Poema sobre Existência
Me deparei com minha adega vazia, logo me doeu o coração atrofiado, sentei num banco sem sustento perto da porta sem maçaneta e pressionei com toda minha força sem vigor para mais um conto triste de meu gigantesco livro em branco de final já contado, que certamente não será feliz.
A verdadeira felicidade condiz em buscarmos sempre os mais simples e os semelhantes, que são alegres por que vivem, e celebram a existência a cada encontro, na alegria que nos acolhem.
Somos um emaranhado de vivências que aos olhos do outro pode parecer apenas uma mistura desconexa e caótica. Cabe a nós desvendar o sentido subjetivo, dentro da nossa sinuosa e magnífica existência.
Precisamos sempre que alguém acredite pelo menos, em parte de nossos sonhos pois a outra metade, conquistamos, diante da oportunidade.
Demônios ou deuses de onde a maldade e a bondade surge no pensamento comum. Tudo parte da imaginação humana sendo assim no fim, é você que faz o bem ou o mal, você não existia antes de nascer e não existira após morrer' Crenças! Acho que é uma forma do débil intelecto humano buscar sentido pra vida ou uma justificativa para a impossível imortalidade ou existência além da morte. Tudo neste universo morre este é o princípio de toda existência tudo que vivo e vê a sua volta é parte do que era vivo e morreu.
Juliano Assis
Quando olhamos para o passado e refletimos sobre tudo o que vivemos, podemos perceber o valor da nossa existência.
Há novas árvores e novas flores sobre a terra. Tudo é tão real e está aqui ao alcance das mãos, mas a maior indagação é saber quando tudo começou. Onde está a ponta do durex?
Na rua quase deserta ouço gargalhadas, talvez vindas de festas, saltos batendo no asfalto duro de um dia que termina para uns e começa nos olhos do crepúsculo. São ruídos de quem nem sabe que eu existo.
Mesmo sem saber onde fica a minha casa quero voltar para ouvir o balir dos anjos, ovelhas do paraíso. Estarei em minha casa quando Deus terminar a crônica da minha vida.
Somos cidades ambulantes; as emoções são casas que precisam de asseio e luz. E, claro, cuidados para acolher as almas solitárias que se esgotam na folia.
O homem, pobre ser humano, tem o universo para conhecer, porém, passa a maior parte do tempo dentro de prédios. Anda pelos mesmos caminhos, igual a uma lagarta que não sabe que, num belo dia, o seu destino a fará voar.
Meus pensamentos são beliscados pelas impressões da vida. Hoje, o som do bolero me pede para recomeçar. Recomeço na necessária desconstrução das emoções. A orquestra celestial – com o Maestro a oriente de um imenso salão - me espera com músicas suaves.
A dor que se esconde não é doença. Quando adoeço ponho a boca no mundo; gemo e resmungo sem parar. Só paro quando bebo água fluída no batismo da bênção.
Cada um de nós - habitante do mundo - tem um papel a ser cumprido nessa vida efêmera e, às vezes, sem sentido. O do artista de cinema, televisão e circo é o de emocionar as pessoas. Nada é mais importante no mundo do que o seu destino.
Fecho os olhos para não ver a frota que chegou nem sei se do Atlântico ou do Pacífico. Viro o corpo, à direita e à esquerda, cansado de noites sem dormir à espera da alvorada. Dezembro, dezembro. É do natal passado de que me lembro.
No cemitério estão os mortos que já morreram; outros que vão demorar a morrer. Ainda há os que jamais morrerão: seus feitos construíram a eternidade e serão sempre lembrados.
Há uma cadência serena no andar de homens e mulheres que caminham passos regulares; os pés irradiam serenidade. Essa firmeza na jornada torna a alma da cidade mais amena.
No meu tempo de espera, que já dura décadas, posso ver o passar dos tempos nas retinas dos olhos com colunas de densas imagens. E elas são umbrais que sustêm as vergas do tempo. Quero ser um universo que se encanta no meu chão enfeitado com um docel de estrelas formado por cachos de uvas brancas da região do Minho.
Deus põe sal na minha moleira para me dar mais juízo. Um chapéu na cabeça me convém para me guardar do sereno. Ou, talvez, uma cadeira de balanço para sossegar os meus pensamentos que se afogam nas torrentes de águas.
