Poemas sobre Espera de Alguém
Algumas fases da vida parecem uma bagunça que a gente tenta varrer pra debaixo do tapete, mas que insiste em escapar pelas frestas. São dias em que o coração pesa, em que os planos escorrem pelos dedos, e até o que parecia pequeno, como uma unha quebrada, vira símbolo de tudo que não deu certo.
Mas o tempo ensina.
Ensina que orgulho demais atrasa o passo. Que a raiva pode ser um espelho daquilo que ainda não curamos. E que o choro, por mais silencioso, sempre tem algo a dizer.
Aprendi que nem tudo está perdido quando o que queremos não acontece. Às vezes, é só o terreno sendo revirado para que algo mais profundo possa brotar. Nem toda porta fechada é fracasso; algumas são cuidado disfarçado.
Passei a enxergar a espera não como punição, mas como preparação. É no silêncio do "ainda não" que a maturidade cresce, e com ela, a gratidão. Gratidão por não ter tudo do meu jeito, no meu tempo, mas por continuar sendo moldada no tempo certo.
Entendi que a vida não se trata apenas de conquistar, mas de aprender a sustentar o que se conquista. Que amar é muito mais do que estar pronto para oferecer, é também estar disposto a receber sem medo.
E talvez o mais difícil tenha sido perceber que algumas coisas precisam ser cortadas pela raiz. Que não adianta remendar o que já não se encaixa. Às vezes, é preciso ter coragem de recomeçar, de abrir mão do que parece seguro, para deixar crescer o que, de fato, tem raiz.
Não é fácil abandonar a ilusão do controle. Mas é libertador aprender a ver com outros olhos, não os que buscam aprovação, mas os que reconhecem valor até no que ninguém vê.
E, no fim, toda queda, todo atraso, toda espera… carregava em si uma pequena semente. De força. De fé. De renascimento.
Gosto de mergulhar no desconhecido. De me lançar em vivências que ainda não tive e me permitir aprender lições que, talvez, só entenderia anos depois. A intensidade dessa rotina agitada, das escolhas impensadas e dos caminhos inesperados... faz parte de quem eu sou.
E, ainda assim, o que me trouxe até aqui não foi a pressa, foi a espera.
Curioso, não é? Enquanto tantos correm para ter tempo, eu precisei de um tempo longo para não ter.
Talvez porque toda pressa, se vivida antes da hora, arranca a flor do caule antes que ela esteja pronta para florescer.
E foi preciso muito silêncio e muita pausa até aquele momento acontecer. Não por falta de vontade, mas por falta de preparo. Hoje, entendo: se tivesse recebido tudo que pedi no tempo em que pedi, teria desistido no meio do caminho. Porque ainda não era hora.
Algumas fases não são castigo. São solo.
E é no solo que se cria raiz.
A espera é uma escola silenciosa. Ela testa a força que ninguém vê. E é por isso que muitos desistem antes de alcançar o sonho; não por fraqueza, mas porque lutar contra si mesmo, todos os dias, cansa.
Só que sonhos não florescem na superfície. Eles exigem profundidade.
É como uma rosa. Tão desejada, tão admirada. Mas ninguém vê o que ela enfrentou para florescer.
Antes de exibir sua beleza, ela teve de resistir aos próprios espinhos. Cada dor que a cortou serviu para protegê-la. Cada ciclo, cada dia cinza, foi necessário para que ela pudesse, enfim, desabrochar.
E, quando desabrochou, já não era mais a mesma.
Era mais forte.
Era mais inteira.
Era a flor mais viva de todo o jardim.
ENQUANTO ESPERO
Enquanto espero acontecer,
não sou espera,
sou intervalo entre o que não foi
e o que talvez.
Movo-me em silêncio,
como raiz que rasga a pedra
sem urgência,
sem alarde.
Derramo, sem intenção,
a febre dos meus ais,
como quem deixa escorrer
uma ausência antiga.
Mas há nisso algo que arde
sem consumir,
uma sombra que não escurece.
Vejo sem ver,
e, às vezes, sei.
Não porque me foi dito,
mas porque algo em mim
parece lembrar do que nunca soube.
Não caminho para chegar,
nem permaneço por abrigo.
Sou levado por algo que não escolhi,
mas consenti,
como quem ouve um chamado
sem saber de onde vem,
mas reconhece o tom.
E nisso,
como quem pressente sem saber,
na fidelidade que não cede,
este ser que se suporta e se recolhe
abriga, em silêncio,
um tempo que ainda não veio.
Porque é assim,
enquanto espero,
que me preparo
para, um dia,
ainda poder ir além.
ESPERA
Quando o amor se depara
Com um pedido de espera
Ele suspira
E se evapora
Numa aura pura;
E se incorpora
No que aspira
E para a espera
Então se prepara.
E na espera incessante,
Triste o amor se ressente;
Pelo acinte,
Pelo afronte,
Qual transeunte
Que numa ponte
Atende ao pedinte,
Porém presente
À sua frente, um assaltante!
Quieto como chegara,
Suave como regera,
Ele se gira
Parte agora
Sem amargura.
E se avigora
Pois lhe insurgira
Que a espera que elegera
Por qual vergara, enfim, agora, subjugara!
Na espera, o tempo se alonga
E cada minuto parece uma eternidade
A ansiedade cresce, a alma se prolonga
E o silêncio é quebrado pela saudade
A expectativa é um peso leve
Que vai crescendo, crescendo sem parar
Até que enfim, o momento chegue
E a espera termine, sem mais esperar
Mas a espera também é um tempo
De reflexão, de sonhos e de planos
Um tempo para pensar no que está por vir
E se preparar para os desafios que vêm por diante
A espera é um teste de paciência
Um exercício de fé e de esperança
Mas quando o momento finalmente chega
Tudo vale a pena, e a espera se torna lembrança.
Gilmar Árion
NARRATIVA TRUNCADA (soneto)
Muitos versos, por certo, me cantaram
por certo, muitos sonetos eu segredei
alguns poemas, cadências me soaram
desses, ilusões no sentimento guardei
O choro e o riso na rima entrelaçaram
ritmo e desordem na inspiração operei
de os desencontros que me abraçaram
sussurros, os suspiros, também, notei
Promessa e jura. As estrofes disseram
e os versos sofrentes as dores fizeram
ah, se errei, não importa, pois tentei!
Mas sinto ainda no versejar inquieto
um estilo que não acho no alfabeto
pra narrar aquele amor, que susterei.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
12 julho 2025, 18’52” – Araguari, MG
Eu expus tudo que sentia por você.
A falta que me fazia como água no Sáara.
Dos desejos intensos, quentes que me consumia em silêncio entre dunas em noites gélidas.
Você mirava-me, mas não esboçava nenhuma reação.
Eu me vi tendo que competir com o desértico seco do seu ego.
Você apenas permaneceu aí, mirando-me enquanto eu me consumia.
Tive esperanças de que minhas miragens fossem reais.
Mas você permaneceu aí, estático.
Vendo-me consumir e desaparecer como poeira no deserto.
SAUDOSA ESPERA
Autora: Profª Lourdes Duarte
Noite enluarada encantadora e bela
Da janela sinto o ar sereno me tocar
Ao longe te observo, devagar e fugitiva
Entre as nuvens escuras, tu desapareces.
Sinto mais forte o palpitar do coração
Saudoso à espera do meu amor,
Restam lembranças, como a única estrela
Que ao longe brilha, pra me lembrar do teu olhar.
A solidão dos meus dias se estende
Nas noites escuras ou enluaradas
Tudo me faz lembrar de você, teus beijos...
Teus olhos cintilantes de desejos a me olhar.
Instante por instante, vivo a tua espera
Enquanto as trevas da noite se desfaz lá fora
Mais um dia vejo raia, a tua espera
No mar revolto, avisto um barco,
Acende a esperança de te ver de volta.
LONGA ESPERA
Autora: Profª Lourdes Duarte
Vivo triste a esmo, quando estais distante
Esperando amor, o dia que irás voltar
O dever te chamou onde foi que te levou?
Mar adentro adentrasse, meu marinheiro
Meu amor!.
São as dúvidas de alguém que ama
E o medo aumenta a cada partida tua,
Sou ré confessa deste grande sentimento
Mas meu amor, entende,não aprisiona.
Simplesmente te espera.
Meu amor é paciente. Espero, então.
Meu amor tudo suporta. Eu suportarei.
A distância em que vivemos, na certeza,
De que um dia, juntos ficaremos,serás só meu.
Esse amor já fez de mim uma prisioneira,
O que me conforta e saber que sou correspondida
A saudade que em mim, maltrata e te maltrata,
Sentes o mesmo, pois nas paradas ligas pra mim.
Conto as horas, em total esperança,
Esperando, em aflição, meu amor voltar
Ha!! Dessa vez, não estou sozinha,
Um lindo presente te espera! Nossa filha,
Deus nos deu!
O que tenho?
O que me espera?
O que faço?
O que mais quero?
O que tem aqui dentro?
Para que tanto anseio?
Tenho uma alma agitada querendo dizer,
Tudo – mas se eu soubesse falar,
Tenho ouvidos abertos,
Nada – dentro de mim está mouco,
Céu de confeiteiro
uma fatia de céu
é dada
nesta noite de maio
quinhão que cabe ao homem
que da janela espera
a urbe apita
e o calor
se faz bruma e precipício
uma fatia de céu
é dada
aos amantes da varanda
quinhão que cabe ao amor
em tempos de luas magras
Espírito melancólico...
Doente por coração partido...
Patologia do desatino...
Sendo o ápice da apologia do amor...
Tragédia que consome alma...
Prólogo dos céus no sentimento errante...
Mero desejo de amar....
Profundezas do querer o resquício,
Sentença da paixão que termina no final de três anos... O que restou pode se dizer que é o amor.
Espinhos da madrugada...
Espinhos que tanto amei...
Ferida aberta que faz desejar...
Gemidos que encanta as horas que se passaram...
Momentos bons até em sonhos...
Ao derramar o desejo encanto entre sua vastidão...
Travessia
Julgaram-me acautelado de tantas buscas,
quando lancei-me a rebrotar das ausências.
Verguei como planta entre o ácido e o cume.
Fui-me ser anverso a deslumbrar inquietudes.
Nas sombras filtrei lume ao coração amainado.
E não me fui ser senão, outros caminhos vários,
A deslindar fragmentos que se entrecruzavam.
Egresso, fiz-me espera, para tantas vezes recontar-me.
Vaguei extensos sentimentos. Instaurei enternecimento.
Enxerguei um olhar. Cumpliciei ornamentos.
Modelei incertezas. Encontrei na travessia um amar.
Agora conspiro. Juntei-me ao tempo para atiçar infinidades.
Carlos Daniel Dojja
DO DESEJAMENTO
Alguns são feitos de um desejamento dilacerado.
Desse querer aflorado, não receio.
Nele me introduzo. E me ponho a ver o não dito.
Como quando me enamorei por uma moça.
Ela tinha um nome no meu peito escavado.
Chegava-me nas noites em que a buscava.
Deitava sua ternura sobre minha espera.
Acariciava as palavras que o silêncio esculpia.
Ela era tão docemente tingida de inteireza,
Tão despida de melancolia e incerteza.
Que apenas eu a via, andarejando ao meu lado,
Com suas mãos encravadas em minha ausência.
E eu já então, descabidamente encantado,
Apenas me sabia, ao traduzir-me fecundado,
Que mesmo a passar a só, a esperar a moça que viria,
Ela com o coração entreaberto de mim não partia.
Carlos Daniel Dojja
#QUIÇÁ
Ah quem me dera que terminasse a espera...
A liberdade nunca ser demais...
Percorrer as estrelas...
E o amor não ter fim jamais...
Ah quem me dera que a vida fosse completa...
Que eu pudesse atravessar as noites e os dias no vento...
Sem nenhum pudor, sem pecado...sem lamento...
Ah quem me dera que no mundo não houvesse pranto...
E simples assim fosse o canto...
Ah quem me dera ter nascido anjo...
E que meus caminhos fossem tudo um sonho...
De venturas, paz e encantos...
Ah quem me dera não haver solidão...
Que em cada troca de olhares...
Haveria um encontro de mãos...
Ah quem me dera não me importar onde você estivesse...
Lhe alcançaria com meu pensamento...
E na brisa suave lhe enviaria o meu beijo...
Para lhe alcançar nesse momento...
Ah quem me dera perder a tristeza desse meu olhar...
Quando eu fosse ao encontro seu...
Para lhe encontrar...
Que nossos corações batessem como um...
Que o tempo parasse...
Deus nos abençoasse...
Fôssemos felizes...
Ah...quem me dera...
Sandro Paschoal Nogueira
Entre o processo da espera e o cumprimento
A promessa passa no teste do tempo
Deus te molda, Ele prova sua fé
Mas no processo mostra que contigo é
#URGÊNCIAS
Bem sei que, muitas vezes temos que adiar algo...
Adiar a esperança...
Adiar os sonhos desejados...
Mas para quem tem um coração urgente...
Na espera latente...
Na sofreguidão da alma vivente...
Não compreende a brevidade...
Tudo vira uma eternidade...
E nessa sufocante necessidade...
Na ânsia reclamada...
No que não soube aguardar...
O momento se perde...
E não há como voltar...
Ah...
Como é dolorosa a urgência...
No peito a soluçar...
Tudo passa...
Mas não anda...
No desejo de se entregar...
No esperar com esperança...
Eis o segredo de se amar...
Paschoal Nogueira
facebook.com/conservatoria.poemas
Empreender é só pra os que sabem esperar, paciência é uma virtude só dos fortes.
Os empreendedores que tem resultados são aquelas crianças na experiência científica que souberam esperar o tempo de comer o marshmallow, e como recompensa tiveram o dobro.
Todos os dias eu esperei
ansiosamente o momento da sua
chegada, eu desejava, sonhava,
mesmo depois de muitos anos.
E você nunca mais voltou.
