O que os Olhos não Vêem
São os teus olhos a brilhar
Mirando nesta doce fonte
É o verbo amar
Desfilando no horizonte
No mais minha pequena infante
Sois os olhos daquela
Daquela singela amante
Esperava na porta linda donzela
Sois mui capaz no amar
A beleza mádida satisfaz
Põe-me a pensar
Na minha flor lilás
Mas na vida a pensar
Traduz infinita beleza
Ela é o sol e o luar
Afastando toda tristeza
E enquanto a lua reluz e o brilho dos seus olhos serenam
eu desaguo de paixão...
Enquanto ventanas e ventanias me levam...
Eu vou rumo ao coração...
Sussurrando baixinho...seguindo meu caminho...
Nesse forte trovão...
E nada faz sentido...ou tudo tem sentido...nas rimas da nossa canção...
Nada dizer, simplesmente olhar-te:
te pedir com os olhos
te agradecer com os olhos.
Fechar os olhos porque estás perto,
abri-los para ver teu sorriso.
Cada vez tornar-me mais imagem tua
de tanto te olhar.
As vezes você se sente assim, esquecido e só.
Mas se você olhar, com os olhos da alma, para frente ou para os lados , você verá que há flores no seu caminho. Há muita vida para viver e ela chama por você. Enxergue a vida com as lentes da sabedoria e com a certeza que ela não é linear.
Marilina Baccarat de Almeida Leão
As flores colhidas
para serem oferecidas a você
não morrem jamais.
Pelo contrário, ganham mais vida
depois de admiradas por seus olhos,
pois viverão para sempre na sua lembrança.
Seu copo está cheio.
Mais uma vez tentando envenenar
Aquilo que te persegue.
A qualquer momento que o vazio toma lugar.
Sua psique é apunhalada por teus monstros
Que ainda sobreviveram a varias doses.
E quem há de conhecer, cai facilmente em tua armadilha que é a tua beleza.
E ao lampejar dos teus olhos,
Eu testemunhei a tempestade que perecia a tua serenidade emocional.
Não conseguiremos ver tudo o que há na terra ou fora dela, nem poderíamos mesmo que tentássemos, mal conseguimos enxergar o que está diante dos olhos.
"Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem, e canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero”.
( Bernardo Soares [Semi-heterônimo de Fernando Pessoa],no Livro do Desassossego. (Org.) de Richard Zenith - Assírio E Alvim, 2008.)
duas janelas
abrem, fecham
me olham
mostram o infinito
me deixam amá-las
todos os dias
não só as janelas,
mas a casa inteira.
De que adiantavam aqueles gritos se mensageiros mais velozes, mais ativos, montavam melhor o vento, corrompendo os fios da atmosfera? Meu sono, quando maduro, seria colhido com a volúpia religiosa com que se colhe um pomo. E me lembrei que a gente sempre ouvia nos sermões do pai que os olhos são a candeia do corpo. E, se eles eram bons, é porque o corpo tinha luz. E se os olhos não eram limpos é que eles revelavam um corpo tenebroso.
(Lavoura arcaica)
