Poemas de Horacio
Tenho mil coisas no coração que provavelmente apodrecerão com ele no final. Tudo que senti, foi unicamente e exclusivamente meu.
Esses dias, me vi imaginando infinitas possibilidades. Vi mais possibilidades do que achei que podia. E em todas elas, era colorido. Eu que sempre enxerguei tudo em preto e branco, vagando mais do que vivendo, me senti renovado ao ver aquele sol descendo no final do mundo, nos aplaudindo sentados na areia e descobrindo a sorte de esbarrar um no outro por essa vida tão tortuosa.
Aceitei que é melhor colecionar dores e não amores. As muitas dores ensinam, mas amor eu só espero viver um.
E tudo era como as páginas de um livro escrito a lápis. Um livro imóvel, parado, recebendo chuva de poeira. Suas letras se apagando aos poucos, lentamente, até que ele não tenha significado nenhum, nem mesmo saibam que aquilo um dia foi um livro.
As pessoas se aproximam e se afastam como lhes convém. Não seja deselegante de ficar onde não o querem ou só quando querem. Opte por ser elegantemente ausente.
Quero levar o tipo de vida que no dia em que eu partir, tenha tantas pessoas para se despedirem, e orarem, e agradecerem, que elas se olharão e dirão: "Só ele mesmo para trazer tanta gente."
Não tenho ambições, meu único legado é o que faço por alguém e como serei lembrado por isso.
Pedro era sim uma persona ímpar. Não havia feito nada de grandioso, nem realizado grandes momentos. Seu principal diferencial era se sentir genuinamente feliz pelos feitos de quem amava. Pedro gritou como nunca na formatura de sua amiga, Helena. Quando soube que Bruno tinha conseguido o "sim" de uma garota, Pedro o abraçou. Quando Gustavo, seu primo, finalmente chegou no altar, Pedro chorou. Ele percebeu que a alegria poderia vir, não só das coisas que fazia, mas das conquistas de quem amava. Como alguém assim não mereceria o mundo?
As 19:00 eu não era ninguém. Talvez nem tivesse essa pretensão. Até ali eu sempre estive sozinho, meus livros, bebidas e pensamentos. Quando bateu 20:00 eu ouvi uma voz, como quem chama em sussurros, e convida através de um buraco na fechadura da porta. Curioso e sozinho eu atendi. As 21:00 eu te vi pela primeira vez. Mas apesar de muito explícito o que você pensava, talvez o comodismo de estar sempre só não me permitia sair naquela noite. O relógio soou às 22:00 e eu resolvi apostar. Estava tão linda, e sua gentileza e bondade enrolados num sorriso mexeram com algo que eu não sabia que tinha, ou que era capaz de sentir. 23:00 e a noite era nossa! A música, a dança, fitei a felicidade como nunca antes na minha vida. 00:00! "Faça um pedido", nos beijamos. Talvez ele tenha se concretizado rápido. As vezes essa é a sorte de uma vida. Como uma moeda da sorte. Não mais contei as horas, só queria estar ali pra sempre.
Não era o mais comum dos cenários. Eu estive sozinho a maior parte do tempo, e quando não estava sozinho, estava repleto de companhias. Embora as vezes fosse extremamente interessante para outros, nem sempre era para mim. Mas eu era muito bem acostumado a monotonia. Porém, você não ligava para isso. Você queria mexer em tudo! Revirando do avesso todas as certezas, me fazendo querer ver todos os dias o mesmo rosto ao meu lado quando abrisse os olhos, e o mesmo sorriso depois das minhas piadas. E enquanto o tempo passava eu percebia que não era sobre os dias de liberdade que eu tinha vivido até então, mas era sobre os dias com a pessoa certa que faziam com que eu me sentisse realmente livre. Não havia dor, nem nervosismo ou impulso. Só havia o momento.
É completamente possível que você morra de saudades de alguém, mas não queira proximidade. Isso significa que apesar de ser importante e fazer falta, a distância faz de você uma pessoa mentalmente mais saudável.
Era noite de domingo, e normalmente, como todas as noites do fim de uma semana, eu costumava ligar. Mas em certo momento parei. Parei de fazer o que quase sempre fazia, e de ser quem era. Sabia que para ser novo, tinha que me renovar, e pra isso, mudar as aberrações que haviam entre nós. Era aberrante ser teu, e ainda sim ser só. Era anômalo só o respirar da minha própria insignificância. E eu sabia a todo momento que havia trilhado o caminho que sempre me recusei, e desviei. O sentimento era uma fobia do escuro, e de estar sempre sozinho nele. Das muitas formas de tornar-se um escravo, escolhi a mais brutal, aquela que maltrata a mente como uma corrente de elos invisíveis. Mas a ira de um bom homem pode ter um uso melhor, e resolvi escrever a próprio punho minha carta de alforria. Agora você é alguém no mundo. Nada de especial, ou diferente. Era só mais um rosto entre os milhares que vi e ainda veria, até o derradeiro fim, quando justamente me torna-se pó dessa terra como todos os outros que viriam.
Se as pessoas entendessem o poder das palavras, provavelmente falariam muito mais. E na hora certa, falariam menos.
Amar é viver em extremos. Não dá para amar parcelado, ou dar 1/3 de amor. Não se pode ser o "último dos românticos" numa segunda à tarde, um café com leite morno na quarta, um pão doce na sexta e um tanto faz no domingo à noite. É impossível dizer coisas como: "Talvez eu te ame", "acho que te amo". Não dá para criar percentuais de amor. Se não for inteiro, é o mais auto destrutivo de todos os sentimentos. Se não for recíproco, se deixa margem para dúvidas, vira o algoz de um maremoto de desventuras. Ou você ama por completo, ou tem algum outro sentimento por alguém que não é esse.
A realidade pode ser complicada. A omissão, a não ação pode criar dezenas de possibilidades, centenas de teorias, milhares de pensamentos. Talvez se tivesse feito ''aquilo'' diferente, estaríamos vendo filme e comendo pipoca na manteiga agora. Ou se fizéssemos outras escolhas, poderíamos estar morrendo de rir de uma situação engraçada nesse exato momento. E em outras possíveis realidades, os ''e se...'' sustentam imaginários inteiros, de pilares incompletos da existência. De sua maneira torta ou não, a vida acaba por encontrar seus caminhos.
Escolhas são solitárias. Pode haver dezenas de conselheiros, e no final a decisão é sempre sua. Só você sente o prazer e a dor do que decidir.
Amar é ser ferido de morte diariamente. Morre o ego, o individualismo, o "eu".
Amar é reviver diariamente.
A palavra de ordem sempre foi a "parcimônia". A medida certa de tudo que tá disposto a dar e fazer por alguém. Sempre amar na mesma medida, e responder o carinho na mesma quantidade. É impossível ser feliz quando é o único que se doa ao máximo.
O pensamento de que ninguém é totalmente bom nesse mundo vem da premissa de que o mundo já não é bom.
Na verdade, esse nunca foi um mundo de reciprocidade. É algo muito mais próximo de uma grata surpresa do que de um acontecimento normal.
"Na juventude eu vivenciei todas as coisas que eram possíveis. Tive uma uma vida plenamente incomum. Não me apeguei a pessoas, e conheci muitas delas. Meu envolvimento era superficial, como o de muitos homens. O desejo era carne, de satisfazer o momento. Evitando o compromisso, vi minhas paixões conhecerem outros homens e até casarem com eles, terem filhos, netos e serem felizes. Aqueles eram os filhos que nunca faria, e as famílias que não construiria, e os netos que não buscaria nunca na escola. E hoje é tarde demais para lamentar. Uma pena, uma pena."
