Poemas a um Poeta Olavo Bilac

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Mel

não havia nada de doce nela,
era fúria e vontade de poder.

a menos que ela
quisesse, ser doce,
nesse caso era glicose pura.

um olhar profundo,
um caminhar fluído,
um sorriso desconfiado.

por incrível que pareça,
nela, força e precisão
caminhavam juntas,
lado a lado, de mãos dadas.

percorria 800 metros,
na velocidade da luz.
podia ver através da tua alma
e ela via através da minha.

pequenos dedos entrelaçados,
uma flexão firme de joelhos,
força e precisão,
impecável.

11/10/23

Inserida por michelfm

⁠Torrões de Açúcar

neste emaranhado
de contradições
consiste nossa vida.

esquecemos
completamente
de ser felizes,

enquanto dedicamos
toda nossa energia
perseguindo a felicidade.

15/10/23

Inserida por michelfm

⁠Manobra de Heimlich

apesar de vivermos
no pântano,
não é só o fato
de se banhar no lodo
que nos define,

mas também
nossa capacidade
de engolir sapos.

então restam
as seguintes perguntas:

sua goela
tem elasticidade
suficiente?!

e até quando
você terá estômago
pra isso?!

(Michel F.M. - Trilogia Ensaio sobre a Distração - 16/10/23)

Inserida por michelfm

⁠Pro Nobis Peccatoribus

Deus é uma imposição social,
nutrida no seio
das culturas humanas.

se você não acredita nele,
estará fadado ao instantâneo exílio
da humanidade. banido
da condição humana.

porém, toda crença que é imposta,
só pode gerar uma consequência,
o questionamento, a dúvida.

não se pode acreditar
no que é obrigatório,
naquilo que nos é obrigado,
só podemos desconfiar.

(Michel F.M. - Trilogia Ensaio sobre a Distração - 18/10/22)

Inserida por michelfm

⁠Desfoque Gaussiano

a vida
é a consequência
do que não foi.

porque
se tivesse sido,
de outra forma

(nas inesgotáveis
probabilidades
que não resultaram),

jamais seria
esta causa
que se perdeu.

(Michel F.M. - Trilogia Ensaio sobre a Distração - 19/10/23)

Inserida por michelfm

⁠100 Toneladas de Folhas de Arruda

pense positivo
e todas as guerras,
a exploração,
a opressão,
a fome,
a miséria,
as doenças
por falta de
assistência,
as mortes
por negligência,
a desumanidade
capitalista
que causa
isso tudo,
o desprezo
absoluto
pela fauna e flora,
a especulação
financeira
e o triturador
de almas dos
conglomerados,
os irreversíveis
impactos
ambientais,
o sofrimento
dos três bilhões
mais pobres,
a xenofobia,
o racismo,
o feminicídio,
a homofobia,
a transfobia
e é claro
o genocídio indígena,
desaparecerão.
a chave para o sucesso
está na positividade.

(Michel F.M. - Ensaio sobre a Distração - 29/10/23)

Inserida por michelfm

⁠O Sorriso de Júpiter
e todos os Anéis de Saturno

do instante
em que nos conectamos
em diante,
absolutamente tudo
que escrevi,
tinha a ver conosco.

e foi a mais poderosa
das conexões.
alheios à tecnologia
e tuas dissonâncias,
na ausência de ruídos,
a comunicação alcançaria
uma vibração impecável.
tudo teve relação
com o toque,
era palpável, quente e físico.

absolutamente tudo
que escrevi,
do instante
em que nos conectamos
em diante,
tinha a ver conosco.

(Michel F.M. - Trilogia Ensaio sobre a Distração - 31/10/23)

Inserida por michelfm

⁠O Matador Miserável
de Relacionamentos Concretos

imploro a ti,
que não odeie a poesia,
por causa do poeta.
ela não é culpada
pelo que ele é.

a obra não merece
os erros do criador.
não é tua incumbência
como criatura,
submeter-se
a quem te gerou.

nenhuma realização
desejou existir,
desprovida de escolha
ela veio à tona
pela vontade de um outro.

então aqui, te imploro,
que por causa do poeta
não odeie a poesia,
ela jamais foi culpada
pelo que ele é.

(Michel F.M. - Trilogia Ensaio sobre a Distração - 03/11/23)

Inserida por michelfm

⁠Interditado para Reparos

nosso medo
da felicidade,
surge de querermos
que ela dure para sempre.

mas nem o ontem
e nem o amanhã
nos pertence,

nós só temos o agora,
o único presente
que recebemos.

quando passamos
a entender isso
um pouco melhor,

os instantes efêmeros,
que estão prestes
a dissolver,

se tornam nossos
para sempre.

a vida
é uma despedida
constante,

para que novos
começos
aconteçam.

para que partos
ocorram,
é inevitável
ter que partir,
inevitável
ter que apartar.

partir de um útero,
de uma infância,
da inocência.

apartar uma tristeza,
apaziguar uma alma,
apertar um amor e deixá-lo partir.

mas aquelas
olhadelas
com que ela me atingia,

eram as maiores
manifestações naturais,
já registradas
por qualquer escala.

(Michel F.M. - Trilogia Ensaio sobre a Distração - 05/11/23)

Inserida por michelfm

⁠Piso Molhado

nunca pude
ser o que você busca,

sempre escorregadio,
com alto risco
de tombos
e lesões.

mas talvez
eu possa ser
alguma outra coisa,

não tão ameaçadora,
ensaboada
e dolorosa.

e talvez isso
signifique algo também.

mas se não for o caso
e se em todo acaso,
um aceno
qualquer já cause
hematomas
e vertigem,

movemo-nos
para evitar maiores
fraturas.

todavia,
cada instante
do que aconteceu,
valeu a pena
por tudo.

(Michel F.M. - Trilogia Ensaio sobre a Distração - 05/11/23)

Inserida por michelfm

⁠Discurso Acalorado dos Malditos

a vida é muito curta
para perdermos ela vivendo.

portanto, preocupe-se
com a próxima,
a etapa seguinte,
a fase posterior.

teu recorte de grama
no condomínio celestial.

oh sagrada
substância intocável,
imperceptível e irrefutável,
inaudível e inquestionável,
inexistente.

eis aqui teu servo e servidor,

que alcançou tão superior grau
de humildade,
em tua simplória e modesta
soberba e vaidade,

que abandonou
sem pestanejar,
a espécie inteira
denominada humanidade.

quais teus planos póstumos ?!
o que você quer ser quando morrer ?!
já pensou detalhadamente sobre isso?!
qual a tua meta após a morte ?!

(Michel F.M. - Trilogia Ensaio sobre a Distração - 05/11/23)

Inserida por michelfm

⁠nunca olhei
a vida passar,
sempre agarrei ela
pela cintura e a trouxe
pra junto de mim.

Inserida por michelfm

⁠Os desesperados
Morrerão,
Os covardes
Voltarão,
Os corajosos
Vencerão.

Inserida por gabrielcorrea

Meus olhos são telescópio
Assim passo a observar minha galáxia favorita.
VOCE!

Inserida por Lefralpgeminiano1

⁠⁠Se o amor impulsiona a alma para a verdade como diz "Platão"
Se o amor é o que mais aproxima o homem das essências divinas,
Então eu quero morrer amando
Desejo que minha alma ame.
Quero exageradamente me jogar aos pés do amor, Entregar-me como se não houvesse o amanhã
E que o amor direcione a minha alma pelos caminhos das verdades."⁠

Inserida por Lefralpgeminiano1

⁠O Olhar do Mundo

Não, não é fácil ser lido.
O mundo vê-me passar
e já decidiu quem sou
antes que eu tenha dado um passo.

Se fico, sou pedra imóvel.
Se ando, sou vento sem raiz.
Se espero, sou indeciso.
Se escolho, sou rígido.

As sombras que se movem nos muros
não são minhas,
mas o mundo insiste em vê-las em mim.
Os gestos que lanço no tempo
mudam de forma ao tocar outros olhos.

E assim me perco nos reflexos,
na dobra das interpretações,
na lente de quem vê o que já esperava ver.

Mas talvez valha a pena seguir,
deixar que o dia corra o seu curso,
que a poeira assente,
que o próprio mundo reveja o que viu
e, quem sabe, um dia entenda.

⁠O Que Se Lê no Mundo

Não, não é fácil compreender.
O que se vê nem sempre é o que é,
o que se sente nem sempre é o que se quis dar.

A luz que atravessa as folhas
é sombra ou claridade?
O rio que corre apressado
foge ou segue o seu rumo?

Tudo depende do olhar que pesa,
da memória que julga,
do medo que contamina.

O mundo não se explica,
move-se, respira, transborda
— e cada um o lê à sua maneira.

Mas talvez valha a pena ficar,
esperar que o tempo dissipe os enganos,
que a verdade encontre fenda na rocha
e que, no silêncio certo,
o mundo se mostre sem precisar de tradução.

⁠Ruído e Sintonia

Às vezes, o mais difícil
é ser compreendido.
O que digo, o que faço,
o que deixo por dizer,
perde-se num labirinto
de ecos distorcidos.

Não é por nada que se diz
que o caminho para o inferno
está pavimentado de boas intenções.
Mas e quem lê as intenções?
Quem decifra o código
das entrelinhas invisíveis?

Cada olhar é um prisma,
cada ouvido, um filtro.
O que para um é gesto de afeto,
para outro, afronta.
O riso de uns
é a ferida aberta de outros.

Comunicar é atravessar o abismo
entre o que se sente
e o que se entende.
Palavras são apenas vento
se não encontram solo fértil,
se não fazem vibrar a mesma corda.

Porque no fim,
toda mensagem precisa de um lar,
de um receptor que a acolha
e a transforme em sentido.
Se não, é só ruído,
perdendo-se no vazio

⁠Digo palavras como quem lança
pedras num lago:
espero apenas que as ondas
toquem outra margem.

Mas nem sempre chegam.
Ficam presas na sombra
de quem as ouve.

Queria que tudo fosse claro,
como um rio ao meio-dia,
mas há sempre a névoa
dos dias difíceis.

No fim, talvez reste apenas
um eco perdido,
uma sílaba breve
na boca do vento.

⁠O Eco do Silêncio

Lanço palavras como quem atira pedras
num lago sem margens,
esperando que o silêncio as devolva
sem distorção.

Mas o mundo é um espelho partido,
onde cada olhar lê o que já esperava ver,
onde cada voz se perde
num labirinto de ecos esquecidos.

Não sou feito de aço,
nem de pedra erguida contra o vento.
Sou a sombra de um pensamento que passa,
o reflexo de um instante que já se foi.

Se digo, não ouvem.
Se calo, suspeitam.
Mas sei que a raiz cresce no escuro
e a verdade não precisa de nome.

No fim, talvez reste apenas um vestígio,
um traço de luz na poeira do tempo.
E quem escutar, quem souber ler as entrelinhas,
saberá que sempre estive aqui.