Noite Sombria
O mundo é uma escola
Venezianas fechadas.
Noite sombria.
O vento sopra gélidas lufadas.
Toda a casa cheia de nada.
Queria poder o passado apagar.
Da lama que me suja me limpar.
Cresci rápido demais.
E não, não há como voltar atrás.
Poeira a tudo sufocar
Cheiro de mofo no ar.
A casa (des)nudada...
Portas fechadas, desnorteadas.
Tremem de frio.
O mundo é uma escola
E ninguém dá cola.
Tive de crescer.
E cresci rápido demais.
Estrada solitária
A estrada solitária, muda e sombria.
Musgos gélidos rangem sob meus pés.
Sigo... em frente prossigo.
Não me foi outra coisa ensinado...
Devo ir... prosseguir.
Avisto o rio que acompanha a estrada deserta.
Meu único companheiro de jornada.
Não há um pássaro sequer nas árvores desfolhadas...
Não há borboletas esvoaçantes, nem flores perfumadas.
Uma curva logo em frente se aproxima...
Meu coração bate acelerado.
O amor por mim será encontrado?
Mudada será minha sina?
Abro a janela pela manhã e um céu de nuvens cinzentas revela uma manhã escura e sombria.
A brisa fria que toca meu rosto tb revela um inverno antecipado.
Olho para o céu e reflito: "este é o dia que o senhor me preparou"
Seja ele com nuvens escuras ou um sol caliente. O Senhor me conduzirá e me ajudará a não perder o equilibro em qualquer situação.
Obrigado Senhor, por mais este dia. Obrigado porque restaura as minhas forças. E me conduzes pelos caminhos mais escuros.
Obrigado, pq com tua ajuda posso transformar nuvens escuras em água límpida que fecunda e traz vida.
"O Senhor é meu pastor e nada me faltará" (sl 23)
Que neste domingo e todos os outros dias, o Senhor seja teu guia.
edite/2015
Vivemos tempos de modernidade sombria. O
espectro do fundamentalismopaira sobre a liberdade. Pensar sóse for de acordo com os cânones religiosos ou politicamente corretos dos néscios irresolutos.
Decoram-se meia-dúzia de certezas e saem
os espadachins da obtusidade insana a nos pregar
a única liberdade que conhecem: a do não pensar.
"Sois livres desde que siga-nos sem questionar", propagam os ditadores da liberdade. Quero-vos longe.
Sou livre para escolher meu insensato devir. Vade retro.
Ela estava lá
Inébria, sombria
Frígida como uma mulher em puerpério
Seus cabelos acobertos
Em capuz de feutro negro
Davam o tom em branco e preto
Clima de cemitério
Enquanto eu escrevia
Me sussurrava aos ouvidos
Palavras, estalidos
Inspirações de cortesia
Era sim, a própria morte
Do meu lado a gargalhar
Afagava-me os cabelos
Entre vida e pesadelo
Inspirando meu desabafar
Ali estava ela, ao menos mais uma vez
É que ando morrendo demais
Um poeta morre vez ou outra
E aquele era só mais um dia
Entre escritas e agonia
Entre letras mortas e vazias
O meu óbito de número trinta e três
Na agonia da insônia, numa noite sombria, trago a correria do dia a dia como companhia.
Os ponteiros do relógio giram na mente trazendo a agitação do dia. A insônia persiste, sem dar trégua ao tormento que tanto aflige.
Oh, como anseio pelo descanso tão merecido, longe do frenesi que impede dormir.
Que o silêncio acalme a tempestade em meu peito, e que o sono, enfim, traga o alívio perfeito.
VIDA POR VIDA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Já não gasto meu lume com gente sombria;
que resvala, ressente, mais mia que fala;
tem os olhos de ocaso e semblante contrito
como quem nunca sai da masmorra que leva...
Não vou mais à procura de gente sem cor,
passageira da dor que por vezes nem há,
resguardada e que nunca se confessa bem,
porque teme que o riso a denuncie fútil...
Afinal me cansei dessa gente remosa,
pesarosa e com ares de pura mortalha;
tem um luto constante, uma nobreza fria...
Quero gente mais viva, menos recolhida,
dou a vida por vida e negocio sonhos
que não cedem ao peso dos que nunca dormem...
Noite e dia...
Quando se faz o silêncio
Na densa noite sombria,
Tudo para nessa hora
Até que amanhece o dia.
E na escuridão da noite
-Somente o clarão dos faróis.
Se uma agulha cair no chão
Ouço um barulho, refrão,
Em silêncio nesta hora.
A noite não é vazia
É apenas escuridão.
Quem tem medo do escuro
Não sai sozinho é inseguro,
E não tira os pés do chão.
-Tem gente que prefere a noite,
-Tem gente que prefere o dia,
Na verdade companheiros
Tem dia e noite o ano inteiro,
O tempo não pode parar.
SONETO DE LUZ PÁLIDA
Pálida à luz da ofensiva tão sombria
Sobre a desfeita no peito reclinada
Como malícia na falta embalsamada
Grita lágrimas secas, ardidas e fria
No horizonte a luz poente desmaiada
Refletia o amor que na ilusão dormia
Era tal a ventura que ali se obstringia
Aflita, que pela afronta era embalada
Um desprezo que dia após outro dia
Me despia a alma, tão ferida e calada
Na dor se banhava e que nada alivia
Não gargalhe, ó cerrado, desta lufada
Se vim pela devoção, outras eu faria
Afeto, não tem distinção nem morada
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
CONTRAMÃO
Como a maldade egoista, sombria
Que do homem o bem lhe é tirado
Qual apenas, o ruim, é seu brado
De falseta, e cuja a ação é tirania
Não aguenta nunca a luz do dia
O qual, de amor, não é adornado
O teu peito pra glória é fechado
No cruel interesse: a idolatria!
E hoje, entre tantos, muitos são
De um coração ermo, ressecado
Horrendo, traindo na contramão
Pulsam cobiça, e seus espinhos
Repugnam a honra de outrora
Empedrando de ira os caminhos
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
ASSOMBRAÇÃO
Tenho uma solidão, tapera sombria
Assombrada, de sonhos penitentes
Onde anda a ilusão tristonha e fria
Na saudade, poetando os ausentes
E no vazio, a alma sem doce poesia
Tal paz duma sepultura, os poentes
Sois, num entardecer de melancolia
Tatalam as mãos, olhar e os dentes
No silêncio o ranger da imaginação
Pelos cantos os vultos em prantos
Das lembranças, tal qual fiel serva
Que invadem as órbitas da emoção
Soturnos fantasmas e, quebrantos
Segregando o espírito na tênia treva
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
PÁLIDA À LUZ DA SOLIDÃO SOMBRIA
Pálida à luz da solidão sombria
como a dor na alma dilacerada
sobre o leito de ilusão reclinada
a amargura e uma paixão fria
A satisfação que na perca jazia
e pela melancolia era embalada
a ruína e alegria embalsamada
no desprezo e, na beira dormia
Prantos, e as noites palpitando
gosto amargo no peito abrindo
os olhos esverdeados chorando
Não rias de mim, sentir infindo:
por ti – o amor busquei amando
por ti – na teimosia eu vou indo...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Setembro, 2020 – Triângulo Mineiro
SENSAÇÃO
Sagaz e singular, a saudade é sombria
e, senhora sanha, sufocante. Saboreia
ser saudosista, uma sovina que serpeia
a satisfação. Serelepe. Ao ser surrupia!
Sempre súdita e sorumbática, semeia
sobretudo severidade, no sofrer sangria
sangra ao sentir, sente o que não sentia
sacode a sabedoria e ao saber saqueia
Sopro sucinta sopra o súbito que suspira
sacode solenemente a solidão suprema
sinistramente, numa sinistra segregação
Sobre o semblante, sombra, susto e sátira
suplica a soluçar no sentimental sistema
socando o surreal na sabatinada sensação...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06 dezembro, 2021, 11’14” – Araguari, MG
Parafrase José Rodrigues Pinagé
DOR
Desbotada, à rima da poesia sombria
Sobre a agonia da sorte predestinada
Tal qual a lua na noite, esbranquiçada
O versar na prosa é de pálida melodia
E nesse tom lúrido e de sensação fria
A inspiração pela solidão é embalada
No silêncio das ideias, cheio de nada
Onde cada verso, de agrura se vestia
Chora o verso, e o verso vai chorando
Sofrença palpitando, as quimeras indo
Da imaginação. A tortura no comando
Não rias da poesia, ó vil dita, convindo
Pois, o versejar vela a tristura rimando:
Com muitas lágrimas no papel caindo!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
04 de maio, 2023, 15’55” – Araguari, MG
A VOZ DA SOLIDÃO
No vão da noite sombria, deserta
Tão silenciosa, envolta em arrelia
O repouso torna a cena irrequieta
Em um tenso sussurro de agonia
A enodoada alta noite terrificante
Povoada de uma vontade, irradia
Aperto, onde não há o que cante
Nem o poema sem a melancolia
Na treva da escuridão a coruja pia
Rompendo o vazio no tom dolente
Tal um cântico de acerba sensação
O pensamento da gente silencia
O coração arrepia tão vorazmente
E, merencória fala a voz da solidão.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
20 abril, 2024, 13’58” – Araguari, MG
A NOITE DO CERRADO
Já bem sombria, oculta, a noite no cerrado
cerra o dia, o céu numa escureza pulsando
numa poética a noite as estrelas vai fiando
e a lua no horizonte num aparar alumiado
Anoitece o sertão em um tom cadenciado
que, a toada do pôr do sol vai ressonando
ouvindo o curiango a cantar, abençoando
a cada recanto do sem fim tão enturvado
O dia sepultado, no cerrado, a noite gesta
á sombra do cosmo, em uma diurna festa
inteiramente, diversa, e cheia de segredo
É cair da noite, é encantamento, o ir além
calmamente a esperar pelo raiar que vem
ninando os sonhos para um novo enredo.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
14/11/2024, 21’12” – Araguari, MG
Liana Sombria…
No vasto reino das florestas ancestrais, onde o sol beijava gentilmente as copas das árvores, existia uma planta que se destacava por sua aparência frágil e despretensiosa. Essa planta, conhecida como a Liana Sombria, serpenteava de maneira sutil ao longo dos troncos robustos, envolta em um manto de folhas esguias e flores pálidas como névoa matinal.
A Liana Sombria não possuía a força majestosa dos carvalhos nem a resiliência das coníferas, mas, em sua aparente fragilidade, escondia um segredo voraz. Ela se enlaçava suavemente em torno das árvores vizinhas, sussurrando promessas de sombra e abrigo, enquanto silenciosamente sugava sua seiva vital. Lentamente, as árvores sentiam seu vigor se esvair, suas folhas murcharem, suas raízes enfraquecerem, enquanto a Liana florescia exuberante, alimentada pela essência alheia.
Na quietude da floresta, esse ciclo parecia eterno, até que um dia uma brisa sutil trouxe consigo a sabedoria do vento. As árvores, antes resignadas, ouviram o murmúrio distante das montanhas, que lhes contou sobre o poder do desapego. Com um esforço coletivo, começaram a se libertar dos grilhões invisíveis, afastando a Liana de seus troncos e permitindo que a luz do sol novamente banhasse suas copas.
A Liana, desprovida da força alheia, definhou lentamente, suas promessas vazias dissolvendo-se no ar cálido da manhã. E assim, o bosque redescobriu sua harmonia, suas cores vibrantes retornando com um vigor renovado.
E, naquele silêncio reverente, as árvores compreendiam que às vezes era preciso deixar para trás aquilo que, em sua aparente fragilidade, esgotava seu espírito. Afastar-se da sombra ilusória era permitir que a verdadeira luz penetrasse, revigorando a essência e devolvendo ao mundo sua beleza intrínseca.
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