Poemas Sombrios
Ela era a luz que iluminava meus sonhos mais profundos,
Um eco de risos que dançavam nas sombras da minha alma.
Era a brisa suave que acariciava meu ser,
A melodia perfeita que preenchia o vazio do meu coração.
Mas eu, ah, eu era apenas um reflexo distorcido,
Um sussurro perdido entre as estrelas que ela admirava.
Não era o herói de suas histórias,
Nem o amor que seus olhos ansiavam.
Enquanto ela brilhava como um sol radiante,
Eu me escondia nas nuvens da insegurança,
Um viajante solitário em um deserto de anseios,
Desejando ser o que ela sempre sonhou,
Mas preso em correntes de incerteza e dor.
Ela era tudo que eu sempre quis,
Mas eu não era o que ela queria,
E assim, em um balé de destinos desencontrados,
Nossos caminhos se cruzaram, mas nunca se uniram.
Poema do Recomeço
No ocaso do nosso entrelaçar,
Despontam sombras no horizonte do amar.
Desvelamos adeuses, tecendo a despedida,
Mas nas cinzas do ontem, pulsa nova vida.
No crepúsculo das promessas não ditas,
Desprendo-me de mágoas, antigas feridas.
Palimpsesto da alma, recolho fragmentos,
Esculpo a esperança em novos ventos.
Desatamos os nós, soltamos amarras,
Palavras raras, como pérolas, semeiam as parcas.
Na penumbra do fim, busco o inédito,
Quero o novo, o inexplorado, o mágico.
Em cada lágrima, um cristal dissolvido,
Resetando a trama, que foi tecida.
Esquinas do coração agora redefinidas,
Entre-laces novos, promessas coloridas.
Nas veredas do reencontro, raro e sutil,
Encontro-me, reinvento-me, em busca do febril.
Na alcova do futuro, danço a dança da aurora,
Embalado pela melodia de uma paixão que aflora.
casa de horrores
Na casa de horrores, o medo é senhor,
Sombras retorcidas, não há salvação,
Onde o mal espreita, não há coração,
E a confiança é apenas uma ilusão.
O desejo de ir embora nos consome,
Mas correntes invisíveis nos prendem,
A realidade é terrível, nos sufoca,
Neste lugar onde os horrores nos rendem.
Palavras de xingamentos, veneno nos lábios,
Agressões verbais ecoam pelos corredores,
Não se pode confiar em ninguém aqui,
Neste mundo de pesadelos e horrores.
Gritos ecoam pelas paredes sujas,
Esperança desaparece no ar rarefeito,
Nossos olhos refletem a terrível verdade,
Neste lugar onde o mal é perfeito.
As sombras se movem, sussurram segredos,
Nossos passos são seguidos por olhos famintos,
A escuridão nos envolve, a sanidade se esvai,
Neste lugar onde o medo é o que mais sinto.
Na casa de horrores, queremos escapar,
Mas as portas estão seladas, não há saída,
Nossos corações batem no ritmo do terror,
Neste lugar onde a esperança está perdida.
Em um mundo de pesadelos, tentamos resistir,
Às palavras cruéis e à maldade que persiste,
Mas o peso da desconfiança é esmagador,
Neste lugar onde a confiança não existe.
Na casa de horrores, nosso tormento persiste,
Em um labirinto de horrores, não há piedade,
Esperamos o dia em que a luz possa surgir,
E nos libertar desta terrível realidade.
Mas até lá, estamos presos neste lugar sombrio,
Onde o medo, a desconfiança, o ódio persistem,
Na casa de horrores, nossa luta continua,
Até que um dia, nossa liberdade conquistemos.
Na vastidão da experiência humana, encontramo-nos em uma encruzilhada onde as sombras do engano se entrelaçam com a luz da verdade. Duas sendas se revelam: uma convida-nos a acreditar no que não é verdade, uma dança ilusória que seduz corações crédulos. A outra, por sua vez, insinua-se na recusa em acreditar na verdade, um enigma tecido pela negação obstinada.
Acreditar na ilusão é render-se à encantadora narrativa que pinta realidades fictícias. É um mergulho nas águas turvas da fantasia, onde a mente, como navegadora incauta, é levada por correntes de ilusões sedutoras.
Por outro lado, a recusa em aceitar a verdade é uma jornada sombria, um labirinto onde a mente, qual guardiã da própria prisão, nega-se a enxergar as verdades que se desvelam diante dela.
Na imensidão do vazio, onde as sombras dançam ao redor de nossas almas
E se minhas lágrimas forem o eco do meu lamento, você as ouvirá?
Na penumbra da dor, você se torna o reflexo do meu tormento
Me afogo no oceano das memórias, enquanto você é a tempestade que me afunda
Como pétalas caídas, nossas promessas desbotam com o tempo
Você é o fantasma que assombra cada pedaço da minha história
Enquanto eu me desfaço, você permanece, uma cicatriz na minha eternidade.
Entre as sombras do adeus, o coração é um poço de melancolia,
Onde ecoam ecos de um amor que partiu, mas ainda se aninha.
No teatro da vida, a cortina caiu sobre o palco do afeto,
E a dor da separação se insinua como um frio inverno repleto.
Oh, homem de coração trespassado, teu peito é um relicário,
Guardando lembranças de um passado que se desfaz no calendário.
A mulher que partiu deixou rastros de saudade e desespero,
E o que resta são memórias que ardem, como brasas no fogueiro.
Ainda paira no ar o perfume da pele que um dia foi tua,
Mas agora, na solidão, a cama é um deserto que insinua
Que o calor humano se dissipou, deixando apenas o frio,
E o eco dos risos passados ressoa como um lamento sombrio.
As lágrimas, silenciosas testemunhas da tua dor,
Deslizam pela face, buscando alívio para a alma que chora.
A cada suspiro, ecoa a melodia triste da desilusão,
Enquanto o coração insiste em bater ao ritmo da solidão.
Mesmo assim, o amor persiste, como uma chama teimosa,
Que se recusa a extinguir-se, apesar da tempestade furiosa.
A mulher ainda vive nos recantos da tua mente,
Como uma sombra que te acompanha, constante e insistente.
Na escuridão da noite, o vazio se torna mais profundo,
E o eco do silêncio é a trilha sonora desse mundo.
Mas, oh homem que ainda ama e sofre na escuridão,
Lembre-se, o amanhã pode trazer consigo a luz da redenção.
Que o tempo cure as feridas e console tua alma aflita,
E que o amor renasça das cinzas, como a fênix bendita.
Pois, mesmo na dor da separação, há a promessa de um novo dia,
Onde o coração poderá encontrar a cura e a alegria.
Na dança sutil entre sombras e luz,
A fuga se ergue como um véu fugaz,
Mas seu encanto é efêmero, ilusório,
Pois ao fugir, a alma se dispersa.
Quem parte carrega mais que seu fardo,
Leva consigo um eco de despedida,
Um eco que ressoa nos corações deixados,
Marcando-os com a tinta da ausência.
A fuga é uma coreografia de solidão,
Uma dança onde o vazio é o par,
E quem foge dança ao som do silêncio,
Deixando para trás um palco vazio.
No fim, as fugas são como poemas tristes,
Que desumanizam os versos da vida,
E quem parte, por mais que busque se esconder,
Deixa um rastro indelével de suas pegadas.
Então fique até ter coragem para permanecer e dividir as levezas, preencher os espaços para que o eco não dissipe ímpar as coisas não compreendidas. Deixe a tinta daquelas ausências insistentes escorrem sob os pés enquanto bailamos.
Na dança suave da vida, um fotógrafo a caminhar,
Entre luzes e sombras, o coração a palpitar.
Um capítulo encerra, um amor que se desfez,
Mas na resiliência encontro força outra vez.
Nas lentes da vida, capturo a superação,
Cada clique, um passo em direção à redenção.
A separação, qual negativo a revelar,
Mas na revelação, a força a desabrochar.
O obturador da dor, em meu peito pulsante,
Cada lágrima caída, uma cena marcante.
A separação, um foco desajustado,
Mas na resiliência, um novo olhar é forjado.
As fotos do passado, um álbum a fechar,
Memórias que persistem, mas o futuro a esculpir.
No estúdio da alma, moldo a minha trajetória,
A resiliência é a luz, a guiar-me com glória.
Entre poses de tristeza, sorrisos ressurgem,
A cada revelação, mais forte me ergo.
O coração, como câmera, guarda o aprendizado,
Na força da resiliência, o amor é renovado.
No tripé da esperança, firmo meus passos,
Como um fotógrafo que encontra em seus traços,
A beleza da vida, mesmo após despedidas,
Na resiliência, a alma se refaz e se desdobra.
Assim, eu sigo, um fotógrafo resiliente,
Clicando a alegria que emerge, mesmo após o lamento.
A separação, uma paisagem no meu caminhar,
Mas na resiliência, um novo horizonte a se revelar.
Na trama da existência, o ser se enreda,
Entre luz e sombras, a jornada se creda.
A filosofia, guia do pensamento sutil,
Desvenda mistérios, no cosmos a persistir.
A mente, um oceano de indagações profundas,
Navega entre dúvidas, por sendas fecundas.
A busca pelo sentido, um eterno caminhar,
Na tessitura da razão, a verdade a desvendar.
Tempo, efêmera quimera a nos guiar,
Nas pegadas do ontem, o hoje a se esculpir.
No palco da vida, a incerteza como ator,
Cada instante, um paradoxo, um esplendor.
O ser, um eterno aprendiz do ser e do não ser,
Entre a realidade e o sonho, a compreender.
A filosofia, bússola na vastidão do pensamento,
Desenha mapas de conceitos no firmamento.
Em cada interrogação, uma busca incessante,
A filosofia, dança entre o finito e o distante.
Na contemplação do ser, no mistério do existir,
A mente se desenha, a filosofia a tecer e a persistir.
Nas sombras do tempo, ele caminhava solitário pelas ruas de memórias desbotadas. Seu coração, um mausoléu de amor, guardava o fogo sagrado por ela. Ela, a musa imortal de seus sonhos, vivia na penumbra de sua ausência, uma presença tão vazia quanto as ruínas de um templo esquecido.
Anos haviam se passado desde que suas vozes se entrelaçaram em canções de promessas e suspiros. Anos desde que seus olhares se perderam nos labirintos da alma um do outro. Mas para ele, o tempo era apenas uma cortina fina entre o que foi e o que poderia ser.
Ela era como a névoa da manhã, presente, mas intangível. Ignorava-o como se ele fosse uma sombra indesejada em seu horizonte. Seu silêncio era uma sentença, sua indiferença, uma espada que dilacerava sua alma a cada dia.
Mas mesmo na morte ficta de sua conexão, ele persistia, seu coração como um farol na escuridão, esperando por um vislumbre da chama que um dia ardeu tão intensamente entre eles. Ele a amava além das palavras, além do tempo, além da própria morte.
Em seu amor, ele encontrava uma imortalidade que transcende os limites do mundo físico. Seu amor era uma epopeia, uma saga de esperança contra toda a lógica, contra toda a razão.
E assim, nas brumas do esquecimento, ele continuava a tecer os fios do seu amor, esperando pelo dia em que a morte ficta que os separava se dissolveria, e eles se encontrariam mais uma vez nos braços do destino, onde o tempo não teria poder sobre o eterno laço que os unia.
Alma que resoa nas sombras da minha vida.
Adiqueri experiência num apse do meu apogeu...
Apocalipse de outras auroras.
Me torno entorpecido por claras lembranças.
Calida floresta no resquícios dos devaneios...
Exalto que a superfície é calma clara até ser obscura por suas atitudes.
Vejo que mundo está mais obtuso...
Pois tudo que acha se tornou assombroso...
Num ambiente onde tudo é muito atroz...
Aonde está sua opinião e apenas um fluxo de um pesadelo.
Aonde nada mais será feito ou importante.
Entre sombras de dúvidas, o coração palpita,
A vida, com suas voltas, muitas vezes hesita.
Mas ao seu lado, Strimani, encontro a luz,
Seu amor é o abrigo que me conduz.
Nos dias em que a incerteza se faz presente,
Seu sorriso é farol que me torna valente.
Em meio às tempestades que podem vir,
É seu carinho que me ensina a persistir.
Quando o medo sussurra e a mente se agita,
Seu abraço é a calma que tudo evita.
Juntos enfrentamos os altos e baixos da vida,
Com você ao meu lado, a jornada é querida.
Sei que nem sempre o caminho é claro,
Mas com você, cada passo é raro.
Por mais que a insegurança possa nos cercar,
Seu amor é a força que me faz acreditar.
Strimani, minha musa, meu porto seguro,
Com você descubro um amor tão puro.
Neste mar de incertezas, juntos vamos navegar,
Pois em seu coração encontrei meu lar.
Nas sombras da existência, eles me vislumbram,
Cegos à minha essência, surdos ao meu lamento.
Admiram o invólucro, ignoram a alma que habita,
Neste baile macabro da vida, sou um espectro errante.
Não busco o afeto da turba ignóbil e vã,
Prefiro nutrir as almas que comigo caminham.
Que se dane o mundo e seu julgamento fútil,
Sou o veneno e o antídoto, o pecado e a virtude.
Mil faces possuo, não por vil falsidade,
Mas pela complexidade de minha natureza.
Na cela úmida e fria de minha consciência,
Teu amor, paradoxo doce, é minha única clemência.
Sou a lua negra no céu da existência mundana,
Ora cruel como o inverno, ora terno como a primavera.
Entre o ódio e o amor, danço eternamente,
Um balé mórbido, belo em sua decadência.
O mundo me chama de monstro, outros de santo,
Eu sou apenas o reflexo de seus próprios encantos.
Ser, fazer, ter - trindade profana da humanidade,
Yin e Yang, em perpétua dualidade.
Valores imutáveis carrego como uma cruz,
Fiz chorar muitos, e chorei em solidão.
Posso ser gélido como a morte para meus inimigos,
E compassivo como um deus para estranhos em aflição.
Na cela fria do destino, teu amor me aquecia,
Às vezes, anseio voltar, para sentir tua falta com mais agonia.
O amor, esse tirano, exige sofrimento e medo,
Para florescer em sua plenitude, qual flor do mal em segredo.
O ódio gera violência, diz a sabedoria banal,
Mas já vi o amor causar dor mais fatal.
Entre pecados e virtudes, sou um ser grato,
Esperando que os céus vejam nisto algum valor inato.
Sou a lua em todas as suas fases etéreas,
Novo, crescente, cheio, minguante - uma dança sidérea.
Bom e mau, em medidas inconstantes,
Sou eu mesmo, em todos os instantes.
Quem sou eu para ti? Quem sou eu para o mundo?
Um enigma sem resposta, um abismo profundo.
Aceita-me em minha totalidade complexa,
Pois sou a poesia viva, bela em sua perplexidade.
Flavio “ The legendary “ Álvaro
Moça de Olhos Castanhos
Seleciosa, entre sombras e luz,
carrega um brilho que a vida traduz.
No fundo do olhar, um tom de vazio,
mas dentro do peito, um fogo macio.
Nas sombras da noite, o mundo se aquieta,
Dois corações pulsando em suave sintonia,
O nervosismo dança, a expectativa completa,
E o desejo se transforma em doce melodia.
Teus olhos brilhantes, como estrelas no céu,
Refletem a magia de um momento sonhado,
A brisa sussurra segredos de papel,
Enquanto nos perdemos em algo sagrado.
Nossos corpos se encontram, um toque delicado,
Como flores que abrem ao calor do verão,
Cada suspiro é música, um verso apaixonado,
Um hino de amor em perfeita união.
A primeira vez é um mistério encantado,
Um universo novo que começamos a explorar,
Entre risos e timidez, tudo é sagrado,
No calor do abraço, começamos a voar.
E quando os lábios se tocam em doce fervor,
O tempo se dissolve e tudo faz sentido.
É mais do que prazer; é a entrega de amor,
É o início de um caminho que nunca tem fim.
Então guardo essa lembrança como um tesouro,
Aquela noite mágica em que tudo mudou.
Nosso primeiro encontro foi puro e tão ouro,
Uma dança de almas que o destino selou.
Em um canto oculto, onde sombras dançam,
Nossos olhares se cruzam, a tensão avança.
O mundo lá fora, tão distante, tão frio,
Aqui, neste abrigo, encontramos nosso fio.
A adrenalina sobe, o coração acelerado,
Um espaço secreto, nosso amor revelado.
O toque dos dedos, como fogo a queimar,
Sussurros de desejo começam a ecoar.
No silêncio da noite, sob a luz da lua,
Nossas almas se entrelaçam em pura rua.
Proibido e intenso, o momento se faz,
Cada beijo ardente é um passo audaz.
As paredes guardam segredos de paixão,
Enquanto nos perdemos em nossa canção.
O medo do mundo se dissolve no ar,
Quando nos entregamos ao prazer de amar.
E assim, naquele lugar onde tudo era nosso,
Desafiamos limites, quebramos o colosso.
A primeira vez é um doce arriscar,
Um hino à liberdade que vem nos guiar.
Que o eco daquela noite nunca se apague,
Que a lembrança viva em nós sempre se trague.
No sussurro do proibido, eternamente guardado,
Nosso amor floresce em cada instante vivido.
"Amor Além das Sombras"
O amor não é um véu de ilusão,
Mas luz que dissolve a solidão,
Expondo-me nua, sem disfarces,
Revelando-me.
Nos teus olhos, oceano profundo,
Onde me perco e volto a encontrar.
Em cada onda, histórias dançam,
De sonhos, desejos e segredos ao vento.
O amor não é posse nem domínio,
Mas entrega, renúncia e liberdade.
Um voo de borboletas, leve e livre,
No jardim da vida que floresce.
Em cada toque, sinfonia ecoa
No coração, ressoando infinita.
Cada beijo, promessa sagrada,
De amor que transcende tempo e espaço.
O amor não é sombra nem fantasma,
Mas verdade, substância e calor.
É sol que ilumina noite escura,
Vento que afaga dor com ardor.
Nos teus braços, refúgio seguro,
Onde posso ser inteira, sem receio.
Tua presença, bálsamo divino,
Curando feridas, desfazendo anseio.
O amor não é acaso nem destino,
Mas escolha, entrega e devoção.
É fio que tece nossa história,
Melodia que une corações.
Em cada suspiro, prece silenciosa,
Em cada olhar, promessas eternas.
O amor é ponte que une almas,
Transformando-nos em essência plena.
E quando o amor nos encontra, enfim,
Nos tornamos um, indivisíveis.
Na união, desvendamos o infinito,
Liberdade, paz e beleza sem fim.
Superando as sombras do passado
As palavras de meu pai ecoavam como um decreto de inutilidade. As afirmações de minha mãe pintavam um futuro sombrio, desprovido de conquistas. O laço fraterno com minhas irmãs parecia frágil, distante da amizade que eu ansiava. Na escola, sentia-me como uma intrusa, uma aluna indesejada. A crítica de um professor ressoou profundamente, como se minha própria existência fosse um erro.
Cresci envolta em uma névoa de incerteza, questionando meu lugar no mundo. Hoje, aos 30 anos, reconheço o vazio que se instalou, reflexo das feridas do passado. Minha história pode não ser um conto de alegrias fáceis, mas ela é a minha jornada.
Ainda que em alguns momentos a vida pareça um fardo pesado, carrego em mim a resiliência de quem sobreviveu às tempestades. Se por vezes meus passos vacilam e o destino se oculta, a busca por um caminho permanece acesa. A tristeza que as incertezas trouxeram não me define, mas me impulsiona a buscar luz.
Na minha busca espiritual, volto-me para diversas crenças, na esperança de encontrar amparo e compreensão. E mesmo que o silêncio persista em alguns momentos, a fé reside em meu coração.
Sou feita da vastidão da estrada sob a noite estrelada, da firmeza do chão batido sob a luz da lua. Envolvo-me na delicadeza do perfume das rosas e na imensidão acolhedora do mar. Reconheço a multiplicidade de caminhos e destinos que se apresentam, e com renovada esperança, sigo adiante, confiante de que um deles me encontrará.
Lembranças
Em Timbó, onde o sol beija a colina,
Há sombras longas, de estranha sina.
Certos homens, fantasmas na memória,
Seus feitos ecoam, sem ter mais história.
Nunca morreram, em lendas suspensas,
Seus nomes sussurram, em bocas tensas.
Heróis de outrora, em bronze eternizados,
Mas seus corações, jamais foram amados.
Viveram de glória, de feitos marcantes,
Em livros de história, figuras gigantes.
Porém, a doçura de um toque suave,
O calor de um lar, a alegria que move,
Jamais sentiram, presos à missão,
Às frias armaduras da ambição.
Seus olhos não viram a flor que desabrocha,
Nem a simples beleza que a vida nos troca.
Assim, pairam sempre, em nosso pensar,
Modelos distantes, sem poder tocar.
Certos homens nunca morrem, é verdade,
Mas em sua eterna fama, falta a humanidade.
E há outros, vagando em meio à multidão,
Com almas silentes, sem ter direção.
Nunca viveram, pois medo os consome,
A ousadia dorme, o instante não some.
Passam os dias, sem deixar um traço,
Seus sonhos murcham, num lento fracasso.
A voz embargada, o passo incerto,
A vida se esvai, num deserto aberto.
Não provam o vinho, nem sentem o abraço,
Seu mundo é pequeno, um eterno compasso
De rotinas vazias, de olhares fugazes,
Prisioneiros de si, em tristes miragens.
Então, a balança da vida nos mostra,
Que a imortalidade, às vezes, é a nossa
Maior solidão, um fardo pesado,
Se o viver de verdade, nos foi negado.
Pois de que vale a lembrança perpétua,
Se a jornada terrena foi sempre incompleta?
Melhor a vida breve, sentida e vivida,
Que a eterna existência, fria e esquecida.
Pequenos passos desenham o caminho,
sob grandes sombras que dançam sozinhas.
Sutil é o gesto, imensa a presença,
que ecoa no tempo com força e crença.
