Poemas sobre o Silêncio
RITUAL
Demétrio Sena, Magé – RJ.
Amanhã bem cedinho esperarei teus passos,
teu silêncio e depois a tua voz sumida,
um instante, uma vida que um instante vale
no compasso excessivo do meu coração...
Logo após um olhar que diz tudo pra mim,
sob as cordas do quanto não podes falar,
entre os ares de sim que ficarão nos ares,
pois nos cabe sonhar sem pretensão além...
A exemplo da espera das demais manhãs,
quero crer na manhã de qualquer amanhã
desses velhos encontros que marco sozinho...
Abrirei bem cedinho a janela do sonho,
deixarei meu silêncio te chamar sem eco
nesse peco, não peco de faz tantos anos...
SILÊNCIO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
... e por falar em falar,
eu aprendi a calar...
conter arroubos e apelos.
Hoje ouço pelos olhos;
deixo a resposta no ar...
... e calo pelos cotovelos.
PASTO AFETIVO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Traio todas as notas do silêncio em mim,
pois me rendo aos teus olhos cravados nos meus;
é assim que me perco do velho equilíbrio
com que acho saber o que faço aqui dentro...
Há um eu movediço no abismo que trago,
quando a tua presença me faz recuar,
tem um vago sentido que paira na treva
do meu ar preguiçoso; meu cosmo secreto...
Eu me abro no quanto me fecho pra ti,
sou exposto à medida que tento não ser
e vencer o que vence a razão embotada...
Sabes como arrancar a confissão retida,
minha vida se torna o teu filme já gasto,
se me perco nos pastos da tua expressão...
SUSPENSÃO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Deixarei que te gastes no próprio silêncio;
na distância e no muro que arbitras erguer,
porque sei me perder de qualquer utopia
que liberte a minh´alma de afetos em vão...
Ganhas tempo perdido engenhando esse adeus
tão aos poucos, tão cheio de sombra e vazio,
pois os meus desenganos há muito entenderam
e meu brio ferido acatou a sentença...
Sofres mais do que sofro, por seres omissa;
pela missa, o velório que não têm sentido
quando só a franqueza te libertaria...
Sei calar o que sei, pra que sigas em paz
não tão paz nessa guerra que travas no fundo;
tirarei o meu chão do teu mundo suspenso...
MOMENTO ETERNO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Tem um lá bem pra lá dessa canção
do silêncio afinado em seu olhar,
que me faz esquecer o mundo à volta
e calar as angústias de costume...
Sonho lento igual chuva branda e fina
fertiliza esperanças em meu chão,
desafia os quilômetros do tempo
tão sem tempo e sentido para nós...
Há um mundo inventado no seu colo,
uma paz que a verdade não explica,
pólo neutro das minhas emoções...
Você sabe que o sol de seu silêncio
é a nota perfeita pra minh´alma
entre a calma infinita desta hora...
O PODER DO SILÊNCIO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Somos exímios em aproveitar nossas muitas oportunidades de abrir o verbo. Só não aprendemos, nem com todas as pancadas do mundo, a reconhecer e aproveitar as raras oportunidades que temos de calar e ouvir.
SINAL DE PASSAGEM
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Desta vez meu silêncio por tuas caladas;
nas caladas do tempo aprendi a ser frio;
dou a minha lonjura por tua distância,
teu estio me seca e não vingo mais sonhos...
Hoje prendo esperanças por crime de abuso;
por excesso de voo no céu deste afeto;
condenei ao desuso as expectativas
e me atenho a saber que mentias pra mim...
Fui um jogo agradável no teu tabuleiro,
terapia e canteiro para teus cansaços,
quando a vida lá fora corria demais...
Mas agora o meu sempre se desacelera;
dou à tua geleira o sinal de passagem
pra forjar primavera em outras ilusões...
ENGENHOS DE AMOR
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Entendi que acabou, sei ouvir o silêncio,
auscultar a distância do teu coração,
dos teus olhos, teu corpo, desse nunca mais
e daquela emoção que forjavas tão bem...
Não entendo, entretanto, por que tudo aquilo,
por que tantas palavras, tantos desempenhos,
os engenhos de amor que jamais te obriguei
com chantagens, pedidos, truques afetivos...
Fui apenas quem sou e fingiste aceitar,
foram anos e anos de quem nunca foste,
mas querias provar a ti mesma que sim...
Mesmo assim tua faixa foi boa leitura
pros meus olhos, meu sonho, minha boa fé,
minha velha procura de alguém improvável...
SÃ FILOSOFIA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Vi no aço do espelho, que não sou de aço;
no silêncio da noite, que não sou eterno;
disse o terno que a morte não escolhe roupa
e a roupa não cobre minhas indecências...
Vejo a vida com olhos de nudez completa,
como vejo que o tempo é a pele da história,
sua glória está justo em abrigar a alma
da verdade ou do sonho do que ninguém sabe...
Há nas cores do mundo a certeza da treva,
tudo mostra que o nada se reconsolida,
já no meio do todo recomeça o fim...
É assim que detenho as ambições afoitas,
dou à lida os esforços de pessoa sã,
sem as vãs agonias do querer demais...
III. Quando o grito se disfarça de silêncio
Há gritos que ninguém ouve porque se disfarçam de silêncio. E há silêncios tão densos que carregam em si o estrondo de mil tempestades internas. A mente, quando já não suporta traduzir a dor em linguagem, recua. Fecha as janelas. Apaga as luzes. Cria mundos paralelos onde, mesmo distorcida, a realidade se torna suportável.
Nem sempre a loucura é ruído. Muitas vezes, é ausência. Ausência de conexão, de resposta, de chão. É o exílio interior de quem ainda está presente no corpo, mas já não habita a lógica comum. E nesse exílio, o tempo não segue sua ordem. As palavras não obedecem significados. O real se dissolve em fragmentos que só fazem sentido para quem ali está.
A sanidade, do lado de fora, observa, mede, intervém. Mas nem sempre compreende. Porque compreender exige mais do que escuta técnica, exige atravessamento. E poucos suportam atravessar a dor do outro sem se perder de si mesmos.
Talvez a maior ponte entre a lucidez e a ruptura esteja na empatia profunda, que não tenta apagar o delírio, mas se ajoelha diante dele como quem respeita um altar de sobrevivência. Porque ali, naquilo que chamamos loucura, ainda pulsa a centelha de quem resiste, não por desordem, mas por excesso de verdade que o mundo não conseguiu conter.
A Guardiã da Aurora
Era a manhã de 7 de outubro de 1939, e o céu ainda carregava o silêncio enganador para um dia um dia da festa da juventude. Amit Gur, uma mãe dedicada e soldado determinada, acordou com o som de sirenes cortando o ar.
O instinto a fez pegar sua pistola, a única arma ao seu alcance, enquanto deixava um beijo apressado na testa de sua filha adormecida. "Volto logo", sussurrou, embora uma sombra de dúvida a envolvesse seria aquele o último adeus?
Os relatos chegavam rápido: terroristas haviam invadido a área, trazendo caos e destruição. Sem tempo para hesitar, Amit correu para o confronto. Sozinha, com o coração acelerado e a mão firme no gatilho, ela se posicionou em um ponto estratégico. O barulho de tiros e gritos ecoava ao seu redor, mas ela não recuou.
Diante dela, vários inimigos armados avançavam, confiantes em sua superioridade numérica. Mas Amit tinha algo que eles não podiam prever: coragem indomável. Com precisão e sangue-frio, ela disparou. Um a um, os terroristas caíram, surpreendidos pela resistência feroz de uma única mulher.
Cada tiro era um ato de bravura, cada movimento uma prova de que o medo não a dominaria. Em sua mente, a imagem da filha a impulsionava ela lutava não apenas por si mesma, mas por todos que amava. O combate parecia eterno, e Amit acreditava que seu fim estava próximo. Mesmo assim, não desistiu.
Quando o último inimigo tombou, o silêncio voltou, pesado e surreal. Ferida, exausta, mas viva, ela percebeu que havia vencido o impossível. Cambaleando, retornou para casa, onde sua filha a esperava, alheia ao heroísmo da mãe. Amit Gur não buscava glória.
Sua bravura nasceu do amor e da necessidade, uma força silenciosa que transformou uma manhã de terror em um testemunho de coragem eterna. Ela sobreviveu e com ela, a esperança de um futuro mais seguro.
“As vezes vejo-te emudecida.
Desterro-me em teu silêncio,
Como quem aguarda e habita,
A raiz renascida em tua voz”
"Nem toda revolução começa com o barulho das armas. Às vezes a soma das insatisfações silenciosas eclodem num desejo de justiça tão intenso, que mesmo o medo, motivador da inércia, parecerá insignificante e desprezível ante a imponência dos fatos. O perigoso silêncio será rompido por uma voz, talvez duas... Três ou mais...E aquele que domina sob as luzes da hipocrisia, da enganação e da roubalheira cairá mais fácil do que se pensa. E um berrante (Ironia do destino) como trombeta soará nos céus da cidade e das vilas e das roças. Um campo minado também é silencioso, mas quando explode percebe-se que o silêncio, associado à injustiça, é bomba armada, prestes a explodir.
Do céu vem a sentença para os filhos da corrupção. Em algum tempo vem. Os que passam pelo poder e nunca apreciaram o prazer de fazer o bem, não são dignos dele.
URUARÁ AINDA GEME COM AS DORES DA INJUSTIÇA E DA CORRUPÇÃO. NO AR VÊEM-SE MUITAS NUVENS E NELAS MUITAS NOTAS, NOTAS FRIAS... DEVE SER POR CAUSA DA TEMPERATURA DAS ALTURAS."
Texto publicado no site "Pensadores"
Avanildo Moreira Mateus
POEMA BOCEJADO
Essa névoa que a tudo faz grisalho
e revolve num véu a luz do sol,
põe silêncio e preguiça nos meus olhos;
rege os passos num ritmo contido...
Na manhã deste julho quase agosto,
molho a minha poesia no cenário
como se molha o pão no capuccino;
bem mais por hábito que por sabor...
Por falar de sabor, bebo lembranças,
nostalgias, imagens requentadas,
tomo chá com torradas de saudades...
Neste quadro em que a vida quase para
na moldura do momento infinito,
poetar é meu rito; meu despacho...
...
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Meu silêncio de pedra
faz que não mas te ordena;
te revolve;
te preda.
Minha cara de bobo
tem os olhos da águia;
da coruja;
do lobo.
PRAGA DE NATAL
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Um forte açoite
corta o silêncio mortal
e sangra os nervos da fé...
À meia noite
o espírito de Natal
vai te puxar pelo pé...
II. O silêncio que acende e a palavra que apaga
Há silêncios que iluminam mais do que mil palavras acesas. Quando cessam os ruídos, as verdades emergem como brasa sob a cinza. No entanto, há palavras que, embora vestidas de luz, encobrem mais do que revelam. A fala apressada, a explicação forçada, o discurso que se pretende verdade absoluta, tudo isso é claridade artificial, disfarce da ignorância que teme o escuro.
A luz plena muitas vezes inibe a contemplação. O excesso de nitidez exige respostas, impõe certezas. Já a penumbra nos permite hesitar. E é na hesitação que nascem as perguntas que realmente importam. Não aquelas que pedem definições, mas as que nos atravessam e nos desconstroem.
A escuridão não é ausência de caminho, mas convite à escuta interior. Ao contrário da luz que expõe tudo de uma vez, a sombra nos permite escolher o que ver, e quando ver. Ela respeita o tempo do olhar. Ensina que ver não é o mesmo que compreender, e que a revelação exige maturação do espírito.
Quando aceitamos a escuridão como parte do processo, a luz deixa de ser uma meta e passa a ser consequência. Não corremos mais em busca de holofotes, cultivamos lanternas. E nelas, acendemos apenas o necessário. O essencial não precisa de alarde. A verdade, quando chega, não brilha, pulsa.
Despertar da Almas
Despertei no suspiro do tempo,
No silêncio que dança no vento.
A razão se calou num momento,
E o amor se fez meu fundamento.
Vi verdades guardadas na pele,
Como cartas que a vida revela.
Cada lágrima antiga é pincel,
Desenhando a alma mais bela.
É no caos que a alma acorda,
Feito flor que rompe a borda.
Não se ensina, não se força,
Ela vem, quando a dor se entorta.
Despertar é renascer do nada,
Com o peito em paz e a mente alada.
Já fui sombra, já fui tempestade,
Hoje abraço a minha verdade.
Caminhando com leve vontade,
Sou poema em plena liberdade.
As correntes viraram canções,
Os espinhos, sutis orações.
Cada queda, um degrau no caminho,
Cada dor, um abraço sozinho.
É no caos que a alma acorda,
Feito flor que rompe a borda.
Não se ensina, não se força,
Ela vem, quando a dor se entorta.
Despertar é renascer do nada,
Com o peito em paz e a mente alada.
E o que era peso virou asa,
E o que era chaga virou brasa.
O que era medo, agora é dança,
No compasso da esperança.
É no caos que a alma acorda...
Despertar... é luz que transborda.
Que vida!
Bem meu mundo está cinza como o céu, um frio e um silêncio, que faz com que a alma suspire,
não me sinto mau, mais também não estou bem
acho que estou esperando o dia acaba,
a noite sempre nos sentimos melhor é engraçado corremos tanto pra crescer e queremos voltar para traz depois que ja estamos adultos. Oque nós mata é a saudade de tudo que não vivemos, e que nessa hora chegamos a pensar que não vamos viver,
bem meu mundo hoje está assim, sem som, sem poesia,
só olhos cansados
e a alma
fria...
PauloRockCesar
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