Pe Fabio de Melo os que te Amam
Existem acontecimentos que não combinam com as palavras. Foram feitos para o silêncio, porque não podem ser tocados na sua inteireza. Qualquer descrição seria uma forma de empobrecimento.
"Até que a morte nos separe." Antigamente era mais fácil dizer isso. Havia mais disposição para ver o tempo passar, menos pressa, porque as distâncias eram maiores. Quanto menor a distância, maior é a pressa e a ansiedade de chegar.
A experiência normativa do processo: depois da tristeza, a alegria. Não a manifestação eufórica, irreal, mas a serena alegria, aquela que, antes de ser externada, nós construímos no silêncio do coração.
Relato de um sobrevivente:
Parece que o mundo está em obras. Menos eu, que também preciso de reforma, mas não agora. Gostaria de fugir daqui, mas estou sem disposição para sair. Gostaria de chegar a um lugar tranquilo, mas sem ter de ir. Estou sem coragem até mesmo para respirar.
Organizar o luto talvez seja isso: recolher o que da vida restou. E como é belo recolher o amor e suas respectivas saudades. É uma forma de afirmar que a vida não foi em vão. Não foi uma experiência que passou pelos vãos dos dedos, mas registrou-se nas cordas do coração.
"Acredito em Deus, acredito na proteção dele, mas eu olho para os dois lados da rua antes de atravessar. Eu não dou a Deus a responsabilidade de cuidar daquilo que eu sei que é um cuidado meu"
É temerário quando as religiões se propõem a responder de forma mágica as questões humanas. Devem ensinar a conviver com elas. Perscrutar lugares que os olhos não alcançam pode ferir a dignidade dos acontecimentos. Ex. Uma mãe que perde um filho.
Dobrar os joelhos, sim. Mas dobrar também a arrogância. A simplicidade é o caminho que nos leva à Deus.
Há dores que parecem reunir todos os motivos humanos num só lugar. A dor de perder um filho é assim.
Cenários
Por tanto tempo me enganei
Em personagens me escondi
Montei cenários, fui ator
Fui me tornando um perdedor
Quando de mim eu me perdi
Mas de repente eu pude ouvir
A tua voz chamar por mim
Me convencendo a regressar
Reassumir o meu lugar
Reconquistando o que perdi
Coração acelerado
Sempre pronto pra mentir
Na surpresa de um olhar se perde
E perdido vira presa fácil
Pra que Deus o leve pela vida
Em seus braços
Por mais que eu procure noutras praças
Noutros rastros, direções
Por mais que eu procure noutros olhos
A coragem pra não desistir
Somente o amor de Deus me faz
Ser eu mesmo sem precisar mentir
Só ele me mostra o sempre oculto
Das virtudes que estão em mim
Que as tramas da farsa se destramem
E que a verdade acenda sua luz
E se desfaçam todos os cenários
Não quero a vida pra fazer ensaio
Quero viver como se fosse hoje
O último dia
Que se dissolva toda fantasia
Não quero a máscara da hipocrisia
E que ao final de tudo o grande aplauso
Seja pra vida
E que ao final de tudo o grande aplauso
Seja pra vida
As pessoas querem odiar. A qualquer custo, querem odiar. Por qualquer motivo. Elas precisam eleger um foco para a manifestação de seus lados sombrios.
O principal instrumento do ódio é a palavra, a pior de todas as armas. Ela fere, adoece, pesa tanto que prostra a alma.
As pessoas não querem a verdade. Elas só querem a versão que melhor se adapta à sua necessidade de odiar.
Você está sob a mira da mais assertiva armadilha que o diabo criou: o mundo virtual.
A palavra é uma forma de benção. As flores também. Flores são palavras. De Deus.
