O Mundo Inteiro Nao Vale o meu Lar

Os homens de pouca inteligência não sabem encarecer a própria capacidade sem rebaixar a dos outros.

Escrever um livro mau não requer menos trabalho que escrever um livro bom; jorra da alma do autor com a mesma sinceridade.

O hábito não faz o monge, e há quem, vestindo-o, seja tudo menos um frade.

Há uma espécie de reciprocidade entre a necessidade e o objecto que a satisfará. Não penso em beber; mas este copo ao meu alcance dá-me sede. Tenho sede e imagino o copo de água delicioso.

Um sistema de legislação é sempre impotente se, paralelamente, não se criar um sistema de educação.

Não há paixão que abale tanto a sinceridade dos juízos como a cólera.

Corremos sem preocupação para um precipício, após termos posto uma venda para o não poder ver.

Nas ditaduras, a frase, famosa, de Descartes, mudou para «Existo, logo não penso».

A felicidade é como um eco; responde, mas não se aproxima.

Na arte só uma coisa importa: aquilo que não se pode explicar.

Os dias prósperos não vêm por acaso. São granjeados, como as searas, com muita fadiga e com muitos intervalos de desalento.

Não existe antídoto mais poderoso contra a baixa sensualidade do que a adoração da beleza.

Nenhum de nós sabe o que existe e o que não existe. Vivemos de palavras. Vamos até à cova com palavras. Submetem-nos, subjugam-nos. Pesam toneladas, têm a espessura de montanhas. São as palavras que nos contêm, são as palavras que nos conduzem. Mas há momentos em que cada um redobra de proporções, há momentos em que a vida se me afigura iluminada por outra claridade. Há momentos em que cada um grita: - Eu não vivi! eu não vivi! eu não vivi! - Há momentos em que deparamos com outra figura maior, que nos mete medo. A vida é só isto?

Não me digas que este problema é difícil; se não fosse difícil não seria um problema.

Ninguém sobe tão alto como quem não sabe para onde vai.

Decidi-vos a não servir mais, e sereis livres.

A ignorância não é inocência, mas pecado.

Faço dizer aos outros aquilo que não posso dizer tão bem, quer por debilidade da minha linguagem, quer por fraqueza dos meus sentidos.

O que o lirismo ocidental exalta não é o prazer dos sentidos, nem a paz fecunda do casal. Não é o amor satisfeito mas sim a paixão do amor. E paixão significa sofrimento.

Ficar calado tanto quanto possível e não deixar, por isso, de estar alegre.