Os Velhos Carlos Drummond de Andrade

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A LUZ DO FAROL

Não te recitei poemas nem fiz juras de amor,
eu te ofereci meus dias e minha vida
como um criminoso buscando redenção.
E você me abrigou sob sua luz,
intensa e constante como um farol
invadindo o mar para salvar os esquecidos
e os desesperados.
Você calou meus demônios com sua ternura
e fendeu a sepultura onde jazia meu coração
com um simples olhar, com um simples estar.

Eu deixarei morrer cada entardecer
enquanto teu beijo amanhecer o dia.
Eu deixarei morrer cada dezembro
enquanto tuas palavras brotarem janeiros.
Eu deixarei morrer as flores do meu jardim
enquanto teu corpo ressuscitar a primavera.
Eu deixarei morrer silenciosamente
no teu seio minh’alma ou meu espectro,
pois em mim toda paz perde o reinado
(não há virtude sem o pecado).

Inserida por purapoesia

NOITE DE ESTRELAS

Joguei fora o paraquedas e pulei,
voei como um míssil por entre as nuvens
espalhando no céu canções de paz
e lembranças de dias passados.
Tudo o que se tem é o agora
e cada momento será como uma ressurreição.
Darei à luz um campo de girassóis
e semearei palmeiras na lua,
para que não falte beleza e esperança.
Minha casa será uma noite de estrelas,
onde as crianças crescerão descalças
e cavalgarão unicórnios.
Com um grito lançado ao vento
rebatizarei o homem de errante,
pois suas perguntas só terão respostas
na ausência do medo de tentar
e na consciência de que só se pode ser sincero.
A única fome será de amor.
A única sede será de vida.
Não existirão horas e minutos, nem relógios,
o tempo se medirá em sorrisos e abraços
e em banhos de cachoeira,
sendo proibido não ter tempo.
Cada coração será uma janela aberta,
de onde se verá uma complacência fraterna
do homem para com tudo
que o cerca, que é vivo e sente,
que acaba e deixa saudade.
Nesse mundo de mãos dadas
num arco-íris esconderei minha derrota,
para que esse desejo egoísta de ficar
se mostre belo nos dias de garoa.

Inserida por purapoesia

MINHA MELHOR ORAÇÃO

Eu rezava para Deus minha melhor oração
quando te obrigava a um sorriso ligeiro
por qualquer bobagem sem graça.

Eu bendizia ao Senhor
quando te levava à gargalhada,
sua irresistível gargalhada
que ecoava por horas no nosso bairro
como um desatino da felicidade.

Eu corria o meu terço mais puro e sagrado
quando caçava teus beijos entre os lençóis
e encontrava meu paraíso
fincado nos teus olhos de conivência.

Eu pedia devotamente ao Redentor
– na minha silenciosa súplica –
para que a eternidade
fosse o quintal dos nossos sonhos
ou um simples reflexo
das horas em que vivemos um do outro.

Inserida por purapoesia

POEMA DAS PALAVRAS AUSENTES

Hoje, embebedado de sentidos, resolvi escrever sobre você.
Quis narrar como sua beleza agressiva furta toda a atenção
e como seu olhar está sempre a pedir um afago
e breguices de amor, que adoro dizer ao seu ouvido.

Decidi descrever como seu desajeito é todo complexo,
querendo ser companhia para o meu descompasso.

Quis divulgar como suas curvas delicadas revelam desejos meus
e se exibem de maneira solar à meia-luz.
Cambaleei entre palavras relembrando
como seu sorriso me traz um futuro bom
e como tenho em mim uma tempestade de você.

Recordei cada instante, todo o tempo,
calando meus versos, por breve momento.
Percebi que para você nenhum verso é decente
e que palavras não seriam suficientes.

Para falar de você
minha poesia deveria ter o cheiro da primavera
e a tenuidade de uma manhã de inverno;
teria de ser bela como um pôr-do-sol sobre o mar
e quente como um abraço de saudade.
Pediria a transparência da água de uma nascente
e a pureza de lugares desconhecidos.

Para falar de você
minha poesia deveria ter o gosto ingênuo das nuvens.

Não bastaria uma canção,
seria necessário compor uma sinfonia.
Eu teria de divulgar segredos
– sagrados segredos –
que te fizeram assim: tanto!

Para falar de você
eu teria de desvendar o encanto
que nos cerca e que nos uniu:
teria de justificar o incompreensível.

Por isso, para você eu escrevo sem palavras
e te dedico um silêncio profundo,
porque só o silêncio pode falar
quando as palavras não podem descrever.

Inserida por purapoesia

O DITADOR

Se eu fosse o ditador da Síria, da Líbia ou do Iêmen
– lutando pelo poder –
não atiraria balas, não lançaria bombas:
a revolução não se curva às armas.
Eu atiraria rosas, lírios e tulipas,
recitaria poemas e entoaria canções:
eu mataria de amor.

Se eu fosse o ditador do Egito, do Iraque ou da Jordânia
– lutando pelo poder –
não atiraria balas, não lançaria bombas:
a revolução não se curva às armas.
Eu lembraria histórias, causos e mentiras,
compraria um circo e contaria piadas:
eu mataria de rir.

Se eu fosse um sangrento ditador,
eu deixaria de ser um sangrento ditador.
Não atiraria balas, não lançaria bombas, não faria nada:
eu mataria de tédio.

Inserida por purapoesia

A IRRESISTÍVEL PREDADORA

Seu sorriso era um convite manifesto,
mas despiu-se aos poucos, em singelo gesto.
Escondia-se à sombra, acanhada, indefesa,
como uma aranha seduzindo a presa.
Respirava desejo, ardor, com malícia contida,
e desarmado, surpreso, esperei a investida.
Eu era um inseto imóvel, deslumbrado,
somente esperando ser devorado.

Inserida por purapoesia

E O QUE MAIS PODERIA SER?

O que mais poderia durar para sempre
senão o minuto que acabara de passar,
deixando teu fantasma cravado nos meus olhos
como a cicatriz de uma faca que aleija uma rosa?

O que mais poderia ser eterno
senão aquele beijo inesquecível,
que durou o tempo de uma vida libertada
ou uma caminhada pelo quintal das estrelas?

Onde mais poderia estar o paraíso
senão guardado nos teus sorrisos e nos teus gemidos,
que ecoam como o bater das asas de uma borboleta
nas minhas noites de luas repentinas?

Onde mais poderia encontrar o perdão
senão escondido no nosso pecado de amar,
que navega sem velas e ao acaso do vento,
guiado pela própria inconsistência da maré?

Em qual sermão poderia vislumbrar a redenção
senão nos segredos que me sussurra a luz do dia,
bendizendo teu singular passar pela praça
e a sorte que tem quem pode te tocar o coração?

Inserida por purapoesia

RENASCIMENTO

Eu não vou chorar por coisa alguma,
estou dando uma segunda chance à vida.
Tudo aqui é um milagre.
Vou bradar aos céus:
– Eu quero raios e trovões!
Tenho-te como uma mãe abraça o filho que nasceu,
cheia de carinho e fé
e com a certeza cega de que tudo vai dar certo.
Estou lapidando meu diamante
e a pureza é indescritível,
terá o preço de cada manhã futura.
Inestimável
como o cheiro do amanhecer no campo.
Simples como não se esquecer de aguar uma semente,
porque essa palmeira que plantei
não se envergará
nem se quebrará ao convite do vento.
Sou como um velho barco quebrando ondas em um mar revolto:
LIVRE!

Inserida por purapoesia

SE NÃO PUDERES MAIS ME AMAR

Se não puderes mais me amar,
tudo bem, eu compreendo.
Afinal, nos seus dias há saudade logo cedo
e nem todo ouro posso te dar.

Se não puderes mais me amar,
se não fores mais capaz de se alegrar
com minhas ranhetices e manias, não tem problema.
Afinal, toda rosa quer ser tema de poema.

Se não puderes mais aqui permanecer,
se tiveres que seguir seu caminho com razão,
não olhes pra trás e se permita renascer.
Só não te esqueças de que cabe ao sol render a escuridão.

Por isso, não se torture e tenha nos passos firmeza
e nos olhos aquela velha paixão pela vida.
Eu estarei a lembrar da minha paixão perdida,
mas tudo bem, reencontrarei a amiga tristeza.

Inserida por purapoesia

SONETO DO AMOR EM COLISÃO

Criatura de intensa inquietação
é amor que se apresenta em colisão:
pintor que na pintura tem prisão,
potro que não teme a fúria do peão.

Encontro nos teus olhos minh’alma
que roubaste com consenso e calma,
para ser indômito e imenso
caso, enlouquecido e intenso.

Secretamente corro teu corpo
como quem tange arisco rebanho,
sob a planície de um céu tamanho.

Aceita-me com pose desfeita
– aí está a suplica de socorro –
onde nasço e noutro dia morro.

Inserida por purapoesia

A vaia é a consagração do artista.

Inserida por LuanBarreto

“Leve”

Leve como algodão, e tão leve como o ar
Da leveza de uma bela borboleta ao voar
O ar movendo a procura, leve-me a achar
Momentos leves e uma pessoa de beleza
E que seja leve para eu sempre namorar...

Inserida por CarlosRenatoTavares

´´Casamento``

Assim como o verde para a natureza
Como o azul para o céu e para o mar
Assim como o branco dos lírios ao ar
A transparência nunca poderá faltar...

Não podemos deixar o sonho acabar
Meu interior te deseja para sempre
Que seja reciproco o nosso respeito
Assim peço a Deus para nosso amor...

Confio na natureza e ela me dá vida
E dá a esperança de podermos está
Com belos corações compartilhados
Eu, você a aliança ao ar livre e o altar...

Inserida por CarlosRenatoTavares

"Minha realidade"

E assim aconteceu sem saber esqueci, despreocupei e ri
Me distrai conheci, erramos já passou a melhor de todas
Ela amou como eu e não o completou, se foi e o deixou ir
Existe quem ama, quem espera no amor e quem plantou
O dia de colher chegou, a semente semeada no passado
Hoje ela insegura e desconfiada como todos nesse temor
Brincamos com as palavras deste poema e fazemos amor
Vivemos hoje a esperança e o glamour, nós descobrimos
Até coisas incomuns como segredos, verdades e diversão
Entender o passado já não faz parte dos nossos corações
Depois de tudo ter acontecido chego a seguinte conclusão
“Vivendo os dias ao teu lado é o paraíso em minhas mãos”

Inserida por CarlosRenatoTavares

“Você foi e será”

Com toda razão você foi ao vento
Quando descobri fiquei no relento
Foi como o vento frio ao horizonte
Deixou tremedeira parecia ontem
Sinto os reflexos em precedentes
Já vai parar os ranger dos dentes
Entrará o verão e será a salvação
Alegria, praia, festas e a animação
Serão dias ricos de muitas ilusões
Esquecerei todas as complicações
No início do texto dizia se foi amor
No final digo se vai logo minha dor.

Inserida por CarlosRenatoTavares

“O tempo”

O velho descobre o tempo ao passar dos tempos
O jovem descobre o tempo e com o tempo passa
O tempo tem tempo para o velho e para o jovem
O tempo passa e o velho lembra do tempo jovem
O tempo não passa e para jovem o tempo é velho.

Inserida por CarlosRenatoTavares

“Um dia”

Quem diria que um dia o teria
Chegou a imaginar e tremeria
O momento da alegria é vital
Ela acreditou, veio o par ideal
Sorriu, balançou o seu interior
Ele se dedicou, ela apaixonou
Novas ideias, alegrias, sorriso
Combinaram os compromissos
Quem diria que o dia acabaria
Foi paixão, não amor o Final...

Inserida por CarlosRenatoTavares

´´Canto``

Ouço o assobio trazido pelo vento
A melodia do pássaro, voo matinal

O meu lamento é posto em dúvida
O canto acabará, mudará a direção

Cantando o pássaro traz a emoção
Qual neste momento sou felizardo

Assim como o vento tudo acabará
O belo som hoje ouço em alto tom

Pela Janela entra em meu coração
De bom agrado é aquecido o dom

Que o fogo incendeie sem perdão
Multiplique em minha vida o amor

E por todo o mundo, seja como for
Voltem os sentimentos que daqui

Voou...

Inserida por CarlosRenatoTavares

“Lembranças”

Cantando os males espanta
Rindo energia renova a vida

Olhos brilhando e cantando
Amando o seu olhar é viver

Beijando sua boca é reviver
Te abraçar é sentir o ar aqui

Você longe e eu sem respirar
Espero a volta da minha flor

Que tem o melhor perfume
Que uma pessoa já imaginou

Inserida por CarlosRenatoTavares

"Normal"

Especial,espacialonormal
Sendomedianosefoioano
Naterraotempovoaagora
Issonãoacontecerialáfora
Nomundoobrilhoédenso
Noespaçoobrilhointenso
Estamosnomundoremoto
Meuamorpartedouniverso
Céuénormal,vocêespecial
Voarparaoespaçoetever
Doaltoeunãopercovocê.

Inserida por CarlosRenatoTavares

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