Poemas a um Poeta Olavo Bilac

Cerca de 303639 frases e pensamentos: Poemas a um Poeta Olavo Bilac

AMANHÃ

pendulando a hora
vai-se
o dia embora
sem tir-te
penhora
e além de...

segundo a segundo
entardecer noto
tão rotundo
tão remoto
do hoje moribundo
pro amanhã ignoto...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO CAIPIRA

Fogão de lenha na poesia a poetar
Panela a chiar, vastidão pela janela
Cheiro da noite no negror sem tramela
Desprendendo olor na roça aformosear

O entardecer se tingindo de canela
No céu estrelas soturnas a navegar
Em uma sensação de paz, de amar
Amassando jeito matuto na gamela

É só silêncio, cigarro de palha a pitar
Saudade esfumaçada na luz de vela
Arando sensos num canoro devanear

Depois, uma pitada de solidão donzela
Acalentando as lembranças a revigorar
Ah, gostoso a vida caipira na sua tutela

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DA RAZÃO

Na prepotência do querer ser altivo
Que arde na desavença em chama
E queima no ódio que não se ama
Acinzentando num desafeto cativo

É um tal sentimento insano, adjetivo
Que então contamina a alma na lama
Do egoísmo, que o zelo nunca clama
O acolher nos abraços, e ser passivo

Que devoto tanto, esse, que flama
A injustiça, num arbítrio explosivo
Tiranizando o viver em um drama

Onde há razão no ato opressivo?
Quando o Verbo, oferta proclama:
- Amar com amor para estar vivo!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

CAUSA (soneto)

Ah soneto porque agruras quer poetar
No diálogo da ledice com a amargura
Nem tanta alegria, nem tanta tristura
Sou devaneador que se põe a sonhar

Se o rimar então chora porventura
Também riem nos versos ao cantar
Tenho o céu e o cerrado pra inspirar
E o amor no coração, principal figura

E neste motivo vai o meu caminhar
Veloz ou lento, moldo está escultura
Desenhando o fado no ser e no estar

Então, antes que tudo seja ventura
Completo a lacuna com meu olhar
E no tempo, vou cingindo a costura...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

chororô

o cerrado chora
chororô
chove lá fora!

é chuvarada, sinhô
18horas: melancólica hora
e eu também tô:

- chorando...
pobre pecador!
que no peito vai gotejando

uma tempestade de amor
de chuva e choro infando
lá fora chove, e eu sofredor!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2019
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO PASSADO

Nem o tempo pode voltar
Nem ninguém tal querer
O passo dado vai varrer
O passado no caminhar

Se quiser voltar e ver
Saudade irá encontrar
O ontem perdido no ar
E a vida sem se viver

No olhar, o velho e tal pesar
No coração, revés a abater
E a alma sem se transformar

Então, sigamos no outro ter
Pro vário podermos amar
Passar... um novo alvorecer!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

IMORTALIDADE DA SAUDADE (soneto)

Saudade: tal como uma faca crivada
Na alma, abrindo em uma agre fenda
No coração nostálgico, rude moenda
Sonial, insiste tirana com vergastada

A tua dor foi concebida em oferenda
Ao peito, e fazendo de sua morada
Brinda com a melancolia em prenda
A sofrença da lágrima esbravejada

Imorredoura, se mantém sem venda
Reencenando num tudo, num nada
No silêncio duma esvaecida legenda

Sempre renascendo, e tão indesejada
Porém, é proposta de pouca emenda
E de imortalidade no dissabor estacada

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

a coitada

fui ali na janela
ouvir a chuva
magricela
tão turva
ela estava chiando
ai, como sussurra
fica só reclamando
da secura, e hurra
e empurra a poeira
do telhado
escorre pela beira
da rua, e desanuviado
refrescado, na sua eira
ah! feliz, está o cerrado...
e numa tranqueira enleada
a chuva desce a ladeira
a coitada!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
outubro de 2919
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

A RUA

Não era itinerário nem outra nova direção
Suspiros! Calor no cerrado. Lembrança
Aqui havia uma rua, casa em demolição
O tempo era maior. A nostalgia uma lança
Tantos são os mortos na minha indagação
O tempo roendo a recordação, em dança!
E nas casas, impregnada de tenra poesia
A saudade, e não mais havia vizinhança
Tudo em ruína, mais nada dizia...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, dezembro
Cerrado mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

E o ano assim termina,
outra vez, afoito, que a vida promove.
É o tempo em sua sina.
Que seja então, e do bem se prove...
O novo floresce, o velho declina.
Vai-se 2018, vem-se 2019!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
28 de dezembro, 2018

Inserida por LucianoSpagnol

IMMAGINAZIONE

Eu queria uma sumarenta poesia
Que as rimas dessem paladar e analogia
Aos aromas do fruto maduro do amor
Onde todos degustassem com prazer e sabor
O universo do vário gosto de cada verso
Do poema, carcomendo sentimento diverso

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

CICLOS

Tempo. Segue avante, agridoce gomo
Delírios ardentes, o destino e liminar
O coração pulsa, o amor em assomo
Do desejo primeiro, olhar... Sonhar!

Fado. Sede, - querer o beijo, como
se quer o perfume a nos encantar
O afeto abre-se em riso, doce pomo
E declama a voz do prazer... Amar!

Sina. Messe e baixa, fausto e tributo
Nascimentos e também alma de luto
Nada é eterno, metamorfose. Pensar!

Sorte. Oh! Madrasta!... assíduo drama
Das trilhas aflitas pelo chão derrama
As dores, risos e lástimas... Meditar!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
17 de agosto, 2019
Araguari, MG
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

CONTENTAS

Contentas... Mas que enfado perturba
A alma inquieta? Que dor esta serva
Que ao peito aperta, e pouco se eleva
A fé, casta, vibrante tal o som duma tuba

É o banzé! Que palpita como uma turba
Nos devaneios, e os sonhos de mim leva
Do meu seio, e vão, desenhando treva
Assim aos luzidos pensamentos deturba

Aquietes, com o juízo nu, no travesseiro
Solto as quimeras... e ei-las, aligeirar
Nos caminhos da serenidade por inteiro

Alegra-te na concórdia doce e macia
Da vida, leve, com o desejo de amar
O bom hálito do prazer subleva o dia!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
23 de agosto de 2019
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

LITERATO

Como quisesse erudito ser, poetando
As brancas paginas da imaginação
As quimeras, vestidas de inspiração
Inventaram asas e partiram voando

Forasteiros rumos, dores, nefando
Cores e sabores, o amor e a paixão
Choros, risos, escoados do coração
Criando, o tempo vário ortografando

Estranhos os nomeio da serventia
Os desígnios com os seus caminhos
Compungido, vi que distinto é o dia

Assim, por longo tempo fui perdido
Nos versos nem sempre os carinhos
A poesia, da vida, nem tudo é vivido!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
25/08/2019, 05'55"
Cerrado goiano
Olavibilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

DUALISMO

Ora sim, ora não, variável cotidiano
Vivo ansiando, em dúvidas e prece
Num dualismo, a arder, e assim tece
A alma, tumulto e clamor, vil insano

Fatal, no rir como no chorar, padece
E, como num sorvedoiro, o profano
Moro entre a crença e o desengano
Como se o azarão assim o tivesse

Pobre, capaz de maquinal ousadia
Temores, e das virtudes insatisfeito
Nem das alegrias, gorjeta e cortesia

E, no logro da obsessão do agora
Devora a maravilha do meu peito
Em assombros que a poesia chora

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
26/08/2019, 05'10"
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

Como quisesse erudito ser, poetando
As brancas paginas da imaginação
As quimeras, vestidas de inspiração
Inventaram asas e partiram voando

Inserida por LucianoSpagnol

Tudo longe, tudo vazio, tudo sem encanto
do teu canto, teu olhar, no peito no entanto
que se põe a suspirar... as tuas lembranças!

Inserida por LucianoSpagnol

Tudo tão longe, tão grande, tão emudecido
aqui neste gemido em sofrido alarido...
Me ponho ao vento por ti clamar:
- como é bom poder te amar!

Inserida por LucianoSpagnol

Ora (direis) ser quem sou! Exato.
Me perdi no caminho, me achei, no entanto
A cada passo, erro e acerto, vários o relato
Vou andando, o atrás se desfez por encanto

Inserida por LucianoSpagnol

SEM DITA

Num poema todo criado de incerteza
De noturna inspiração e de tristura
É que eu vi a insônia em desventura
E ( mais que desventura) de rudeza

Ditar em vulgar estro da aspereza
Um ardor na trova sem suavidade
Sem luz, sem brisa da venustidade
Que até nem sei se há tal fel frieza

Uma malícia, mística, uma mistura
Desta feita de medo, de amargura
E da lágrima duma dor derradeira

Ó lampejo, visão aflita e nervosa
Crias a poesia agasta e chorosa
Sem deixar provar a sorte inteira!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
27/08/2019, 05'35"
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol