Poema de Criança
Abstrato.
Ele me foi alvissareiro e promissor.
Feliz e inocente.
Espichava as horas para não encolher meus sonhos,
e encolhia sonhos que eu queria eternizar.
Às vezes corria tanto que um dia, atônito,
Percebi que já não era infância.
Vieram então as aventuras e devaneios,
As conquistas e decepções,
Os amores e desilusões.
As poesias e canções.
E numa tarde assim bem derrepente,
Um vento outonal virou a pagina da juventude.
Toquei então com ele vida a fora
Travei batalhas insanas, acumulei vitórias
Mas, tive também que contabilizar derrotas.
Houve noites de aflição.
Mas, houve também dias de recompensa.
E em meios as alternâncias,
nem vi cruzar a grande porta da plenitude .
...E ai já não era mais novidade.
E ele mais uma vez veio brincar comigo.
Arou meu rosto, pôs vidro nos meus olhos,
peia nos meus pés e branco nos meus cabelos.
Me impôs limites e tive que aceita-los.
Me fez ver que os grandes projetos
e os sonhos mirabolantes
Teriam que ser substituídos por outros valores.
E ele me deu, então,
Discernimento e contemplação,
Paciência e aceitação,
Me fez ver através das mais simples coisas
a grandiosidade das mãos de Deus.
Me deu sabedoria para entender hoje,
que os grandes problemas de ontem,
são tolos e irrelevantes.
Diante do sorriso de uma criança.
Ah, abstrato implacável absurdo
tempo levou e me deu tudo.
Adulto é mesmo complicado;
vive lamentando o passado.
Às vezes se mostra inseguro,
pois anda com medo do futuro.
Já a criança é diferente;
só quer saber de presente.
Escrevo e divago, e tudo isto parece-me que foi uma realidade. Tenho a sensibilidade tão à flor da imaginação que quase choro com isto, e sou outra vez a criança feliz que nunca fui, e as alamedas e os brinquedos, e apenas, no fim de tudo, a supérflua realidade da Vida...
(Fonte: PESSOA, Fernando. In “Correspondência (1905-1922)”, Lisboa: Assírio & Alvim, 1999, p.150. / Fonte: Templo Cultural Delfos)
Liberdade - coração de beija-flor
Liberdade!!! Coração de beija-flor
Banzo negro que renasce a minha dor
Estou perplexo, no avesso desse nexo, no avesso do reflexo, que reflecte a minha cor
Por onde pecam e minam as esperanças
Nos tratados, abortos de alianças
Nos segredos, sinais vitais se faz,
mortais ou imorais
..onde jazz, já somos nós!
Ao retrogrado dessa poeira cósmica
desmistificam os canhões e gerações
E que a flor, segue a face da navalha
- que retalha na batalha - até não cortar mais !
Livre fui eu !!!
Nos seios da África-Mãe
Onde a fome, morria pela rima
rimava ao som do batuque ao afoxé
que os filhos da paz, na dança da paz, ensina
Livre fui eu !!!
Nos seios da África-Mãe
Onde sorria pro dia e para a alvorada
Onde dormia nos campos ao relento
Adormecia ao som do vento, sem o ruído da batalha
Livre fui eu !!!
Nos seios da África-Mãe
A correr como o bailar de uma gazela
... a me perder pelo verde ...a densa mata
Onde o verde vira prata e o silêncio vira lenda
Lutamos todos por ti, África !
Para que voltes a ser como era d`antes
... e que o sorriso de criança teça a trança
e que dance toda a dança e se debruce na janela
Lutamos todos por ti, África!
Oh ! Mãe, gerai filhos na terra
Para lutar !
A integrar para Não entregar
Pois é melhor suar na paz, do que sangrar na guerra.
Reflexões para velhos de amanhã...
Quem serei velho?
Quem estarei velho?
Quando serei velho?
Quando estarei velho?
Como serei velho?
Como estarei velho?
Onde serei velho?
Onde estarei velho?
Quem serei nesse lugar?
Quem estarei nesse lugar?
Quando serei nesse lugar?
Quando estarei nesse lugar?
Onde serei nesse lugar?
Onde estarei nesse lugar?
Terei lugar nesse lugar?
Terei nome nesse lugar?
Nenhum tipo de onde, como, quando, quem e ter deveria preocupar ninguém,
Nem o recém-nascido,
Nem a criança,
Nem o adolescente,
Nem o jovem adulto,
Nem para o adulto velho?
Será sofrido para os velhos enquanto os escondermos e deles nos esquecermos...
As chaves de todas as portas do mundo...
Num dia qualquer se percebeu contemplando o horizonte, era um final de tarde de um dia nublado, parecia ter perdido a noção do tempo, discretas lágrimas lhes escorriam pela face.
Passado mais algum tempo, percebeu-se não estar só, estranhou, pois não havia ninguém por perto, como se alguém ouvisse seus pensamentos, frutos de uma inquietação antiga:
Quais as razões de tamanhas discrepâncias entre as pessoas?
Doenças graves e incapacitantes em crianças, jovens, adultos e idosos, trabalhos braçais extenuantes, escravidão em pleno século XXI, desemprego, tráfico de drogas, milhares de dependentes químicos, graves transtornos psiquiátricos, fome, miséria e outros muitos dissabores experenciados por tanta gente em redor da vastidão deste planeta, enquanto uns poucos possuem condição totalmente diversa, com enormes recursos financeiros que, aparentemente, lhes permite acessar todas as portas do mundo.
Sem bem entender intuiu um sussurro:
“Se olharmos apenas os breves momentos da rapidez de apenas esta vida, como se não houvesse nada além-túmulo, respeitando-se os que assim pensam, haveria uma lógica em se pensar de como uma única existência, frente a tantos contrastes, seria injusta, não havendo razão para se crer na existência de um Pai soberano e justo”.
Como se recebesse um tempo para recompor-se e se ajeitar, apreende por fim:
“Para quem acredita haver uma razão para tudo e que nada é por acaso, por mais dores que se testemunhe e, que, acima de tudo, há um Deus justo, o tempo de uma vida é efêmero, logo, de que adianta ter as chaves de todas as portas deste mundo?".
Paz e serenidade
Bela rosa que em meu jardim brotou.
Quanta alegria perfumada
Em minhas terras lançou.
Com delicadeza e carinho
Meu coração conquistou;
Sua presença trouxe
cores vivas e variadas,
E com a inocência de criança,
Deu-me paz e esperança.
Obrigada , flor de beleza rara
Serás rosa eterna de uma meiguice sem fim...
Linda rosa que, desde a alvorada,
Alegra meu jardim.
2/09/15
Queria tão somente falar de bons sentimentos
mas em meio a tantos sofrimentos vividos
pela humanidade, fica difícil.
Nesse momento a tristeza se faz presente
em meio a tantas tempestades,
nessa sociedade vivida de aparências
Onde está Deus? Parece que muitos somente
lembram dele nas horas difíceis.
Vejo apenas sofrimentos,
ninguém mais vive em união como verdadeiros irmãos
Esse mundo virou terra de ninguém
crianças morrendo em meio a dor
Carinho somente em palavras,
pois o que estamos vivendo conheço por outro nome.
Desapego virou palavra do momento
O que temos é saudades dos tempos de amor,compaixão, mansidão.
Tudo o que precisamos está esquecido num passado
que parece distante.
Peço a Deus que envie seus guardiões ,
anjos de esperança para cuidar pelo menos das nossa crianças.
Não precisamos somente de palavras de conforto
diante de tanto sofrimento e lamentos.
Precisamos é de atitudes, verdades
e mãos estendidas que possam dar o abrigo.
2/9/15
Guerras
Nesse mundo atual
A política nos dividiu
A religião nos separou
E a guerra aumentou
Crianças ao invés de brincar
São ensinada a lutar
Não sabemos ao certo
Onde esse mundo vai parar
Posso Sonhar
Se fechar os olhos sei que posso sonhar, ir alem dos meus desejos, viajar na imaginação sonhos de criança realizar.
Calma! E as mudanças, a Terra não para, enquanto sonho no mundo real tudo acontece.
Nada para, tudo muda cada segundo, como é rápida a transformação!
Será que Terra poderia parar? Para poder sonhar, ser criança e aproveitar. Infelizmente não, tenho que viver e aceitar.
Afago Divino
Sons que se espalham
Que afago Divino
Que delicadeza teu sopro
Minhas fibras voam... voam
Sinto o tempo o vento, roçar minha alma
Tudo se ajusta e se complementa
Sinto os seres e a vida se estendendo...
Sinto teu hálito e face me tocar
E todo o humano sorridente, inocente a vibrar
De fato homem, criança, anjo, gente
Num só ato despertar, sorrir, e amar,
E ser, simplesmente ser no humano
Desfilo, deslizo de um mar ao outro
De um plano ao outro
Entro e saio em corações
Bailo, danço, desmancho qualquer dor ou aflições...
Deleito-me de um sol ao outro
E uma vez que sou só som e alegria flutuo,
Misturo, separo, acolho e às vezes amparo
Porque leve e livre sou,
Danço nas mais variadas formas e esferas
Muito além e aquém de ti e de mim
Infinitamente, navego estrelas, sóis,
Bem longe da tua compreensão
E nada importa...
Até tocar um a um
Vislumbro-me e amo olhar um ser no humano
Eus, outros
E todos
Na mesma benção e possibilidade
Alegrias e simplicidade nata e pura somente
Deus
Afago Divino
Tua doçura me toca, me afaga
Desembaraça, desfaz qualquer marca...
De graça nos enlaça, encanta e abraça
São teus sons
São teus tons
Que nos cobrem
Curam-nos, e, nos envolvem
Embalando nossas Almas num viver bom
Num despertar amigo e ameno
E recebemos de ti tanta fartura
E através dos seus toques e puros sons
Aqui na nossa matéria
Realizas sempre e agora tantas e muitas
Lindas, doces e suaves curas!
Abri os olhos e lá estava ela
O tempo começou a passar pra mim
Antes disso não sei o que era
Cresci e nem percebi
Senti o doce de ser criança
Vivi, brinquei, cresci...
Vi chegar a mudança
Mas também vi o partir
Aconteceu o inevitável
Novamente cresci e em meio às mudanças
Vi meu destino maleável
Vi que quem nem existia hoje se tornou criança
Cresci e vi essas crianças partindo
Cheias de esperança saindo
Vi minha família indo
Pra onde eu não sei ainda
Nessa hora que pensei
Que loucura aconteceu
Desde que comecei
Olha o tempo que você perdeu
Tempo que não volta mais
Tempo que me traz
Lembranças de mais
Dos meus tempos de paz
Já velho fico pensando
Que tão rápido quanto esse texto
Foi minha vida se acabando
Que essa corrida toda, era apenas um pretexto
Corrida pra chegar onde?
Onde ninguém quer chegar
Tem gente que vai de bonde
Tem gente que já tá lá
Minha vez já tá na porta
Minha vista já não suporta
Tanta gente que acha que vive
Mas não passa de gente morta
Essa vista se escurece
Só fico com minha prece
Esperando alguém chegar
Pra poder vir me buscar.
Paz Pesada
O verão levou minha paz naquele lar de Ipanema. Ou ela fugiu com o pôr do sol do Arpoador? Ainda não descobri!
Teve um domingo que eu não imaginava que o efeito imã daquele olhar ia me hipnotizar, a paz ainda estava lá, quis se perder entre as fumaças de um cigarro de palha, mas eu a impedi. Sou péssima nisso!
Teve outro domingo que a mesma paz permaneceu inquieta, se distanciou, quis ser levada em pensamentos por um barquinho, junto com os fragmentos da lua cheia que foram espalhados na estrada em quilômetros rodados e minutos somados.
Lembrei de uma pedra que já se encontrava fragmentada e de enormes raízes desregradas que apareciam na areia, queriam chamar atenção. Mas a força e o balanço do cipó, trouxeram outro tipo de paz, estampada num olhar puro entre gargalhadas desinibidas, daquelas que encontramos facilmente nos lábios de alguma criança, me senti uma. Brinquei de estourar bolinhas!
E nos próximos dias minhas mãos ficarão mais macias, terei intimidade com a espuma e a água fria.
Todos nós nascemos puros...
Portanto, ninguém nasce mau...
Crianças não possuem corações duros...
Mas, com o tempo, pioramos degrau a degrau...
Que agora renasça, em nossos corações, uma criança... aos pulos!
Pedro Marcos
CRIANÇAS, LEMBRANÇAS
"Naquela calçada tinha um formigueiro.
E crianças brincando e gente passando o dia inteiro.
Na pracinha em frente, todos os dias eu via um jardineiro.
Do outro lado da rua, um bar,
no balcão um "portuga" sorridente, hospitaleiro.
Ao lado, a Casa de Carnes do Expedito Açougueiro.
Mais adiante, a banquinha do "Seu" João Jornaleiro
e a oficina, do Paulo Funileiro.
Vez ou outra eu via passando,
alegre a cantarolar, o Zequita do Pandeiro,
que era primo do Nestor Marceneiro,
que era neto do "Seu" Waldomiro Barbeiro.
Vou ficando por aqui, feliz e altaneiro,
tenho gratas lembranças,
de fevereiro a janeiro."
(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)
(...) Marcados demais para a ingenuidade
Sozinhos demais para o acolhimento
Apunhalados demais para a confiança.
Esquecido que só vale o que causa
Ansiedade
Enrugada demais para ser de momento.
Que dure até enquanto
pudermos ser
crianças.
Quando eu era pequeno sempre me perguntavam o que eu queria ser quando crescer. Na minha inocência de criança, eu sempre respondia quero ser nada. Desconversava e rapidamente voltava a brincar. Agora que sou adulto fico pensado. Que naquele tempo já sábia mesmo sem saber o que eu viria a ser. Pois quando respondia aquela pergunta o nada era a resposta muito mais profunda, expressa em uma única palavra.
Nada de preocupação com o futuro...
Nada de deixar o agora para o amanhã...
Nada é a resposta certa para aquela pergunta errada.
Vejo que naquela época era justamente isso que eu queria e o mais incrível é que ainda contínuo querendo.
Eu queria ser nada. Pois bem, um nada me tornei.
Sendo assim posso voltar a brincar?
FOLHAS DE PAPEL
Os meus olhos de menina
Enxergavam arco-íris através de cacos de vidro
Viam gafanhotos vestidos à rigor
Eles estavam sempre prontos pra festa
Em meus sonhos de menina os personagens dos livros ganhavam vida
Era possível sentar para um chá
Dividir uma toalha de piquenique
Em minhas mãos de menina as folhas de papel se transformavam
Em gaivotas que ganhavam os céus
Viravam barquinhos que navegavam em poças d’água deixadas pela chuva
Em minhas mãos de mulher
Basta pena e papel
Pra guardar a vida em poemas.
Às vezes penso em ser mãe de novo
mas daí escuto chorando a filha da vizinha
e me lembro das noites que eu mal dormia e repenso, é melhor adotar um cachorro.
04/06/2018
A vida pode ser mais leve.
Mais lúdica.
Se eu não brincasse, enlouqueceria.
Não posso nem sei ser essa imagem que tanta gente congelou a respeito do que é ser adulto.
Passo longe desse freezer.
Quero o calor da vida.
Quero o sonho e a realidade melhor que ele puder gerar.
Quero alguma inocência que não seja maculada.
Quero descobrir coisas que não suspeito existirem e,
que para minha surpresa, têm significado para o meu coração.
Adulta, quero caminhar de mãos dadas, vida afora,
com a criança que me habita: curiosa, arteira, espontânea.
( Ana Jácomo)
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