Poesia Completa das Borboletas
e eu fecho os olhos pra você
e eu fecho os olhos pra dançar com você
e eu fecho os olhos pra dançar com você e já esqueço
qual o meu cangote qual o teu cangote
qual a música qual o dia da semana
que a vida continua que o brasil sangra
que talvez seja possível respirar após a morte
penso que não precisamos dar nome
ao que sentimos
ao que não sabemos
você olha pra mim e pensa
em girassois e em amarelo
você pensa em pescoço
você pensa em fogo
você pensa em palavra
abra-te suposições,
fecha-me.
rodopio, mártir.
sambando em sobras...
de canções que se esvaem pelos cantos.
supra-me ou,
supero.
belo horizonte, belo.
solo brasileiro.
sexta “fera”, voraz.
ser e não ser,
sendo.
patético e fútil,
fluindo.
não me sinto, oras...
nem te sentes.
matéria prima terceirizada,
explorada,
usurpada...
reflorescerás.
tem uns poetas que são grandes
grandes poetas
enormes
enormíssimos, li outro dia
eu quero ser pequena
minúscula
nanopoeta
e por nunca acertar o ponto de corte do abacate.
é sempre um madurou, não madurou, madurou, não madurou, o caroço ainda não balança, vai ficando meio mole, bate um medo de estragar
e fica um gosto de cica na boca.
fosse as contas, contratos, horários
fosse o abuso, a flacidez, as jornadas
contra a menina na janela
que conta os carros do pátio
tenta adivinhar seus donos, marcas, destinos
ela respira o nublado do apartamento no primeiro andar
seu pulmão neblina
ela sabe que o tempo
condensa trajetos
precipita
Quem me dera ter
Os velhos sorrisos de volta
Ter os velhos abraços para abraçar,
Na amarga e solitária noite
Só por mais um minuto
Antes do mundo acabar.
Quem me dera rir até
Que minha barriga se contraia
Que o juramento deste coração me traia
Nem que seja só por hoje
Antes do mundo acabar.
Quem me dera ver-me com orgulho
Na silhueta grotesca do espelho
Nem que seja por um perdão derradeiro
Antes do mundo acabar.
Quem me dera sentir menos
O peso que acarreto dos dias
Aliviar a dor da morte e a certeza da agonia
Antes do meu mundo acabar!
Ela é tão linda!
E eu nem menciono a face,
mas a forma como reage,
como ela acorda todo dia.
Tão doce, tão forte!
Merecia até melodia
pra traduzir o que só ela sabe ser.
É o sujeito perfeito
que se julga imperfeição.
Seus tons, seus dons, sua cores,
suas simetrias não negam,
as discrepâncias indeléveis.
Sem Fim
A imaginação viaja leve e
solta, sem preposição ou
oposição, flutua, aguça e da
risada da própria inconve-
niência e criatividade.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
O amor !
È amor natural e absolutamente necessário
Meu amor parece uma casa de taipa, sem luz elétrica
No entanto tem um lampião de gás que fica aceso todo o tempo...
Costurando reflexão no vestido do sonho
Bordando escrupulosamente minha vontade...
Penso!
Como elaborar um drapeado amoroso?
- Talvez!
Tecido leve?
Que permita movimento...da paixão...
Presença, amor e devaneio
Não duvides que lhe traga
As manhãs alongadas
E nem te deixes confusa
Nas noites mais desatadas.
Os versos que plantaste
Em minha boca
Ardem sossegados à espera de teus beijos.
Se houver vazio
Tentarei renovar as ausências
E volver oceanos
Para inundar tua ilha.
O amor tritura lentamente
As pedras do caminho,
E meus canteiros agitam opulentos
À afogar tua ânsia,
E as espumas de teu dia a dia.
Dialogo com tua aceitação,
E abraço teus carinhos enfardados
No ventre insinuante de tua pelve.
Livro: Travessia de Gente Grande
Ademir Hamú
Todos os Dias
Há meses, poucos, abri a porta, caminhei até você e até então o que havíamos falado por instantes virou realidade.
Você também abriu a porta, tropeçou, titubeou e segurou-me pela cintura. Dominou o que era seu ou "o que lhe foi meramente ofertado".
No escuro de tudo, você mirou sua conquista. Como todo território, eu era grande c você sussurrou vitorioso:
— Você é linda!
Avancei mais e cobri minha paz em seus lábios e por segundos você não perdeu tempo, apalpou as montanhas dos meus seios como céus intransponíveis.
Te resguardei, sua valentia, minha insensatez – procurei te agradar, te arrastei em meus campos: mas não havia paz entre árabes e judeus.
Havia escutas nas divisas e não mais nos avistamos.
Só restou a miragem dos seus passos no escuro, meio ao bombardeio e nosso desejo que não é pecado, somente desejos.
Hoje nos avistamos através de telas de vime: cada um em seu lado.
E na imaginação de toda composição, eu durmo com você
Todas as noites
E o meu desejo por você
Ainda me acorda
Todos os dias.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
Meu Segredo: Seu Rastro
Minha bolsa esconde um jardim de aromas cítricos e adocicados que ventilam lembranças que caem como tempestades.
Entre aspirinas esfareladas, resto de uma história perdida que insiste em viver.
Busquei em você refúgio e caí num abismo de infinitos desejos.
Ela, a bolsa, a única testemunha de nossos beijos guarda silenciosa nosso segredo. Dentro dela um lenço com um grama de seu perfume.
Não te vejo mais.
Passa distante, desconhecido. Mas quando a saudade vem soberba em querer você.
Sou humilde, abro a bolsa, desdobro as lembranças respingadas, inspiro seu perfume e me deito com os segredos.
Dentro da minha bolsa um jardim de história e segredos perfumados.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
RITMO
Quero-te com trombetas de anjos,
Com mãos de pianista,
Com tambores rufantes,
Com sinfonia de pássaros,
Com bateria ritmada.
Quero-te com carrossel de flores,
Com grinalda em cores,
Com borboletas em voo,
Com coral de anjos,
Em comunhão amante.
Quero-te no baile dos amores,
Bolero apaixonante,
Olhar nos seus olhos,
Desmaiar em seus braços,
Dançarino meu...
Olhar de bolero!
Você disse que
quer me tocar,
e muito mais
do que deixar
você me tocar
o quê eu quero
mesmo de você
é ser seduzida,
e ser infinita
à te encorajar
a ter a dádiva
de viver comigo
um amor bonito.
Para o encanto
de amor embalar,
você há de fazer
o teu kanun
dos raios de luar
para unificar
os meus sonhos
mais provocativos
aos teus lascivos.
Eu me consinto
a nós e a tudo isso
pelo conjunto
da obra e por
ser quem você é,
e por possuirmos
inúmeros signos
que se harmonizam
como os exóticos
bouquets orientais
que fabricam
os incensos mais finos.
Neste destino a pé
iluminado pelos astros
e como quem entra
descalça num templo
haverei de te esperar
quando o Atlântico
você irá atravessar
por tudo o quê o amor
por nós haverá de falar.
As cidades, as verdades e os muros.
Era manhã de abril e o céu não se cobriu de nada, e nas
cercanias da cidade descortinaram a estampa de seu amor fraseado,
pregado em todos os muros da cidade.
Diziam que era amor, mas tanto amor era resguardado, não
era arregalado e na boca de todos cingiam frases recortadas de
verdades que moram no absoluto julgamento de todos.
O que era velado, surdo, intransponível, efervesceu e tingiu
os muros de toda a cidade.
Agora não tinha mais vestes, arrancaram seus sentimentos
e dependuraram seus trapos pelos muros da cidade como
interpretavam.
Ela virou só lamento, andava quase seminua e todos
desviavam de sua presença. Diziam que nos muros cuspiam as
estações gravadas, onde sua boca pousou, o que dela suspirou e
com quem dançou.
Como se atrevera a tanto?
Não havia nela talento para o mal, arrombaram e viram a
folia de seu coração.
A chave se perdeu e o preconceito nasceu das reentrâncias
dos muros que circundam as cercanias das cidades.
Nos trapos as verdades despiram-se, como se fossem
realidades nunca realizadas, onde o leviano é sentinela de quem
não sabe nada de verdades e sentimentos.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
bula
todo dia
sempre que puder
de doze em doze horas
o médico recomendou caminhar
de oito em oito horas
tá doze por oito eu acho
de seis em seis horas
a rezadeira disse que era olhado
de homem e de mulher
de três em três anos
colocar dois dedos no pulso
para lembrar que ainda se está vivo.
exame
bateu de consultório em consultório,
pensou ser sopro no coração,
arritmia,
mas chegou ao ambulatório
à procura da denominação
descobriu!
sofria de sentimento nômade.
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