Paul Verlaine

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Paul Marie Verlaine (1844-1896) foi um dos principais poetas simbolistas da língua francesa, autor dos famosos textos em prosa, “Os Poetas Malditos”.

Não há nada melhor para uma alma do que tornar menos triste outra alma.

Música antes de mais nada.

Se esses ontens fossem devorar os nossos belos amanhãs?

Agora, livro meu, vai, vai para onde o acaso te leve.

A vida humilde, cheia de trabalhos fáceis e aborrecidos, é uma obra de eleição que exige muito amor.

A esperança reluz como uma haste de palha num estábulo.

CANÇÃO DO OUTONO

Os soluços graves
Dos violinos suaves
Do outono
Ferem a minh'alma
Num langor de calma
E sono.

Sufocado, em ânsia,
Ai! quando à distância
Soa a hora,
Meu peito magoado
Relembra o passado
E chora.

Daqui, dali, pelo
Vento em atropelo
Seguido,
Vou de porta em porta,
Como a folha morta
Batido...

Paul Verlaine

Nota: Tradução: Alphonsus de Guimaraens

Cada vez que o rouxinol-Paul, a coruja-verlaine
me apelidam de anjo-Arthur, demónio-rimbaud
escondo-me na toca do bosque verde e ouço a
natureza a comover-me!

Meu sonho familiar

Sonho às vezes o sonho estranho e persistente
De não sei que mulher que eu quero e que me quer,
E que nunca é, de fato, uma única mulher
E nem outra, de fato, e me compreende e sente.

Compreende-me, e este meu coração, transparente
Para ela, não é mais um problema qualquer,
Só para ela, o meu suor de angústia, se quiser,
Chorando, ela transforma em frescura envolvente.

Se é morena, ou se loura, ou se ruiva – eu ignoro.
Seu nome? É como o nome ideal, doce e sonoro,
Dos amados que a vida exilou para além.

Seu olhar lembra o olhar de alguma estátua antiga,
E sua voz longínqua, e calma, e grave, tem
Certa inflexão de emudecida voz amiga.

Paul Verlaine

Nota: Tradução de Guilherme de Almeida

O amor por terra

O vento derrubou ontem à noite o Amor
Que, no recanto mais secreto do jardim,
Sorria retesando o arco maligno, e assim
Tanta coisa nos fez todo um dia supor!

O vento o derrubou ontem à noite. À aragem
Da manhã gira, esparso, o mármore alvo. E à vista
É triste o pedestal, onde o nome do artista
Já mal se pode ler à sombra da ramagem.

É triste ver ali de pé o pedestal
Sozinho! e pensamentos graves vêm e vão
No meu sonho em que a mais profunda comoção
Imagina um porvir solitário e fatal

É triste! – E tu, não é?, ficas emocionada
Ante o quadro dolente, embora olhando à toa
A borboleta de oiro e púrpura que voa
Sobre os destroços de que a aléa está juncada.

Paul Verlaine

Nota: Tradução de Guilherme de Almeida

Calmos, na sombra incolor
Que dos galhos altos vem,
Impregnemos nosso amor
Deste silêncio de além.

Juntemos os corações
E as almas sentimentais
Entre as vagas lassidões
Das framboesas, dos pinhais.

Cerra um pouco o olhar, no teu
Seio pousa a tua mão,
E da alma que adormeceu
Afasta toda intenção.

Deixemo-nos persuadir
Pelo sopro embalador
Que vem a teus pés franzir
As ondas da relva em flor.

A noite solene, então,
Dos robles negros cairá,
E, voz da nossa aflição,
O rouxinol cantará.

Paul Verlaine

Nota: Tradução de Guilherme de Almeida