Poemas de Partida
Aos caminhoneiros de todo mundo.
Sensatas decisões
Uma despedida,
Já de partida,
Me vejo sentado ao volante,
Olho no espelho de fora,
A distância vai mostrando a dor e alterando a saudade,
Olho pelo retrovisor,
E estaciono em qualquer lugar,
Repito a dose da minha visão,
E pergunto-me!
Para onde vou?
Quando chegarei?
Por que estou indo?
Se estou indo!
Vale a pena mesmo ir?
Ou devo fazer o retorno e voltar?
Mas algo me consola,
E me ponho a pensar,
Sou caminhoneiro,
Estradeiro nesse mundo afora,
Se eu for,
Muitas bocas irão se saciar,
O mercado ficará fomentado,
E minha obrigação chegará ao seu destino,
Se eu voltar,
Ficarei com minha família,
E como tenho somente essa profissão,
Regredir não é a opção,
Mesmo doendo,
Eu sinto que preciso ir,
Pois se eu ficar,
Muitas bocas ficarão com fome,
Fazendo isso,
Um ciclo se completa,
Pois se a vida me der outras oportunidades,
Aqui ou em outro lugar,
Fecharei outros ciclos,
Sempre acompanhado da saudade...
Depois da tempestade vem a bonança!
Depois da partida vem a saudade...
Depois da miséria virá a esperança...
Depois de passar esta quarentena... Virá a felicidade!
Em meio ao caos, os cacos caem sobre o chão.
Somos terra abatida na partida de tanta gente em vão. Assistindo no isolamento, na solidão, o coração de outros iguais a nós se dissolvendo, perdendo o ritmo de suas batidas, até ir embora sem sequer nos dar a despedida.
Nesse mundo perdido de amor, ficar só, só aumenta a dor, mas fico.
PONTUAÇÃO
Ponto de Partida
Exclamação à vida
Dúvida interrogação
Reflexão no ponto e vírgula
Reminiscências reticências
Dois pontos atenção
Parênteses esclarece
Colchetes elastece
Apóstrofo suprime
Travessão personagem
Vírgula paragem
Aspas enobrece
Ponto final e prece.
Partida
Partes, e o meu coração junto
a ti vai.
Não sei te saber ausente.
A vida fica diferente e sinto
perto a saudade.
As ideias ficam soltas o meu
pensar te procura em todo e
qualquer lugar.
O coração? Esse há muito já foi,
e a mim, só, deixou.
Ele sempre a tua espera fica.
Quando voltares, ele também voltará.
Até lá, tento em ti não pensar.
Como se eu pudesse, seria o mesmo,
que tentar viver, sem respirar.
Roldão Aires
Membro Honorário da Academia Cabista de Letras Artes e Ciências
Membro Honorário da Academia de Letras do Brasil
Membro da U.B.E
Tom da Partida
Dessa vez sem tom de despedida
Sem o olhar da partida
O mundo se partiu
Onde a saudade não deu as horas
Nem aceno de 'vamos embora'
Dela não pude enxergar.
Alcançou a falta do amor
Fez lembrança do que faltou
E se agoniou em se mandar
O que antes era vívido
Restou esquecido
A ponto dos olhos
Não se topar
Meu adeus silencioso
Meus olhos bem-postos
Cravado em seu rosto
Em nada pode esperar
Aperreado vejo agora
Lembranças de outrora
De um caso então perdido
E o coração ainda vivo
Por tudo contido,
Se põe, a toda hora
A rememorar.
A vida é como uma partida num qualquer Mundial de futebol...
Sempre bola pra frente e foco na vitória.
Nem sempre importa ganhar, e aprendemos com as derrotas dos outros e sobretudo com as nossas.
Jogue com uma boa equipa ou construa um jogo sólido sozinho seja à defesa ou contra ataque.
Equipe se bem, cuidado com os "foras de jogo" e com maus perdedores que fingem faltas.
E lembre-se.
Ignore os derrotados pois eles só querem copiar as suas estratégias e vencer como você!
O DITO
No disse digo da vida
eu decide a partida
dizendo como dizer.
Foi editando o digo
que o dito disse aquilo
que não queria saber.
Esses ditos são dizeres
que ao dizer fica o dito
que disseram de você.
No dito por não dito
permeando meus gritos
tento eu compreender.
Antonio Montes
"" Não saia e volte a hora que quiser
estou de partida e o novo endereço, nem eu sei
então entre na viagem comigo
curta a paisagem que passa pela janela
tão bela é a vida
tão breve também...
estamos perdidos no tempo
num eterno vai e vem
tão belo é teu sorriso
especial motivo do meu
não parta sem que eu te ame
não volte se não for para eu ser teu...
é domingo
o carro que dá partida é o mesmo há alguns anos
o caminho é quase o mesmo
a mesma estrada
os mesmos lamaçais
os mesmos vira-latas nas calçadas
as mesmas bicicletas
talvez sejam os mesmos os homens que ali vendem abacaxis
a senhorinha da barraca de verduras
ainda é a mesma
O paradoxo da pobreza material
e da riqueza
daquele ar romântico
e meio bucólico
são os mesmos
as mesmas galinhas nos quintais
o cavalo que puxa a carroça
o pasto
o curral
o Sol que reflete na vegetação
o trem que anuncia passagem
todos ainda são os mesmos
entro pela mesma porta
encontro ali
a mesma poltrona
a TV ligada no mesmo canal
o mesmo café
o mesmo bolo de fim de tarde
a rotina é a mesma
um passeio pelas plantinhas da varanda antes de pôr a mesa
uma indicação de um remedinho pra tosse antes de partir
exatamente a mesma Helena
exatamente o mesmo João
eu, que há muito já não sou a mesma
minha cor preferida já é outra
já não leio a mesma coleção de livros do Pedro Bandeira
já não vejo mais os filmes de antes
e a cada instante mudo um pouco mais
conservo exatamente a mesma vontade
de que aquilo contrarie o tempo e a natureza
e permaneça
naquele mesmo vazio de grandes construções
atrás daquele mesmo trilho de trem
e que a cada domingo que a vida guarde
baste atravessar a mesma estrada
o mesmo lamaçal
e aquele amor continuará ali
exatamente o mesmo
desde o meu primeiro abrir e fechar de olhos
há vinte e dois anos atrás
SONETO DA PARTIDA
Ao despedir do cerrado, central sertão
na noite, eu deixarei a luz da lua acesa
a minha admiração posta, fica na mesa
e as lembranças largadas no árido chão
Os cuidados, ao pai, deixo minha certeza
que o bem é mais, mais que a ingratidão
que a vida com amor é repleta de razão
e que o sono só descansa com nobreza
Talvez sinta falta ou talvez só indagação
o que importa foi a história com clareza
e paz que carrego no adeus com emoção
E nesta canção de laço e fé no coração
a esperança na bagagem, única riqueza
se parto, também, fica a minha gratidão
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, maio
Cerrado goiano
As coisas mais distantes são as mais próximas.
O encontro e a partida,
a lua e as estrelas,
o amor e o ódio,
O céu e o mar.
Minha alma,
Meu corpo
Eu e você
Você e eu
O meu
ser.
Mãe,
tuas mãos trêmulas seguravam as minhas!
Sabias da partida que se aproximava.
Já não te interessavam velhas lembranças;
elas voavam como gaivotas
sobre ondas tranquilas.
Queria apenas minhas mãos nas tuas.
PARTIDA!
A chuva quase não vem
a água tá pouca e rara
o sertão foi um harém
hoje parece um Saara
já vou embora também
sem ajuda de ninguém
não conheço dor que sara.
Partida
O palhaço da vida
Fracassos, dores e vícios
Quanto tempo ele vai sofrer?
Em quanto tempo ele vai morrer?
Dançando sozinho
De noite ele chora
Clamando a morte
Para levar, para levar e me levar
E ao fim nunca chegará
Quando isso vai acabar?
Não vistado o ápice do sofrimento
Poucos anos para ter um fim
''Você tem uma vida inteira pela frente"
Nem sequer mais um dia ele deseja
Cansado, fraco e com medo
Ele decide encerrar o show
Decisão exclusiva
As luzes se apagando
O som abaixando
As cortinas fechando
O palhaço deixa o palco
Adeus.
Vou embora
Saio da tua vida assim como entrei
Inesperada partida
Fulminante paixão
Fui sua e fostes meu
Não...Não
Foi unilateral essa paixão
Nada apazigua meu coração
Partida..
Nunca se sabe o dia de ida e nem a hora da volta;
Por isso um dia partirei sem saber onde ir e sem o destino da volta de casa;Pois o mundo é grande e nele todo um dia irei andar;
E se um dia eu retornar de onde parti, foi porque do meu antigo lar me relembrei,e saudade das épocas em que estive ali senti..
em quantas você se dividiu?
Se em tantas partes foi partida
de quantos adeus sobreviveu?
se mil lágrimas choraram por você
em quantos abraços se envolveu?
se tantas voltas cada vez menos aconteceu.
e dentro de quantas saudades se escondeu?
se tantos amores eternos um dia morreu? Ivo
A partida de mamãe em 2010, aos noventa anos,
pareceu-me natural, a princípio.
Depois das cerimônias de praxe, voltei para o meu lar com a sensação de dever cumprido e com a certeza que fizéramos, minha irmã e eu, o nosso melhor para lhe proporcionar conforto, assistência digna e serenidade nos seus últimos tempos conosco.
O vazio que sua ausência deixou foi aos poucos preenchido pelas lembranças e pelas histórias que dela rememoramos sempre que nos vemos.
O que me causa grande surpresa é o fato de que quanto mais o tempo passa, menos me lembro dela idosa e alquebrada pela idade, mas da mãe da minha meninice: Ativa, lutadora, precocemente viúva, dando murros em ponta de faca para nos alimentar e educar. Vejo seu rosto jovem, lembro dos planos que ela tinha para nosso futuro e do quanto trabalhava, da aurora ao anoitecer, sem queixas, sem lamentações.
Isso tudo me faz refletir sobre as marcas que deixamos nos nossos e que os exemplos que recebemos, na tenra idade, ficam amalgamados em nossa alma. Talvez seja esse o verdadeiro sentido da palavra "eternidade".
Cika Parolin
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