desprendida, aceito o ciclo
da regeneração.
Tudo sentindo, fundo.
E ao sentir, espalho palavras,
assim como as folhas ao vento.
Renovo-me.
Assim sou parte.
LABAREDAS
De João Batista do Lago
Minha poética ‒ chama eterna que arde! ‒
Movimento são de vívidas labaredas
Inquietas procuram todas as consciências
Seja nos casebres ou salões das nobrezas
É flecha mortífera que fere a destreza
Miserável luz de toda dominação
Capaz da subjugação sobre qualquer néscio
Incapaz de perceber sua escravidão
É bala de ouro matando a servidão
Do fiel encantado pelo vil discurso
Hóstia de fel ofertada como pão
Alimento de toda opressão miserável
Que mascara de toda vida o amargor
Encarcerando o ser na história de dor
O SAL DA MINHA VOZ
Não reconheceram
Minhas palavras como ouro
Ou trigo,
Mas escutem o que digo:
Amanhã se levantará
Um grito
Que tropeçando se arrastou
Por toda a vida
Dentro de mim.
Mesmo o silêncio
Das pedras
Vai murmurar
Escandalosas ideias
Que escondi.
Peço ao mar
Que com o seu sal
E alento
Empreste à voz das sereias
Os poemas
Feitos à minha Deusa.
As camas todas
Rabiscadas por mim
Com o sangue e o gozo
Da minha vida.
Não cicatrize nunca
A ferida.
Meu sangue escorrerá
Sempre pelo mundo
Nas revoluções camponesas.
Na prece
Nos quartinhos de bordéis.
Nos gabinetes
O açoite do meu grito
Vai prosperar.
O sal da minha voz
Tirará lágrimas
De olhos cálidos
E fará brotar o amor
No meio da guerra.
O sal da minha voz
Vai temperar a paz
Entre as Coreias
Esquecidas.
BREGUEDO
DIAFANEIDADE
De João Batista do Lago
Essa vontade de potência rege a vida
Transmigrando almas para novas essências
Transgredindo toda a inútil moral servida
Nos banquetes de vetustas inconsciências
Essa moral enfatuada por certo é morte
Da sublime nobreza que sempre te reluz
Deseja enganar-te… quer ser litisconsorte
Oferecer-te a alcova que a tudo reduz
Foge de tão loucas e insensatas promessas
Jamais te deixará alcançar toda virtude
Roubará por certo o vigor da juventude
Corolário supremo de toda verdade
Que te premia a carne-vida desde o princípio
Alma pura retornarás se te cuidares
O Rio
nasce na minha porta
- preenchendo toda aorta -
um rio
de água negra
e fervente
que corre alheio
corta ao meio
e quebra
a paz e jaz
o silêncio
enquanto segue selvagem
o veio pulsante
e febril
transborda a margem
a forte corrente
transpassa a mata
e mata
de repente
deságua em guerra
em um mar calmo
esse rio
- lágrimas da alma -
inundando cada palmo
invadindo a terra
a sala
o peito, a mala
me afogo dia a dia
no rio de minh’alma
Novos Conselhos para uma Vida Riquíssima
Espalhe gratidão enquanto houver amizade
E de ninguém deseje a piedade
Hasteie sua felicidade como uma grande bandeira
E diga a verdade de qualquer maneira
Distribua sua gargalhada entre os boçais
E tire para dançar os anormais
Tenha desprendimento pelo material
E leve sua cama para o quintal
Seja amor enquanto todos são razão
E aos sentimentos saiba dar vazão
Mostre o que vai além do espelho
E não se torne um jovem velho
Da arrogância não vista a fantasia
E não fique à sombra de uma relação vazia
Abrace seus sonhos com determinação
E enxergue com os olhos do coração
Seja como a chuva em um chão que agoniza
Faça brotar vida que você se eterniza
Isso é o Mundo Inteiro!
nessa lembrança meio dormente
onde deixei meu coração descansar
estranhamente firmou-se a paz
talvez seja algo que o vento trouxe
ou seu cheiro num sonho que não se desfaz
tudo vem tão rápido e tudo passa
simplesmente
suba em uma árvore e fume um paieiro
isso é o mundo inteiro
caminhamos por trilhas
andamos milhas
mas somos ilhas
não se distancie ao toque
peça, grite, soque
mas não se entoque
os maiores ausentes
estão sempre presentes
e compartilham com a gente
a poeira da serra pinta o céu
e o sol veste um vermelho véu
todo entardecer leva algo meu
em um horizonte que sempre foi seu
Sobre a Distância e Outras Coisas
todos os dias morrem em mim infinitas estações
veladas em um templo transparente e quebradiço
de ausência entre os segundos e todas as horas
há um certo terror pelos cálices que não te calam
e pelos beijos que não te banham os lábios
não acredita em distância o pássaro que voa alto
e nós também voamos alto, só que pra dentro
e igualmente fizemos da leveza libertação
mas deixe o pássaro, o passado e esqueça tudo
ainda longe posso acender a vela do teu coração
e reconhecer teu olhar descalço
a intensidade da voz e o calor da alma
e dizer bem suavemente em teu ouvido
que eu atravessei essa ponte em oração
sim, veio a destempo e passo a passo
hoje, tudo de ontem ficou sem graça
incendiou a casa, me empurrou do penhasco
rasgou as palavras pra falar em silêncio
sem artifício ou prenúncio
agora, percorrem minhas veias espaços sem retas
- me moldei em suas curvas -
sem dilemas e restos
apenas lembranças florescidas em pequenos detalhes
um afago adequado, um assanho ousado
o próprio despudor, tomado de assalto
e o amor, vestido de salto
Uma Réstia de Luz
Sou eu nada
Além de um pouco de tudo
Do que você me deixou ser:
Um deserto de horas intermináveis
Somente um pouco de tudo
Do que você me deixou ter:
Sua respiração esquecida e ritmada
No meu peito
De algum tempo
De algum lugar
Eu trouxe uma lasca de tua existência
Comigo
Uma réstia de luz do teu olhar
Um pedaço de tua alma
E agora
Ver-te já não basta
Você se tornou outro sol
E outra lua
E não há amanhecer
Ou entardecer sem a presença tua
Nos Teus Olhos
Nos teus olhos não há inverno
ou outono
ou tom
que não tenha prazer
e lágrimas de morrer
por um anseio secreto
Nos teus olhos é sempre primavera
e há sempre uma vela
acesa
com o desejo à mesa
servido antes do café
com toda a fé
ardente
no que não se entende
Nos teus olhos existem caminhos sem volta
há abismos e precipícios
profundos
de dois mundos
que buscam se encontrar
há minha sede de amar
e teu vício de estar
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