Poemas D um Homem Perdidamente Apaixonado

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RACIONAMENTO

A mingua atinge a todos
Que se declaram meus vizinhos.
Nalgum dia dos dias
Falta água em minha casa.
Quem tem sede,
Já não encontra torneira aberta
Em meus olhos.
Donde sou,
Racionamento não poupa
Nem a quem não tem.
Como eu que,
Desde que o calendário
Ganhou ligeireza,
Não ajunto
Em meu corpo
Nada que não seja tão meu,
Nenhum grão.
Mesmo no tempo em que me falta,
Sob horário de verão,
Ganho e perco horas.
Nem bolso eu tenho
Pra guardar poliqueixosos.
Não entesouro mágoas,
Tampouco guardo águas,
Pra tomar e lavar as dores
De amores
Que só a vida
Há de lhe
Economizar.

Inserida por FabricioHundou

ERIÇO FÁCIL

Preto,
Não te encostes
Qu'eu sou de pólvora
Pavio de músculos trançados
Em mim
Circuita todos os volts
Eriço fácil
Dou ombro e peito
A sorrisos como os teus

Inserida por FabricioHundou

TINTA DE ESPELHO

"Eu tenho tinta de espelho
E vou pintar o mundo inteiro
Se João não me amar..."

Inserida por FabricioHundou

AQUÁRIO

Pose de conforto
Piano de chuva
Os vultos da minha rua
A tosse de um carro
A vida desses livros
Tomam conta do meu quarto

Inserida por FabricioHundou

IDADE

"Sou eu quem zombo da minha própria insanidade; quem mais lapida cada volta de minhas curvas, morros e penhascos. Sou dono e proprietário único - do que for e vier. Envelheço, todo domingo, nesta cidade: o mar só me traz saudade."

Inserida por FabricioHundou

CATAMORA

Amor sazonal,
Chega em qualquer época,
Enferma e demora.

Amor, se pega mais de uma vez;
O que não se pega
É catapora.

Inserida por FabricioHundou

BREVE DÚVIDA

Ninguém sabe a hora
Qual dos dois se foi embora
Se no espaço há mais demora
Seja breve ao voltar

Inserida por FabricioHundou

PASSAGEIRO

Quem passou
É passageiro
Se demorou
Tornou-se estrangeiro
Ficou mais que devia
Tornou-se ultrapassado
Passou mais que ligeiro
Deixou-me engomado
Fez vinco
Dobrou e tudo
Deixou-me arcaico
Proprietário de lembranças
Cobrou aluguel por esperanças
A um passo
De por à venda
Calendários
Quase mofados

Inserida por FabricioHundou

NOBRE POBRE

"Cidade satélite, um bairro sideral. Morada de (q)uês, (n)adas e (M)arias. Lotes amplos, harém retangular. Área nobre, de reis e abacaxis. Nesse, nove quartos de dormir. Banheiros equivalentes, suítes para todos os dezoito que ali residem. Os que ali residem: condôminos. Assinantes fiéis de faixas amarelas que anunciam, mensalmente, aluguéis. Desfrutam, uma vez ao dia, de seus chuveiros mornos. Jornada nas estrelas com mais de 12 horas - desfrutando o chuveiro dos próprios poros. Suor sem racionamento. Domingo, quinta e sábado não tem água. E a desafortunada que carrega o subúrbio na sua genética, em seu extinto de sobrevivência, sempre soube o que era economizar água e choro. A esmoleira de Direitos, generosamente, se põe a exemplo. Amanhã, acordará cedo, pegará os caminhos do carma. A água voltará meio dia, mas na casa da patroa vai dar para enxaguar os olhos. 'Clarinha' - a cadelinha - vai pro banho-tosa e as crianças para a natação. Com mais três giros no terço, logo Ave Maria manda a noite e voltemos para o nosso barracão. Lugar onde o luxo é ilícito e, água, também entrou pra oração."

Inserida por FabricioHundou

DANÇA DAS TUAS TRANÇAS

Menina
Deixa eu entrar na dança
Que amarra as tuas tranças

Menina
Deixa eu entrar na dança
Que amarra as tuas tranças

Oh meu bem, não conte pra ninguém
Se eu brincar na tua orelha
Viro brinco ou refém

E do teu nome eu fiz meu o-xi-gênio
Respirando sonhos livres
Estou esperando tu chegar

E do teu nome eu fiz meu o-xi-gênio
Quero desenhar teus beijos
E em teus braços velejar

Inserida por FabricioHundou

Subirei em minhas sobrancelhas
Sentirei as sombra dos ventos
Me atravessar
Fazer caminhos
Pra que algum dia um novo amor
Possa passar...

Inserida por FabricioHundou

Sarah: Eu tô lembrando aqui que os novatos ainda não pagaram o lanche...
Analu: Você tá esquecendo uma regra que é: eles precisam de DINHEIRO.
Você quer que o jovem seja preso???
Você quer que a esposa dele crie o filho sozinho pq ele roubou PÃO, e nem foi da casa do JOÃO???

Inserida por marcostbsilva

O VÃO

Duma ponta a outra
Há uma ponte
Que não é ponto - não somente
Se tem reta: exclamação (!)
Chego demorado, com aconchego de dúvidas
Cheio de chão
Por onde só quero voar
Com certezas (não em vão)

Inserida por FabricioHundou

LEVEZA

Vaga, vaga, vagueia
Futuro: ninguém ocupa
Hoje meu riso passeia
Onde pisei, sei o calo
Hoje falo, não calo
Levo até pedra no bolso
Pois quando estou, sou leveza

Inserida por FabricioHundou

CISCO

Foi
Passou
Lixo espacial
Virou cisco
E em meus olhos
Não entra mais

Inserida por FabricioHundou

FALSETE

Quando a lança me espetar
Eu vou cantar agudo
Até a minha voz derrubar o muro
De quem não sabe se desequilibrar

Inserida por FabricioHundou

MUNDIÇO

Um dia - contado a dedo, ponteiro por ponteiro -
Há-de ter um mundo inteiro
Da esquina ao beco esmo
(um todo, de modo algum rachado)
Planeta Meu
Pr'eu correr e me danar

Inserida por FabricioHundou

VENTO-LOBO

Vento-lobo,
Uiva o frio em todo o dorso
Na matilha, caceis o fogo
Fez do silêncio
Fagulhas à carne
Derreter o grito
D'algum inverno tolo

Inserida por FabricioHundou

SOMBRA DOS VENTOS

Cansado de ser marinheiro nauseado
De remar à unha rumo a dezembros nublados
Pus-me ao solo encravado
Aqui ando e corro descalço

Meu superego, campo farto de hectares
Da primeira à última porteira
Posse tenho das poças em que tanto afogo
Eu quem afaga a cada seca desse cerrado
Eu quem afaga
Espelho de faca

Plantarei um pássaro
Para asas fazerem sombra em meu quintal
Sujo, eivado, de esgalho (ou da migalha)

O soalho de meu quintal...
Solo, sujo, sol e chão
Farto de folhas de feridas que secaram
No outono que se foi.

Não como a sorte que nasce nos trevos
Nas vielas dos meus dedos...
A minha sorte - eu tenho outras -
Ainda é cedo
Pra mostrar

Quero (mais do que posso); vê lá se posso
Oh, esperança tão teimosa

Quero comprar uma rede
Pra me balançar
E voar em vento
Pra mo'da vida não parar

A minha sorte - eu tenho outras -
Ainda é cedo
Pra mostrar

Inserida por FabricioHundou

A LUTA

"Vá em paz, meu velho pai, que Deus lhe espera com a paciência que, os dias de calor, pouco lhe deram. O teu nome - forte, em todos ecos da pronuncia - agora é clamado pelos nossas bocas ressecadas. Os nossos dias prosseguirão nos leitos dos rios que fluem, e rolam frouxos, em cada crivo das tuas rugas. As nossa diária luta marcial já nos prepara aos lutos e relutâncias. Vá, meu pai, que o que é teu vai romper as gerações famigeradas. Nunca hei de me dar ao hiato, pois teu timbre treme todo meu corpo. Respeitável seja a tua ida - que, agora, vem para sempre."

Inserida por FabricioHundou

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