Poema na minha Rua Mario Quintana
Todos os dias deveríamos ler um bom poema, ouvir uma linda canção, contemplar um belo quadro e dizer algumas palavras bonitas.
Sou presa.
Esse seu olhar de predadora;
Faz assim:
Avança em mim?
Não pensa...
dispensa todo seu pudor,
me avança,
seja lá como for,
mas que venha por inteira,
fique ao meu dispor...
te espero,
quero...
e nem precisa ter amor.
Quero só que se lambuze,
que me use,
com ardor.
Ame-me
Guie-me entre teus intrigantes relevos
Faça-me sentir teus pontos de impacto
Escravize-me; faça meu corpo teu desejo
Espete-me, cheire e chame de cravo
Leve-me aos maus caminhos
Deite-me e seja má
Castigue-me! Mas com carinhos
Ame-me e só farei te amar.
MINHA RUA (soneto)
Das tuas sombras dos oitis a saudade ficou
És a rua do príncipe dos poetas, laranjeiras
Coelho Neto, onde sonhei de mil maneiras
E alegre por ti minha felicidade caminhou
Das tuas pedras portuguesas, o belo, cabeiras
Ao chegar de minas só fascinação me criou
Se triste em ti andei também o jubilo aportou
Me viu ser, indo vindo emoções verdadeiras
Em tuas calçadas a minha poesia derramou
Criando quimeras, quimeras tais derradeiras
Da Ipiranga a Pinheiro Machado o tempo passou
Em ti a amizade os vizinhos em nada mudou
Carrego tua lembrança, lembranças inteiras
Rua da minha vida, estória comigo onde estou...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro, 16 de 2017
Cerrado goiano
ao dia 16 de fevereiro 1976,
quando chegamos ao Rio de Janeiro...
O que é o amor?
Uma combinação de algoritmos?
Uma criptografia biológica avançada?
Uma invenção social? Uma narrativa?
Caminha, vai, dá mais um passo,
Todas as grandes coisas
Começam pequeninas.
Toda grande jornada
começa com um passo.
Redime o pensamento de fraqueza,
Deus te guiará.
Não olhes para trás,
nem pares no caminho.
Vês lá no fim da estrada
aquele arbusto pequenino?
Não é arbusto, não,
é a árvore mais alta que encontrarás.
Senta-te à sombra dela e te dirá:
"Eu nasci de uma simples sementinha!"
Menina-Mulher
Um pé aqui outro lá,
Beirada do rio,beirada do mar
Mata e trilho,trem de viajar...
Me pego um minuto a pensar,
Caberia todo amor no mundo se um momento pudesse voltar?
Beirada de mar,beirada de rio
Trem de viajar,mata e trilho...
Compondo versos desde menina,
Respostas não pude encontrar,
A não ser viver e amar,
Como a vida quiser ensinar,
Um pé aqui,outro lá.
Você estará para sempre em minhas lembranças, porque deixei em minha memória um pedaço do tempo para pertencer somente a nós dois. Quando estou ao seu lado, parece que tudo fica mais fácil, mais leve, mais seguro, é como se eu abrisse os meus braços para a liberdade. E neste momento parece que o nosso amor é tão fortificado que nossos corações penetram um ao outro, virando apenas um ser, um só coração, um só sentimento. Quando você fica longe, fico com saudade de você, e não vejo o minuto de estar novamente aos seus braços, no encanto de nossas vidas, sentir seu abraço forte e aconchegante, sua respiração envolvente, seus olhos me olhando e me encantando, me levando a sonhos, ao amor. Os ventos que sopram me fazem lembrar você, até nas chuvas te vejo em meus pensamentos vindo para me abraçar. Nas ondas do mar, as lembranças suas fazem acalmar meu ser, sozinha me vem o sorriso, porque sei que logo vou te encontrar. Que saudades de você nestes momentos que fico sem te ver, que vontade de estar sempre ao seu lado, sempre, sempre, sem ter estes intervalos sem você.
Tive vontade de sentar na calçada da rua augusta e chorar, mas preferi entrar numa livraria, comprar um caderno lindo e anotar sonhos.
O enterro de meu pai. Lembro que atravessamos a rua e entramos na casa mortuária. Alguém dizia que meu pai tinha sido um bom homem. Me deu vontade de contar a eles o outro lado. Que ele era um homem ignorante. Cruel. Patriótico. Com fome de dinheiro. Mentiroso. Covarde. Um impostor. Minha mãe só estava há um mês debaixo do chão e ele já estava chupando os peitos e dividindo o papel higiênico com outra mulher. Depois alguém cantou. Nós desfilamos diante do caixão. Talvez eu cuspa nele, pensei.
Não se pode enlouquecer por todos os loucos, e esse mundo não é digno de minha lucidez. E é persistindo na diferença de quem sou e de como escrevo, que acabarei me tornando sábio. Talvez como Quintana que disse "... A poesia é uma loucura lúcida”. E existe um prazer em viver fora da normalidade, no movimento dos dedos sobre o papel, na beleza de cair e levantar. Ninguém quer aplaudir, todos querem vaiar. Somente um louco me entenderá, todos querem saber, mas minha insanidade não permite explicar.
SEM NINHOS
Sei que ele passa,
Como passa o tempo.
Por isto quando chegar
A minha hora
De subir no telhado,
Vou gritar bem forte,
Nem vou olhar ao lado.
Quero que o meu eco
Voe pelo espaço,
Siga sempre em frente,
Mesmo que não tenha
A certeza de algum lugar.
Não posso falar “baixinho"
Quando estiver no telhado.
Quero gritar mais alto,
Este amor que agora sinto
Não cabe só em mim.
Gritarei sem medo,
Que voe os passarinhos
Em busca de outros ninhos.
Que o meu grito eternize
O nosso momento,
Mesmo que ele passe,
Como passa o tempo.
(Homenagem-diálogo com Mário Quintana: "Bilhete")
A minha namorada,
É a mais bela da rua.
A mais bela da quadra.
A mais bela do bairro.
A mais bela da cidade.
A mais bela do estado.
A mais bela do país.
A mais bela do mundo,
O meu amor caiu nas suas mãos e então
é bem zelado.
Muito obrigado só por existir e ter me mudado.
Viveria eternamente te amando do outro lado desse mundo!
Uns milhões na minha mão
I
Cansada de ver a rua adormecida
Dos trapos ali, escondendo gente!
Idealizei nas entranhas da razão,
Para este problema uma solução!
Estas cápsulas fez logo inspiração:
Imaginem um grande espaço vazio...
Faça logo este tipo de acomodação
Para que durma longe do triste frio,
Um grande refeitório com comida,
Tipo do Bom Prato é muito bom
Os banheiros com chuveiro coletivo,
A lavanderia também neste conceito!
O refeitório serve para por neles razão:
Palestra, oficina, orientação pra crescer!
II
Isso parece coisa de poetisa que sonha,
Mas, se não houver ampliação do conceito
Este país pode ter milhões de: -Eu quero!
Isso tudo vira nada e o tudo vira passado!
É preciso mudar o conceito, a forma
Porque do jeito que está, tudo deforma
Parem de empurrar com o egoísmo
Alimentando maldito paternalismo!
Coloquem a vergonha pra funcionar
Chegam de patinar na lama de falar
E não fazer nada pra mudar de vez!
Necessitamos de políticas públicas
Eficientes, urgentes e concretas,
Não adianta só mostrar e sonhar!
III
Quando se constrói ou se reforma
Nós sabemos fazer orçamento
Daí, vem os bilhões para as casas
Do projeto: Minha casa minha vida!
Amplia o conceito da egoísta casa,
O individual é só o espaço onde dormir
O restante pode ser coletiva disciplina,
Discipline o povo e não sofrerão!
O Brasil só fica a patinar!
Já tenho mais idade desde o dia que nasci!
E não vi nada mudar!
Põe aí uns milhões na minha mão
Que aquele problema dos desabrigados
Tiro de letra, resolvo ele pra Nação!
Título: Um carro na minha lua.
Ouvi o som das rodas a cantar,
Olhei a rua… nada por lá.
Um novo barulho no céu a soar,
E me pergunto: como pode falar?
Observo de novo, um riso a pairar,
Percebo que estou louco… e nada há
Por cá…
Crônica: Ailton sapateiro e a rua do socorro.
ALGUÉM AQUI LEMBRA DE SEU AÍLTON SAPATEIRO DO SOCORRO EM TIQUARUÇU?
– Oi, de casa! – gritávamos pela janela que dava para a rua.
– Instante só – vinha uma voz de quem parecia tirar um cochilo em outro canto da casa.
Estávamos de frente para a casa e ao mesmo tempo oficina de seu Aílton, sapateiro que há décadas se instalou na rua principal do povoado do SOCORRO, em Tiquaruçu, sua casa, continuava com o mesmo aspecto tosco de antigamente. A única que não recebia nenhum tipo de pintura ou reforma no meio das casas do lugar. Mas também um local onde funcionava o atelier de um grande artista.
Sapato todo esfolado, sem sola, com costura arrebentada? Seu Aílton tinha a solução. Bolsa de couro rasgada, sem presilha? Lá estava ele dizendo que dava um jeito. Quantas vezes vi seu Aílton resolvendo o que parecia ser impossível. Os sapatos chegavam em frangalhos e, dois dias depois, pareciam novos. Era trabalho feito com detalhe e precisão. E também alívio para clientes que resistiam a abrir mão de velhos e confortáveis calçados.
– Pois não, em que posso ajudar?
Era assim que sempre nos recebia seu Aílton!
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