Poemas de Henriqueta Lisboa

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Os Lírios

Certa madrugada fria
irei de cabelos soltos
ver como crescem os lírios.

Quero saber como crescem
simples e belos – perfeitos! –
ao abandono dos campos.

Antes que o sol apareça,
neblina rompe neblina
com vestes brancas, irei.

Irei no maior sigilo
para que ninguém perceba
contendo a respiração.

Sobre a terra muito fria
dobrando meus frios joelhos
farei perguntas à terra.

Depois de ouvir-lhe o segredo
deitada por entre os lírios
adormecerei tranqüila.

Inserida por cazarbinati

“Serenidade. Encantamento.
A alma é um parque sob o luar.
Passa de leve a onda do vento,
fica a ilusão no seu lugar.
Vem feito flor o pensamento,
como quem vem para sonhar.
Gotas de orvalho.Sentimento.
Névoas tenuíssimas no olhar.
Tombam as horas, lento e lento,
como quem não nos quer deixar.
Êxtase. Vésperas. Advento.
Ouve! O silêncio vai falar!
Mas não falou…Foi-se o momento…
E não me canso de esperar”.

Inserida por katiacristinaamaro

Sob os pés dos vândalos
as pedras arrasam-se.
Do chão limpo os pacíficos
erguem torres bíblicas.

Os rebeldes, de árbitros,
destroem os ídolos.
Os dóceis, na dúvida,
valorizam as órbitas.

A fibra dos bárbaros,
a astúcia dos tímidos.

Inserida por pensador

A menina selvagem veio da aurora
acompanhada de pássaros,
estrelas-marinhas
e seixos.
Traz uma tinta de magnólia escorrida
nas faces.
Seus cabelos, molhados de orvalho e
tocados de musgo,
cascateiam brincando
com o vento.
A menina selvagem carrega punhados
de renda,
sacode soltas espumas.
Alimenta peixes ariscos e renitentes papagaios.
E há de relance, no seu riso,
gume de aço e polpa de amora.

Reis Magos, é tempo!
Oferecei bosques, várzeas e campos
à menina selvagem:
ela veio atrás das libélulas.

Inserida por pensador

Meu pensamento em febre
é uma lâmpada acesa
a incendiar a noite.

Meus desejos irrequietos,
à hora em que não há socorro,

dançam livres como libélulas
em redor do fogo.

Inserida por pensador