O Poeta e a poesia
E O QUE MAIS PODERIA SER?
O que mais poderia durar para sempre
senão o minuto que acabara de passar,
deixando teu fantasma cravado nos meus olhos
como a cicatriz de uma faca que aleija uma rosa?
O que mais poderia ser eterno
senão aquele beijo inesquecível,
que durou o tempo de uma vida libertada
ou uma caminhada pelo quintal das estrelas?
Onde mais poderia estar o paraíso
senão guardado nos teus sorrisos e nos teus gemidos,
que ecoam como o bater das asas de uma borboleta
nas minhas noites de luas repentinas?
Onde mais poderia encontrar o perdão
senão escondido no nosso pecado de amar,
que navega sem velas e ao acaso do vento,
guiado pela própria inconsistência da maré?
Em qual sermão poderia vislumbrar a redenção
senão nos segredos que me sussurra a luz do dia,
bendizendo teu singular passar pela praça
e a sorte que tem quem pode te tocar o coração?
RENASCIMENTO
Eu não vou chorar por coisa alguma,
estou dando uma segunda chance à vida.
Tudo aqui é um milagre.
Vou bradar aos céus:
– Eu quero raios e trovões!
Tenho-te como uma mãe abraça o filho que nasceu,
cheia de carinho e fé
e com a certeza cega de que tudo vai dar certo.
Estou lapidando meu diamante
e a pureza é indescritível,
terá o preço de cada manhã futura.
Inestimável
como o cheiro do amanhecer no campo.
Simples como não se esquecer de aguar uma semente,
porque essa palmeira que plantei
não se envergará
nem se quebrará ao convite do vento.
Sou como um velho barco quebrando ondas em um mar revolto:
LIVRE!
SE NÃO PUDERES MAIS ME AMAR
Se não puderes mais me amar,
tudo bem, eu compreendo.
Afinal, nos seus dias há saudade logo cedo
e nem todo ouro posso te dar.
Se não puderes mais me amar,
se não fores mais capaz de se alegrar
com minhas ranhetices e manias, não tem problema.
Afinal, toda rosa quer ser tema de poema.
Se não puderes mais aqui permanecer,
se tiveres que seguir seu caminho com razão,
não olhes pra trás e se permita renascer.
Só não te esqueças de que cabe ao sol render a escuridão.
Por isso, não se torture e tenha nos passos firmeza
e nos olhos aquela velha paixão pela vida.
Eu estarei a lembrar da minha paixão perdida,
mas tudo bem, reencontrarei a amiga tristeza.
SONETO DO AMOR EM COLISÃO
Criatura de intensa inquietação
é amor que se apresenta em colisão:
pintor que na pintura tem prisão,
potro que não teme a fúria do peão.
Encontro nos teus olhos minh’alma
que roubaste com consenso e calma,
para ser indômito e imenso
caso, enlouquecido e intenso.
Secretamente corro teu corpo
como quem tange arisco rebanho,
sob a planície de um céu tamanho.
Aceita-me com pose desfeita
– aí está a suplica de socorro –
onde nasço e noutro dia morro.
Utopia
Eu corro
Eu corro
Eu corro
Enquanto ela foge
Ela foge
Ela parece fugir
E quanto mais eu corro
Parece que não adianta eu perseguir
Mas eu não desisto
Eu insisto
Ela tem um cheiro que me inspira
Um gás que me move
Ela me envolve
Em toda sua magia
É o reino da fantasia
Eu corro
Eu corro
Pra te alcançar
Eu corro
Eu corro
Atrás de ti
Não fuja
Não fuja de mim
Não fuja utopia
Pequenas cifras & Grandes amores
Eu sou do grupo
Das pequenas cifras
E grandes amores
Eu sou do tipo
Que coleciona cartas
E aprecia o cheiro das flores
Aprendi que não a nada melhor
Que um sorriso de graça
Cheio de graça
De menina apaixonada
Entendi que cofres
Foram feitos para ficarem fechados
Protegidos, escondidos
Já o coração
Esse precisa de constante bombeamento
Tem que está aberto ao momento
Pra funcionar com precisão
Os meus contratos
Faço nos contatos
De alma com alma
De palma, na palma
Assinados com sorrisos
Renovado em abraços
Selados com beijos
O brilho nos olhos
Dispensam cobranças
É a concordata
Previamente assinada
Entre os corações
Eu sou fornecedor
E freguês
Sou um grande burguês
Distribuidor de amor
Para adquirir minha franquia
Basta a simpatia
E disposição para amar
Dispenso avalistas
Burocracias
E outros, blá, blá, blá
Eu sou do grupo
Pequenas cifras
E grandes amores
Aqui é sem concorrência
Pode vir, nosso lance é somar
Eu não vou ignorar
Eu não vou ignorar
Quem está a ignorar
A força do amor
Irei onde preciso for
Mergulhar nas águas mais gélidas
Para aquece-las com meu calor
Não estou a fazer julgamentos
Nem tão pouco juramentos
Vou só caminhando
A cada rotação
Vou iluminando
Com a luz do coração
Vou gotejando
Sobre cada pedra
Sentimentos de união
Remar sozinho
É estar à deriva
Remar juntinho
É a minha pedida
Seguir no fluxo
Celestial
Da corrente bendita
Aprender o que é o amor
E aceitar as despedidas
Compreender que não sou peixe
Eu sinto dor
Mas posso cuidar das feridas
O peito aberto
Feito a alma
Eu sigo resolvendo meus carmas
É com a força do amor
Terrorista do estado harmônico
Eu vou explodir
Eu vou explodir
Tudo isso aqui
Estou desatando
Os nós
Das dinamites
Presas em minha garganta
Vou colocar a bomba de sangue
Que tem em meu peito
Estendida na pista
Eu vim em missão suicida
E garanto
Eu garanto
Que ninguém vai sair daqui com vida
Eu sou o terrorista
Eu sou o terrorista
Do estado harmônico
Eu vim explodir em amor
Receba-o
Receba-o
Mas só se capaz for
Eu sou
Eu sou
O terrorista do estado harmônico
Eu carrego comigo
Poesia, amor e alma
Canhões de luz
Granadas de afeto
Mísseis de solidariedade
Venho armado
Até os dentes
Com meu sorriso largo
Eu detono bombas
Em meus abraços
O meu campo está todo minado
Recheado de flores
Num mundo lúdico cheio de cores
Eu sou o terrorista
Eu sou o terrorista
Do estado harmônico
Eu vim explodir em amor
Receba-o
Receba-o
Mas só se capaz for
Eu sou
Eu sou
O terrorista do estado harmônico
Solidão
A solidão é o espelho
Da minha alma
Com ela fico desnudo do ego
E assim me revelo
Nos versos que sou
Minha companheira
Fiel escudeira
Senhora da reflexão
Solidão
Fico tão bem contigo
És meu abrigo
E confio na tua inspiração
Retiro de nossas conversas
O extrato da sabedoria
Extraio de mim
Forças que nem sabia que tinha
Renovo as energias
No contato com meus guias
E me jogo solto
Sou guerreiro solitário
Que não tem medo
De remar no sentido contrário
Do mar da multidão
Antes só do que
Mal acompanhado
Carrego comigo esse ditado
Assim como os guias
Que caminham ao meu lado
Amiga solidão
Não se afaste não
Pois é você que me aponta
O caminho da evolução
Advento
Como ato e consequência
Teu olhar e meu sorriso
Teu cheiro em meus pulmões
Ao sentir eu paraliso
Como à soar um aviso
Que o amor está por vir
Impetuoso, árduo, e viril
Doce, suave, febril à tinir
Consuma-se a esperança ardente
E o coração pulsa latente
Sua chegada à almejar
Sua constância à desejar
Vem amor
pode entrar
Espero que goste,
e queira ficar.
Ana Luiza Cirqueira
Lembro-me de quando a vida
me acertou a primeira rasteira,
a morte de alguém importante.
Que coisa mais irritante,
andar de bar em bar
tentando encontrar
um pouco de quem partiu
em goles lentos e objetivos.
Que coisa mais incoerente,
tentar sanar um enorme buraco,
abrindo outro maior ainda.
É aí que as coisas costumam
sair do controle e a correnteza
começa a te empurrar
contra as rochas, te seduzir ao fundo
com promessas de lindas donzelas
que provavelmente nunca existiram.
Roney Rodrigues em "O laço da confusão"
Por tanto tempo
eu olhei suas fotografias.
Acariciei a pele do papel,
colei sua foto no meu travesseiro
na esperança inserir você em meus sonhos.
A eternidade que passei aqui
fez meus olhos arderem
e desregulou meu coração.
Segurei suas fotos junto ao meu peito
como uma criança faminta
segura um prato de refeição,
como um astronauta aposentado
admirando de longe a lua
que um dia lhe pertenceu.
Roney Rodrigues em "Câmara escura"
Meu bem,
não deposite suas fichas
em mim.
Sou feito
das mesmas matérias
desse solo,
e corro o risco de ceder
com a chegada
do mau tempo.
Roney Rodrigues em "Deslizamento"
Pássaro preso
não canta, lamenta.
Coração acorrentado,
não bate, só vibra.
Roney Rodrigues em "Cativeiro"
Ele escolhe a solidão da praça
para acalmar a mente (inflamada).
O amor, essa desgraça
que tende a se envergar,
ao ponto de estourar,
ao ponto de estragar.
Ela fita ele à distância,
atravessa a rua, apressa os passos.
Ela evita todo tipo de laço,
Foi condenada em primeira instância,
a viver reprisando o gosto dele
todo dia, em todo lugar.
Roney Rodrigues em "Réu"
Meu passo torto e trêmulo,
minha camisa mal passada,
meu tênis sujo,
pedaços de vidro
chovendo do céu,
tudo é tão ruim,
quando não me visto
de você.
Roney Rodrigues em "Intempérie"
A rosa já murcha
perdeu sua voz de clarim.
Pétalas derramadas,
vestida de espinhos,
caiu bem longe do jardim.
O aroma se foi,
a tormenta alcançou a mente.
Ela implorou por carinho,
mendigou pra muita gente.
A sujeira grudou na roupa,
na mente e no coração.
A rosa descobriu aos poucos:
a beleza é nada
além de aflição.
Roney Rodrigues em "Alameda das Rosas"
Lembrei do seu abraço apertado,
falhei ao te manter longe
dos cacos da minha memória.
Hesitei ao apagar
os teus registros de mim.
Não quis jogar
fora teus livros.
Aquele poema de Drummond
que você narrou pra mim
ricocheteia no
fundo da mente e vem
atormentar
meu gole de cachaça,
meu último gosto de amor,
o começo
da minha loucura semanal.
Roney Rodrigues em "Brain Damage"
Faltou algo no meu céu,
o brilho de estrelas mortas
levando anos luz para me acertar.
Eu fico vagando por aí,
sendo golpeado por meteoritos,
cometas e
olhares apaixonantes.
Em uma noite de céu turvo,
olhei no fundo da sua galáxia,
na profundeza que é você,
eu soube nesse instante:
Seu abraço seria meu:
Seu corpo, minha morada;
Seu carinho, a chave dessa jaula.
Eu vou chegar perto da sua pele,
vou me encostar, vou me perder.
você sempre soube,
estive doente aguardando
a cura cair do céu.
Me tornei dependente desde que
me mudei para o seu sorriso.
Em dor eu sempre ofereço:
Meu corpo ao seu lazer;
Minha poesia à sua memória.
Roney Rodrigues em "Lágrima Láctea"
Eu dirigia na estrada da vida.
Lembro que a tempestade rugia lá fora.
O pavor era vibrante, o medo era palpável.
Eu guiava com cautela e temor
sempre a vigiar o retrovisor,
Lia com atenção as placas.
Ao entrar na curva do teu corpo,
eu virei o volante, o corpo não respondeu.
Os pneus não tiveram aderência, eu capotei.
Os estilhaços, o horror,
a dor de saber tarde demais
que o melhor a fazer era ter esperado
o mau tempo passar.
Roney Rodrigues em "Aquaplanagem"
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