Pensamentos de Bocage
Morrer é pouco, é fácil; mas ter vida
Delirando de amor, sem fruto ardendo,
É padecer mil mortes, mil infernos.
Se amor vive além da morte.
Constância eterna hei-de ter;
Se amor dura só na vida,
Hei-de amar-te até morrer.
Só tu, meu bem, me arrebatas
A vontade, o pensamento;
Vivo de ver-te e de amar-te,
E detesto o fingimento.
Quase tudo que é raro, estranho, ilustre, da vaidade procede.
Nas paixões a razão nos desampara.
A frouxidão no amor é uma ofensa.
Quem é muito amado, não é muito amante.
Por entre a chuva de mortais peloiros
A nua fronte enriquecer de loiros
Eu procuro, eu desejo,
Para teus mimos desfrutar sem pejo,
Pois quem deste esplendor se não guarnece,
Não é digno de ti, não te merece.
Quando recente o sol caiu na esfera
cristalina e serena
(...) surgiram flores,
Flores que não murcharam
Os homens não são maus por natureza
Atractivo interesse os falsifica,
A utilidade ao mal, e ao bem o instinto
Guia estes frágeis entes
Eu, que não satisfeito
De combater, de triunfar na Terra,
Convosco tenho feito
Aos próprios Céus inevitável guerra
Infeliz! Que arrogância,
Que imprudência, que fado ou que desdita
Te guia à negra estância
Aonde o tempo com a Morte habita?
Purificando co' um sorriso o dia,
Afáveis olhos para mim volvendo,
Me diz : «Não chores, ó mortal, não chores;»
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