Pés
Nunca vivi meio amor, meia vida ou meio sentimento, pois pode sujar e sabão está caro;
Vivo de pés no chão para então viver e conhecer tudo por inteiro, pois sabonete é bem mais barato;
O que move seus pés e te faz trilhar por algum caminho? Sua vontade, sua certeza, influência, interesse, sentimento ou simples curiosidade?
O que faz abrir seus lábios e dizer palavras doces que não estão em lugar nenhum dentro de você? O que mantém seu rosto sereno e pálido ao contar uma mentira? Não te atinge de nenhuma maneira ver que você pode estar fazendo mal a outra pessoa?
De onde sai a sua força de vontade pra levantar depois de uma queda e se esforçar para colocar um sorriso no rosto? Vale a pena? Adianta lutar por uma felicidade que você nem sabe se realmente existe? Quantas pessoas você já ouviu dizer que são felizes? Poucas? As pessoas só sabem reclamar, cada um de nós - e você também - não tem consciência da preciosidade da vida que temos. Preciosa pra quem? Esta não é uma boa pergunta, ninguém se importa com você a ponto de abrir mão de qualquer coisa. A sua vida é preciosa pra você. Não por que o mundo seja maravilhoso ou por que a vida seja linda, longe disso. A sua vida é preciosa pra você, por ser a única coisa realmente tua. Você vai passar quanto tempo dela reclamando? Você já sabe que ninguém merece nada, pois nunca vão reconhecer nada, e quer saber? Nem você. Você é tão imperfeito quanto todos os outros. No fim, de qualquer jeito, você vai acabar com a sua vida, nunca vi alguém que saísse dela plenamente satisfeito. Nada vale a pena, tudo causa dor.”
Nem mesmo preso pelas mãos e pelas minhas pernas e pés, amarrados, foram suficientes para deixar de esboçar um sorriso escondido enquanto o senhor do engenho teimava em gritar e a marcar em minhas costas o seu destempero e a sua brutal ignorância. Já percebia as mãos daquela linda mulher que começara a puxar meu espírito para o alto, desprendendo-me daquele corpo mal tratado, fétido e queimado pelo sol dos dias passados. Nem mesmo as pesadas correntes puderam me segurar mais ali...
São vários os passos e diversos os caminhos, sendo que a variável comum serão os pés que irão caminhar.
Devemos voar com os pés no chão, porque se alguém vier e cortar nossas asas não vai existir tombo e sem tombo a gente não quebra a cara.
Pés
Afora estes pés outros pés,
milhões de passos...
Pés macios e calejados,
feios, bonitos,
diferentes, amortecidos,
lentos e apressados.
Pés idosos, milenares,
fincados na terra mãe
e outras terras densas...
Pés sutis, voláteis,
vagando outros lugares,
provocando emoções...
Por ora, examino a realeza e a bruteza
dos pés calçando este caminho
entre a diversidade de sensações.
Estarão sempre buscando levezas?
Sim... não?
Sua vida... perdida.
Somente despedidas,
seus pés se negam encontrar uma saída.
Sua vida... desprotegida,
sempre becos sem saída.
Sua vida... de vida despida,
completamente invertida.
Sua vida destruída.
Como a morte,
uma vida de vida destituída.
Eis a sua sina: total falta de sorte.
Eu danço, como as folhas que caem no caminho
Como o dia, que no horizonte se encerra
Os pés descalços tocam devagar a terra
A boca doce, ainda com o gosto do vinho
Diário querido, hoje fraturei uma parte muito importante do meu corpo. O que me impressionou nas pessoas foi o fato de não me perguntarem se estava bem, se eu queria ajuda. Foi a desumanidade delas apenas por não ter sangrado. Sangue não houve, mas aqui dentro de mim parece ter passado um furação, uma onda tão grande que arrastou e jogou tudo pro alto. Estivesse caindo muito nesses últimos meses, acho que o mundo nunca esteve ao meu lado. Posso dizer que tentei ir em diversos médicos, tomar vários remédios para tirar a dor e de nada adiantou. Uma dor forte que provoca ânsias de vômitos terríveis e me joga para dentro de casa no escuro de meu quarto. Que me derruba na cama e me bate, me espanca. Que tira meu folego e arranca lágrimas. Essa droga de coração está batendo lento, sinto que está ameaçando parar. Mas já dizia os velhos sábios; ninguém morre de amor. O que mata é o que sobra dele. Maldito coração, apronta e quem sofre sou eu. E o pior, é que se ele voltar te ver amanhã, vai se apaixonar novamente. Mal se cura de uma ressaca e já é risco de querer tomar mais doses dessa droga de amor. Acho que ando precisando isolar, trancafiar meu coração, quem sabe assim consegue aprender ter mais amor próprio antes de tentar se aventurar por ai sabendo que o resultado vai ser um belo de um tombo.
Vamos mudar de ares?
Moldamos nossos corpos às nossas roupas,
nossos pés aos nossos calçados,
ficamos acostumados...
Não nos arriscamos,
não nos aventuramos,
não nos expomos,
simplesmente nos habituamos.
Isso é bom ou é ruim?
Depende:
Quando há perigo à vista...
mas quem não arrisca também não petisca ;)
Creio que o ideal seria que durante a nossa curta permanência por aqui, tratássemos bem todas as pessoas, mas não nos apegássemos em demasia a ninguém. Embora fosse o mesmo que pedir para que as pessoas não amassem por inteiro e sim pela metade. A vida pode ser resumida em dois momentos: o encontro e a despedida!
Meu tempo de criança.
As plantinhas dos pés no chão, já ao acordar, roupa remendada; porém limpa. Batata assada no borralho do fogão, broa de fubá e café,era a merenda matutina antes de ir à escola. Que delícia! ia com os coleguinhas cantarolando e conversando. Bornal no ombro, carregando os caderninhos, lapes partido ao meio; pois a outra metade para o irmão. A
realidade era esta. Outro pedaço de lapes,só ganharia quando não dava mais para segurar. Com carinho guardava e não perdia. Naquele tempo a professora era a segunda mãe, e era respeitada. Os ensinamentos eram feitos com todo amor, e o salário era apenas para sobreviver. O pais apoiavam todo corpo docente da escola.
No jardim da infância, aprendi ler, escrever, e fazer as primeiras continhas.
Nesta tenra idade, com nove anos, após chegar da escola, almoçava e ia ajudar o pai na roça. De pés descalços, com enxadinha no ombro subia e descia colina, até chegar ao milharal. O sol a pino, meio dia,era o início da jornada.
À noite estudava e fazia a lição com luz de lamparina.
Às vinte horas mais ou menos, meu pai contava estorinha antes de ir dormir, juntamente com outros irmãos. Que pai maravilhoso! A mamãe fazia broa e café para cearmos. Muitas vezes antes de deitar, socávamos arroz, ou debulhávamos milho à mão, para no dia seguinte ter o que alimentar. Com tudo isto, vivíamos felizes. Estudava, trabalhava e brincava. Nos finais de semana, tinha mais tempo livre para brincar.
Hoje as crianças têm tudo. Têm tempo de sobra para fazer coisas erradas. Não podem trabalhar, ou mesmo ajudar os pais; mas podem vender drogas e outras mais. Não podem ganhar um tapa dos pais, mas quando crescem podem apanhar da polícia. Que inversão de valores!. Eu era feliz e não sabia...
Homem, conte as lágrimas de uma mulher! A mulher não foi feita dos pés para ser pisada, não foi feita dos braços e das mãos para ser maltratada, mas das costelas e do coração para ser amada.
Pisando na areia já não sinto os pés
Sinto apenas meu corpo tomado por alma
As ondas que teu dançar me traz
Hipnotizam-me e me trazem a paz
Meus pés já não tocam o chão
Já estamos os dois
Alma e corpo
Em seus braços clamando pelo teu seio
Alimente-me de luz
Mãe generosa de amor
Seque minhas lágrimas
Troque-as por água do teu mar
Me faça dançar em tua maré
Me ensine de que maré é feito meu amor
Teus olhos morenos de mar
Teu canto, meu canto, meu olhar
Me conte porque tenho o mesmo olhar
O teu olhar com encanto
Encanto da sereia
Venho a areia pra clamar
Ó minha mãe me leve pro teu reino
Pois só me entregando a ti
Posso me entregar a mim
Odoyá
Pra voar tem que se jogar. Pra ser firme, tem que fixar bem os pés no chão. A teoria do equilíbrio é até fácil de ser interpretada, mas e a prática? Tem que saber dosar.
Hoje meu orgulho é sadio. Não me convém arriscar em algo sem garantia nem em fatos distorcidos. Incluir limites é ótimo mas as vezes é necessário sair um pouco da razão pra ver se realmente ainda vale a pena certas coisas. E nem sempre vale
Apaixonei-me por um anjo, a mais bela das flores
Sem perceber, já encontrava-me ao seus pés
Surpreendente, meu coração acelerou o ritmo
Impossível resistir a tanta formosura
Minha mente perde-se no seu sorriso
Admito, Amo-te e como amo-te!
Porém, chega um dado momento da nossa vida que querendo ou não, arriscando-se ou estando com os pés no chão, quase grudados até, pulando de um arranha- céus sem para-quedas ou se sujeitando aos maiores sofrimentos em prol de uma felicidade eufórica, desejada e estonteante,
chega este momento que inevitavelmente você passa novamente a confiar , a se apegar, a compartilhar, a voltar a dormir não mais e simplesmente para descansar mas para sonhar, por saber que estes sonhos podem um dia se tornarem realidade.
Você aos poucos passa a construir este coração despedaçado e passa a preencher a mala com coisas novas, pessoas, sentimentos, planejamentos.
Tudo novo, de novo.
Passa a voltar a viver, a acordar para a vida , a antes de esperar, fazer acontecer, a antes de amar alguém, se amar, a antes de esperar pelo futuro incerto, viver o presente.
