Poesia Amor Nao Realizado Olavo Bilac
O problema central da "ética libertária" é que ela confunde propriedade em sentido lógico com propriedade em sentido jurídico. Por exemplo, em lógica, uma substância pode ser definida independentemente de existir ou não, e nesse sentido a existência se acrescenta à substância como uma propriedade. Juridicamente, aquilo que não existe não pode ser titular de direitos, a existência passando a ser portanto não uma propriedade, mas um PRESSUPOSTO da possibilidade mesma de haver direitos, inclusive o de propriedade. Matar um cidadão, suprimi-lo da existência, não é violar um direito de propriedade, mas sim extinguir a possibilidade mesma de que ele desfrute de quaisquer direitos, inclusive o de propriedade. Inverter isso é um erro lógico tão elementar que não deveria ser preciso discuti-lo.
Reduzir a uma "propriedade" aquilo que é a precondição mesma da existência de propriedades é o mesmo que reduzir a vaca a uma espécie de leite.
Espero que todos -- pelo menos os meus alunos -- percebam claramente que a minha objeção à "ética libertária" é de ordem puramente filosófica, e não baseada em alguma suposta "opção ideológica" concorrente.
Marx reconhecia a existência de uma essência humana superior à propriedade. Nenhum libertário chegou a tais alturas.
O argumento de Hans-Hermann Hoppe em "Democracy, The God that Failed" é irrefutável, mas suscita o seguinte problema: ou a "ordem natural" terá de ser implantada mediante uma revolução mundial que concentrará mais poder do que todas as revoluções anteriores, produzindo portanto ordem natural nenhuma, ou permanecerá apenas como uma unidade de comparação teórica para orientar combates pontuais que, como acontece com freqüência com as iniciativas "libertarians" (veja-se a eleição para governador na Virginia), podem dar resultados opostos aos desejados porque não há medida comum entre a sociedade ideal e a política prática.
A vantagem mais imediata da cultura literária é ensinar você a perceber imediatamente aquilo que é postiço e soa falso. Se você não tem essa capacidade, TODAS as suas idéias serão erradas.
O relativismo cultural vale como uma precaução metodológica inicial, para frear o ímpeto de julgar tudo "a priori" segundo a opinião vigente, mas, erigido em dogma que molda antecipadamente as conclusões, achatando e neutralizando tudo, torna-se um dos princípios fundamentais da estupidez acadêmica. Principalmente porque ele É a opinião vigente, o que o torna instantaneamente auto-contraditório.
A combinação formal de argumentos é um processo mecânico e a parte mais baixa da inteligência verbal. Quanto mais vazios de conteúdo representativo real, mais facilmente os conceitos servem a essa atividade, na qual, simplesmente, palavra puxa palavra. A mente adestrada nisso prematuramente pode se tornar, para sempre, incapaz de deter o automatismo combinatório e parar para comparar as definições nominais com os conteúdos representativos colhidos na experiência e guardados na memória, estabelecendo uma ponte entre a verbalização e a apreensão não-verbal -- o que é a essência mesma do processo cognitivo superior.
A flexibilidade para incorporar mentalmente os capítulos anteriores da evolução filosófica é a marca do filósofo genuíno, herdeiro de Sócrates, Platão e Aristóteles. Quem não tem isso, mesmo que emita aqui e ali uma opinião valiosa, não é um membro do grêmio: é um amador, na melhor das hipóteses um palpiteiro de talento. Muitos se deixam aprisionar nesse estado atrofiado da inteligência por preguiça de estudar. Outros, porque na juventude aderiram a tal ou qual corrente de pensamento e se tornaram incapazes de absorver em profundidade todas as outras, até o ponto em que já nada podem compreender nem mesmo da sua própria. Uma dessas doenças, ou ambas, eis tudo o que você pode adquirir numa universidade brasileira.
A obra do Mário Ferreira é como uma mulher lindíssima coberta de sujeira, com os dentes quebrados, os cabelos empapados de lama e esterco, vestida com sacos de estopa e, para a satisfação e lucro de aproveitadores, vendida no mercado de escravos.
Nenhum conservador deve ter a imprudência de comparecer a uma universidade para dar uma palestra sem levar uma tropa-de-choque disposta a tudo, igual àquela que o estará esperando para não deixá-lo fazer a palestra. A igualdade democrática, salvo engano, opõe argumentos a argumentos e tropas-de-choque a tropas-de-choque.
Existem ainda remanescentes de uma velha direita policialesca, irracionalista, machista, moralista (da vida alheia) até à demência, visceralmente antinordestina, às vezes anti-semita e sempre supremamente cretina. Essa direita tem de ser EXTINTA antes que se possa oferecer qualquer resistência séria à ditadura petista. Não é por uma questão de imagem. É que andar com maluco faz mal à saúde.
O que é exatamente uma investigação científica? Para inaugurar um novo setor de investigação científica, o cientista separa, isola um certo campo de fenômenos, baseado na hipótese de que esses fenômenos são regidos por uma uniformidade interna. Ele observa alguma uniformidade externa, supõe que por trás dela há uma uniformidade interna logicamente expressável sob a forma de uma hipótese científica explicativa ou descritiva, e em seguida se esforça para encontrar essa unidade interna dos fenômenos, de modo que em grande parte a atividade cientifica é tautológica: o que determina o recorte dos fenômenos é a hipótese de que eles obedecem a uma certa uniformidade interna, e o que determina a investigação científica é a busca dessa mesma hipótese unificadora. Isso equivale a dizer que nenhuma ciência investiga propriamente a realidade concreta, mas apenas um recorte hipotético, que em seguida deve ser confirmado mediante a investigação da mesma hipótese. De certo modo, nós podemos dizer que a ciência é um jogo de cartas marcadas. Às vezes o jogo não funciona, mas o ideal é que ele funcione.
A filosofia é justamente a busca de uma capacidade interna que você tem de discernir a verdade dentro da máxima medida humana, e portanto você mesmo vai ter de ser o juiz da coisa. Mas se você quer ser o juiz, você tem de se preparar para isso. Você precisa buscar dentro de si um ponto de seriedade máxima para poder ter a credibilidade máxima.
Eu considero que a filosofia, quando se constitui como profissão universitária na universidade medieval, abre chance para um progresso formidável da técnica filosófica. Mas a profissão tem suas exigências internas. A profissão é um fenômeno sociológico por si mesmo, e a estrutura desse fenômeno sociológico é inteiramente independente da constituição da filosofia enquanto disciplina e forma de vida; não há coincidência entre as duas coisas. Se você observar as várias fórmulas sociais em que se apoiou a prática da filosofia ao longo dos tempos, você verá que é uma coisa bastante variada. A filosofia começa como uma espécie de clube de aficionados, reunidos em torno de Sócrates, Platão e Aristóteles, e as primeiras universidades se constituem exatamente assim.
Em geral, qualquer discussão filosófica contemporânea está repetindo alternativas que foram formuladas por Sócrates, Platão e Aristóteles. Nós não conseguimos sair de dentro do território delimitado por eles simplesmente porque esse território é a filosofia. Você pode até não gostar disso, jogar tudo fora e fazer outra coisa, como fez Nietzsche. Mas se é outra coisa, é outra coisa — iniciada por você, ou por Nietzsche, sem nada a ver com a filosofia no sentido em que historicamente a palavra faz sentido.
A filosofia é uma meditação, uma análise crítica sobre o conjunto dos seus conhecimentos e de sua experiência, inclusive a religiosa. Nesse sentido, a filosofia se torna obrigatória para qualquer pessoa capaz de exercê-la. Se você consegue se colocar problemas de nível filosófico, então você tem a obrigação de desenvolver uma capacidade filosófica para poder raciocinar responsavelmente sobre os assuntos que lhe interessam. Não se trata de, como dizem, 'aprender a pensar'. A filosofia não é 'aprender a pensar', de maneira alguma. Todo mundo sabe pensar: é uma coisa espontânea, até um macaco ou um gato sabem pensar. [...] O objetivo de todo pensamento, como já demonstrou Aristóteles nos Tópicos, é provocar a intuição. O que é intuição? É conhecimento direto, percepção direta. Aristóteles diz que, na dialética, o confronto de várias idéias e hipóteses cria uma espécie de massa crítica, até que chega uma hora que, por intuição, você percebe as coisas como elas são. Este é o objetivo: aprender a saber, não a pensar.
Hoje em dia as pessoas dizem: 'Eu tenho a minha idéia, mas eu respeito a sua'. Mas ora, se eu tenho a minha idéia é precisamente porque eu não respeito a sua. Se eu não acho que a minha idéia é melhor que a sua, por que eu digo então que esta é a minha idéia? Ter uma idéia é achar que ela é melhor que a do outro. Como é possível eu ter uma idéia se eu acho que ela vale tanto quanto a idéia contrária? Se eu acho que duas idéias valem a mesma coisa, ou é porque eu não acredito em nenhuma delas, ou é porque eu estou em dúvida. Isso significa que todo sujeito que diz que tem as suas idéias mas que respeita as idéias contrárias dos outros é um hipócrita. Sinceridade seria dizer que você respeita o direito que os outros têm de dizer a besteira que quiserem, mas que você acha que quem está certo é você e que os outros estão errados.
"Como é que se começa uma educação? É lendo toda a literatura imaginativa que você possa. Porque a percepção humana, geralmente, é muito acertada e dificilmente erra. Mas, quando você passa para a esfera da imaginação e memória, já não funciona tão bem quanto a percepção. E quando você pula um grau a mais, para o pensamento conceitual, a possibilidade de erro é enorme. Quanto mais você investir nos andares mais baixos, mais estará reduzindo a possibilidade de erro, ainda que ao preço de muitas vezes perceber coisas que não consegue verbalizar. […] Lembre-se de Leibniz, que dizia que o sujeito que tivesse visto mais figurinhas seria a pessoa mais inteligente, porque teria a imaginação mais vasta."
TODOS os males do mundo político, sem exceção, vêm de grupos revolucionários iluminados que, a pretexto de resolvê-los, concentram cada vez mais poder nas suas mãos.
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